terça-feira, 30 de junho de 2015

Passatempo: FIA Lisboa 2015 - Vencedores!

PASSATEMPO

FIA Lisboa 2015


5 convites duplos


Em parceria com o blog GataPreta Artesanato, chegou ao fim mais um passatempo no blog. Desta vez temos cinco vencedores, que entretanto já foram contactos. 


A todos os que participaram, muito obrigado e estejam atentos que voltaremos a ter mais passatempos nos próximos dias!

E os vencedores são:

- Ana Barbosa
- Sara Peralta
- Aldina Martins
- Sara Didelet
- Pedro Rebelo

Parabéns aos vencedores!

segunda-feira, 29 de junho de 2015

SEGREDOS DA MAÇONARIA PORTUGUESA


 Autor: António José Vilela




Sinopse: Em Segredos da Maçonaria Portuguesa conta-se as histórias dos pedidos de favores maçónicos a Paulo Portas e os convites do GOL e da GLLP/GLRP a Pedro Passos Coelho e António José Seguro. Mas também a revolta maçónica contra o gestor António Mexia, a iniciação de Isaltino Morais, a festa maçónica com o cantor-imitador Fernando Pereira, o episódio do mestre maçon que mudou de sexo e todos os pormenores da sessão em que Nuno Vasconcellos foi eleito venerável da Loja Mozart. Nesta investigação inédita, o jornalista António José Vilela, que há mais de dez anos investiga este tema, desvenda por completo os segredos das duas maiores correntes maçónicas portuguesas, o Grande Oriente Lusitano (GOL) e a Grande Loja Legal de Portugal/Grande Loja Regular de Portugal (GLLP/GLRP), o seu poder e a sua influência na sociedade e no mundo da política nacional. Através dos próprios documentos secretos internos maçónicos, reproduzidos nesta obra, ficamos a saber como são feitas as iniciações de novos membros, quem guarda os livros dos maiores segredos da Irmandade do Bairro Alto, quais são os sinais secretos usados entre maçons e como funcionam os principais órgãos da maçonaria. Conhecemos ainda o vasto património da maçonaria, quem são os maçons eleitos para o Parlamento do GOL, o que dizem as atas confidenciais das sessões, onde, entre outros assuntos, já se votou a criação de serviços de inteligence e as ligações do espião Jorge Silva Carvalho aos altos graus da maçonaria e ao atual ministro Miguel Relvas. Hoje, há maçons em todos os distritos de Portugal. E quando um novo membro é recrutado para o GOL, os irmãos exigem-lhe que identifique por escrito quais são os seus inimigos. Porventura, o seu nome já lá está…



Não existe muito que possa analisar neste livro que não passe pela sua estrutura, trabalho de investigação, forma como apresenta o seu conhecimento ao leitor e capacidade para cativar o mesmo. Decidi ler esta obra porque o tema cativou-me, pois era algo sobre o qual queria ler já há alguns anos. No entanto, devido a vários fatores, tal nunca aconteceu.

Como tal, é-me difícil analisar este livro em relação ao seu trabalho de investigação de um ponto de vista profundo, pois sou bastante leigo no assunto. No entanto, do ponto de vista de um leitor que não domina o tema, parece-me que o trabalho de está bem conseguido, com uma boa capacidade de nos introduzir ao tema, dando conceitos básicos antes de começar a explorar realidades concretas. Claro que existiram detalhes que gostava de ver mais explorados, mas acho que o autor consegue manter um bom equilíbrio entre o ritmo e o conhecimento que nos vai dando, e senti que raramente o ritmo baixou para um ponto de menor interesse.

Obviamente que gostar do tema é fundamental, mas também aqui é fruto do trabalho do autor estruturar o livro de forma a que, ao não nos sentirmos perdidos, nunca fugimos da leitura. Somos, de forma suave, presenteados com constantes adições de conhecimento que começam a encaixar aos poucos, mesmo para um leigo. É essa a qualidade que se exige na estrutura de um livro deste género. O resultado é um livro que se lê facilmente e com constante entusiasmo para sabermos um pouco mais.

Torna-se claro, e também não se esperava outra coisa, que muito fica por dizer. Nem todos os segredos da Maçonaria estão aqui expostos, ou sequer identificados, mas a quantidade de documentos que aqui são usados para criar a base da investigação é bastante grande, criando a possibilidade de uma investigação sólida e coerente, ao ponto de a meio do livro já termos plena consciência que estamos perante um autor que estudou o tema de forma profunda.  

Por fim, um dos aspetos que mais prende um leitor é a ligação entre factos e personalidades que conhecemos. É ao lermos sobre essas personalidades, que a nossa atenção se torna mais aguçada, e por vezes somos nós a fazer também algumas ligações entre acontecimentos que todos ouvimos nas notícias e os factos que aqui são revelados, principalmente nas ligações políticas que aqui aparecem.

Desde a introdução à Maçonaria, até aos graus mais altos, passando por rituais, normas, objetivos e influências, este é um livro bastante completo graças ao conhecimento do autor que foi retirado de vários documentos durante vários anos. Como disse, nunca tinha lido nada sobre este tema, e gostei bastante, ao ponto de querer ler mais. Se quiserem aprofundar os vossos conhecimentos sobre este tema, então este é um livro a ler e sobre o qual devemos pensar um pouco.

Luís Pinto

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Passatempo: Assassin's Creed Unity - PS4


PASSATEMPO

Assassin's Creed Unity

PlayStation 4



Em parceria com a blog Another Gamer temos o prazer de vos dar a oportunidade de ganharem um exemplar de Assassin's Creed Unity para a consola PS4.

Para se habilitarem a ganhar basta seguirem as regras do passatempo:


- Serem fãs do blog Ler y Criticar
- Serem fãs do blog Another Gamer (aqui)
- Serem seguidores no youtube do canal Another Gamer (aqui)
- Preencher o formulário com os vossos dados
- Partilhar o passatempo no vosso perfil

O passatempo termina dia 7 de julho
Apenas é permitida uma participação por pessoa
O vencedor será contactado por email


Boa sorte a todos!




A ESPIA DO ORIENTE


Autor: Nuno Nepomuceno





Sinopse: Dúvida. Confiança. Traição. Dubai. Emirados Árabes Unidos. Um investigador norte-americano é raptado do hotel onde se encontrava instalado. Uma nova pista sobre um antigo projeto de manipulação genética é descoberta e a Dark Star, uma organização terrorista internacional, está decidida a utilizar os conhecimentos deste cientista para ganhar vantagem.



Este segundo livro da trilogia Freelancer é, tal como muitos outros casos, a prova óbvia de que o primeiro livro da trilogia é o início da obra de um jovem autor e que no segundo as coisas mudam. São precisas poucas páginas para percebermos que a pessoa que escreveu o livro anterior e quem escreveu este são, na realidade, a mesma pessoa, mas não são o mesmo autor. Nepomuceno apresenta agora uma maturidade que não tinha no primeiro livro, levando a que toda a história esteja montado de forma mais inteligente, sendo mais capaz de manter o ritmo e o suspense. Nota-se na escrita, com melhores descrições e formas de explorar a ação e também nos personagens, tal como nos diálogos, com maior sentido, mais inteligentes.

Tal como no primeiro livro, o autor não caminha pela espionagem pura, mas antes pelo caminho dos filmes de ação, numa realização quase de filme de Hollywood que nos deixam presos à história ao fim de poucos minutos. O resultado é uma leitura compulsiva para quem gostar do género, mas, principalmente, o resultado da evolução do autor está o facto de este ser um enredo muito mais abrangente. As personagens que envolvem André estão mais coerentes, aparecem de forma mais significativa para o enredo e começamos a ver o enredo mais como um todo.

Não é necessário ler o primeiro livro para entrarmos nesta história, e aqui o autor faz um bom trabalho a explicar o passado, mas aconselho que leiam o livro anterior, pois o conhecimento extra fará aqui muito sentido.

Como todos os livros onde o ritmo é bastante alto, muito fica por explicar. O autor é, em alguns casos, vítima do seu próprio ritmo, pois ao descrever algo que parece desnecessário naquele momento, acaba por deixar o leitor em alerta para o significado daquele pequeno desvio. Aqui, acontece, em alguns momentos, conseguirmos ver algo do futuro do enredo se estivermos atentos. No entanto não será fácil, pois o autor ao manter o seu ritmo, não nos dá tempo para questionar, e qualquer leitor acabará este livro em poucos dias, esperando ansiosamente pelo próximo.

Com este ritmo, o autor não explica certos momentos na sua totalidade. Existe, tal como no primeiro livro, um ou outro momento em que o autor não nos dá tudo, não explora os vários ângulos e a história parece que se torna menos coerente. No entanto, tal como neste livro, em que existem respostas para perguntas que fiz no livro anterior, acredito que também no próximo existirão algumas das respostas que procuro. Até lá será difícil esquecer o final, que apesar de ter descoberto antes de acontecer, consegue ser arriscado o suficiente para espantar qualquer leitor e para nos deixar a querer ler o próximo.

Nepomuceno tem aqui um livro em tudo superior ao primeiro. Devido ao seu ritmo e ao seu foco na ação, o livro não tem a coerência da espionagem pura, mas tem o entusiasmo de um bom livro de ação que lemos em poucos dias durante as férias. Se gostam do género e se gostaram do primeiro livro, então preparem-se para uma viagem alucinante por vários locais do mundo, incluindo Lisboa!

Luís Pinto

terça-feira, 23 de junho de 2015

A ETERNA DEMANDA


Autor: Pearl S. Buck

Título original:The Eternal Wonder




Sinopse: Sou suficientemente americana, talvez, para querer casar-me contigo passando por cima de tudo aquilo que sou, mas, ai de mim, chinesa que baste para saber que devo ponderar.
 Que pode o conhecimento dos livros contra a experiência íntima da vida? Randolph, jovem de extraordinária criatividade, parece ter um destino traçado para o êxito. Nascido nos Estados Unidos, parte pela Europa e Ásia com o desejo de descobrir o mundo vivendo-o, numa sede interminável de sabedoria.
 Numa estadia em Paris, o seu caminho cruza-se com o de Stephanie. Filha de pai chinês e mãe norte-americana, também ela procura compreender e encontrar um lugar que seja seu, dividindo-se entre duas culturas aparentemente opostas. Separados durante longos intervalos e assim entregues aos seus fantasmas pessoais, preparam-se os dois para descobrir que se pode conciliar o conhecimento e a experiência, bem como as heranças ocidental e oriental, mas isso terá um preço…


Encontrado quase 40 anos após a sua morte, este é o novo livro de Pearl Buck, uma das escritoras americanas mais admiradas do século passado. Nunca tinha lido um livro da autora, e vi aqui uma boa oportunidade para testemunhar a famosa escrita da autora.

Após uma introdução escrita pelo seu filho, o livro de Buck começa lentamente, demonstrando de imediato uma escrita madura, de uma autora que sabe como escrever e agarrar o seu público com uma boa construção da personagem principal. No entanto, o livro não me convenceu de imediato, talvez pelo seu ritmo, talvez porque o seu início não demonstrava a objetividade que eu esperava. Mas, aos poucos, a história começa-se a desenvolver, numa mistura de momentos memoráveis e outros que parecem bastante forçados ou óbvios. E por isso começa a crescer a ideia de que a autora nos está a esconder algo.

A nossa personagem principal, um rapaz com inteligência acima da média, tem aqui um caminho bastante pessoal que levará o leitor a perceber que esta é a história de uma pessoa que tenta encontrar um local no qual se sinta em casa. E, inevitavelmente, este transforma-se no tema do livro... na busca pelo nosso espaço neste povoado planeta onde culturas chocam e coexistem. Existirá um local no qual nos sentimos plenos? O que nos completa? Local, pessoas, profissão?... Atos? Crenças?

Com estas questões sempre num pano de fundo longínquo, a autora leva-nos por um enredo que se torna bastante pessoal e por vezes algo parado. Buck não fez aqui um livro que entusiasmasse, mas sim que nos levasse a questionar. O resultado final é uma obra que provavelmente não será a favorita dos seus fãs, mas que marcará a maioria. Talvez este seja um livro que dependerá do leitor. Dependerá do momento em que o lermos, dependerá das nossas próprias vivência.

O final, quase abrupto, dá-me a sensação que algo ficou por dizer. Acredito que a autora quereria explicar mais, talvez dar significado a momentos que parecem forçados, mas por outro lado talvez seja este o objetivo, levar-nos a pensar, a tentar alcançar o significado... talvez, tal como o seu personagem principal, também a autora estivesse à procura do seu lugar, e talvez o leitor, depois de ler este livro, também tenha vontade de o procurar.

"A eterna demanda" é um livro que será sempre atual, pois sempre teremos estas buscas neste nosso planeta. A autora cria aqui um livro complicado, que talvez não convença todos os leitores, mas aqueles que se identificarem com o enredo, terão aqui uma viagem inesquecível. Da minha parte, fiquei curioso para ler os livros mais famosos da autora.

Luís Pinto

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Passatempo: Bilhetes FIA Lisboa 2015

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PASSATEMPO

FIA Lisboa 2015

5 convites duplos



Regras de participação:
 
1 - Gostar da página de facebook GataPreta Artesanato e Ler y Criticar
 
2 - Comentar esta publicação no mural do facebook do blog (clicando aqui) com o nome de 3 amigos para que eles conheçam o sorteio (coloque uma arroba antes do nome para fazer ligação, como em @Luís Pinto, e só quando o nome aparecer a azul é que foi feita ligação).
 
3 - Preencher correctamente este formulário

Este sorteio termina dia 25 de Junho de 2015 às 23.59h. Os vencedores serão sorteados aleatoriamente pelo site Random.org e anunciado no dia 26 de Junho. É válida apenas UMA participação por pessoa e não será considerado quem não respeitar todas as regras.

Este passatempo é apenas válido para Portugal Continental e Ilhas.

Boa sorte a todos!

 

Passatempo: A espia do Oriente - autografado - Vencedor


PASSATEMPO




A espia do oriente

Exemplar autografado

Vencedor!

Numa parceria com o autor Nuno Nepomuceno chegou hoje ao fim o passatempo em que iremos oferecer um exemplar autografado do livro A espia do oriente, segundo livro da trilogia.

A todos os que participaram, muito obrigado e desejos de melhor sorte para a próxima.

Dentro de dias teremos análise a este livro!

E o vencedor é...
Liliana Martins
Parabéns à vencedora! 

domingo, 21 de junho de 2015

O OUTRO FILHO


Autor: Alexander Söderberg

Título original: The other son



Sinopse: Enquanto Hector Guzman se encontra em estado de coma, o seu império definha lentamente. Aron Geisler, o seu braço direito, esforça-se para manter o barco à superfície. Sophie Brinkmann está dominada e é usada para manipular os parceiros de negócio e inimigos, levando-os a pensar que está tudo sob controlo... Mas essa não é a realidade.
Quando o irmão de Hector é assassinado em Biarritz, Sophie acha que pode impedir que uma série de acontecimentos sejam desencadeados. Mas uma boa decisão leva a um resultado errado... terrivelmente errado.
Sophie torna-se peão num jogo com regras que desconhece, onde a lealdade e a amizade não têm lugar. Indefesa e sozinha num mundo onde reina a mentira e a violência desmedida, tudo em que acreditava e que a definia, parece-lhe sem sentido.


Após ter lido o primeiro livro desta trilogia (opinião aqui) fiquei com bastante curiosidade para ver onde o autor levaria a história após um final que deixava tudo em aberto. Foi essa curiosidade que me fez começar de imediato a ler para ver, tal como a sinopse indica, como seria a história com Hector em coma. 

Com tal cenário, o livro começa lento, criando o necessário para os acontecimentos da segunda metade do livro. O autor começa por explorar outras personagens e por definir certos conceitos que se desenvolvem com o terminar do primeiro livro, levando a que a conjetura do enredo se altere ligeiramente, principalmente porque algumas personagens têm aqui a oportunidade de conseguirem o que querem, e ao mesmo tempo acabam por ser exploradas pelo autor, tornando o enredo mais abrangente. 

Contudo, aos poucos o ritmo aumenta e começa a prender o leitor. Em muitos aspetos, nota-se que o autor está mais experiente e sabe de forma mais concreta o que quer para esta trilogia. Com isto, os diálogos tornam-se mais objetivos e a narrativa perde-se menos, levando-me a acreditar que este livro tem uma qualidade superior ao anterior, pois tudo faz agora mais sentido. Por outro lado, devido à quebra inicial de ritmo, o livro pode demorar algum tempo a agarrar o leitor. No meu caso tal não aconteceu, talvez por querer saber todas as mudanças que poderiam surgir com a mudança de paradigma no enredo.

Droga, sexo, tráfico... são temas bem aprofundados pelo autor, que aos poucos vão marcando a história com alguns momentos inesperados. O autor tenta fugir a alguns clichés e opta por caminhos mais complicados, mas que acabam por dar frutos, principalmente na forma como começa a desmascarar algumas revelações. Pelo meio outras perguntas se levantam para o último livro da trilogia, tendo agora um caminho mais definido e uma base mais sólida com as suas personagens chave.Todavia, o autor terá agora de dar resposta/explicações sobre alguns momentos que parecem forçados mas que estão ainda "em aberto", dando a noção que podemos não estar a ver todo o cenário.

Existindo ainda um livro para o final da trilogia, não quero aqui revelar nada. O autor consegue um ritmo final alucinante que nos faz ler sem parar. Não é uma obra prima do seu género mas deixa-nos acordados toda a noite para o acabarmos de ler. Fiquei muito curioso para ler o último livro. Se gostaram do livro anterior, acredito que gostem mais de O outro filho.

Luís Pinto

sexta-feira, 19 de junho de 2015

INÉS DA MINHA ALMA


Autor: Isabel Allende

Título original: Inés del alma mia




Sinopse: Inés Suarez é uma jovem e humilde costureira, oriunda da Extremadura, que embarca em direção ao Novo Mundo para procurar o marido, extraviado pelos seus sonhos de glória no outro lado do Atlântico. Anseia também por uma vida de aventuras, vedada às mulheres na sociedade do século XVI.
Na América, Inés não encontra o marido, mas sim uma grande paixão: Pedro de Valdivia, mestre de campo de Francisco Pizarro, ao lado de quem Inés enfrenta as incertezas da conquista e fundação do reino do Chile.
Neste romance épico, a força do amor prevalece sobre a rudeza, a violência e a crueldade de um momento histórico inesquecível. Pela mão de Isabel Allende, confirma-se que a realidade pode ser mais surpreendente que a ficção, e igualmente cativante.




Inés da minha alma é um dos romances mais admirados de Allende, principalmente pela fascinante história que descreve e pela força da sua narrativa. Nesta obra, em que Inés nos conta as suas memórias, Allende faz um trabalho de grande qualidade a misturar ficção com realidade. Somos várias vezes confrontados com momentos ou personagens históricas que tornam tudo mais credível, dando ao livro uma sensação de realismo que torna a leitura mais intensa, como se aquelas palavras tivessem acontecido mesmo.

E é nesta mistura que começamos a ver a história de uma mulher que se torna muito maior do que ela imaginava na sua adolescência. O amor e a convicção podem mover montanhas, podem mudar pessoas, podem torná-las nos criadores de grandes momentos. Inés é a imagem de alguém que foi crescendo, alcançando os seus objetivos, tornando-se o foco numa história de violência, paixão, conquistas, lealdade e traições. E é aqui que entra um dos grandes, e conhecidos, trunfos de Allende: o de criar fascinantes personagens femininas que agarram o leitor. É essa força, determinação e realismo que aos poucos nos faz esquecer que é Allende quem escreve, pois tudo parece sair da mão desta personagem, Inés, pois o realismo, a forma de escrita e o pensamento, conseguem alcançar a singularidade que nos faz acreditar que estamos a "ouvir" aquela personagem.

Um dos fatores para esta sensação está na escrita da autora, capaz de transmitir emoções nos momentos mais importantes, de ter uma força que por vezes não esperamos, e que nos marca, enquanto explora temas difíceis de aprofundar devido à época em que a história se passa, e onde, por exemplo, os direitos das mulheres eram esquecidos, quer por quem governa, como pelo povo, e, em último caso, até pelas próprias mulheres.

De realçar ainda o conjunto de personagens, pois nota-se que Allende não se limita a colocar o seu esforço na construção de Inés. Existe um pequeno, mas credível, conjunto de personagens que tornam o enredo mais coeso e que em boa parte ajuda a vermos outros pontos de vista, outros momentos e outras mentalidades que Inés não possui, sendo estas personagens quem torna a história completa.

Allende criou uma história muito bem montada, emotiva e inteligente. Por momentos pareceu-me que a história se perdera do seu caminho, com diálogos que pareciam menos significativos, mas rapidamente a narrativa voltava a agarrar-me com um simples acontecimento. Retirando um ou outro momento que pode parecer mais forçado, a verdade é que é impossível parar de ler este livro caso gostem do género. A história de Inés fica na memória e abre os horizontes dos leitores. Claramente focado para um público feminino, é um livro recomendado a todos os fãs da autora ou do género. Ficará na vossa memória.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

A ESPADA DE SHANNARA


Autor: Terry Brooks

Título original: The Sword of Shannara




Sinopse: Dizem as lendas que as Grandes Guerras do Passado destruíram todo o mundo. Mas, a viver em paz no bucólico Vale Sombrio, o meio-elfo Shea Ohmsford pouco sabe sobre esses conflitos.
 Até ao dia em que ressurge uma terrível ameaça: o Lorde Feiticeiro, que todos julgavam morto, planeia regressar e destruir o mundo para sempre. A única arma capaz de deter esse poder das trevas é a Espada de Shannara, que apenas pode ser usada por um herdeiro legítimo de Shannara. Shea é o último dessa linhagem, e é sobre os seus ombros que repousam as esperanças de todas as raças.
 Por isso, quando um aterrorizante Portador da Caveira enviado pelo Lorde Feiticeiro voa até ao Vale Sombrio para destruir Shea, este sabe que acabou de começar a maior aventura da sua vida.



A Espada de Shannara é o primeiro livro de uma das sagas mais famosas de Terry Brooks, saga essa que conquistou adolescentes em todo o mundo com as suas personagens e mundo de fantasia. Quando um amigo me aconselhou este livro, indicou-me o que muitos críticos dizem sobre esta saga: o primeiro livro é claramente inferior, mas melhora bastante no segundo e terceiro. Com isto em mente decidi ler toda a saga, sabendo que se trata de algo adolescente.

A Espada de Shannara é um bom livro de fantasia adolescente, mas tem um problema. O seu problema é um problema comum à grande maioria de livros de fantasia e chama-se: O Senhor dos Anéis. Neste caso é impossível não fazer comparações, pois o caminho narrativo deste primeiro livro tem várias semelhanças com o colosso de Tolkien, semelhanças essas que, segundo as críticas, se tornam muito menos constantes nos livros seguintes.

Retirando da nossa mente a obra prima de Tolkien, e analisando este livro objetivamente, Terry Brooks oferece um livro com um bom ritmo onde o seu trunfo é a junção entre a simplicidade da sua escrita e o mundo exposto nestas páginas. Sem descrições extensas para não destruir o ritmo, Brooks conseguirá prender o leitor adolescente com facilidade, principalmente porque o autor sabe quais os momentos em que deve acelerar ligeiramente para voltar a captar a total atenção do leitor.

Com simplicidade Brooks dá-nos personagens interessantes. As suas personalidades estão bem criadas e são distintas, sendo fácil ganharmos ligação a algumas e com elas avançarmos. Gostei dos diálogos, novamente feitos para um público mais adolescente, simples e objetivos, que não nos deixam entrar numa complexidade que poderia afugentar alguns leitores. Em relação ao enredo não há muito que possa dizer sem revelar momentos. Brooks é previsível durante os primeiros dois terços do livro mas aos poucos consegue afastar-se de alguns clichés do género e acaba com uma maturidade que não se nota nas primeiras páginas, o que me deixa esperançoso, tal como me tinham dito, de que os próximos livros são muito melhores.

Brooks explora os conceitos básicos da fantasia com facilidade: amizade, ganância, maldade, lealdade, sentido de dever. Tudo está aqui para o leitor descobrir, tornando a leitura completa para o seu público alvo. Com tudo isto, Brooks criou um bom livro para adolescentes, sendo indicado a quem queria começar a ler fantasia. A todos esses leitores este livro é aconselhado. Infelizmente, devido às suas semelhanças com A Irmandade do Anel, um leitor experiente neste género não conseguirá apreciar tanto este livro. No entanto, no meu caso, foi impossível parar de ler. Voltar a um verdadeiro mundo de fantasia tem sempre o efeito de me prender, quase com efeito nostálgico.

Quero ler os próximos livros para ver como Brooks vai conseguir afastar-se do mundo de Tolkien, porque retirando as semelhanças, é notório que Brooks tem aqui um bom início de saga, com boas ideias e boas bases, principalmente porque as personagens cativam. Estou curioso para ler os próximos e confirmar as críticas muito positivas que os seguintes livros receberam e espero que o autor consiga manter este equilíbrio entre complexidade/simplicidade que torna a leitura fácil e leve, mas cheia de entusiasmo. Não é um livro de topo na fantasia mas a verdade é que gostei bastante. Querem começar a ler fantasia? Esta é uma boa escolha!

Luís Pinto

sexta-feira, 12 de junho de 2015

À MORTE NINGUÉM ESCAPA


Autor: M. J. Arlidge

Título original: Pop goes the weasel





Sinope: O corpo de um homem é encontrado numa casa vazia.
O seu coração foi arrancado e entregue à família.
A detetive Helen Grace sabe que esta não será a última vítima de um assassino em série. Os media chamam-lhe Jack, o Estripador, mas ao contrário: este mata homens de família que vivem vidas duplas e enganam as suas mulheres. Helen consegue pressentir a fúria por detrás de cada assassínio. Mas o que ela nunca conseguirá prever é quão volátil na realidade este assassino é. Nem o que a aguarda no final desta caça ao homem.



Gostei baste do primeiro livro deste autor, Um, Dó, Li, Tá, pelo seu ritmo, força e inteligência. Sendo assim era impossível não tentar ler este novo livro e ver que novos casos Grace, personagem principal, terá pela frente. O que mais me surpreendeu neste livro é, ao observá-lo como um todo agora que o acabei, perceber que se trata de uma obra tão boa quanto a primeira.

O autor consegue criar um novo enredo bastante forte desde o início, principalmente pela forma como explora o mundo da droga e prostituição. As suas descrições continuam fortes mas o que marca o leitor são os pecados das vítimas, pecados esses que os tornam nos alvos do serial killer. E é com isso que entramos um tema já várias vezes explorado por autores deste género, mas que nem sempre com grande impacto: a questão se a vítima é inocente ou não. Será o serial killer um justiceiro por matar violadores, pedófilos, etc? A questão é explorada por forma a que o leitor sinta ódio pelas vítimas, mas a verdade é que não podemos esquecer que a justiça não pode ser praticada por esta forma.

No entanto, devido aos atos que as vítimas praticaram, a nossa ligação com o assassino não é a normal em que queremos que o serial killer seja apanhado de imediato. Aqui queremos perceber primeiro o porquê de tudo antes do desfecho final. Queremos saber o que as vítimas fizeram e o porquê do seu "castigo". Com este foco, o livro torna-se menos pessoal que o anterior, com a atenção do leitor a não estar tão vincada em Grace e nos seus fantasmas.

No entanto, tal como se exige, Grace continua a ser o catalisador deste enredo e iremos conhecer melhor uma mulher perseguida pelo seu passado. Gostei do facto de o autor continuar a explorar uma mulher que queremos que seja bem sucedida. A forma como vamos vendo as suas fragilidades contrasta com a força de outras personagens, criando algo credível e que nos agarra, pois existem momentos em que parece óbvio que Grace não conseguirá perceber tudo o que está a acontecer, pois este submundo do tráfico está demasiadamente bem montado e protegido, porque o dinheiro facilita muita coisa, e o tráfico dá dinheiro.

Com um ritmo ligeiramente mais lento do que no anterior, principalmente com o objetivo de explorar melhor este mundo, o autor consegue, novamente, nunca cansar o leitor com demasiados pormenores. Tudo está num equilíbrio muito interessante que me agarrou desde o início. Quando no fim tudo é revelado, são várias as surpresas e confesso que o autor me conseguiu enganar, o que me agradou bastante.

Diálogos fortes, bom ritmo e uma temática angustiante são o que dá coesão a um enredo onde as personagens e os seus motivos são a base para uma leitura marcante e muito forte. Se gostam de policiais violentos e que vos possam surpreender, então este é um livro a ter.

Luís Pinto

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Novidades Porto Editora

A Porto Editora lança hoje dois livros de Isabel Allende e ainda o novo livro de Alexander Soderberg.

A 11 de junho, ficam disponíveis nos pontos de venda os romances Inês da minha alma e O plano infinito. Com a publicação destes dois títulos, passam a ser 13 as obras da grande autora chilena no catálogo da Porto Editora.
Inês da minha alma é um romance cujo enredo a autora dedicou a uma das personagens mais fascinantes da História de Espanha, Inéz Suárez.

Já em O plano infinito, Isabel Allende explorou pela primeira vez uma realidade distante do contexto sul-americano que lhe é tão familiar e conduz o leitor até à Califórnia da segunda metade do século XX. Estas obras estavam esgotadas no mercado português há vários anos.
Em 2014, a Porto Editora publicou O jogo de Ripper, a primeira incursão pelo universo policial desta autora cujos livros já venderam mais de 60 milhões de exemplares.

INÊS DA MINHA ALMA

Inés Suarez é uma jovem e humilde costureira, oriunda da Extremadura, que embarca em direção ao Novo Mundo para procurar o marido, extraviado pelos seus sonhos de glória no outro lado do Atlântico. Anseia também por uma vida de aventuras, vedada às mulheres na sociedade do século XVI.
Na América, Inés não encontra o marido, mas sim uma grande paixão: Pedro de Valdivia, mestre de campo de Francisco Pizarro, ao lado de quem Inés enfrenta as incertezas da conquista e fundação do reino do Chile.
Neste romance épico, a força do amor prevalece sobre a rudeza, a violência e a crueldade de um momento histórico inesquecível. Pela mão de Isabel Allende, confirma-se que a realidade pode ser mais surpreendente que a ficção, e igualmente cativante.



O PLANO INFINITO

Explorando pela primeira vez uma realidade distante do mundo sul-americano que lhe é tão familiar, Isabel Allende conduz-nos até à Califórnia da segunda metade do século XX, seguindo os passos de duas famílias: a do pregador Reeves que percorre o Oeste num velho camião, anunciando um Plano Infinito que justifica a existência humana; e a dos Morales, imigrantes mexicanos que vivem num bairro hispânico marcado pela violência.
Gregory Reeves, a personagem central do livro, cresce à sombra da pobreza e da negligência. Quando decide que o futuro só pode estar longe do bairro hispânico onde vive, e onde não passa de um gringo, parte em busca de algo melhor. O plano de que o seu pai tanto falava parece ser mais real do que Gregory gostaria de acreditar, e tudo acontece como se o destino estivesse traçado, sem que ele consiga evitar a sucessão de más decisões que afetam a sua vida.
Depois de um casamento falhado, da guerra do Vietname, da dor de perder um amigo e ver morrer tanta gente, Gregory regressa ao seu passado, sem aprender nada com os erros cometidos. Só mais tarde, quando é obrigado a enfrentar a realidade, começa a perceber que o seu destino depende apenas de si mesmo, e que o Plano Infinito pode afinal ainda estar em aberto.


A Porto Editora publica ainda O Outro Filho, segundo livro da trilogia Brinkmann, um caso de grande sucesso internacional, do sueco Alexander Söderberg, autor já editado em 35 países.

Esta segunda obra de Söderberg, traduzida diretamente do sueco por Ana Diniz (que também traduz Lars Kepler), e sucessora de O Amigo Andaluz, lançado pela Porto Editora em 2014, mostra o lado mais negro e mais frágil do ser humano. A mestria de Söderberg na criação de momentos de grande suspense, prontamente transformados em cenas de enorme ação, faz deste autor a nova grande voz do policial nórdico.

Enquanto Hector Guzman se encontra em estado de coma, o seu império definha lentamente. Aron Geisler, o seu braço direito, esforça-se para manter o barco à superfície. Sophie Brinkmann está dominada e é usada para manipular os parceiros de negócio e inimigos, levando-os a pensar que está tudo sob controlo... Mas essa não é a realidade.
Quando o irmão de Hector é assassinado em Biarritz, Sophie acha que pode impedir que uma série de acontecimentos sejam desencadeados. Mas uma boa decisão leva a um resultado errado... terrivelmente errado.
Sophie torna-se peão num jogo com regras que desconhece, onde a lealdade e a amizade não têm lugar. Indefesa e sozinha num mundo onde reina a mentira e a violência desmedida, tudo em que acreditava e que a definia, parece-lhe sem sentido.

terça-feira, 9 de junho de 2015

TEMPO DE MATAR


Autor: John Grisham

Título original: A time to kill






Sinopse: A vida de uma menina negra de dez anos termina às mãos de dois jovens brancos, bêbedos e sem remorsos. A população de Clanton, maioritariamente branca, reage com choque e horror a este crime desumano. Até que o pai da menina pega numa arma e decide fazer justiça com as suas próprias mãos.
Durante dez dias, ardem cruzes por toda a cidade de Clanton e o país aguarda, com grande expectativa, o desfecho deste caso, enquanto Jake Brigance, o advogado de defesa, tenta desesperadamente salvar a vida do seu cliente - e depois a sua.



Este é o mais famoso livro de Grisham, não só porque é considerado o melhor de todos os seus livros, mas também pelo muito famoso filme adaptado destas páginas, com um elenco de luxo.

O que Grisham nos oferece é um enredo inteligente e intenso, capaz de explorar vários setores da sociedade, com um bom ritmo e personagens que marcam a leitura. Começando pelo enredo em si, Grisham escreve uma história que nos agarra desde o início pelo sentimento de injustiça que nos crava na mente. É impossível ficar indiferente perante a injustiça que a sociedade constrói nesta história, levando-nos a explorar a mentalidade de uma nação que ainda não conseguiu deixar atrás das costas algumas ideias religiosas ou racistas.

Um dos pontos que mais apreciei neste livro foi o ambiente que o autor conseguiu criar. A sociedade é um elemento muito importante numa história deste género e aqui está usada de forma perfeita, dando a sensação que estamos a ler algo real. O autor explora mentalidades de várias personagens, aprofundando as suas crenças e os ensinamentos que os seus pais lhes passaram. É um ciclo sem fim de preconceitos que cega e manipula. Pelo meio, inocentes e culpados tentam sobreviver numa sociedade acorrentada.

É impossível não criar uma ligação com o pai injustiçado ou com o advogado que tenta levar este enredo pelo caminho certo. Este é, inevitavelmente, um enredo sobre o desespero de quem ama e de quem sente a morte ao seu lado. Quando nos é retirado o que mais amamos, que barreiras se quebram? O que fazemos neste mundo quando a sociedade nos rouba tudo? Em quem nos tornamos quando fazemos a nossa própria justiça? O que ganhamos com isso?

Outro aspeto positivo está na forma como o autor apresenta o caso a um qualquer leitor que não tem conhecimentos profundos de direito. Nunca me senti perdido na forma com o caso foi conduzido, mas também é verdade que nunca consegui antever as decisões mais importantes, dando-me a sensação que o autor montou muito bem o enredo e o executou de forma muito inteligente.

Espaço ainda para mencionar que existem várias personagens fantásticas neste enredo, sendo um dos seus grandes trunfos. Variadas, bem construídas, marcantes. O pequeno leque tem a qualidade que o enredo exige... gostamos de umas, desprezamos outras e esta mistura de sentimentos é o que se pede num enredo forte e dramático como este.

Percebe-se facilmente o porquê de esta ser considerada a grande obra do autor. Um thriller completo e astuto, capaz de nos prender desde o início e de nos surpreender pelos atos das suas personagens. Recomendado a todos os que apreciem o género. Muito bom e cheio de significado...

Luís Pinto

 

segunda-feira, 8 de junho de 2015

CONTAGEM DECRESCENTE



Autor: Bruno Franco





Sinopse: 31 de Dezembro. Passagem de ano.
Rodrigo Tavares, um proeminente detective da Polícia Judiciária, encontra-se em Almada para assistir ao espectáculo pirotécnico quando recebe um telefonema que muda a sua vida por completo, levando-o a perceber que tinha chegado o momento que tanto temera: a concretização de uma ameaça homicida proferida pelo assassino que mais lhe custara capturar no passado.
Rodrigo tem até dia 15 de Janeiro para deter o assassino, ou as consequências serão devastadoras. E não apenas para si. Quando o detective observa a forma excruciante e desumana como a primeira vítima fora assassinada, percebe a importância e a seriedade do que está a acontecer, e é então que começa a corrida contra o tempo.
O que começa por ser uma caça ao homem transforma-se rapidamente em algo muito maior e aterrorizador. Ao mergulhar num mundo de trevas e muitas dúvidas, medo e desespero, Rodrigo receia o futuro como nunca antes o fizera.



Apesar de ser o segundo livro desta saga, é o primeiro livro que leio do autor. Desde já posso afirmar que não é necessário ler o livro anterior para se perceber este enredo e para se conhecer as personagens, mas, obviamente, acredito que a minha leitura teria sido melhorada se o tivesse lido, pois o autor oferece nesta narrativa alguns flashbacks sobre o livro anterior que poderão ter mais significado para quem o tenha lido.

Posto isto, é preciso afirmar que Bruno Franco consegue criar um enredo viciante com altos e baixos de qualidade. Na parte mais negativa do livro está um conjunto de diálogos que me pareceram forçados e sem grande importância para a evolução da história, ficando a sensação que o autor poderia ter encurtado a leitura e aumentado o ritmo. Para além disso, e talvez seja este o factor que mais pode dividir os leitores, há o final em que o autor arrisca com um fim bastante aberto e que nos atira para o próximo livro. Apesar de ter gostado da ideia do autor, a verdade é que num policial pede-se sempre uma conclusão em alguns temas, por muito ligeira que seja. Com isto torna-se fácil indicar que os pontos negativos deste livro podem ser apagados no terceiro, quer seja por oferecer um final conclusivo, quer seja por dar significado a alguns diálogos deste livro, dando, obviamente, mais importância a algumas personagens que apesar de bem construídas não tiveram a importância que esperava.

No entanto o autor apresenta uma narrativa com muitos pontos positivos e que me levaram a ler sem parar. Em primeiro lugar está a forma como o autor usa o espaço em que o enredo acontece. Lisboa e Almada são o foco, e estão bem usadas, pois senti-me em casa e curioso para ver que outras ligações o autor iria fazer com estas duas cidades.

O autor cria ainda um conjunto de personagens interessantes. Claro que o nosso foco vai para o personagem principal, mas existem três ou quatro personagens com qualidade e que melhoram o livro. São variadas e bem construídas, com algumas a surpreenderem... uns porque são mais fortes do que esperava, outros mais fracos. Gostei dessa "humanidade" que o autor ofereceu a personagens que costumam ser bastante estereotipadas devido às suas profissões.

Com um ritmo interessante na maioria da narrativa, o livro poderia ser mais pequeno e objetivo, mas acredito que o autor esteja a preparar-nos para o último livro. Claro que o final bastante aberto poderá ser frustrante para alguns, mas também aumenta a vontade de continuar a ler. De um ponto de vista crítico, o autor não oferece nada de novo, mas num género tão explorado tal não é fácil e este livro destaca-se com uma boa investigação e por alguns momentos bastante criativos. A questão importante é que o livro é viciante e gostei ao ponto de querer ler o próximo e ver para onde este autor me irá levar. Por último, acredito que seja importante evidenciar a evolução na escrita do autor desde o início até ao fim do livro. Nota-se que o próprio autor foi aprendendo e que chegou ao fim deste enredo mais maduro, levando-me a acreditar que o último livro será o melhor.

Luís Pinto

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Passatempo: A espia do oriente - Autografado


PASSATEMPO

A espia do oriente

Exemplar autografado



Numa nova parceria com o autor Nuno Nepomuceno, e após termos oferecido o primeiro livro da trilogia, iremos oferecer aos nossos leitores a oportunidade de ganharem um exemplar autografado do livro A espia do oriente, segundo livro da trilogia.

Para se habilitarem a ganhar basta preencherem o formulário, responderem a uma pergunta e serem fãs ou seguidores do blog.

Cada pessoa pode participar uma vez por dia. Se existirem duas participações no mesmo dia, a segunda será apagada.

O passatempo termina dia 20 de junho

Agradecemos a todos os que partilhem este passatempo para que seja um sucesso.

Boa sorte a todos!

quinta-feira, 4 de junho de 2015

A FÍSICA DO FUTURO

Autor: Michio Kaku

Título original: Physics of the future





Sinopse: Em A Física do Futuro, Michio Kaku apresenta-nos uma esmagadora, apaixonante e provocadora visão do século que aí vem, com base nas entrevistas feitas a mais de trezentos cientistas que, neste momento, já estão a inventar o futuro nos seus laboratórios. O resultado é uma descrição plena de rigor científico sobre os desenvolvimentos que poderemos esperar na medicina, na informática, na inteligência artificial, na nanotecnologia, na produção de energia, etc. Em 2100, possivelmente, controlaremos os computadores com pequenos sensores no nosso cérebro e, como os mágicos, deslocaremos os objectos à nossa volta com o poder da mente. As nossas casas inundadas de inteligência artificial e as nossas lentes de contacto com Internet permitir-nos-ão aceder a toda a informação que queiramos, à escala mundial, e ficar na presença de quem desejarmos num piscar de olhos. Os automóveis conduzir-se-ão sozinhos, com GPS, deslocando-se em almofadas de ar, sobre campos magnéticos. Através da medicina molecular os cientistas poderão criar qualquer órgão do corpo humano e curar doenças genéticas. Milhões de pequenos sensores de ADN, e nanopartículas, patrulharão as nossas células sanguíneas procurando detectar os primeiros sinais de doença, e os avanços genéticos permitir-nos-ão abrandar ou mesmo reverter o processo de envelhecimento. A esperança média de vida alargar-se-á espantosamente. Naves espaciais usarão a propulsão a laser, e talvez seja até possível apanhar o elevador espacial, carregar no botão «para cima» e fazer uma visita ao espaço, depois de, em minutos, percorrer milhares de quilómetros. Porém, estas espantosas revelações são apenas a ponta do iceberg.




Quando acabamos este livro, e acreditando que estas palavra retratam muito do que está para chegar, então só podemos ficar de boca aberta com tudo aquilo que poderá acontecer nos próximos cem anos. Tentem ver o que mudou nos últimos 40 ou 50 anos... agora lembrem-se que a velocidade a que estamos a evoluir é cada vez maior... agora tentem imaginar como será a nossa vida daqui a 80 ou 100 anos...

Que invenções mudaram totalmente a nossa forma de viver? Várias, certamente. O que Kaku consegue neste livro, tal como em todos os outros que li seus, é falar para o leitor de forma simples, divertida, e entusiasmante, levando a que qualquer leitor, mesmo que esteja fora das últimas inovações ou tendências, consiga perceber tudo o que está para vir. 

Baseando-se no que atualmente está a ser estudado e criado, Kaku tenta projetar o futuro, não só a nível científico, mas também financeiro. A nossa dependência da tecnologia poderá ser assustadora para nós, mas já não o é para qualquer criança que neste momento usa tablets como eu usava cadernos nas suas idades. Para essas crianças o futuro será recheado de tecnologia que lhe irá oferecer uma vida tão diferente da nossa que ficará a noção que estamos separados por muito mais do que umas dezenas de anos. A evolução será constante e avassaladora.

E é com o olhar nessa evolução que este livro nos leva a ver o futuro de alguns temas que são a base da nossa vida. A tecnologia na área da saúde será impressionante, ficando, claro, apenas acessível a alguns no início, que tenham capacidades financeiras, até que essa mesma tecnologia se torne barata e chegue a todos.

Para alguém como eu, em que a profissão é totalmente tecnológica, muitos dos conceitos que estão aqui não são novidade, mas quando acabamos de ler este livro, e vemos estas inovações como um todo, é quase assustador olhar para as mudanças que muitos de nós ainda iremos sentir nas nossas vidas. Serão várias as questões morais que iremos enfrentar nos próximos anos e serão muitas as barreiras que serão quebradas. Dentro de alguns anos, provavelmente já eu estarei na reforma, o teclado em que agora escrevo este texto estará esquecido e a nossa mente controlará o que irei escrever, o que, vendo bem, me daria bastante jeito, por estes textos seriam escritos mais depressa e com menos erros.

Muito do que vemos aqui demonstra um futuro glorioso que aos poucos ficará acessível à grande maioria das pessoas. Muito do que agora nos preocupa, como certas doenças, ou acidentes automóveis, farão parte do passado. Mas tais inovações também criarão novos problemas, e Kaku explora alguns com mestria. O futuro estará cheio de possibilidades e já chegou a nós, a partir deste livro. Muito bom para todos os que se interessarem sobre estes temas. Tenho bastante curiosidade de o voltar a ler nos próximos anos, talvez dez ou vinte anos, e ver se estamos a ir neste caminho. Sinceramente, espero que sim, porque a nossa vida pode tornar-se muito melhor. Recomendado!

Luís Pinto

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Passatempo: O espião português - autografado - vencedor!

PASSATEMPO


O espião português

Exemplar autografado

Numa parceria com o autor Nuno Nepomuceno chegou hoje ao fim o passatempo em que iremos oferecer um exemplar autografado do livro O espião português, primeiro livro da trilogia.

A todos os que participaram, muito obrigado e desejos de melhor sorte para a próxima.

Dentro de dias teremos um novo passatempo com o novo livro da trilogia. Estejam atentos!




E o vencedor é...

Maria de Fátima Cerejo Moreira da Silva

Sinopse: E se toda a sua vida, tudo aquilo em que acredita, não passar de uma mentira?
O que faria?
Quando André Marques-Smith, o jovem director do Gabinete de Informação e Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros português é enviado à capital sueca, está longe de imaginar que aquele será um ponto de viragem na sua vida.
Ao serviço da Cadmo, a agência de espionagem semigovernamental para a qual secretamente trabalha, recupera a primeira parte de um grupo de documentos pertencentes a um cientista russo já falecido. Mas quando regressa a Portugal, tudo muda. Uma nova força obteve a segunda parte do projecto e, de uma forma violenta e aterrorizadora, resolveu mostrar ao mundo que está na corrida pelos estudos do cientista.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

TODA A LUZ QUE NÃO PODEMOS VER


Autor: Anthony Doerr

Título original: All the light we cannot see



Sinopse: Marie-Laure é uma jovem cega que vive com o pai, o encarregado das chaves do Museu Nacional de História Natural em Paris. Quando as tropas de Hitler ocupam a França, pai e filha refugiam-se na cidade fortificada de Saint-Malo, levando com eles uma joia valiosíssima do museu, que carrega uma maldição. Werner Pfenning é um órfão alemão com um fascínio por rádios, talento que não passou despercebido à temida escola militar da Juventude Hitleriana. Seguindo o exército alemão por uma Europa em guerra, Werner chega a Saint-Malo na véspera do Dia D, onde, inevitavelmente, o seu destino se cruza com o de Marie-Laure, numa comovente combinação de amizade, inocência e humanidade num tempo de ódio e de trevas.




Quando um livro começa a vender bastante, pode ser apenas moda... mas quando começa a ganhar muitos prémios, algo de especial tem de ter. Este é um desses casos, pois estamos perante um livro que "vergou" a crítica internacional e que realmente é especial, aliando boas vendas e prémios.

Sendo um grande apreciador de livros passados na Segunda Guerra Mundial, comecei este livro com enorme entusiasmo mas tentei que esse mesmo entusiasmo não destruísse a leitura. A verdade é que não precisamos de muitas páginas para perceber duas coisas: este é um livro lento, e é um grande livro. Com isto o que vos poso dizer é que o grande problema do livro é o seu ritmo. A grande maioria dos leitores ficará colado as estas páginas, mas existirá sempre a sensação de que o enredo demora a arrancar, porque a narrativa foca-se em pormenores do que rodeia as personagens e, principalmente, foca-se nessas personagens.

Se por um lado o ritmo é o que pode afastar alguma leitores no início da leitura, as personagens fazem o trabalho contrário, e a partir do momento em que existe uma ligação entre leitor e personagem será difícil parar de ler. O resultado é uma leitura bastante sentimental, principalmente porque o autor explora muito bem o estado emocional das suas personagens numa época em que apenas a esperança nos dá força para sobreviver.

Enquanto a leitura prossegue, começamos a adivinhar o final. Aliás, acredito que o autor não tenta surpreender com o final, mas sim com a forma como nos dá esse final. Quando acabei a leitura havia um sentimento de plenitude com esta leitura, como se o livro tivesse oferecido tudo o que era necessário para esta história. Forte e sentimental, este é um enredo que causa impacto no leitor, ou não fosse passado numa das fases mais marcantes da humanidade. Com uma narrativa que consegue ser forte quando precisa, o leitor cria ligações com facilidade. As duas personagens principais são o espelho de várias características que foram a base de algumas pessoas nesta época. A esperança é, provavelmente, o mais impressionante do que vai dentro de algumas das personagens que aqui lemos. É a esperança que dá força e os faz continuar num mundo de pernas para o ar. A humanidade está a matar-se e alguns apenas ambicionam sobreviver...

Este livro mostra-nos o melhor e o pior da humanidade. Nos livros desta época são muitos os que conseguem demonstrar como o Homem pode ser tão cruel, mas também tão capaz de ter compaixão. É essa montanha russa de personalidades e de momentos que nos leva a continuar a ler, querendo saber como estas duas crianças irão sobreviver. Cheio de momentos marcantes, este é uma obra completa numa narrativa que olha ao pormenor. A mistura de sentimentos torna o livro pesado mas também belo em alguns momentos, levando a que seja difícil esquecer esta leitura mesmo tendo algumas falhas e um ritmo que demorar a explodir. 

No meu caso, sinto que li algo coeso, cheio de significado, capaz de agradar à grande maioria dos leitores, e torna-se difícil explorar mais este enredo sem revelar momentos. Para mim, a personagem de Marie ficará na minha memória durante muito tempo, porque o "olhar" de uma pessoa cega sobre a guerra que rodeia é esmagadora em alguns momentos.

É, claramente, um dos livros do ano. Profundo, inteligente, capaz de nos transportar para o seu mundo e sofrer com as personagens. Os vários prémios que ganhou são a prova e eu sou apenas mais um leitor rendido a esta obra e que no fim do ano fará, de certeza, parte do meu top. 

Luís Pinto