Autor: James Patterson & David Ellis
Título original: Invisible
Após ter lido vários livros de Patterson, existe a sensação que o autor, usando a mesma fórmula, consegue sempre entreter e viciar. Com ideias base distintas, mas uma forma muito similar de as executar, neste caso Patterson volta a dar a perspectiva do herói e do vilão, mas é também um livro onde volta às descrições mais fortes e chocantes, elevando o enredo para um nível mais alto de tensão para o leitor. No entanto, devido a uma fórmula idêntica a cada livro, também existe o receio que comece a ser fácil perceber o que está nas páginas seguintes. Por vezes já me aconteceu, mas não aqui. E aquele que pode parecer pela capa apenas mais um livro de um autor que gosto de ler, foi mais do que isso. Este foi, provavelmente, a melhor leitura que tive deste autor. Um livro que os fãs irão adorar.
Então, o que me fez gostar mais deste livro? É difícil explicar o porquê sem revelar momentos do enredo, mas, sem dar spoilers, acredito que a grande diferença esteja no vilão. Patterson, aqui em conjunto, com Ellis, oferece um olhar detalhado e perturbador da mente deste serial killer, culminando em dois factos interessantes:
O primeiro é que torna-se óbvio, desde o início, que o leitor vai ficar agarrado à história devido à forma como este homem pensa, e ao desprezarmos as suas ações, continuamos a ler, tentando perceber onde irá falhar, quais os seus objetivos, quando irá parar, que vida tem para além de matar pessoas. Esta análise psicológica é sempre apetecível quando nos deparamos com uma mente tão diferente, e neste caso os autores oferecem-nos essa possibilidade desde o início e rapidamente percebemos que está aqui a base do livro.
O segundo facto é que ao lermos o ponto de vista do vilão, temos a sensação que algo não está a ser contado de forma verídica. A cada instante acreditei que o vilão não nos oferecia um olhar honesto e isso aumenta ainda mais as questões que se vão levantando na investigação que faço enquanto leitor.
A tudo isto junta-se o já habitual, e bem executado, conjunto de pequenos capítulos, sempre em ritmo elevado, onde acontece sempre algo que nos empurra para a página seguinte, resultando num livro que se lê de seguida numas tardes de verão. No entanto, apesar de termos um ritmo sempre elevado e uma narrativa totalmente focado apenas no que é essencial, gostei da forma como os autores exploraram algumas personagens, oferecendo um dos melhores conjuntos de personagens que já li num livro de Patterson. Não mencionando nomes, o que se destaca nestas personagens são as suas falhas e o facto de não se sentir que o investigador tem de ser mais inteligente do que o vilão para o conseguir apanhar.
Sendo um dos livros mais violentos no aspeto gráfico, com Patterson a querer chocar o leitor para que este nunca sinta qualquer tipo de compaixão pelo vilão, Invisível é um livro que agarra o leitor desde o início. Consegue ser, ao mesmo tempo, um dos livros mais viciantes de Patterson, mas também um dos que tem mais qualidade. Sinceramente, acredito que este seja o livro que mais gostei do autor, devido a vários fatores, mas principalmente pelo vilão. Claro que tem momentos forçados, e outros que deviam ser explicados com mais calma, mas este é um livro para se ler rapidamente, oferecendo ao leitor uma necessidade de manter uma leitura rápida até ao culminar do enredo, aproximando a nossa leitura da adrenalina das personagens.
Falar deste livro sem revelar detalhes não é fácil, pois muito do que torna este livro interessante está em pormenores que vamos recebendo do enredo. Todavia, o que devo dizer aqui é que este é um livro que os fãs de Patterson devem ler, pois na grande maioria dos fatores essenciais a um thriller, está acima da média que o autor nos costuma oferecer e, se em muitos caso senti que os livros de Patterson resultam devido a uma fórmula narrativa, este resulta graças a mais fatores, e o vilão é o momento mais alto do livro. Gostam de thrillers? Gostam de Patterson? Então acredito que este livro é o vosso livro de verão.
Luís Pinto