domingo, 31 de março de 2013

Espaço Leitor: O Perfume


Hoje o "Espaço Leitor" regressa após uma estreia muito boa com o texto sobre "Os Pilares da Terra", um excelente texto da Margarida Contreiras, que podem ver neste link.


O "Espaço Leitor" é um local onde qualquer leitor poderá deixar uma opinião a um livro à sua escolha. Hoje publico a opinião do escritor Carlos Reys, autor do livro Esmeralda Cor-de-Rosa, e aproveito para agradecer o seu contributo com este excelente texto!


Aproveito ainda para informar, que qualquer leitor que gostasse de ter uma opinião neste espaço, basta enviar um mail para lerycriticar@gmail.com com a sua opinião a um livro.


Espero que gostem desta opinião a este excelente livro, sobre o qual também já falei no blog.


Autor: Patrick Suskind

Título original: Das Perfum




Estamos perante uma obra de ficção em que o autor nos descreve o percurso de uma figura rocambolesca, fictícia, que aspira alcançar o Amor – ao qual não tem acesso senão após concretizar o seu sonho – e quando o alcança, momentaneamente, acaba sendo vítima dele.

 

Patrick Süskind conta-nos a história de um homem rejeitado pela Natureza que, estranhamente, não o dotou de cheiro próprio embora seja provido de um extraordinário olfacto – o que o leva a tornar-se num génio perfumista durante a vida.

A acção da história começa em Paris, no século XVIII, numa França pré – revolucionária onde se desenrola a narrativa de um homem com duas características marcantes. Uma característica do protagonista é a sua extraordinária capacidade de sentir qualquer cheiro, enquanto a outra característica reside no facto de ele não exalar odor algum. Esta dicotomia constitui, no desenvolvimento da história, um factor importante para a revelação da personalidade de Grenouille.


Abandonado pela mãe, ele cresceu entregue aos cuidados de várias amas, vivendo situações dramáticas até chegar a Madame Guillard, uma mulher que vivia das pensões atribuídas aos órfãos, procedendo à exploração das crianças e que manteve Grenouille até à idade de 8 anos. Num ambiente de todo desagradável misturado com outros órfãos e enjeitados, sofreu a indiferença destes, logo que se aperceberam do incómodo que lhes causava a sua presença e a falta do seu odor, enquanto, simultaneamente, lhes provocava medo.

Sobrevivendo a posteriores doenças que lhe deixaram marcas físicas a juntar às marcas morais de uma existência atribulada, Grenouille apercebe-se do seu isolamento e deambula pela cidade de Paris absorvendo os cheiros de tudo e de todos, inventariando e catalogando, mentalmente, uma inumerável quantidade de odores que lhe conferem um largo conhecimento e experiência para o futuro.   


O «magnífico» perfumista, mas corrompido de carácter, percorre então as lojas aromáticas onde ganha experiência na destilação de muitas essências aromáticas a fim de encontrar a fórmula ideal para a confecção dos seus perfumes. Não lhe assiste a ideia de enriquecer mas sim a ideia de seguir o seu estranho sonho; um sonho de loucura que era o de criar um perfume que despertasse o mais profundo amor em quem o cheirasse. Um amor que ele dedicou a si próprio apoderando-se do mundo da realidade que o envolvia, através de uma forma de simulação dessa realidade.

Ele procura nas próprias pessoas o odor de que necessita a partir do qual inicia as suas experiências e é no odor de mulher, que ele capta, em donzelas virgens, que incide o seu desejo, ao ponto praticar os crimes.



A personagem da história que Patrick Süskind nos descreve, assenta, pela sua índole, entre dois pólos que podemos interpretar como sendo o lado humano e o anti-humano. Humano enquanto ser vivente, carente de amor, lutador contra o desprezo a que se sente votado pelo seu semelhante; anti-humano quando, visto como um monstro, se nos apresenta como insensível e criminoso.

A leitura da obra desperta, assim, no leitor sentimentos vários desde a compaixão à admiração por Grenouill, que o autor explora, descrevendo e estabelecendo, ao longo da história, um curioso fio condutor, que leva a interpretar o comportamento do personagem, numa ascensão de interesse cada vez maior, tentando desvendar os «porquês» que frequentemente se colocam tanto no seu estranho comportamento como no seu verdadeiro carácter. 


Não é por acaso que o autor descreve, pormenorizadamente, o primeiro crime e o ultimo. O período de tempo que medeia o primeiro crime dos restantes, torna, naturalmente, o leitor mais curioso, mais ansioso pelo desfecho da obra. O autor, aqui, ganha tempo e aproveita-o na descrição de todo o esforço em que o personagem se empenha para conseguir obter o milagroso perfume que irá constituir a sua enganadora liberdade, o aroma mais sublime que fará com que os outros o amem.

O ritual a que procede depois, (…) “com alegria e serenidade” (…) junto das vítimas da sua louca ambição, constituem marcas profundas de absoluta falta de sentimentos, de crueldade, de coragem incontida, que acabam por o denunciar.


A obra de Patrick Süskind contém um final inesperado para o leitor. Este, durante a leitura, dá-se conta de uma ficção bem trabalhada com descrições da vida quotidiana de Paris do século XVIII, onde impera a miséria em que a população vive, paralelamente à vida faustosa da realeza. Repara na influência da Igreja junto do povo e na sua atitude perante situações já então difíceis de resolver como as das crianças abandonadas e órfãs, nas reacções do Poder instalado, que aqui são descritas com pormenores reveladores de uma busca intensa, efectuada por quem se preocupa com factos históricos.  

Podemos considerar que, na obra “O Perfume”, está presente uma forte simbologia associada ao protagonista da história que, sendo dono de um olfacto invulgar, apto a perceber traços de que nenhum animal seria capaz, acaba por apagar tudo o que é visual, visualizando o mundo através do olfacto.


Desprovido de sentimentos maternos, isolado e incompreendido, comete o primeiro de muitos outros crimes, em busca da essência odorífica perfeita que só ele é capaz de conseguir.

Na obra estão presentes cheiros, sabores, nuances e essências, símbolos da sua imaginação e loucura que só ele sente, vê e prevê. O sentido premonitório é uma constante nas descrições efectuadas pelo autor.

No universo de Grenouille não existem coisas nem pessoas. Ele só consegue apoderar-se do mundo da realidade que o cerca através de um simulacro da realidade – o perfume, o odor que, de modo mágico, abre para ele as portas do real sem que ele seja obrigado a conquistá-lo com amor.

Assassino de belas jovens, deixando em pânico toda uma região (…) “Foi então que o medo se abateu sobre a cidade. As pessoas já não sabiam contra quem dirigir a sua raiva impotente” (…) (pág.215) o perfumista, ao pretender fabricar, artificialmente, o aroma da pureza e do amor, está simbolicamente a “vingar-se” da falta de odor que ficou nele desde a infância, na adolescência, até à idade adulta, o que motivou o desprezo a que se viu votado. 

Nesta obra estão presentes, constantemente, símbolos e significados relacionados com a busca da essência perfeita, com a infância do protagonista, com o seu passado e com o seu futuro.


Conclusão

Ao ler o livro “O Perfume” ficamos com a sensação de que se trata de uma obra de ficção onde o autor se preocupou em prender a atenção constante do leitor, descrevendo as vivências dos aglomerados populacionais muito densos na Europa do séc.XVIII em contraste com a burguesia e o clero, ao mesmo tempo que nos descreve um personagem irreal possuído de dons irreais que faz uso dessa particularidade para alcançar o amor, que nunca sentiu, matando e não se inibindo de matar em beneficio da sua aspiração.

      

A própria obra constitui uma simbologia das fraquezas humanas, da solidão, do abandono, do desespero e ambição, retratados ao longo da história pelas mais diversas personagens e situações.

Criar um perfume capaz de produzir o efeito do amor é uma utopia que persegue o protagonista e o conduz à sua autodestruição.

«O feitiço virou-se contra o feiticeiro»

Carlos Reys

sexta-feira, 29 de março de 2013

MAXIMUM RIDE: Adeus à escola


Autor: James Patterson

Título original: Maximum Ride: School's Out - Forever



Este é o 2º livro desta saga adolescente de James Patterson, e após ter lido Maximum Ride: O resgate de Angel, a vontade de continuar a ler esta saga era grande.

Fiel ao seu estilo e também à identidade da saga, Patterson faz um livro com um ritmo alucinante e uma escrita mais adolescente, visto ser um jovem quem narra esta história, e o leitor sente-se imediatamente colocado no livro, como se nunca tivesse parado de ler a saga.

Sendo assim não há muito a dizer sobre a escrita que seja diferente do livro anterior. O enredo, rápido e bem montado (como Patterson sempre faz) é composto por capítulo pequenos, sendo que cada um nos dá mais vontade de continuar a ler. Até aqui tudo dentro do esperado. Para além disso, as personagens principais continuam fieis ao que mostraram no primeiro livro, coerentes, adolescentes, vivendo uma montanha russa de responsabilidade e irresponsabilidade. Os diálogos são importantes, simples e as descrições apenas nos mostram o que é importante, não existindo tempo para meticulosos detalhes.

No entanto, este livro teria de responder a várias questões que o livro anterior deixou. Responde a quase tudo, umas numa vertente mais realista, outras mais no âmbito da fantasia. E ao responder, cria novas perguntas, mostrando que Patterson sabe, como poucos, prender o leitor a uma história que, podendo não ter a profundidade que alguns leitores poderão querer, consegue agarrar-nos e não nos deixa parar. E assim, com fantásticos e imprevisíveis desenvolvimentos, o autor deixa-nos com vontade de ler os próximos.

Falando ainda sobre o enredo, este livro dá um salto ao afastar-se da realidade e aproximar-se mais da fantasia. O primeiro livro, que obviamente contém um toque de fantasia, tinha ainda uma base científica, sendo que este alcança um novo patamar de fantasia. Alguns leitores poderão não gostar, outros vão adorar, mas novamente, o livro não nos dá tempo para questionar muito do que se passa, pois continuamos a ler, como em todos os livros deste autor. A juntar temos ainda personagens novas, uma intriga cada vez mais global, e um toque de romance que irá prender ainda mais o público adolescente.

Mas, para finalizar, é preciso dizer o seguinte:  tal como no livro anterior, também esta leitor mostra vários momentos que parecem forçados e que pedem explicação. Os momentos forçados no livro anterior, são agora explicados, e o terceiro livro da saga terá de fazer o mesmo em relação a este.

E por tudo isto, podemos dizer que Patterson escreveu mais um livro viciante e que mantém a qualidade do anterior. Lemos sem parar, e mesmo tendo noção que algumas personagens deveriam ser mais exploradas e a história poderia ser mais profunda, é preciso ver que este género de livro não o exige, nem os leitores o farão, pois trata-se de uma história que vive da sua adolescência, de um alucinante ritmo e de momentos imprevisíveis. E fica a vontade de continuar a ler!

Luis Pinto

quarta-feira, 27 de março de 2013

UMA VIAGEM PELO MUNDO À PROCURA DE DEUS


Autor: Eric Weiner

Título original: Man seeks God



Eric Weiner, jornalista, decide fazer uma viagem pelo mundo à procura de Deus, e quem sabe, respostas às eternas perguntas: há vida depois da morte? Deus existe? Qual é o significado de tudo? Poderá a fé ser ganha ou é inata?

O que me despertou a atenção neste livro não foi a busca em si, mas antes o facto de o autor não se limitar a apenas uma visão. Weiner viaja pelo mundo e procura respostas nas várias religiões, tornando este livro numa mistura de várias teorias e formas de encarar a vida, o sofrimento, a alegria e a imortalidade, entre muitos outros temas.

China, Israel, Turquia, Nepal e EUA, são alguns dos locais onde o autor tenta encontrar o seu Deus, ou pelo menos, retirar alguma sabedoria das pessoas que vai encontrando, e é isto que acaba por dar identidade ao livro. O autor ouve, questiona e tira as suas conclusões. Claro que qualquer leitor, deverá também questionar, tal como o autor, e respeitar as suas conclusões, sem que se sinta obrigado a aceitá-las.

Dentro dessa perspectiva, este é um livro que mostra muita da sabedoria que a religião nos pode oferecer, mesmo para quem não acredite em algo divino. A comparação entre realidades, mentalidades e força da fé torna este livro interessante, até mesmo a um ponto mais geográfico, sendo possível traçar linhas que mostram como a religião também se adapta ao local. 

O que mais gostei neste livro, e é talvez a grande base desta leitura, são as personagens que Weiner encontra. Sábias, diferentes e portadoras de uma fé que poderá chocar com outras religiões, é interessante ver como muitas dizem o mesmo por outras palavras, e como umas aceitam mais facilmente diferentes religiões do que outras.

Para mim, este livro, que é uma busca de um homem que tem a capacidade de questionar muito do que o rodeia, é uma montra de várias "filosofias" de vida. Algumas das suas perguntas podem não fazer sentido para mim, e algumas das suas conclusões também não fazem, mas o livro nunca nos obriga a seguir o raciocínio do autor. E talvez, no fim, muitos leitores questionem se o Deus em que acreditam, é uma figura global, ou se cada um de nós, cria o seu próprio Deus, e se existir tal criação individual, poderá esse facto retirar credibilidade sobre o que acreditamos? Pragmaticamente olhando, esta busca nunca terá fim até que cada pessoa assim decida, e por isso, será uma busca diferente para cada leitor. Uns irão gostar deste livro, outros não, mas certamente, cada um de nós conseguirá retirar muitas conclusões, não só sobre religião, mas também sobre a forma como podemos encarar a vida e a morte, e até, qual o nosso papel na comunidade. Deveremos ser individualistas como a sociedade nos ensina, ou poderemos sobreviver como um coletivo de ajuda?

Aconselho este livro a quem queira ler sobra uma viagem onde várias culturas são apresentadas com as suas diferenças e igualdades em relação à religião e à filosofia de quem tenta compreender o universo e a existência em si. Não é uma enciclopédia, nem deverá ser o caminho que cada um de nós seguirá, mas trata-se de uma leitura divertida, com sabedoria e factos interessantes. Para quem goste do tema e queira ver as mesmas questões respondidas de "vários ângulos",  este livro pode demonstrar vários pontos de vista, cabendo a cada leitor não se limitar a ler, e retirar as suas conclusões, tal como o autor fez.

Luis Pinto

segunda-feira, 25 de março de 2013

Star Wars: Darth Plagueis


Autor: James Luceno


Ano: 67 - 32 BBY


Darth Plagueis é o livro a seguir à trilogia de Darth Bane e que termina ao mesmo tempo que o livro "Episódio 1: A ameaça fantasma". Tal como o nome indica, esta obra retrata a vida de Darth Plagueis, desde o tempo em que era apenas um aprendiz, até à sua morte. Foi o mais poderoso Sith do Universo Star Wars e mestre do futuro Imperador Darth Sidious (Palpatine).

Sendo o mais directo e claro possível, digo-vos que esta obra é um dos melhores livros de Star Wars que já li... talvez o melhor! Mas vamos por partes. Em primeiro lugar, devo alertar que este não é um livro cheio de ritmo e acção, mas sim um livro sombrio, de ritmo mais ponderado e que nos mostra o verdadeiro início da saga que vimos em filme.

 “Did you ever hear the Tragedy of Darth Plagueis the Wise? It’s a Sith legend. Darth Plagueis was a Dark Lord of the Sith, so powerful and so wise that he could use the Force to influence the midi-chlorians to create life. He had such a knowledge of the dark side that he could even keep the ones he cared about from dying.”
—Supreme Chancellor Palpatine, Star Wars: Episode III Revenge of the Sith

Tal como Palpatine diz a Anakin, Plagueis tinha um conhecimento enorme sobre a Força e, enquanto treinava o seu aprendiz, estudou-a como ninguém o tinha feito, sempre na tentativa de se tornar imortal. Nos "bastidores" Plagueis ajuda o seu aprendiz a tornar-se um político respeitável e juntam planeiam dominar o Senado.

Sendo um livro que acaba ao mesmo tempo que o Episódio 1, nesta obra iremos ver o outro lado, aquele em que Palpatine é treinado, conhece Maul e o treina, com uma visão muito interessante sobre as origens de Maul. Para além disso, também teremos o encontro com o Jedi Dooku, e como ele também se tornará aprendiz de Palpatine, sendo que neste caso ficamos, finalmente, a conhecer melhor este Jedi que foi aprendiz de Yoda e abandonou a Ordem. 

Mas é sobre Plagueis e Palpatine que este livro se foca. As duas personagens estão muito bem criadas e apresentam-nos a visão que os Jedi rejeitam. O bem e o mal serão sempre pontos de vista, e aqui, tal fica bem delineado. Outro ponto muito interessante nestas personagens é a forma como Plagueis "vê" a Força. Ele estuda-a e aborda-a de forma diferente, sempre com o objectivo de alcançar os mais fantásticos resultados. Todos desejam a imortalidade num ou noutro momento, mas apenas Plagueis a poderia alcançar. 

Esta personalidade de Plagueis, que questiona tudo e tira as suas próprias conclusões é facilmente identificada pelo leitor quando decide acabar com a "Rule of Two" criada por Darth Bane, a regra que limita que cada Sith tenha apenas um aprendiz. Palpatine terá Maul, Dooku e Anakin.

Como disse antes, este livro não é cheio de acção, é antes a forma como os Sith sobreviveram e se ergueram sem que ninguém notasse. Cheio de intriga política e um grande aprofundar sobre algumas personagens, esta obra de Luceno faz um encaixe perfeito com o Episódio 1, e garanto que depois de lerem este livro, olharão para o filme com outros olhos, e perceberão muito mais.

Muitas perguntas são respondidas! Muitas das dúvidas sobre Darth Maul, sobre o Conde Dooku, ou como Palpatine chegou a Chanceler, têm aqui resposta. Mas não só! Ficamos a saber como foi planeado a criação do exército de clones, como os Sith conseguiram manipular a Força sem que os Jedi notassem, e ainda mais importante, como foi feito todo o plano que acabou com a passagem de Anakin para o lado Negro. Para além disso tudo, até ficarão a saber como é possível que Anakin não tenha pai, e desta não estava à espera... mas acreditem, esse momento revoluciona toda a história dos seis filmes.

Aclamado como um dos melhores livros de sempre de Star Wars, foi apontado pela crítica internacional como o livro que deveria tornar-se num filme. Inúmeras vezes adiado para que o resultado final fosse o mais perfeito possível, este é o livro que torna todos os outros melhores. É que o explica quase tudo, é o que nos dá uma nova visão sobre a Força e nos mostra quem foi afinal o Imperador. Enquanto livro isolado, não é uma obra-prima, mas quando junto à saga que conhecemos, torna-se fantástico e obrigatório para qualquer fã.

Para todos aqueles que são fãs da saga, este livro é dos mais importantes a ser lido. Só é pena não ter sido lançado em Portugal.

Luís Pinto

sábado, 23 de março de 2013

Passatempo: Um refúgio para a vida

PASSATEMPO

Um refúgio para a vida
de
Nicholas Sparks


Hoje temos para vos oferecer, em parceria com a Editorial Presença, o livro Um refúgio para a vida, livro que em Portugal já vai na sua 8ª edição e que inspirou o filme que irá estrear nos cinemas portugueses no dia 28 de março.


Para se habilitarem a ganhar, basta responder a uma simples pergunta e preencher o formulário com os vossos dados.  Para encontrarem a resposta, leiam o texto em baixo.




Katie, uma jovem reservada e bonita, vai viver para a cidade de Southport, na Carolina do Norte, onde todos se interrogam sobre o seu passado. Que mistérios esconderá aquela mulher que parece determinada a encobrir os seus encantos e evitar novos laços afetivos? No entanto, apesar de todas as suas reservas, Katie começa a criar raízes naquela pequena comunidade, à medida que uma nova amizade e um novo amor lhe vão fazendo baixar as defesas. Nicholas Sparks traz-nos uma protagonista fragilizada e que tem de aprender a lidar com os seus mais fundos receios se quiser voltar a amar.



O passatempo acaba às 23:59h de 31 de março.

Boa sorte a todos! 

 

quinta-feira, 21 de março de 2013

O TRIUNFO DOS PORCOS


Autor: George Orwell

Título original: Animal Farm


Há livros que são tão bons que todos deveriam ler, e mesmo aqueles que não apreciam a leitura, deveriam ler e pensar no que certas palavras nos podem ensinar. Existem alguns livros neste restrito grupo... O Principezinho será um deles, mas existem outros, e O Triunfo dos Porcos, na minha opinião, faz parte desse grupo de livros obrigatórios.

Pequena e de leitura rápida, esta magnífica obra de Orwell conta a história de um grupo de animais que se revolta contra os seus donos, e após controlarem a quinta, criam a sua própria sociedade, com leis e tradições próprias. E numa história tão "banal" e que mais parece um conto infantil, como pode este livro ser tão bom? Porque nos mostra aquilo que muitos não querem ver.

O Triunfo dos Porcos é uma poderosa crítica a uma sociedade específica, mas que quando analisada, todos nós conhecemos. Lemos e rapidamente comparamos esta sociedade com a civilização Romana, com a França de Napoleão, com o erguer da Alemanha Nazi, com o atual regime na Coreia do Norte, com o Capitalismo enquanto motor de uma sociedade global e consumista e, principalmente, deve ser comprada com o caminho feito por Stalin no seu regime soviético, e em todos estes casos, arranjamos situações em que realidade e ficção se tocam de forma assustadora.

George Orwell, mostra-nos o perigo das revoltas populares, dos resultados que nos levam de um extremo ao outro, de passar da opressão para uma suposta liberdade onde tudo é permitido e vice-versa, mas também nos mostra o perigo da apatia das massas manipuladas. Esta quinta mostra-nos como somos enganados, como acreditamos e consequentemente, como toleramos individualmente o que uma sociedade aceita como um todo até nos esquecermos das nossas próprias dúvidas, porque mais ninguém as tem. Pelo meio, vemos a sede de poder, os limites que são passados e apagados, e o momento em que já não é possível voltar atrás, pois as mentiras há muito que tiveram de se tornar verdades. E no fim, muitos se tornam naquilo que juraram destruir.

E porque aconselho este livro a todos os leitores? A minha resposta é simples: porque ao conseguir comparar esta obra com tantas civilizações da História, percebo que tal facto não acontece porque Orwell as quis juntar todas num livro, mas sim porque a história repete-se, porque nós ainda não aprendemos, e nunca iremos aprender... porque há necessidades que a nossa própria natureza não nos deixa apagar, mas podemos sempre estar atentos.

Com 1984 (um dos meus livros favoritos e que ainda não comentei neste blog), George Orwell mostrou uma genialidade que poucos alcançaram. O Triunfo dos Porcos é mais soft, mais fácil de ser analisado e que serve para qualquer idade, desde que a mensagem seja assimilada. É um livro que ensina, que faz pensar, e que deve ser questionado enquanto o lemos, observando cada linha desta obra, pois todas têm significados. Falar mais desta obra seria revelar mais sobre a história, por isso limito-me a recomendar esta leitura até à última linha, aquela linha que nos retira o ar dos pulmões.

Um livro sobre a manipulação da informação, do controlo dos mídia, e o poder que é controlar uma ideia implementada numa sociedade, alterando crenças, destruindo o poder do povo numa suposta democracia.

Luís Pinto

quarta-feira, 20 de março de 2013

O MAGO - A Filha do Império


Autor: Raymond E. Feist & Janny Wurts

Título original: Daughter of the Empire



Mara era apenas o membro mais novo de uma família nobre. Nunca esperou que a súbita e chocante morte do irmão e do pai pudessem trazer-lhe tamanha responsabilidade. Apesar do seu sofrimento, cabe-lhe a tarefa de vestir os mantos da liderança e enfrentar as dificuldades. Mas embora inexperiente na arte política, Mara terá de recorrer a toda a sua força e coragem, inteligência e astúcia, para sobreviver no Jogo do Conselho, recuperar a honra da Casa dos Acoma e assegurar o futuro da sua família.


A Saga do Império é considerada uma das melhores obras de Raymond Feist e este livro demonstra-o. Com a história a decorrer durante a Guerra do Portal/Brecha (livros Aprendiz e Mestre), Raymond leva-nos ao fantástico mundo de Kelewan e dá-nos a conhecer Mara Acoma, e acreditem que é uma excelente personagem principal!

A base da história é a forma como Mara terá de crescer, sobreviver e vingar a morte dos seus familiares, no entanto o livro ganha uma identidade muito própria, graças a um intenso, e incrivelmente bem feito, jogo político ao nível do que vemos nos livros de George R. R. Martin. A fantasia, que caracterizou muito deste mundo de O Mago, é aqui quase inexistente, tornando esta leitura num cruel e calculado jogo político e militar onde raramente o leitor consegue adivinhar a próxima jogada.

Neste aspeto, a falta de uma maior importância da fantasia neste início de saga, pode deixar alguns fãs renitentes, mas rapidamente essa sensação se perderá, pois o mundo de Kelewan  respira nesta obra, com detalhes excelentes que definem uma civilização, desde aspetos sociais, religiosos mas também geográficos. Sobre esta civilização devo dizer que Feist e Wurts conseguem uma agradável mistura de várias civilizações. Sente-se influências da civilização romana e povos tribais (tal como já se tinha notado em O Mago - Mestre), mas também existe uma forte influência de civilizações orientais e que encaixa muito bem no que já conhecíamos de Kelewan.

Mara é o centro das atenções neste livro e com o seu olhar iremos ver o seu crescimento. Este crescimento não é fácil, principalmente quando Mara percebe que a linha que separa os bons dos maus é muito mais fina do que parece (muito mais fina do que na maioria dos livros de Feist). Mara irá perceber, juntamente com o leitor, que muitos momentos definem a nossa vida, mas poucos terão tanta importância quanto o nosso nascimento, e sobre esse nada podemos fazer... no entanto, o local, a família e o momento em que nascemos continuarão a influenciar as nossas decisões e oportunidades. E assim, durante uma vingança implacável, Mara perceberá que existem sempre efeitos colaterais, como em todas as grandes demandas da nossa vida.

A história está excelente, muito graças a fortes e coerentes personagens. Para início de saga, este livro tem um ritmo lento, pois os autores oferecem uma boa base de conhecimento ao leitor, principalmente em termos culturais, pois de outra forma, muitas das decisões poderiam parecer forçadas. No entanto, para mim a leitura nunca foi difícil visto que as personagens fazem mesmo a diferença. Mara está muito bem construída, e imediatamente me senti agarrado à sua vontade de vingança e as suas lutas interiores: determinação, dúvida, coragem, pânico... De realçar que as personagens secundárias conseguem sustentar toda a história, não só pela diversidade, mas principalmente pela forma como também ensinam o leitor, com as suas falas e decisões.

Resumindo, este primeiro livro é um excelente início de saga e percebe-se facilmente o porquê de ser uma das sagas mais famosas de Feist, que aqui se junta a Wurts para a criação de um excelente trabalho. É principalmente um livro de crescimento pessoal envolto num jogo político do melhor que já li. Se o "jogo de bastidores" for algo que gostem de ler, este livro será uma excelente compra. Várias personagens ficarão na vossa memória (apesar de ser estranho, o livro não perde interesse por não ter as personagens mais famosas, como Pug Jimmy ou Tomas) e ficamos com vontade de ler os próximos e ver quais os efeitos colaterais das ações de Mara. Totalmente recomendado!

terça-feira, 19 de março de 2013

Passatempo: Dragões de um Crepúsculo de Outono - Vencedores!


PASSATEMPO

Dragões de um Crepúsculo de Outono

Vencedores!


Chegou ao fim mais um passatempo em parceria com a Editora Saída de Emergência.

São dois os vencedores que receberão em casa o primeiro volume da saga DragonLance!

Obrigado a todos os que participaram e desejo-vos melhor sorte para a próxima.

Os vencedores são:

Cláudia Miguel
e
Amadeu Tavares

Parabéns aos vencedores.

Fiquem atentos, pois teremos opinião sobre este livro muito em breve!

segunda-feira, 18 de março de 2013

SANGUE QUENTE


Autor: Isaac Marion

Título original: Warm Bodies



R é um jovem em plena crise existencial. É um zombie. Numa América devastada pela guerra, pelo colapso da civilização e pela fome incontrolável de hordas de mortos-vivos, R anseia por algo mais do que devorar sangue quente. Só consegue pronunciar alguns monossílabos guturais, mas a sua vida interior é rica e complexa, cheia de espanto pelo mundo que o rodeia e desejo de o compreender - bem como a si próprio. R. não tem memórias, não tem identidade e não tem pulsação= mas tem sonhos. Depois de um ataque, R devora o cérebro - e, com ele, as memórias - de um rapaz adolescente, e toma uma decisão inesperada: não devorar a jovem Julie, a namorada da sua vítima, e até protegê-la dos outros zombies.


Sangue Quente é uma leitura mais suave e divertida do que a base da sua história pode dar a entender. R, o personagem principal, é o dono de uma mente incapaz de se expressar, tal como qualquer zombie, mas ao ouvirmos os seus pensamentos vemos uma boa e divertida complexidade de quem, por vezes, olha para o mundo com os olhos de uma criança, sempre a descobrir algo novo, questionando noções básicas para os humanos.

A partir desta personagem, acho que podemos olhar para esta obra com duas perspectivas diferentes: na primeira, a mais simples e suave, vemos que Sangue Quente é um divertido e original romance entre uma humana e um zombie, onde a humana é a personagem catalizadora da evolução do zombie, principalmente na forma de se fazer comunicar. A história é simples e os pensamentos de R bastante interessantes, levando o leitor a perceber a magnitude deste amor impossível. Para além disso, não será difícil encontrar ligações entre esta obra de R e Julie, e Romeu e Julieta. O mundo é simples e apenas é explorado o necessário para percebermos as questões sociais e políticas, bastante importantes para percebermos muito do que move algumas das personagens. Claro que bastante fica por explorar, não são dadas todas as respostas, mas este género de livros também não o exige, nem o leitor passará a leitura a questionar todos os factos.

Mas, para mim, existe outra forma de abordar esta obra, e esta é muito mais profunda. Muitos poderão dizer que ao ver este "lado" poderei tornar o livro em algo mais complexo do que é o objetivo do autor, mas dou-vos alguns exemplos: em primeiro lugar, este livro demonstra como por vezes, a pessoa menos apta é a que mais se esforça, e este facto é algo que podemos transportar para muitos momentos da nossa vida. Para além disso, esta história também nos mostra que nem sempre o mais assustador é o mais perigoso, e aquilo/aquele, que pode parecer diferente ou arriscado, nem sempre será o menos seguro.

A juntar a isto temos o tema principal: o ser humano sempre necessitou, e irá necessitar, de alguma forma de ligação, contacto, interação... seja um romance, uma amizade, ou uma simples partilha social. Esta necessidade influencia a cada instante a nossa vida, e não será preciso pensar muito para se poder afirmar que o amor cura e destrói com mais força do que qualquer outro sentimento. E para mim, este livro é sobre isso: sobre a força do amor, que nos piores momentos consegue dar-nos uma luz, um caminho a seguir, e sem esse amor, não vivemos, somos zombies...

Sangue Quente é um romance interessante e original, com personagens que ajudam a cativar. R tem pensamentos interessantes e facilmente gostamos deste zombie. A história tem, no meu entender, mais do que parece num olhar rápido. Tem lições que nós próprios, leitores, devemos construir a partir do que lemos. Não é uma obra prima, nem irá agradar a todos, sendo um livro que terá como público alvo aqueles que apreciem um romance divertido e com vários momentos de suspense. Fica a imagem de quanto o amor é importante e poderoso, e de como, em muitas ocasiões, o ser humano limita-se a recear o que desconhece, atacando sem pensar.

Luis Pinto

sexta-feira, 15 de março de 2013

Espaço Leitor: Os Pilares da Terra vol. 1 e 2

Hoje abro o "Espaço Leitor", local onde um leitor poderá deixar a sua opinião sobre um livro. Para estreia, pedi à minha amiga Margarida Contreiras que deixasse a sua opinião a estes dois livros que ainda não tive oportunidade de ler. 

Espero que gostem! Eu fiquei ainda com mais vontade de um dia ler estes livros e também deixar a minha opinião!


Autor: Ken Follett

Título original: The Pillars of the Earth




Os Pilares da Terra é, antes de mais, uma ode ao mundo medieval.
Depois, é também uma encruzilhada de estratos sociais, profissionais, familiares, triângulos amorosos e hierarquias. É uma crise dinástica. É um romance de amor. É uma batalha pelo poder. É a história de uma promessa. É o destino de uma vila.
E todos estes caminhos se atravessam na construção de uma gloriosa catedral. É que, na verdade, este livro conta a história de quem a desejou, de quem a planeou, de quem a cobiçou, de quem a administrou e, finalmente, de quem a construiu. 

É a edificação deste templo que põe a funcionar todos os motores da narrativa, criando a vida, a morte e as demais peripécias do livro, como se a catedral fosse o pretexto para que todos estes conjuntos se cruzassem.
Veementemente aconselharia este livro a um arquitecto, já que são dados alguns momentos da narrativa a descrições de monumentos arquitectónicos ou a técnicas de construção explicadas pela visão dos mestres pedreiros que são verdadeiros tratados de arquitectura. Não se fala em gótico, mas não é preciso ter conhecimentos profundos de arte para saber que ele está lá, já que a descrição é de tal forma clara que não deixa espaço para dúvidas. Para o mostrar, o autor leva-nos, para além de Kingsbridge, a Espanha e a Paris (e por pouco não chega a Portugal) através dos olhos de um escultor e pedreiro.

O longo romance que é o Os Pilares da Terra constitui uma viagem ao mundo medieval, onde o leitor sente que entra, vendo na sua mente com clareza o outro tempo e os seus hábitos: a alimentação, o vestuário, o amor, o ódio, a vingança, o sexo, a festa, a política e, em suma, a vida.
Este romance não é, contudo, tão medieval como parece, já que, talvez sem querer, o autor puxa um assunto que o leitor reconhece de imediato – a busca desesperada do ganha-pão: as suas causas e consequências, as lutas e a frustração proveniente da falta de realização profissional, sendo esta a raiz de todo o enredo. Ainda assim, claro está que este assunto surge aparte de todos aqueles temas próprios da era de duzentos, tais como, forcas, cavaleiros, casamentos sem divórcio, pés e mãos cortadas, cicatrizes de guerra, prostituição descontrolada, morte de fome, e por aí adiante. 

Importa neste ponto dizer que este livro deve ser louvado pelas suas descrições de guerra, feitas em conta, peso e medida, já que, ainda que as batalhas surjam com alguma frequência, não chegam a aborrecer o leitor com todos os pormenores sórdidos que o levam a imaginar as cenas de combate quase em câmara lenta. Follet descreve o necessário para se compreender a tática e o desfecho, pelo que não se deve aconselhar este livro aos amantes destas prolongadas batalhas. 

Todas as personagens demonstram uma personalidade elaborada e muito fora do regime cliché, já que, sem nunca deixarem de surpreender, cada uma toma as suas acções de forma muito própria, que o leitor identifica facilmente com a personagem. A narrativa mostra, claramente, quem são os bons e os maus; contudo, não existem personagens perfeitas, e todas elas nos são apresentadas com os seus defeitos e virtudes, o que contribui ainda mais para uma credibilidade notável: são, como em qualquer romance, pessoas um pouco excepcionais para a sua época, sobretudo a nível de valores, contudo, o autor consegue mostrá-las com uma faceta medieval muito marcada que as enquadra perfeitamente no seu contexto histórico. 

Gostaria, contudo, de destacar duas delas: o prior Philip e Jack Jackson. O primeiro é dado a conhecer ao leitor desde os seus primeiros anos de vida e revela-nos uma fé cristã inabalável misturada com uma ambição invulgar. A sua vivência acompanha toda a acção e é, obviamente, uma das personagens estritamente ligadas à construção da catedral na sua condição de prior de Kingsbrige, vila onde se passa grande parte da história. Jack Jackson aparece na narrativa como uma criança ruiva e ingénua e o leitor acompanha a sua entrada sorrateira na história, na qual vai, aos poucos, ocupando um local de destaque pela sua destreza artística, pelo seu carácter selvagem e pela sua inteligência audaz. Contudo, seria injusto considerar estas personagens responsáveis pela qualidade do elenco do livro, já que existem muitas outras de uma particularidade e consistência marcantes. Ainda assim, o leitor tem alguma dificuldade em decidir qual das duas pode ser considerada principal, não só pela sua genialidade, como pela sua indispensabilidade à história.

Nos outros assuntos, o realismo reina do princípio ao fim, permitindo ao leitor, subliminarmente, ganhar conhecimentos interessantíssimos de história da vida privada medieval. Por vezes, surgem acontecimentos que fazem o autor duvidar que pudessem suceder numa qualquer realidade, mesmo que de outra época, contudo, Follet equilibra estes factos extraordinários com outros de uma crueza e frieza tal, que só podiam ser obra do acaso. 

Na edição original, a obra é um livro só, embora bastante extenso, mas na versão portuguesa, a história está repartida por dois livros. A escrita do autor é límpida e agradável e a tradução parece ser de qualidade. O intercalar de situações está muito bem construindo, já que, ao saltar de um contexto para outro, não só se alimenta o suspense que nos prende ao livro, como alivia o leitor de uma sequência de acontecimentos, levando-o à curiosidade de conhecer as restantes partes pertencentes às linhas que tecem a história. Devo dizer, contudo, que o segundo livro é significativamente mais empolgante do que o primeiro, não querendo com isto dizer que o primeiro tenha menos qualidade; tem antes menos acontecimentos marcantes. O final acontece de uma forma um pouco lenta e intermitente, o que priva o leitor daquele desfecho caloroso que tanto se espera durante a leitura, mas que permite pensar que esta história é daquelas que poderiam ter acontecido na realidade onde sabemos que não existem desfechos absolutos resumidos a um só momento.

Este livro conta, afinal, a história de uma família que procura sustento na construção da catedral e de outra que vive no bosque; de um monge que quer ser prior; de um homem que quer ser rei e de uma mulher que quer ser imperatriz; de dois homens que querem ser condes; de um clérigo que quer ser bispo; de um rapaz que quer ser mestre pedreiro e de uma rapariga que quer ser feliz.
Este livro mostra-nos quais sãos os pilares da terra – os que sustêm as vidas e as catedrais.