sábado, 9 de março de 2013

OS IMPERFECCIONISTAS


Autor: Tom Rachman

Título original: The Imperfectionists



A crítica internacional elogiou bastante este romance de estreia de Tom Rachman e após me ter sido sugerido por um amigo, decidi pegar neste livro que retrata a história dos funcionários num jornal de língua inglesa em Roma.

A forma como este romance está montado é o seu grande trunfo. O livro é um conjunto de várias histórias, cada uma focada num personagem diferente, sendo que todos são funcionários deste jornal que está perto da falência.

No início a história parece banal, ou pelo menos, sem grande sentido. Isto deve-se ao facto de as diversas histórias não encaixarem totalmente nas primeiras páginas, e é preciso algum tempo até nos apercebermos da imagem global que este livro nos está a transmitir.

Na minha opinião, este livro apresenta dois temas: em primeiro lugar, as falhas de cada personagem, que não são perfeitas, e algumas nem dão vontade de conhecer. É a vida de cada uma, e a forma como falham e tentam remediar, que dá impulso à história, levando-nos a perceber como as preocupações fora do trabalho acabam por condicionar esse mesmo trabalho. De elogiar ainda a qualidade de várias personagens secundárias, que dão uma maior coesão ao livro.

O segundo tema é a evolução dos tempos. Estamos perante uma empresa "estagnada", numa era em que a evolução é cada vez mais rápida. Este tema leva-nos à incapacidade de algumas pessoas em adaptarem-se às novas tecnologias enquanto outras não se querem adaptar, tudo isto num mundo cada vez mais global, onde a informação está mais acessível a cada dia... a luta entre a informação impressa e a digital. Quem ganhará? De realçar que o autor no insere no mundo editorial com grande facilidade, e mesmo sem conhecermos os conceitos básicos, não se sente dificuldade em perceber como funciona este mundo. Aliás, a forma como o autor nos "informa" de muitos aspectos é bastante interessante e prática.

Com capítulos curtos e uma escrita simples, o livro prende o leitor e o ritmo é sempre alto. No entanto, volto a dizer que para mim o grande trunfo é a forma como o livro está montado. Aos poucos vamos percebendo o objetivo do autor e no fim torna-se óbvio como certos pormenores foram dados nos momentos certos. Pelo meio temos um olhar rápido mas profundo de cada personagem, e cada leitor terá o seu preferido, e como não existem vidas perfeitas, iremos observar como algumas tentam melhorar as suas vidas, enquanto outras desistem.

Vergonha, inveja, cinismo, humor, desalento e culpa, existe um pouco de tudo neste livro e isso vê-se a cada capítulo quando vemos a opinião de um personagem sobre os seus colegas de trabalho (que já conhecemos ou iremos conhecer mais profundamente nos capítulos seguintes).

Perante o desenvolvimento da tecnologia, existirá algum emprego que seja seguro durante décadas? Existirá algum emprego que não necessite de evolução? E que partes competem ao empregado e à empresa?

A qualidade do livro é óbvia, e Tom Rachman tem aqui uma grande estreia. Não é um livro que marque todos os leitores mas quem gostar do género ou queira ter uma melhor imagem do mundo editorial, tem aqui uma excelente aposta. Com um fim muito interessante e muitas mensagens que devemos desvendar e aprender, quando acabamos torna-se claro o porquê da crítica especializada ter gostado tanto desta obra.

Para mais informações sobre este livro, visitem este link!

Luís Pinto

3 comentários:

  1. Já conhecia o livro mas nunca o li. O teu comentário é muito interessante e deu-me vontade de ler. Parabéns.

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  2. Li este livro o ano passado e agora não podia deixar de ler a tua opinião. Ainda bem que não revelaste nada pois é essencial irmos às cegas para o livro. Concordo com o que dizes, o final é excelente e ficamos com um olhar interessante sobre aquele mundo. É um livro de grande qualidade e como sempre conseguiste deixar uma pessoa com vontade de ler.

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  3. Obrigado pelos comentários. Espero que gostem do livro.

    Pich, ainda bem que concordas com a minha opinião!

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