Autor: Raymond E. Feist & Janny Wurts
Título original: Servant of the Empire
Sinopse: Os tempos mudaram e as formas de poder são hoje mais subtis e
traiçoeiras. Nenhum clã pode sobreviver sem conhecer as intrigas do Jogo
do Conselho. E todos o sabem. Mara dos Acoma está mais implacável do
que nunca. Com a vida do seu filho em perigo e a continuidade da sua
Casa ameaçada, a Senhora dos Acoma usa de todos os meios para controlar a
crueldade dos seus inimigos.
Dotada de uma destreza intelectual
invulgar, Mara dos Acoma coloca em causa não só as tradições dos
Tsurani, como as suas próprias convicções. Neste jogo de sentimentos e
poder, poderá não haver um vencedor…
Mais um grande livro de Feist (em conjunto com Wurts) neste universo de O Mago. Depois dois livros nesta saga (saga Filha do Império) que exploraram bastante a intriga política, este consegue fazer melhor, pois expande essa intriga e aprofunda o mundo onde decorre, sem esquecer que são as personagens o núcleo do enredo. Sendo a 2ª metade do livro original, o enredo começa forte logo nas primeiras páginas e de imediato fiquei agarrado por um simples facto: este é o livro que mostra como ficou Kelewan desde o "show" feito por Pug antes de voltar a Midkemia. Há muito tempo que questionava quais teriam sido as mudanças na sociedade após tamanho evento e essa curiosidade aumentou ainda mais com os dois livros anteriores desta saga, onde comecei a perceber a magnitude do jogo político travado neste mundo. Valeu a pena esperar!
No entanto, apesar do enredo começar logo ao rubro, o ritmo da narrativa nunca é alto. Nunca o foi neste universo e o estilo mantém-se, com descrições fortes, inteligentes e essenciais para percebermos cada vez mais esta civilização. E aos poucos, o trabalho nota-se, pois sentimos que conhecemos mais de Kelewan do que, por exemplo, Midkemia. É esta a qualidade e a profundidade que os autores oferecem neste enredo, por forma a percebermos todas as ligações desta teia que é o jogo político. O livro está progressivamente a aprofundar costumes, religião, hábitos e formas de sobreviver usadas por este povo, e é este conhecimento global, e que nunca é o principal no livro, que torna tudo tão coeso, pois sem este conhecimento a complexidade do jogo político nunca seria compreendida pelo leitor.
Mas o principal do livro continua a ser Mara, uma personagem feminina única, muito bem criada, sendo ao mesmo tempo surpreendente e consistente. E é com Mara que o livro evolui, pois tal como Mara se torna mais influente, as suas decisões tornam-se complexas e com maiores responsabilidades, pois influenciam um universo muito maior... e por isso é preciso dizer que com a evolução de Mara o livro também evolui, aprofundando este mundo. E de mãos dadas, enredo e personagem principal, constroem uma base que nos obriga a continuar a ler.
É interessante ver como Mara agarra o leitor. A rapariga, que lemos nas primeiras páginas da trilogia, está agora longe de se reconhecer. Com ela, outras personagens ganham a nossa atenção, quer sejam os "bons" ou os "maus", e Feist sempre conseguiu criar bons vilões, mas também heróis marcantes, e Mara será, certamente, uma das suas maiores criações. Outra personagem interessante é Kevin, e aqui é preciso dizer o seguinte: Kevin é a personagem que faz o contraste entre os dois mundos, duas realidades diferentes, duas sociedades totalmente distintas. É com Kevin que duas mentalidades chocam e é com ele que vemos olhares diferentes sobre escravatura, honra e religião. Existe uma crítica escondida em vários diálogos e que também servem para aprofundar, novamente, este mundo.
Todavia, é impossível não olhar para este livro apenas como uma metade e quando juntamos os dois volumes e vemos o resultado, então estamos mesmo perante um grande livro e que tem uma fantástica base para acabar a saga em grande. Podia aqui mencionar personagens ou momentos marcantes, mas seria estragar o prazer que é ler estes livros. Feist é realmente um grande escritor porque sabe como envolver o leitor enquanto expande o enredo, e nunca ficamos saturados.
Bem estruturado, com diálogos inteligentes, boas personagens e um excelente mundo, com uma cultura vibrante, este é um livro inteligente e complexo. É interessante ver as movimentações das personagens e tentar antever as suas decisões, muitas vezes falhamos e somos surpreendidos, e Feist/Wurts oferecem um livro que se lê rapidamente. Venha o próximo, e rápido, para acabarmos uma das sagas mais aclamadas deste universo que Feist criou!... Afinal, o que é preciso para se mudar a ideia base de toda uma cultura?
Luís Pinto
Comecei a ler o 1º Mago graças a ti e nunca mais parei. Sou um fã absoluto!
ResponderEliminarParabéns pela crítica.
Felicito esta tua análise tal como faço com todas li-a e fiquei convencido mas agora só na feira do livro. Também comecei a ler este universo graças Às tuas opiniões e apesar de estes não estarem ao nível dos primeiros continua a ser um autor que tem sempre livros de grande qualidade. Recomendo.
ResponderEliminarBoas leituras.
Viva Luís,
ResponderEliminarAcabei igualmente de ler o livro e considero o melhor livro que li do escritor, muito bom mesmo ;)
Abraço e este ano não escapa ;)
Excelente livro e, como de costume, excelente critica Luis!
ResponderEliminarEspera pelo ultimo, vais gostar ;)
Mais um livro para ler. Fiquei ansiosa depois desta review!
ResponderEliminarTambém comecei a ler O Mago Aprendiz depois de ler as críticas aos livros da primeira saga. Não consegui resistir e acabei a ler os 4 livros de seguida! Só te posso agradecer pela sugestão. Desta saga só li o primeiro e agora também vou ler estes dois de rajada e aguardar pelo terceiro :)
ResponderEliminarBoas leituras.
Acho que quem segue este blog há tanto tempo tem de ser fã deste autor porque o Luís escreve sempre muito bem sobre ele. Arrisquei nesta saga com estas críticas e fui ficando fa e quando cheguei ao Trevas de Sethanon já estava totalmente convencida! Esta nova saga ainda não li mas não vai tardar muito. Quem sabe se não os recebo de prendas de anos ? :p
ResponderEliminarBeijinhos e boas leituras