sexta-feira, 10 de agosto de 2012

CRÓNICAS MARCIANAS

Autor: Ray Bradbury

Título original: The Martian Chronicles


Este é, provavelmente, o livro que melhor demonstra o estilo de escrita deste autor. Com vários pensamentos que marcam a obra, ideias e invenções únicas, e uma história que salta no tempo para melhor percebermos as alterações que essas ideias causaram no futuro, torna-se fácil perceber o porquê deste livro ser considerado um clássico no seu género.
A escrita de Bradbury é excelente, bela, capaz de nos mostrar magníficos cenários mas também os pensamentos mais melancólicos, levando-nos a imaginar um futuro que não será tão belo. 

Sendo uma mistura de vários pequenos contos, com ligação entre eles, este livro relata a "evolução" da vida em Marte desde que o humano terrestre chega ao planeta e começa o processo de colonização. Tal como seria de esperar deste autor, Bradbury consegue falar sobre os temas mais importantes: religião, política, racismo (excelente neste tema), interesses financeiros e a forma como os terrestres olham para os marcianos e vice-versa. Aliás, um dos aspectos mais interessantes será o facto de o autor dar maior preponderância aos marcianos do que aos terrestres, fugindo assim à "visão mais usada" por outros autores.

Em alguns aspectos, não muitos, este livro mostra-se desactualizado (mas não podemos pedir a Bradbury que tivesse inventado a internet quando escreveu estes contos), sem que isso retire minimamente alguma qualidade ao livro. Por outro lado, muitos temas continuam actuais, principalmente quando falamos do pensamento humano e a onde ele nos leva. Uma vez mais a noção de esperança está presente (como em todas as obras deste autor), tal como a noção que temos muito a mudar. Bradbury nunca se limitou a escrever apenas para contar uma história, mas também para nos dar uma lição, ou várias. As suas páginas levam-nos a questionar como poucos autores conseguem, e se nos questionarmos, mais hipóteses teremos de mudar para algo melhor em vez de cairmos na apatia, preconceito e ganância.

Bradbury foi o autor que nos mostrou Marte como nenhum outro enquanto nos mostrava o que um dia será óbvio: independentemente do local, o homem não mudará, e existirá sempre uma percentagem incapaz de viver em harmonia, muito graças à sua ganância. Mas conseguiremos nós criar algo que não seja apenas a fonte de destruição de outra coisa? Se destruirmos o nosso planeta, merecemos uma segunda oportunidade noutro planeta, para aprender e mudar, ou continuaremos a cometer o erro que se tornará banal e cíclico?

Este não é o melhor livro de Bradbury, e não será dos mais viciantes. Mas vale a pena ser lido, e com atenção, porque há muito mais nestas páginas do que parece no início. Para qualquer leitor, e não apenas para os amantes de FC.

6 comentários:

  1. Novamente uma opinião tua e novamente vontade de ler! parabéns!

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  2. Já li este livro (pouco depois de ter lido Fahrenheit 451) e gostei bastante de alguns contos apesar de achar que outros me pareceram mais fracos. O estilo de escrita é realmente único e foi uma das principais razões que mais me agarrou ao livro! Grande crítica mais uma vez!

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  3. grande crítica. A ver se o apanho baratinho.

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  4. Teresa Gomesagosto 11, 2012

    Adorei este livro e a tua crítica está perfeita!

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  5. Olá Luís,

    Desconhecia o autor deste livro. A tua crítica despertou a minha curiosidade em conhecê-lo!

    Depois o tema, Marte, é muito apetecível.... e tem estado em foco na imprensa.

    Um abraço

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    1. Olá Miguel,

      realmente é um tema em foco ultimamente, e o próprio autor tem sido muito falado. Se gostares do tema e quiseres uma visão diferente do normal, este livro pode ser muito interessante. se tiveres alguma questão, está à vontade!

      Abraço

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