Autor: Maria Antonieta Costa
Sinopse: Portugal, inícios do século XIII. O neto de D. Afonso Henriques, Afonso II, é coroado rei. Ao longo de um curto e duro reinado, enfrenta uma maldição, o adultério da rainha, a traição dos irmãos e a excomunhão como corolário da luta contra os abusos do poder espiritual. Para a história ficou o seu aspecto corpulento e a conquista de Alcácer do Sal. Mas quem era este monarca e qual foi o seu legado?
A Maldição de Afonso II é um romance histórico revelador sobre um rei esquecido pela História, mas cujas conquistas nos planos legislativo e administrativo ajudaram a consolidar a nação.
Prisioneiro do legado dos antecessores, Afonso II emerge como um moderno arquiteto do poder político
Apesar de não ter um conhecimento muito grande da História de Portugal, a verdade é que já li vários vídeos e alguns até bastante completos. No entanto, em todos Afonso II foi um Rei com pouco destaque, e por isso sabia muito pouco sobre ele.
Neste livro a autora mistura factos históricos e ficção para criar um livro de ritmo baixo, mas que foi bastante agradável de ler, porque fui aprendendo bastante. Em primeiro lugar destaco o trabalho de investigação que me parece ter sido bem feito. Obviamente, que não sendo um perito na matéria, podem existir erros ou incongruências históricas que eu não consigo identificar, e por isso esta opinião é a de um leitor que quer ter uma leitura interessante e com a qual possa aprender.
Gostei da história, apesar de não ser um romance cheio de suspense ou reviravoltas, pois tenta ser o mais próximo possível da realidade, consegue ser um livro inteligente e com grande foco na política social e religiosa, o que me agradou bastante.
O livro é centrado em Afonso II mas sem esquecer as personagens secundárias que tornam o livro mais coerente e ajudam a que o enredo seja mais abrangente, focando-se em vários aspetos da sociedade comandada por este homem. Gostei de várias personagens secundárias, de alguns diálogos e do aprofundar histórico de várias curiosidades que desconhecia. Contudo, é Afonso II o grande foco, não só pela narrativa em si, mas também indiretamente pelas próprias personagens secundárias que estão sempre de alguma forma ligadas ao Rei, sempre a pensar nele, nas formas de o derrubar ou ganhar favores.
Afonso II é um personagem muito interessante, muito graças ao seu sacrifício e sofrimento. É, em vários momentos, um personagem totalmente isolado, que tem apenas como companhia o leitor. E isso ajuda a criar uma ligação emocional com este Rei, ganhando a nossa admiração em alguns momentos. E esse é, talvez, o grande objetivo do livro, o de mostrar a obra deste Rei.
Os diálogos estão bem conseguidos e o enredo é inteligente, apesar de ter alguns momentos mais forçados e que estão presentes para empurrar a narrativa para momentos de maior tensão. No entanto são pequenos desvios que não mancham um livro que está bem estruturado.
Por fim, destaque para a forma como a autora explora a sociedade portuguesa, a sua religião, forma de vida, mentalidade e sistema político ainda em desenvolvimento. E, sinceramente, é graças a isto que o livro se torna numa leitura para todos os que se interessem pela nossa História.
Luís Pinto