quarta-feira, 1 de maio de 2019

SAMITÉRIO DE ANIMAIS


Autor: Stephen King


Sinopse: Louis Creed, jovem médico de Chicago, acredita que encontrou o seu lugar naquela pequena cidade do Maine. Uma boa casa, o trabalho na universidade, a felicidade da esposa e dos filhos. Num dos primeiros passeios para explorar a região, descobre um cemitério de animais de estimação no bosque próximo da sua casa, ao qual se vê obrigado a recorrer depois de o seu gato ter sido morto por um camião num trágico acidente. Ali, gerações e gerações de crianças enterraram os seus animais de estimação.
Para além dos pequenos túmulos, onde uma caligrafia infantil regista o primeiro contato com a morte, há um outro cemitério. Uma terra maligna que atrai as pessoas com promessas sedutoras. Um universo dominado por forças estranhas, capazes de tornar realidade o que sempre pareceu impossível.
A princípio, Louis diverte-se com as histórias fantasmagóricas de Crandall, o vizinho de 80 anos. No entanto, aos poucos, começa a perceber que o poder da sua ciência tem limites.



Stephen King é o grande nome do género terror. Este é considerado o seu livro mais aterrador. Só por isto já deve ser recomendado, mas vamos por partes.

King é um autor de ideias originais e grande capacidade de se adaptar a vários estilos de narrativa. Neste livro o autor começa de forma suave, muito ao estilo de outros livros ou filmes de terror em que tudo parece normal no início. Depois as coisas começam a acontecer, mas nessa fase já o autor nos agarrou, pois os seus personagens facilmente criam uma ligação com qualquer leitor. Neste aspeto, tal como em quase todos os seus livros, King cria personagem bastante realistas e credíveis. Apesar de ser um autor onde a história e o ambiente tem sempre um grande peso, a verdade é que o trunfo de King está na forma como cria e explora as suas personagens.

Sendo as personagens de King o seu trunfo, a narrativa aprofunda com mestria cada uma delas, explorando o seus medos, objetivos, crenças, sonhos, etc... esta é a base para o desenrolar da história e para os perigos e decisões que cada personagem irá enfrentar.

Com uma história interessante, o autor começa depois a adensar o ambiente, e é nessa altura que o livro acelera e o nosso coração também. Neste livro, King foca-se muito, mesmo que indiretamente, na mentalidade das crianças, na forma como veem o mundo, como o enfrentam, como fogem. King aproxima-se aqui de livros como "O Deus das Moscas", ou o seu próprio livro "A coisa", onde a mentalidade das crianças é explorada com mestria. Aqui, mesmo que mais indiretamente, as crianças têm um peso enorme, e King não falha. 

A isto junta-se uma sociedade que deixa-nos sem respirar, com momentos de grande tensão que só os grandes autores conseguem criar. Graças a isto, ler é uma experiência mista, entre e necessidade de continuar a ler e a necessidade de parar um momento para respirar. É um livro que após acelerar, atropela o leitor, não pelo seu ritmo em si, mas pelo ambiente que é criado. King é um mestre nisto!

Após acabar o livro a sensação que fica é que este é provavelmente o livro mais intenso de King em termos visuais. É um livro de ambiente brutalmente forte, cru, e visual. É um livro que puxa pelos nossos medos, pelos nossos receios do que não compreendemos. Não é o melhor livro de King, longe disso, mas é um bom livro, que marca qualquer leitor e que irá agradar a todos os fãs do autor e deste género de terror. Se querem uma leitura intensa com boas personagens, este é o livro a comprar.

Luís Pinto




1 comentário:

  1. Gostei muito do filme. O livro consegue ser melhor, ou nem por isso?

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