Autor: Steven Erikson
Sinopse: Os exércitos do Apocalipse, liderados pela vidente Sha’ik, assolam o Império Malazano e uma guerra santa deixa um rasto de vítimas e destruição. A liderança militar escolhe um plano audacioso de evacuar os sobreviventes que restam para Aren, a única cidade no continente ainda sob controlo do Império. Por desertos e vastas desolações, milhares de refugiados não têm outra escolha senão participar no êxodo lendário conhecido como A Corrente de Cães.
No outro lado do continente, uma conspiração está em curso para assassinar a Imperatriz Laseen, e não faltam protagonistas sedentos de vingança ou envolvidos em demandas secretas. Mal sabem eles que todos os caminhos estão inevitavelmente ligados ao Apocalipse que se liberta…
Neste terceiro livro de Steven Erikson, a qualidade continua muito alta. Quando comecei esta saga, já conhecia a enorme legião de fãs espalhados por todo o mundo que veneram estes livros, considerada como uma das melhores de sempre da fantasia. Quando a Saída de Emergência começou a lançar estes livros percebi que estava na altura de mergulhar no Império Malazano e explorar este novo mundo e a cada livro fica melhor, ao ponto de acabar um livro e desejar que a editora lance logo o próximo.
Esta saga divide-se em dois grandes trunfos. O primeiro são as personagens, muito bem criadas e com muita densidade e história, não só as principais mas também as secundárias. Sendo os personagens o grande motor desta saga, é muito interessante ver o quanto o autor explora os passados de alguns personagens e os encaixa na história. Ao fim de três livros, e com tantas e tantas personagens criadas, não me sinto confuso e tenho a noção de que conheço de forma profunda algumas personagens importantes e com peso no enredo. A questão é que o autor continua a aumentar o leque de personagens e a abrir o espetro, levando-nos para níveis de densidade e de complexidade que poucas sagas atingiram, e ainda só estamos no terceiro livro...
E é pela visão das personagens que chegamos ao segundo trunfo desta saga até agora, o mundo. Com o autor a saltar entre várias personagens, quase apagando a linha que separa das personagens principais das outras, o autor a cada capítulo explora mais e mais o mundo, não só no tempo presente, mas fundamentalmente no passado, para nos dar uma base coerente e bastante sólida deste mundo que vamos conhecendo. Com isto, e quase fazendo lembrar "A guerra dos tronos" pela forma como este mundo é explorado, fica a noção clara de que esta saga ainda tem muito para dar, e muito que já "deu" mas que nós ainda não sabemos. Existem momentos neste livro que fazem todo o sentido quando nos lembramos de algo que aconteceu no primeiro livro e que parecia insignificante, e é esta noção de plenitude e de ligação entre acontecimentos que torna esta saga fantástica.
É verdade que a saga é enorme e que ainda estou apenas no início, mas em termos de qualidade, poucas sagas conseguem no início apresentar um nível tão alto. Se gostam de fantasia, claramente que têm de ler estes livros.
Luís Pinto