quinta-feira, 21 de junho de 2018

AS JANELAS DO CÉU


Autor: Gonzalo Giner

Título original: Las ventanas del cielo




Sinopse: Na Idade Média houve quem erguesse magnas catedrais, mas foram os mestres vidreiros quem as transformou nas janelas do céu.
No século XV, Hugo de Covarrubias decide que não quer tomar as rédeas do negócio do pai, um mercador de lãs. Esta decisão faz que parta de Burgos em busca da sua vocação, votando ao abandono o negócio familiar, o ambicioso meio-irmão Damián, e Berenguela, o seu grande amor.
No entanto, tudo muda quando descobre que o pai está a ser atraiçoado e vê-se obrigado a fugir para salvar a vida num baleeiro basco e conhece Azerwan, um homem fascinante que se define como contador de lendas e com quem iniciará em África um prometedor negócio de venda de sal.
Tudo corria bem até que uma vingança o obriga a fugir de novo, desta vez com uma mulher e um extraordinário falcão, em busca do seu verdadeiro destino: aprender a arte dos vitrais.
Um romance épico com panos de fundo variados numa época em que as antigas catedrais se foram abrindo para se transformarem em autênticos sacrários de vidro, perante os quais os fiéis acreditavam estar junto das Janelas do Céu.



Este é o primeiro livro que leio de Gonzalo Giner e confesso que me surpreendeu. Em primeiro lugar gostei da escrita do autor, capaz de ter um bom ritmo mas sem deixar de explorar o necessário para o leitor se sentir a viajar nesta época. A capacidade de um autor de levar um leitor até uma época histórica é sempre importante, seja qual for a época em questão, e Giner consegue-o com um bom trabalho de investigação que resulta em detalhes em cada páginas que nos fazem visualizar muito melhor a sociedade em questão, tanto nos aspetos políticos, económicos e religiosos, mas também ao explorar a forma como se vivia, os receios, os objetivos, as crenças. Com isto, todo o livro parece muito mais coerente e bem estruturado.

Gostei do personagem principal, sendo ele a nossa janela para este mundo. Hugo tem tanto de personagem deste mundo como de outro, misturando lógica com sonhos, receios com coragem, tornando-o numa personagem bastante credível, o que é fundamental para um livro grande e que aprofunda a natureza humana de uma forma muito mais intensa do que eu esperava.

Existem alguns momentos mais forçados, mas nota-se que o autor tenta sempre equilibrar a balança, para que as coisas não pareçam incoerentes, mesmo quando é preciso surpreender o leitor. No entanto, o livro raramente é óbvio, acabando por tocar em certos temas e áreas que tornam o livro mais maduro e mais abrangente. Gostava, no entanto, que o livro tivesse explorado um pouco mais algumas personagens secundárias que me pareçam bem criadas e com mais para dar, mas claro, isso tornaria o livro ainda maior.

Globalmente este livro foi uma surpresa. Gostei da escrita, do tema, mas principalmente do olhar sobre a natureza humana, sobre a sociedade, sobre o que nos condiciona desde que nascemos. Se apreciam livro desta época histórica, então poderão ter aqui uma leitura que vos surpreenda como me surpreendeu a mim. Não é uma obra prima, mas é um dos melhores livros que li este ano neste género.

Luís Pinto


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