quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

DESPERTAR

 
Autor: Stephen King
 
Título original: Revival
 
 
 
 
Sinopse: Numa pequena cidade da Nova Inglaterra, há mais de meio século, uma sombra desce sobre um rapazinho que brinca com os seus soldadinhos de chumbo. Jamie Morton ergue os olhos e vê um homem espantoso, o novo pastor. Charles Jacobs, juntamente com a sua bela mulher, vão transformar a igreja da comunidade. Todos os homens e rapazes estão um bocadinho apaixonados pela senhora Jacobs; as mulheres e as raparigas sentem o mesmo em relação ao reverendo Jacobs, incluindo a mãe e a irmã de Jamie.
O reverendo partilha um laço mais profundo com Jamie, que tem como base uma obsessão secreta. Quando a família Jacobs é assolada pela tragédia, o carismático pastor amaldiçoa Deus, apouca toda a crença religiosa e é banido de uma cidade em choque. Jamie tem os seus próprios demónios. Apaixonado pela guitarra desde os treze anos, toca em bandas pelos Estados Unidos, vivendo uma vida nómada de rocker em fuga da família e da sua terrível perda.
Aos trinta anos, viciado em heroína e desesperado, volta a encontrar Charles Jacobs, e as consequências deste encontro serão profundas para os dois homens. A sua ligação torna-se um pacto para lá do diabólico e Jamie descobre os vários sentidos de «despertar». Um romance rico e perturbador que se estende por cinco décadas até o desfecho mais aterrador, que um dos melhores de King alguma vez escreveu.
 
 
 
Stephen King é um autor com leva a reações extremas. Uns leitores adoram, outros não conseguem ler. King é, quer se goste, quer não, um dos grandes contadores de histórias do nosso tempo, tendo escrito em vários géneros, sempre com qualidade, sendo autor, não só de bons livros, mas também de argumentos de bons filmes.
 
Em alguns aspetos este não é um típico livro de King. Apresenta uma escrita mais simples, mais direta, acelerando em alguns momentos em que não explora tanto os detalhes como noutros livros. No entanto, a seguir desacelera para explorar questões sociais, medos, preconceitos, ideais religiosos, para depois voltar a acelerar com reviravoltas e surpresas. É um livro que nos dá uma sensação de montanha russa.
 
King avança com mestria, desenvolve as personagens com uma profundidade única, num estilo diferente. Poucos escritores exploram os medos e os vícios de uma personagem como King faz. E com isso, explora os medos dos leitores. Este é um daqueles livros que nos arrepia. É um daqueles livros que nos faz acelerar se ouvirmos um barulho em casa enquanto o lêmos. É esta a envolvência que King consegue. Apesar de a história ser interessante e de os personagens serem o grande catalisador, a verdade é que a genialidade está no ambiente. E é por esse ambiente que uns leitores adoram, outros odeiam.
 
Quando acabei a leitura, o final ficou na minha mente. Não interessa se era ou não previsível. A verdade é que a forma como King o criou e descreveu fez a diferença. É uma forma diferente de contar um acontecimento, deixando o leitor sem reação, apesar a assimilar a informação sabendo que nada pode fazer para alterar o que está a ler.
 
Não é o melhor livro de King. Este homem já fez umas obras-primas. Mas, é um bom livro que muitos leitores irão adorar e dificilmente esquecer. Não agradará a todos, mas a qualidade é inegável, mesmo tendo em conta que este livro, devido ao seu ritmo, não tem a qualidade linguística de outras obras do autor. Forte, direto, perturbador e com personagens que são a base da história, este é um livro que os fãs de King devem ter em casa. Muito bom, como sempre.
 
Luís Pinto

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