quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

A CÉLULA ADORMECIDA


Autor: Nuno Nepomuceno





Sinopse: Em plena noite eleitoral, o novo primeiro-ministro português é encontrado morto. Ao mesmo tempo, em Istambul, na Turquia, uma reputada jornalista vive uma experiência transcendente. E em Lisboa, o pânico instala-se quando um autocarro é feito refém no centro da cidade. O autoproclamado Estado Islâmico reivindica o ataque e mostra toda a sua força com uma mensagem arrepiante.
O país desperta para o terror e o medo cresce na sociedade. Um grande evento de dimensão mundial aproxima-se e há claros indícios de que uma célula terrorista se encontra entre nós. Todas as pistas são importantes para o SIS, sobretudo, quando Afonso Catalão, um conhecido especialista em Ciência Política e Estudos Orientais, é implicado.
De antecedentes obscuros, o professor vê-se subitamente envolvido numa estranha sucessão de acontecimentos. E eis que uma modesta família muçulmana refugiada em Portugal surge em cena.
A luta contra o tempo começa e a Afonso só é dada uma hipótese para se ilibar: confrontar o passado e reviver o amor por uma mulher que já antes o conduziu ao limiar da própria destruição.



Este é o quarto livro que leio deste autor e o primeiro fora da trilogia Freelancer. É também o melhor livro do autor, mas vamos por partes.

É bastante entusiasmante presenciar a evolução de um autor, e aqui foi exatamente o que aconteceu. Com este livro Nepomuceno deu um salto de dois degraus na qualidade de tudo o que é essencial a um livro. As suas personagens estão criadas de forma mais coerente e profunda, a narrativa está melhor montada, o suspense é maior e o enredo é mais coerente. Pelo meio o autor consegue dizer mais com menos palavras, sendo capaz de nos agarrar e ao mesmo tempo de nos ensinar algo.

Em termos de enredo é preciso dizer que o livro nos agarra de imediato. Ao sentirmos uma proximidade com a realidade, o livro capta a atenção do leitor e desde logo começa a explorar alguns temas atuais. Para isso é preciso realçar que o autor fez um bom trabalho de investigação, não só em termos factuais mas também no necessário para conseguir descrições realistas de alguns locais. 

Com capítulos pequenos e uma escrita rápida e direta, o autor nunca baixa o ritmo, e por isso nunca a leitura se torna arrastada. É fácil ler este livro, principalmente porque existem respostas que dão origem a novas perguntas. Assim o livro está em evolução constante. Claro que ao ter este género de escrita, o autor fica preso a um estilo que pode desvendar demasiado caso o leitor esteja atento. No meu caso, uma das revelações finais foi adivinhada a meio do livro, devido a um ligeiro desvio nesse ritmo. Todavia, o que me agradou no livro foi o facto de o autor não ter criado muitos momentos forçados. 

Gostei das personagens e da forma como o autor nos leva a entrar facilmente num contexto que alguns leitores poderão não conhecer totalmente. A guerra na Síria é apenas a base para um livro que começa como um thriller sobre terrorismo e que, aos poucos, se transforma em algo mais psicológico. Pelo meio, política, muita religião, questões morais e um aprofundar inteligente de questões atuais, principalmente ao explorar a forma como nós, europeus, olhamos alguns problemas internacionais ou mesmo como catalogamos as pessoas e acontecimentos que nos rodeiam.

A Célula adormecida foi lançado há uns meses e tem estado nos tops nacionais do seu género. Ao acabar de ler o livro, percebe-se o porquê. O autor executa bastante bem uma fórmula vencedora. Globalmente, não existe comparação entre os anteriores livros e este em termos de qualidade. O crescimento do autor é notável e acredito que o melhor ainda esteja para vir. Estou ansioso pelo próximo e acredito que quem gostar do género irá apreciar bastante esta leitura!

Luís Pinto

2 comentários:

  1. A sinopse pareceu-me um pouco com os livros de Dan Brown, fiquei muito interessado na obra. Confesso que não conhecia o escritor. Obrigado pela sugestão :)

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  2. Convencida a ler!

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