terça-feira, 24 de janeiro de 2017

UMA FORTUNA PERIGOSA

ESPAÇO LEITOR

Hoje regressamos ao Espaço Leitor com mais uma opinião da Margarida Contreiras a quem agradeço imenso este texto. A todos os restantes leitores que também já enviaram textos com as suas opiniões, lamento o atraso, mas irei publicá-las aos poucos.



Autor: Ken Follett



Sinopse: Inglaterra, 1866. O verão anuncia-se quente e, numa tarde de maio, um jovem morre afogado numa pedreira inundada de água. O incidente ocorre em Windfield School, uma escola frequentada por rapazes oriundos de classes abastadas, permanece encoberto em mistério conduzindo a uma trágica saga de amor, poder e vingança que envolve sucessivas gerações de uma família de banqueiros.
A história decorre entre a riqueza e a decadência de uma Inglaterra vitoriana, entre a City londrina e colónias distantes. O leitor acompanha a família Pilaster durante o período áureo do império britânico. Ken Follett inspirou-se num caso real de bancarrota ocorrido no século XIX para escrever este romance extraordinário.




Uma Fortuna Perigosa é um romance da segunda metade do século XIX, passado no mundo da banca inglesa. A família Pilaster, proprietária do banco homónimo, era uma das mais bem reputadas de Londres, quer em termos financeiros, quer no contexto da sociedade elitista, cujo seio criava, naturalmente, divergências da mais variada natureza.

Hugh Pilaster, filho de um banqueiro falido e herdeiro dessa desventurosa reputação, é também sobrinho do núcleo familiar mais influente. Sonha tornar-se um dos sócios do banco Pilaster e concentra todos os seus esforços nessa tarefa. Sensato, honesto e trabalhador, Hugh é também quem toma constantemente a posição oposta à maioria, normalmente mais para sua frustração do que contentamento.

Simultaneamente, deriva a lembrança de um crime na juventude de Hugh, no qual ele e os seus amigos estiveram envolvidos, e que assombra a história desde o início. Aliás, a ação do livro alimenta-se também da história dos amigos de Hugh, que acabam, direta ou indirectamente, por se envolver nos negócios do banco, barrando o seu caminho para o consórcio por entre namoricas, jogos, bailes, casas de alterne, trafulhices e até assassínio.

A intriga, sedução e oportunismo de que é feito este livro contam-nos episódios de ascensão e descensão social a par das oscilações da banca londrina oitocentista. Porém, o enredo é demasiado aborrecido para aspirar a uma história surpreendente e não é caricato o suficiente para uma coletânia de episódios de época. Estamos perante uma verdadeiro romance quase ao nível de novela mexicana na medida em que encontramos aqui todas as personagens que já vimos vezes sem conta: a má da fita manipuladora, bela e rica, juntamente com a sua marioneta imbecil, obediente e de fraco punho; o bom da fita honesto, renegado e subestimado que ama a rapariguinha apetecível, boazinha e injustiçada; o mauzão estrangeirado, esperto e sedutor, entre tantas outras personagens enfadonhas cujo nome esquecemos por já terem tido tantos.

Podemos adjectivar esta história de numerosas maneiras, no entanto tudo se resume a uma previsibilidade proeminente que se destaca de forma bastante negativa. Não é necessária muita perspicácia do leitor para saber amiúde o que vem na página seguinte, quer seja porque o autor se denuncia através da demasiada evidenciação de aparentes detalhes, quer porque já lemos esta história algures com outro título.

Como já é hábito em Ken Follett, a pesquisa histórica está de louvar, e não precisamos de ser entendidos na época para o perceber, visto que é evidente o à vontade do autor em abordar destemidamente todos os hábitos, trajes e éticas do espaço e do tempo. Continuamos a ter momentos de suspense bem apimentados que acabam por nos prender ao livro e, em certos excertos, é até possível denotar a tendência do autor para as estratégias de narração típicas dos romances de espionagem que avultam na sua obra. Com efeito, a exposição da história é feita de modo bastante acessível, até porque vamos tendo constantes resumos de poucas linhas que nos permitem acompanhar a narração a bom ritmo.

Para os verdadeiros apreciadores de romances, este é um livro interessante mas não tão notável assim. Não satisfaz as medidas de um leitor de Ken Follett, que espera algo mais insólito. Podemos corriqueiramente dizer que é um livro de ler e deitar fora por ter uma estrutura narrativa bastante coerente, o que torna a história aceitável, mas que não arrisca mais do que isso e que, sobretudo, fica muito aquém do símbolo que se tornou o seu autor.

Entretém mas não surpreende.

Uma vez mais, obrigado à Margarida Contreiras por esta opinião!





quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

VICIADO NO PECADO


Autor: Monica James

Título original: Dirty Dix





Sinopse: Intenso, Sexy, Inesperado e Arrepiante. Uma história erótica e de suspense, que é também uma grande história de amor e redenção. Escrito do ponto de vista do Doutor Dixon Mathews, um psiquiatra de Nova York. Convincente e chocante é uma história de amor que irá manter o leitor absorvido até ao fim... Matthew Dixon irá contar-nos a atracção por duas mulheres. Uma acalma os seus instintos predatórios. A outra o instinto protector. Qual das duas escolherá?



Nunca li nada desta autora e sinceramente não estava inclinado para ler um novo livro erótico nos próximos tempos, mas o facto de aqui termos um homem como personagem principal despertou-me a atenção. Afinal de contas, o grande problema deste género é o facto de a grande maioria serem demasiado parecidos. Com um homem como personagem principal, o livro tinha tudo para se destacar.

A verdade é que o livro se destaca pela originalidade em relação a outros que li mesmo que acabe por usar alguns clichés do género. Comecemos pela personagem principal. Dixon é o personagem mais explorado do livro, sendo interessante ver um enredo erótico de um ponto de vista masculino. A autora entra na cabeça do personagem com alguma originalidade, apesar de por vezes cair nos clichés do costume para de seguida fugir dos mesmo, caminhando uma direção diferente. Neste aspeto o livro é uma montanha russa, entre os momentos previsíveis do género e os momentos originais que surpreendem.

A história é interessante, com três personagens distintas, principalmente as duas mulheres, que acabam por alterar a própria personalidade do homem consoante a pessoa com quem está. É interessante ver duas relações tão diferentes, quer nos momentos sociais, quer nos mais íntimos. O enredo deixa algumas perguntas no ar, ficando claro que a autora sempre pensou em fazer uma sequela, mas consegue concluir alguns temas importantes, principalmente na construção das personagens. Por fim, achei interessante, e bem conseguido, a forma como a autora muda a sua escrita dependendo da pessoa com quem Dixon está, adaptando-se à sua personalidade.

Sendo um livro que terá uma sequela, não existe uma sensação de conclusão. No entanto, o livro consegue destacar-se pela sua originalidade, pois ainda não tinha lido um livro erótico de um ponto de vista masculino tão focado nos pensamentos do homem e nos seus desejos, medos e ambições. claro que existem clichés, sempre ligados às possibilidades financeiras do homem e ao seu sucesso profissional, que continua a ser usado como uma das bases do interesse do sexo oposto, sendo algo que já foi repetidamente usado. No entanto, se gostam do género e procuram algo diferente, aqui irão encontrar a originalidade que desejam.

Luís Pinto 




segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O GOVERNO BILDERBERG


Autor: Frederico Duarte Carvalho




Sinopse: A investigação mais completa e exaustiva alguma vez publicada sobre a presença e participação de Portugal e de portugueses no clube dos «Senhores do Mundo». Um livro fundamental e incontornável para quem quiser saber mais, ou aprofundar, a história, a influência e a responsabilidade do Clube Bilderberg no rumo que o mundo leva e tem levado. Inclui em anexo datas e locais de todos os encontros Bilderberg, desde 1954 até à actualidade e um elenco de todos os participantes portugueses desde 1956, com Rui Ennes Ulrich, até 2016, com Maria Luís Albuquerque e Carlos Gomes da Silva.




Este é o terceiro ou quarto livro que leio sobre este tema que sempre me interessou bastante. No entanto é o primeiro livro sobre o qual irei falar aqui no blog, muito graças a dois fatores: em primeiro lugar é um livro muito focado no lado português e também porque é um livro bastante baseado em factos, não sendo uma leitura de especulação. 

Posto isto, começo por aplaudir o incrível trabalho de investigação do autor. Mesmo já tendo livros do género, aprendi bastante com este livro, uma vez mais por se forcar muito no lado português. O autor explora quais foram os nossos representantes, como os nossos políticos viram este grupo desde o seu início e que possíveis impactos tiveram estas reuniões no nosso país. O autor explora também como é que os membros mais importantes deste grupo olharam para o nosso país e o porquê das escolhas de alguns participantes, mas tudo isto sem deixar de explicar a evolução do grupo a nível internacional, tanto nos objetivos do grupo mas, principalmente, ao manter sempre um olhar atento aos seus participantes, quais as posições que tinham no mundo fora do grupo e o porquê de serem convidados. Neste aspeto foi bastante interessante ver como o grupo conviveu com a ditadura de Salazar.

No entanto, ao ter como objetivo crair um livro totalmente focado em factos, o autor aumenta a qualidade do livro mas também é obrigado a baixar o ritmo, por terá de ser o leitor a criar as suas conclusões enquanto o explora toda a informação que conseguiu reunir. Com isto o livro torna-se pesado e lento, podendo afastar alguns leitores que procurem algo mais entusiasmante ou rápido. Aqui a leitora é quase como um documentário onde não entram teorias da conspiração, mas sim aquilo que não pode ser negado por estar documentado e aqui reunido num único livro.

Quem procure uma leitora entusiasmante e com conspirações pelo meio, este não é o livro. Aqui estão os factos e se querem aprender e compreender melhor este grupo, então este é o livro a ler.

Luís Pinto


quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

A CÉLULA ADORMECIDA


Autor: Nuno Nepomuceno





Sinopse: Em plena noite eleitoral, o novo primeiro-ministro português é encontrado morto. Ao mesmo tempo, em Istambul, na Turquia, uma reputada jornalista vive uma experiência transcendente. E em Lisboa, o pânico instala-se quando um autocarro é feito refém no centro da cidade. O autoproclamado Estado Islâmico reivindica o ataque e mostra toda a sua força com uma mensagem arrepiante.
O país desperta para o terror e o medo cresce na sociedade. Um grande evento de dimensão mundial aproxima-se e há claros indícios de que uma célula terrorista se encontra entre nós. Todas as pistas são importantes para o SIS, sobretudo, quando Afonso Catalão, um conhecido especialista em Ciência Política e Estudos Orientais, é implicado.
De antecedentes obscuros, o professor vê-se subitamente envolvido numa estranha sucessão de acontecimentos. E eis que uma modesta família muçulmana refugiada em Portugal surge em cena.
A luta contra o tempo começa e a Afonso só é dada uma hipótese para se ilibar: confrontar o passado e reviver o amor por uma mulher que já antes o conduziu ao limiar da própria destruição.



Este é o quarto livro que leio deste autor e o primeiro fora da trilogia Freelancer. É também o melhor livro do autor, mas vamos por partes.

É bastante entusiasmante presenciar a evolução de um autor, e aqui foi exatamente o que aconteceu. Com este livro Nepomuceno deu um salto de dois degraus na qualidade de tudo o que é essencial a um livro. As suas personagens estão criadas de forma mais coerente e profunda, a narrativa está melhor montada, o suspense é maior e o enredo é mais coerente. Pelo meio o autor consegue dizer mais com menos palavras, sendo capaz de nos agarrar e ao mesmo tempo de nos ensinar algo.

Em termos de enredo é preciso dizer que o livro nos agarra de imediato. Ao sentirmos uma proximidade com a realidade, o livro capta a atenção do leitor e desde logo começa a explorar alguns temas atuais. Para isso é preciso realçar que o autor fez um bom trabalho de investigação, não só em termos factuais mas também no necessário para conseguir descrições realistas de alguns locais. 

Com capítulos pequenos e uma escrita rápida e direta, o autor nunca baixa o ritmo, e por isso nunca a leitura se torna arrastada. É fácil ler este livro, principalmente porque existem respostas que dão origem a novas perguntas. Assim o livro está em evolução constante. Claro que ao ter este género de escrita, o autor fica preso a um estilo que pode desvendar demasiado caso o leitor esteja atento. No meu caso, uma das revelações finais foi adivinhada a meio do livro, devido a um ligeiro desvio nesse ritmo. Todavia, o que me agradou no livro foi o facto de o autor não ter criado muitos momentos forçados. 

Gostei das personagens e da forma como o autor nos leva a entrar facilmente num contexto que alguns leitores poderão não conhecer totalmente. A guerra na Síria é apenas a base para um livro que começa como um thriller sobre terrorismo e que, aos poucos, se transforma em algo mais psicológico. Pelo meio, política, muita religião, questões morais e um aprofundar inteligente de questões atuais, principalmente ao explorar a forma como nós, europeus, olhamos alguns problemas internacionais ou mesmo como catalogamos as pessoas e acontecimentos que nos rodeiam.

A Célula adormecida foi lançado há uns meses e tem estado nos tops nacionais do seu género. Ao acabar de ler o livro, percebe-se o porquê. O autor executa bastante bem uma fórmula vencedora. Globalmente, não existe comparação entre os anteriores livros e este em termos de qualidade. O crescimento do autor é notável e acredito que o melhor ainda esteja para vir. Estou ansioso pelo próximo e acredito que quem gostar do género irá apreciar bastante esta leitura!

Luís Pinto

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

NA BOCA DO LOBO


Autor: M. J. Arlidge

Título original: Little boy blue



Sinopse: Quando a detetive Helen Grace encontra a vítima no chão, presa a uma cadeira, percebe que não se trata apenas de um jogo sexual que terminou mal — as provas demonstram que o agressor dispusera dos meios para libertar o seu refém, mas decidira não o fazer. Ao remover a fita adesiva do rosto da vítima, Grace reconhece-a: trata-se de alguém com quem mantinha um relacionamento de que ninguém pode saber. Helen inicia uma autêntica caça ao assassino, ao mesmo tempo que luta por manter a sua vida privada em segredo. Contudo, as várias pistas seguidas revelam-se infrutíferas, e surge um novo homicídio. Travando uma batalha contra o tempo, Helen enfrenta uma escolha impossível: confessar os seus segredos mais obscuros e perder o controlo do caso, ou ocultar a verdade e arriscar-se a cair numa armadilha?




Mais um livro da famosa saga deste autor e mais uma leitura viciante.

Rapidamente percebemos que o livro mantém, e ainda bem, o estilo dos livros anteriores. A narrativa é objectiva, rápida e os capítulos curtos levam-nos a continuar a ler sempre à espera de mais um detalhe no capitulo seguinte. A nossa personagem principal continua a ter o foco da narrativa mas os momentos mais marcantes estão directamente relacionados com as fortes descrições do autor, que, uma vez mais, não tem problemas em tentar chocar o leitor com imagens fortes para aumentar a adrenalina do livro e criar a imagem do assassino, sendo que essa imagem é necessária para criar coerência noutros momentos.

Com o ritmo alto, o autor acaba por ser vítima do seu próprio estilo. Ao fim de tantos livros da saga, alguns momentos começam a tornar-se previsíveis, principalmente porque devido ao elevado ritmo, o autor foca-se nos detalhes importantes, e quando aparece algo que não parece importante, o leitor pode ganhar consciência que é importante, e com isso antever uma possível revelação que deveria ser surpresa. No entanto, o livro é uma boa leitura, apesar de ter menos impacto em alguns momentos. O assassino está bem criado, apesar de algo óbvio quais os seus motivos, e o final é inteligente, apesar de claramente não agradar a todos. Neste aspeto é preciso dizer que o autor arrisca num final com impacto, mas que ao deixar muitas perguntas sem resposta, pode dar a sensação de que foi algo apressado, quando na realidade o objectivo é o de agarrar o leitor para o próximo livro. E nesse aspeto conseguiu bastante bem.

A tudo isto junta-se o já esperado aprofundar de algumas personagens, com destaque, novamente, para nossa personagem principal. No entanto, o aprofundar do seu passado e personalidade, que levam inevitavelmente a uma forte carga psicológica, também não agradará a todos os leitores, pois o autor arrisca, e no meu entender bem, delineando um caminho controverso mas que se enquadra de forma coerente com o que aconteceu com os livros anteriores. Não é o melhor livro da saga, mas continua a ser uma leitura muito interessante e intensa. Se gostam do género e querem uma leitura forte, então é um livro a ter. Venha o próximo!

Luís Pinto

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A GRANDE AVENTURA DO REINO DAS ASTÚRIAS



Autor: José Javier Esparza




Sinopse: O nascimento do reino das Astúrias no seio da Espanha muçulmana foi uma empresa titânica de resistência e sobrevivência. Uma das aventuras mais fascinantes, não só da história de Espanha, mas também da história Universal. Se bem que pareça inconcebível que um punhado de rebeldes cristãos conseguisse formar um reino independente no norte da Península face ao maior poder do seu tempo, e, depois, estendê-lo para sul num tenaz labor de repovoação, foi isso que aconteceu em torno de Covadonga, entre as Astúrias e a Cantábria, a partir do ano 722. Como foi possível semelhante proeza? Quem foram os seus autores? Como se chamavam os heroicos pioneiros que começaram a conquistar terras para sul, mais graças às suas enxadas do que às suas espadas? José Javier Esparza submerge-nos naquela época extraordinária, onde todos os dias se jogava a sobrevivência de uma civilização. Ano após ano, passo a passo, o relato das origens do reino das Astúrias vai-nos revelando nomes e figuras hoje esquecidos: desde os pioneiros Lebato e Muniadona até a Beato de Liébana, passando pelos condes guerreiros e os monges colonos. Duzentos anos de história que culminam na chegada ao Douro e na metamorfose da coroa de Oviedo em reino de Leão. Mas, como é que tudo começou?



Confesso que pouco sei sobre a História da Península Ibérica antes de Afonso Henriques. Este foi um dos motivos para ler este livro, na esperança de aprender um pouco mais sobre esses anos passados.

Neste aspeto o livro cumpriu as minhas expectativas, ao pronto de me parecer que esse era exactamente o objectivo do autor: mostrar como era a vida naquele tempo, quais as forças políticas e religiosas, e, principalmente quais eram as crenças do povo e seu modo de vida.

Gostei da escrita, apesar de por vezes demasiado académica para um livro de ficção, e por isso demorei um bocado a entrar no livro, mas aos poucos os detalhes que o autor vai dando acabam por ajudar a criar uma imagem de um mundo que quis conhecer melhor. A isto junta-se uma história interessante, apesar de estar presa a alguns clichés do género e sem conseguir inovar para tornar o livro em algo único. Todavia, as personagens estão bem criadas e encaixam-se muito bem no mundo criado pelo autor.

Sendo o primeiro livro de uma trilogia, não quero, para já, alongar-me muito. Globalmente é um livro de altos e baixos, em que alguns momentos mais forçados e perguntas sem resposta (provavelmente para os próximos livros) acabam por penalizar um livro que me ensinou bastante. O seu trunfo é o mais que óbvio conhecimento do autor sobre esta era e a forma como suavemente nos vai transmitindo esse conhecimento. No entanto, não posso terminar esta análise sem aplaudir a forma como o autor conseguiu explorar o tema principal deste livro: a religião e o quanto ela foi a base para esta guerra e como começou aqui algo que iria mudar a vida de todos os que nasceram até agora.

Por tudo isto, quero voltar a esta trilogia, para ver o restante conhecimento que o autor irá colocar no seu livro, pois o seu valor histórico é grande. Se procuram um livro bastante focado nesta era, então este é uma boa escolha.

Luís Pinto