quarta-feira, 30 de março de 2016

O CAÇADOR


Autor: Mason Cross

Título original: The Killing Season




Sinopse: Caleb Wardell, o «Sniper de Chicago», escapa ao corredor da morte duas semanas antes da sua execução, quando a carrinha de transporte de prisioneiros onde segue é impedida de chegar ao seu destino pela máfia russa. O FBI recorre aos serviços de Carter Blake como a única forma de conseguir capturar Wardell.
Blake é um homem com um passado misterioso e um talento especial para encontrar aqueles que não querem ser encontrados. Juntamente com Elaine Banner, uma ambiciosa agente do FBI, os dois irão perseguir Wardell enquanto este, por pura crueldade, começa a matar pessoas, aparentemente ao acaso, nas horas de maior tráfego das cidades.
Mas nem tudo é o que parece. Atrás do assassino esconde-se uma conspiração que ameaça o país. Para Blake conseguir capturar o criminoso e travar a ameaça, ele irá ter de infringir todas as regras…


Sendo o primeiro livro de uma série de policiais o autor tenta de imediato mostrar o seu ritmo e explorar algumas personagens mais importantes. Numa análise rápida, o livro tem dois pontos fortes. O primeiro é a sua intensidade, pois a narrativa raramente abranda ou dessimula algum tipo de violência. O autor consegue descrever o essencial sem se focar somente nisso, o que ajuda a que o enredo não se torne previsível. O ritmo agradece e a cada capítulo a vontade de continuar a ler está presente, pois o autor sabe explorar algumas dúvidas que vamos tendo e deixa respostas no ar.

O outro ponto forte deste livro está no facto de vermos os dois pontos de vista, tanto do caçador, como da "presa". Aos poucos o enredo torna-se num jogo de gato e rato em que cada personagem tenta mostrar que é mais inteligente ou que sabe antever melhor os movimentos e pensamentos do adversário. E é assim que o leitor vai vendo as movimentações, como se assistisse a um rápido e violento jogo de xadrez.

É também interessante reparar que não criei uma ligação com nenhuma das duas personagens principais, mas não consegui deixar de ler. Este é, provavelmente, o único aspeto que poderá levar alguns leitores a não ficarem agarrados ao livro. No meu caso o interesse estava na forma como cada um ia fugindo ou aproximando-se. Aliás, acredito que o enredo não teria o mesmo impacto se apenas tivesse um ponto de vista.

Gostei da escrita, sem grandes clichés nem momentos mortos. O autor falha em explorar algumas personagens neste primeiro livro (talvez o faça nos próximos), mas também é verdade que consegue criar a base para os próximos livros ao ponto de me deixar com vontade de ler mais. Tempo ainda para indicar que gostei da forma como o autor arrisca em dois momentos, surpreendendo e saindo bem de caminhos que poderiam tornar o livro demasiado óbvio.

Não sendo um livro fantástico, a verdade é que gostei bastante, principalmente porque se trata do primeiro livro do autor e nota-se que o autor tem noção de como agarrar o leitor e criar uma narrativa inteligente. Certamente irei ler os próximos. Se apreciam o género então este livro irá agarrar-vos pela originalidade que vai mostrando em alguns momentos.

Luís Pinto

terça-feira, 29 de março de 2016

Passatempo: Conquistadores - Vencedor!


PASSATEMPO

Conquistadores
 
Chegou ao fim mais um passatempo em parceria com a Editorial Presença.
  A todos os que participaram, o nosso agradecimento. Ao vencedor, os nossos parabéns! Esperamos que seja uma boa leitura!


Análise ao livro em breve!

 
 
E o vencedor é:
 

Carina Sofia Merêncio Grabulho

Sinopse: O historiador Roger Crowley conta-nos como Portugal construiu um grande império marítimo europeu, dando origem à primeira economia global. Numa narrativa empolgante e solidamente documentada, que equilibra a vertente humana e as dimensões geopolítica e religiosa, o aclamado autor aborda a supremacia marítima de Portugal, com a descoberta do caminho marítimo para a Índia no seu âmago, as vitórias sobre governantes muçulmanos e o domínio do comércio das especiarias, revelando-nos o alcance do império português e dando vida a personalidades como D. Manuel I, D. João II, Afonso de Albuquerque e Vasco da Gama. O relato essencial e atualizado de como uma das nações mais pequenas e pobres da Europa pôs em movimento as forças da globalização que hoje dão forma ao mundo. Uma obra que dará a conhecer ao leitor português a sua própria história na perspetiva de um investigador estrangeiro.

segunda-feira, 28 de março de 2016

OS AMBICIOSOS


Autor: Michelle Miller

Título original: The Underwriting



Sinopse: Todd, Neha, Beau e Tara são jovens e ambiciosos. Todd é um promissor lobo de Wall Street; implacável e sensual, é um líder nato. Neha é tímida e reservada em todas as áreas da vida exceto uma: o trabalho. No extremo oposto está Beau, o bon vivant oriundo de boas famílias que nunca teve de se esforçar por nada. Por seu lado, Tara parece ter tudo: é atraente, inteligente e perfecionista, mas paga com solidão o preço de uma carreira exemplar. Juntos - acreditam - vão conquistar o mundo. A oportunidade surge com uma nova aplicação social – a Hook – que promete revolucionar os encontros amorosos. Todas as empresas de Wall Street querem representá-la mas são os quatro amigos que conseguem o negócio. O único senão: têm apenas dois meses para o concluir. Um prazo quase impossível de cumprir. O que se exige é nada menos do que dedicação e exclusividade totais. Durante dois meses de claustrofóbica proximidade física e emocional, as relações entre eles serão postas à prova, a sua ambição testada ao limite.Mas no mundo vertiginoso e implacável de Wall Street onde nada é o que aparenta ser, a misteriosa morte de uma estudante universitária vai desencadear uma espiral descontrolada de acontecimentos. Poderá este crime estar relacionado com a tão badalada aplicação? Os quatro jovens estão perante o negócio de uma vida. Até onde irão para o defender?



Este é um livro sobre como o dinheiro nos pode mudar. Os ambiciosos apresenta um enredo focado em Wall Street e outros locais onde a economia mundial se gere e dinheiro voa em várias direções. Numa linguagem direta a autora foca-se na vida de alguns profissionais de Wall Street, e é aí que está o centro do enredo, para minha surpresa.

Quando o livro acabar, a grande maioria dos leitores não terá criado grande ligação com os personagens. A autora aprofunda traumas, manias e excentricidades de alguns homens que vivem uma vida onde o dinheiro lhes abre portas. Mas com o dinheiro aparece sempre o risco, e o livro foca-se, e bem, nos desafios profissionais destes personagens e nos riscos familiares que a profissão tem.

A isto junta-se uma narrativa rápida com a autora a tentar simular uma sensação de adrenalina constante, quer no trabalho, quer nos momentos diversão. Existem ainda sub enredos interessantes, como algumas investigações e problemas pessoais, mas a autora não nos deixa ficar demasiado tempo sem sentir a adrenalina da pressão do negócio.

Com personagens diferentes e que estão num mundo financeiro e social à parte, é difícil criar ligações, o que poderá levar alguns leitores a não apreciar totalmente o livro. No entanto, aqueles que aceitarem esta realidade, que todos sabermos existir, terão aqui uma leitura compulsiva. O enredo arrisca em alguns momentos, surpreende numas páginas, torna-se óbvio noutras, mas no geral é uma leitura bastante viciante do início ao fim, pois queremos saber como algumas personagens estarão quando tudo terminar.

Dentro do seu género não é uma obra prima mas consegue surpreender pela forma como cria uma atmosfera e algumas questões que nos levam a continuar. Apesar de ter as suas falhas e de não ser um livro fascinante, é notório o porquê do seu êxito pela forma como nos agarra e nos leva por um mundo de ambição onde os valores morais podem ser outros, e aplaudidos. 

Luís Pinto

sexta-feira, 18 de março de 2016

AS PEDRAS ÉLFICAS DE SHANNARA


Autor: Terry Brooks

Título original: The Elfstones of Shannara




Sinopse: Milhares de anos depois da destruição do mundo tal como o conhecemos, uma nova lei impera sobre o mundo: a da magia. No entanto, avizinha-se uma ameaça terrível: uma horda de demónios impiedosos começa a trazer a morte e a destruição sobre todos os povos.
Apenas Wil Ohmsford, último herdeiro da linhagem de Shannara, detém o poder para proteger a princesa Amberle numa demanda impossível para salvar o mundo. Mas quando o próprio Ceifador lidera as hostes negras para os capturar, será Wil capaz de controlar a magia das misteriosas Pedras Élficas de Shannara?



Este é o segundo livro da trilogia Shannara e é, em todos os aspetos, superior ao livro anterior. Tal como no primeiro, Terry Brooks opta por uma leitura rápida e leve, ajudando a que a complexidade do enredo seja percebida com facilidade. O ritmo ganha alguma oscilação, devido a alguns momentos mais lentos em que o autor explorar alguns momentos do passado ou em que decide explicar de uma só vez algo que seja preciso para que o leitor não se perca. A verdade é que este é um livro focado para um público juvenil que aprecie fantasia e esse foco nota-se em todas as páginas.

As personagens continuam cativantes e são elas que voltam a agarrar o leitor. São estas as personagens que tornaram a saga famosa (agora ainda mais ao ser adaptada para a tv) e levam o leitor a querer saber como tudo irá acabar.

Brooks aproveita este segundo livro, tal como a grande maioria dos autores, para explorar o seu mundo, abrindo o leque de locais e personagens, mas também revelando a história passada que ainda influência a história no seu presente. Contudo, o aspeto mais negativo do livro é a sua proximidade com a obra de Tolkien. Tal como tinha dito na opinião do livro anterior, Brooks utiliza muitos dos conceitos que Tolkien tornou famosos e que hoje são usados em livros, filmes e videojogos. Infelizmente, Brooks focou-se em tornar a sua história mais única e madura, mas não consegue o mesmo com o seu mundo, pois muito já estava criado.

Retirando este aspeto que poderá afastar os leitores mais exigentes, mas que também poderá aproximar um leitor mais juvenil e que queira um mundo cheio de fantasia dentro dos padrões que conhece, o livro progride em todos os aspetos, sendo um livro de qualidade superior ao anterior. Visto que ainda falta um livro, não quero alongar-me, mas fica a nota que o autor arrisca bem em alguns momentos e cria momentos que levantam perguntas e que merecem resposta no último livro.

A saga de Shannara é adorada pelo mundo, principalmente dentro do público mais adolescente. Aqui percebe-se o porquê. Não é uma obra prima nem revoluciona, mas cativa com facilidade. Ideal para quem esteja agora a entrar na fantasia ou que queira uma saga de fantasia leve mas com temas adultos. Deixo uma opinião mais aprofundada para o último livro mas, para já, estou a gostar e com muita vontade de ler o último.    

Luís Pinto

terça-feira, 15 de março de 2016

CURIOSIDADES DO VATICANO


Autor: Luís Miguel Rocha





Sinopse: Autor bestseller do The New York Times, Luís Miguel Rocha conquistou milhares de leitores em todo o mundo, com histórias focadas em intrigas e mistérios passadas no seio da Igreja Católica, sempre com um olhar crítico, mas sem nunca retirar ritmo aos seu livros. Infelizmente deixou-nos numa idade prematura e o seu talento não teve tempo para criar mais livros. Cumprindo a vontade do próprio autor, a família e a Porto Editora anunciaram a publicação de um livro inédito de não ficção da autoria de Luís Miguel Rocha, intitulado Curiosidades do Vaticano, que chega hoje às livrarias!


Pode parecer estranho, mas este é o primeiro livro que leio de Luís Miguel Rocha, escritor que alcançou o sucesso com romances sobre o Vaticano e que partiu demasiado cedo. Agora chega-nos este livro para nos dar a conhecer um pouco mais da sua investigação contínua que era a base dos seus livros.

Se tinha vontade de ler aos seus livros, agora a vontade aumentou. Este livro, que certamente difere dos seus romances, é um apanhado de curiosidades sobre um Vaticano do qual não conhecemos muito. A sua escrita é direta, como se fosse uma simples conversa em que o autor explora os seus conhecimentos e isso agradou-me, porque tornar uma conversa em algo objetivo, apelativo e simples também não é fácil. A cronologia em que vai expondo factos faz a diferença, pois o livro está muito bem dividido nas mais de setenta curiosidades que o autor explora e explica. O resultado final é um livro que se lê sem parar, porque o escrita não aborrece nem baixa o ritmo. Aliás, o trunfo deste livro não está nas curiosidades (pois estas investigações também podemos encontrar noutros livros), mas sim na forma como o autor fala sobre essas curiosidades.

Está agora a fazer seis anos que estive no Vaticano e, na altura, li alguns livros para melhor conhecer a cidade que iria visitar. Hoje tenho pena de este livro não existir nessa ano de 2010, pois a minha visita teria sido muito melhor, e este é o melhor elogio que posso fazer a um livro que me prendeu do início ao fim, mesmo tendo em conta que conhecia várias dessas curiosidades por as ter lido nos vários livros sobre o assunto que tenho nas minhas estantes, mas nenhum me prendeu desta forma.

E é por isso que terei mesmo de ler os outros livros do autor, porque a sua forma de escrever me convenceu, por ser viciante, confiante, mas também próxima. Se ficaram curiosos, então acreditem que vale a pena ler este livro. Recomendado a todos os que queiram uma leitura rápida e aprender mais sobre o Vaticano.

Luís Pinto


Para lerem um pouco sobre este muito aguardado livro basta acederem ao excerto clicando aqui: Curiosidades do Vaticano.

sexta-feira, 11 de março de 2016

ANTÓNIO E CLEÓPATRA


Autor: Adrian Goldsworthy

Título original: Anthony and Cleopatra




Sinopse: Marco António, o homem mais poderoso de Roma, e Cleópatra, a sedutora rainha do Egito, são, sem sombra de dúvida, personagens da maior estória de amor da nossa História. Inspiraram arte, filmes, literatura e o seu dramático romance foi contado e recontado ao longo dos tempos. Juntos viveram num ambiente de luxo e esplendor, lutaram pelo sonho de um império e perderam tudo na mítica batalha de Actium. Passados mais de dois mil anos sobre o seu espetacular suicídio, António e Cleópatra continuam a despertar curiosidade. Adrian Goldsworthy, autor de Os Generais Romanos e César, tendo por base fontes antigas e evidências arqueológicas, conta-nos a verdadeira história destas duas figuras, pensadas no seu tempo e na sua cultura. Este historiador vai atrás dos factos por detrás das lendas e mitos, para nos revelar que António não era afinal um simples soldado, aliás tinha pouca experiência militar, mas sim um homem nascido numa família aristocrata, com grande habilidade política. E Cleópatra, a bela e ambiciosa rainha, não era egípcia, mas sim grega. Falava grego, vestia-se como grega, mas sabia que só uma aliança a Roma a poderia colocar perto do poder. No seu caso seduzindo e tornando-se amante de César, primeiro imperador de Roma, e de Marco.


António e Cleópatra é o segundo livro que leio deste famoso autor que tem, com vários livros, demonstrado o seu enorme conhecimento sobre a história do Império Romano. Após ter lido um primeiro livro (Augusto) que gostei bastante, estava na altura de voltar para ler um pouco mais, e decidi agarrar este pois tem como foco um dos "romances" mais famosos da nossa História.

O autor deita por terra lendas e mitos para nos dar os factos retirados de várias investigações que alteram a forma como agora podemos ver esta história. Não sendo um romance, mas sim o livro quase académico, não existe muito que possa ser analisado de forma simples. No entanto, o nosso olhar tem de cair, em primeiro lugar, na forma como o livro está escrito. O autor demonstra neste livro, tal como demonstrou no anterior, facilidade em colocar um leitor que pouco conheça do assunto, a perceber o que é essencial. Tal factor agradará a qualquer leitor que queira saber algo sobre este tema mas que não tenha uma base de conhecimento alargada.

Sendo assim, nunca me senti perdido na leitura. Os factos aparecem nos momentos certos, nem sempre de forma cronológica, para que seja possível perceber as ligações entre algo que o escritor mencionou antes e depois, para percebermos tanto as questões sociais e políticas, mas também como o passado de algumas personalidades os moldou.

O conhecimento do autor é palpável e ao fim de ler dois livros sinto que fiquei com um conhecimento considerável nos dois temas que li. Gosto da forma como o autor me explica as coisas, baixando ao meu nível de conhecimento e me dá até algum espaço para retirar as minhas próprias conclusões. Este tema, que está envolto em vários mitos, tem aqui uma versão muito mais sustentável e credível. Tal como o próprio autor indica, o que está aqui é o resultado de muita investigação e capacidade de ligar vários acontecimentos e factos sobre a vida naquela época.

Por fim, deixar claro que o autor não se limita a explorar um ou dois temas. A narrativa dá uma imagem global de como o império se sustentava e como as pessoas viviam, tal como se vê todas as teias políticas e religiosas. Enquanto livro, sinto que o livro anterior que li, Augusto, é um livro com maior qualidade de investigação, mas apreciei mais este tema. 

O resultado final é um livro muito completo e que agradará a todos os que queiram saber mais sobre o Império Romano e principalmente sobre esta época de António e Cleópatra.

Luís Pinto

quinta-feira, 10 de março de 2016

Passatempo: Conquistadores


PASSATEMPO

Conquistadores


O blog Ler y Criticar, em parceria com a Editorial Presença, tem o prazer de vos dar a oportunidade de ganharem um exemplar deste livro de Roger Crowley sobre como Portugal se tornou no primeiro Império Global do planeta.

Para se habilitarem a ganhar basta responderem a uma pergunta e inserirem os vossos dados.

Apenas é permitida uma participação por pessoa.

O passatempo termina dia 20 de março

A todos os participantes, boa sorte!



Sinopse: O historiador Roger Crowley conta-nos como Portugal construiu um grande império marítimo europeu, dando origem à primeira economia global. Numa narrativa empolgante e solidamente documentada, que equilibra a vertente humana e as dimensões geopolítica e religiosa, o aclamado autor aborda a supremacia marítima de Portugal, com a descoberta do caminho marítimo para a Índia no seu âmago, as vitórias sobre governantes muçulmanos e o domínio do comércio das especiarias, revelando-nos o alcance do império português e dando vida a personalidades como D. Manuel I, D. João II, Afonso de Albuquerque e Vasco da Gama. O relato essencial e atualizado de como uma das nações mais pequenas e pobres da Europa pôs em movimento as forças da globalização que hoje dão forma ao mundo. Uma obra que dará a conhecer ao leitor português a sua própria história na perspetiva de um investigador estrangeiro.



quarta-feira, 9 de março de 2016

ATRACÇÃO MAGNÉTICA


Autor: Meredith Wild 

Título original: Hardwired



Sinopse: A nova série Hacker, é a aposta da Planeta no romance feminino erótico em 2016. Uma série sexy, repleta de segredos, mentiras, traições e vícios. Decidida a ultrapassar um passado difícil, Erica Hathaway aprende muito cedo a fazer tudo sozinha. Bilionário e supostamente um hacker, Blake Landon, que está habituado a conseguir aquilo que quer, é atraído pelo dinamismo e pela beleza tímida de Erica. Decidido a conquistá-la, quase perde o controlo de que tanto se orgulha.



Façamos uma opinião rápida sobre este livro. Este início da saga Hacker tem tudo o que o género erótico nos costuma dar: um rapaz rico, confiante, inteligente, mas cheio de segredos. Uma rapariga simples, com problemas financeiros e amorosos, vindo de uma relação ou momento amoroso trágico.

Sim, a base é a mesma, mas com algumas diferenças interessantes, principalmente numa das personagens. Não irei revelar essas surpresas, mas num género que está tão gasto, ver algumas diferenças sabe sempre bem.

Com um ritmo elevado e com um enredo bem focado apenas no essencial, alguns momentos são óbvios, mas o ritmo não nos deixa abrandar. A autora agarra o leitor facilmente nas primeiras páginas, a meio do livro abranda e parece que o enredo se perde, mas na parte final volta a encontrar-se. O conjunto de personagens é reduzido, com destaque para uma personagem que não é a principal. A escrita da autora é simples, tentando não perder o ambiente de sedução e paixão que existe no ar e num gosto pessoal, apenas não gostei da forma como a autora muda a forma como a narradora fala a partir do momento que se chega a um momento íntimo. Percebe-se que a autora queira ser direta e visual, mas algumas frases parecem que não encaixam na personagem.

Tirando esse pequeno aspeto, o livro desenvolve-se bem para os padrões do género. As personagens não são muito trabalhadas nem irão surpreender, porque o género pede antes ambiente, paixão e emoção. Dentro dessa base este é um livro interessante que cativará principalmente o género feminino, e todos os que apreciem um livro com um enredo erótico sem que o livro dependa desses momentos, pois não é uma narrativa que exagere na quantidade desses momentos.   

Sendo um livro simples, que não tenta fugir do seu género, não é um livro que vá agarrar muitos leitores que até agora não tenham gostado do género. É, essencialmente, um livro para as fãs do género que queiram uma leitura rápida. Sendo o primeiro livro de uma saga, não me irei alongar nem dar uma avaliação final, mas para já, se o que procuram é uma nova saga de erotismo dentro dos parâmetros que mencionei, então esta pode ser uma boa hipótese.

Luís Pinto

terça-feira, 8 de março de 2016

O HERÓI DAS ERAS - Parte II


Autor: Brandon Sanderson

Título original: The Hero of Ages




Sinopse: O mundo aproxima-se do fim, esmagado pela força imparável de Ruína. Vin, Elend e os companheiros procuram desesperadamente opor-se-lhe, mas nada do que fazem parece ter algum efeito ou, quando o tem, é o oposto do que pretendem. De que serve a mera alomância contra um deus?
Especialmente quando não parece haver nada além dela, pois até as misteriosas brumas, em tempos aliadas, parecem ter-se tornado malignas. Mas será que desistir é uma opção? Terá chegado o momento de baixar os braços e aceitar o fim de tudo o que se ama?
Num mundo sufocado pela cinza e abalado por erupções contínuas e violentas convulsões sociais que afetam até a sociedade pacífica dos kandra, são estes os dilemas com que os sobreviventes do velho bando de Kelsier vão ser confrontados neste derradeiro volume da saga.



Todos nós temos sagas que adoramos e que nos marcam, lemos sem parar e que quando chegam ao fim sentimos um vazio. A mim já me aconteceu umas vezes, voltou a acontecer com esta saga de Brandon Sanderson.

Considerado um dos grandes génios literários dos últimos tempos, Brandon Sanderson é o autor com a média mais alta no Goodreads, e esta uma das suas mais famosas sagas. Antes de falar propriamente deste livro, façamos um pequeno exercício mental. Afinal porque é esta saga tão boa? Existem três pontos importantes: o mundo criado, com toda a sua magia e regras; as personagens principais, e um fantástico vilão. Tal como disse na análise do primeiro livro, a construção do vilão que Sanderson faz é, provavelmente, a melhor que já li, e demonstra como se consegue criar um mito e como a nossa percepção nos pode enganar.

Regressemos então a este livro. Sendo um livro que tinha de explicar tanto, decidi questionar todo o enredo até à exaustão, procurando falhas ou inconsistências. O que é realmente fantástico é que não encontrei nada. Aliás, a todas as perguntas que ia criando, o autor rapidamente respondia, deixando-me novamente à procura de falhas. A consistência do seu enredo é avassaladora e muito poucos livros conseguiram tal feito. Cheguei mesmo a questionar, ao ler este livro, acontecimentos do primeiro, tentando encontrar falhas. Nada.

Mas esta consistência não chega para criar um bom livro. Para além do que acabei de mencionar, este livro consegue unir os quatro livros num só, com os grandes acontecimentos a ligarem-se e a ganharem novos significados. Agora sabemos os porquês. Diria mesmo que apenas uma pergunta ficou por responder.

A isto juntam-se personagens completas, bem exploradas, distintas. São várias as personagens das quais vou ter saudades e este leque tão grande de personagens com esta qualidade é raro de se encontrar. Por fim, o mundo aqui construído é fantástico pela sua coesão. Não nos deslumbra com grandes imagens ou originalidade de paisagens, mas é bastante coerente.

Por fim, o enredo. Sanderson arrisca para nos dar um final estrondoso. A sensação com que fico é que para alguns leitores poderá ser algo abrupto ou de tal forma inesperado que poderão não o apreciar totalmente, mas acredito que seja impossível não admirar a qualidade deste último livro. Forte e surpreendente, o autor tenta cortar com o que era esperado, tanto para o bem, como para o mal, e oferece algo único.

Esta não é uma saga qualquer. É uma obra prima dividida em vários livros. É uma das melhores sagas que já li em qualquer género e acredito que tão cedo não irei ler melhor. Não é um livro apenas para fãs de fantasia, porque os temas aqui expostos são o mais importante. Religião, amor, fé, esperança, sacrifício, responsabilidade. O autor mistura os mais importantes temas, encaixa-os de forma perfeita nas personagens e sai um livro incrível. É claro que tem alguns pontos fracos, mas todos os livros o têm. Totalmente recomendado!

Luís Pinto

sexta-feira, 4 de março de 2016

Passatempo: A hora solene - Vencedor!



PASSATEMPO

A hora solene

Vencedor!


Chegou ao fim mais um passatempo desta já famosa trilogia portuguesa. Um agradecimento especial ao autor Nuno Nepomuceno pelo livros!

A todos os que participaram, o nosso agradecimento e ao vencedor, esperamos que goste da leitura! Aos curiosos, não se esqueçam de ver no blog as opiniões aos três livros.

E o vencedor é:

Joaquim Silva

Parabéns ao vencedor!

quinta-feira, 3 de março de 2016

PREPARAÇÃO PARA A PRÓXIMA VIDA


Autor: Atticus Lish

Título original: Preparation for the next life



Sinopse: Premiado com diversos prémios e unanimemente considerado um dos melhores romances editados em 2014, Preparação para a Próxima Vida é um testemunho implacável dos milhões de indivíduos que habitam as margens do sonho americano. Neste fulgurante livro de estreia, com o fôlego dos grandes clássicos norte-americanos, Atticus Lish oferece-nos o reverso da América do postal turístico: selvagem, luminosa, sórdida. Zou Lei é chinesa e vive hoje ilegalmente nos Estados Unidos. O seu sonho americano? Trabalha dezasseis horas por dia num restaurante chinês e vive num miserável apartamento arrendado. Brad Skinner regressou há pouco tempo do deserto do Iraque, mas não deixou a guerra para trás. Em Nova Iorque, assombrado pelos mortos e estropiados do outro lado do mundo, vê no álcool e nos medicamentos uma hipótese de fuga. Para este par de combatentes na linha da frente do quotidiano, o amor era uma impossibilidade — e ainda assim Skinner e Zou Lei aproximam-se, como se um pudesse curar o outro. Mas nenhum fantasma fica adormecido para sempre. 



O que é o sonho americano? Quais são os nossos sonhos? Qual é afinal a dura realidade de quem trabalha uma vida inteira e nunca consegue ter uma vida com condições decentes?

Este não é um livro fácil e muitos leitores não o conseguirão ler com vontade do início ao fim, porque este livro confronta o leitor com realidades que preferimos esquecer durante todos os dia das nossas vidas. Uns desperdiçam dinheiro, saúde, oportunidades, amigos. Outros nunca terão nada disso, e, por vezes, simplesmente porque nasceram no local errado. Então onde está a justiça das sociedades que prometem igualdade para todos?

É a partir destas ideias, e de muitas outras que não quero revelar, que este livro começa com uma poderosa primeira fase. Aliás, a melhor parte do livro é a sua primeira metade, forte, reveladora, angustiante. A segunda metade é a consolidação da sua fase inicial, sendo capaz de explorar alguns temas e de juntar personagens com os mais diversos problemas financeiros ou sociais.

A escrita do autor por vezes pareceu-me apressada, outras vezes demasiado lenta, mas a qualidade está lá. O livro desenvolve-se por caminhos que por vezes são surpreendentes e em alguns momentos quase parecia que o autor estava a ficar sem ideias, mas acabou sempre por voltar ao seu ritmo e prosseguir com o enredo.

Gostei das personagens, não por criar uma ligação com elas, mas pela forma como foram construídas, pela forma como vão enfrentando os seus problemas e traumas, porque o passado define as pessoas e regressa sempre, mais cedo ou mais tarde. O resultado é um livro forte, que não agradará a todos, mas que tem qualidade para ganhar os prémios que ganhou. A noção final, após ler este livro, é que a grande qualidade da obra não está na história que o escritor escreveu, mas na mistura de temas que indiretamente atacam o leitor, levando-o para uma realidade tão comum e tão triste.

Não será um livro que agrade a todos, mas a realidade é mesmo assim. Agrada a uns, não a todos. Se procuram um livro sobre estes temas misturado numa história de amizade e amor, então vale a pena ter este livro. Tudo o mais que possa falar sobre esta obra apenas poderá revelar detalhes de grande qualidade num dos livros mais marcantes dos últimos tempos.

Luís Pinto

terça-feira, 1 de março de 2016

A QUEDA DE WALL STREET


Autor: Michael Lewis

Título original: The big short



Sinopse: Com apenas 24 anos, Michael Lewis foi contratado pelo banco Salomon Brothers. Recebia centenas de milhares de dólares por ano mas não percebia nada de acções. Três anos depois bateu com a porta e escreveu o Liar’s Poker a relatar a sua experiência. E ficou à espera: tinha a certeza absoluta de que Wall Street, mais cedo ou mais tarde, iria cair com estrondo. Esperou mais de 20 anos.
Em 2007, Michael Lewis descobriu uma série de investidores que estavam a apostar tudo justamente na queda do sistema. Todos eles colocaram uma questão: e se o preço das casas cair? O que acontecerá ao mercado do subprime? Provavelmente o maior bestseller de sempre sobre a actual crise, A Queda de Wall Street narra-nos a história dos visionários que previram a mudança de paradigma, e que ganharam milhões de dólares com isso, e mostra-nos um mundo que poucos conhecem - a alta finança, as agências de rating e os seus monstruosos equívocos.



Sistema financeiro... é um dos temas que mais gosto de ler e aqui Michael Lewis escreve um livro que tem tanto de fascinante como de arrepiante pela realidade que demonstra. Bancos, ações, agências de rating, alavancagens, juros, etc... o autor explora a história verídica de um grupo de homens que previu a queda de Wall Street e a agora famosa bolha imobiliária.

Como tudo aconteceu? Porquê? Como podia ter sido evitado e quais os momentos mais importantes para que tenha acontecido... Lewis aprofunda com mestria o caminho feito por estes homens que conseguiram, prevendo a queda, ganhar bastante dinheiro e ao mesmo tempo avisar as pessoas para o futuro, sem que ninguém os tivesse ouvido.

Destaque para uma escrita simples e para uma montagem interessante que facilmente leva o leitor por um mundo que pode não conhecer. Expondo conceitos de forma objetiva, nunca me senti deslocado e acredito que quem não conheça nada sobre o assunto também não terá grande dificuldade. Aliás, o objetivo do livro não é explicar todos os problemas que levaram à queda, mas sim a forma como este grupo percebeu o problema. Preparem-se para verem um diferente estilo de vida e de mentalidades.

Não há muito que possa analisar neste livro. A história é deveras interessante porque é real e, como tal, quase chega a ser assustadora. Esta é uma crítica avassaladora, de forma indireta, a um sistema que tem falhas, e do qual todos dependemos. Um livro a ser lido por todos os que se interessem pelo tema e que é, provavelmente, o melhor livro do autor. 

Luís Pinto