quarta-feira, 29 de julho de 2015

A PILHAGEM DE ÁFRICA


Autor: Tom Burgis

Título original: The looting machine




Sinopse: África é o continente mais pobre do mundo — e também o mais rico. Embora concentre apenas 2% do PIB mundial, alberga 15% das reservas de petróleo, 40% do ouro e 80% da platina. No seu subsolo jaz um terço das reservas minerais do planeta. Mas o que poderia constituir a salvação do continente é, pelo contrário, uma maldição.Os recursos naturais africanos têm sido alvo de uma pilhagem sistemática. A contrapartida do petróleo e dos diamantes é a corrupção, a violência e desigualdades sociais gritantes. Mas os beneficiários deste saque, assim como as suas vítimas, têm nome. O crescimento acelerado de África é induzido pela voracidade de recursos naturais por parte de economias emergentes como a chinesa, e alimentado por uma rede sombria de comerciantes, banqueiros e investidores dispostos a subornar as elites políticas locais.Em "A Pilhagem de África", Tom Burgis, premiado jornalista do Financial Times, conduz o leitor numa viagem emocionante e frequentemente chocante aos bastidores de uma nova forma de colonialismo. Ao longo de seis anos, o autor abraçou uma missão através da qual se propôs denunciar a corrupção e dar voz aos milhões de cidadãos africanos que sofrem na pele esta maldição. Aliando um trabalho aprofundado de investigação a uma narrativa plena de ação, o livro traz uma nova luz sobre os meandros de uma economia globalizada e a forma como a exploração das matérias-primas africanas concentra a riqueza e o poder nas mãos de poucos.



Se olharmos para petróleo, ouro e diamantes, então nenhum continente tem tanto potencial como África. Com tantos recursos e tanta corrupção, este continente sofre a maior desigualdade social que conhecemos e é aqui que vemos a maior pobreza do nosso mundo de forma tão global. Pelo meio algumas pessoas têm uma vida de luxo, conseguidas com base na exploração do povo e da corrupção conseguida nos governos e com as grandes empresas mundiais.

Neste livro, de leitura rápida e acessível, qualquer leitor ficará chocado com a descrição de alguns factos desta inteligente e longa investigação. Facilmente percebemos que não se trata de um livro escrito à pressa, mas sim que estas páginas são o resultado de anos de investigação e de confronto direto com a realidade aqui descrita. O autor não tem problemas em descrever tudo o que viu neste continente e explora de forma inteligente toda a teia de interesses que investigou durante tantos anos. O resultado é um livro chocante e que abre os olhos a qualquer leitor para as atrocidades que existem neste continente, e são muito poucos os que tentam fazer qualquer coisa para mudar esta realidade.

Temas como a escravatura, o tráfico humano e a lavagem de dinheiro são apenas alguns dos muitos temas aqui explorados de uma forma direta e crua, o que me levou a quase entrar naquela realidade graças à capacidade do autor em nos levar para alguns momentos de verdadeira surpresa. A forma como algumas empresas e governos trabalham para explorar este continente não é, de forma geral, uma surpresa, mas quando lemos os factos desta forma o choque é inevitável, tal como a crescente sensação de que algo tem de ser feito. 

Infelizmente, todos nós acabamos por esquecer estes momentos, e questiono-me quando esta realidade poderá ser alterada. Existem interesses para que não mude, e enquanto nada fazemos, a exploração deste continente irá continuar de forma dura e implacável. 

Explorar mais este livro é complicado sem mencionar alguns factos aqui mencionados, por isso não o farei. A verdade é que este não é um livro para qualquer leitor, pois choca em vários momentos, sendo direcionado apenas para os que têm interesse sobre o tema. A questão é que todos nós deveríamos ter interesse por uma realidade que está, simultaneamente, tão longe e tão perto de nós. Se quiserem explorar um pouco a realidade africana e o porquê da enorme desigualdade que ali se encontra, então este é um livro a ser lido e um dos melhores que li sobre este tema.

Luís Pinto

5 comentários:

  1. Tema poderoso e análise muito interessante. A diversidade deste blog é um dos grandes trunfos e o porquê do seu sucesso. Este é um livro a ter e rapidamente!

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  2. Parabéns pela análise. Nunca li nada deste género mas fiquei convencido porque me vai dar noções de uma realidade que não conheço.

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  3. Parabéns, luis. Sempre grandes temas e grande críticas. Já o coloquei na lista.
    Bjs

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  4. O livro realmente é interessante, mas também é preciso voltarmos na historia para entender essa tamanha desigualdade, corrupção entre outros. Acho que alguém ensinou isso aos africanos. Alias, eu sou de origem Bantu, e nunca ouvi pela oralidade indícios de desigualdades e níveis de corrupção como hoje. Acho que alguém nos ensinou e de certeza foi citado no livro de maneira muito retorica e subjetiva. Mas, é sim, importante debates do gênero para melhoria do continente. Att: não vamos ouvir só o ocidente, pois já nos levou a muitos erros. É preciso ouvir também os autóctones e conhecer suas realidades para podermos expressar com precisão nossas opiniões e assim, evitarmos paixões. Ora, não quero aqui negar a certa razão do autor, mas muita coisa não concordo atendendo a minha historia, minha cultura entre outros. Porém,o Luís está de parabéns. Análogo ao autor do livro apesar de algumas reticências desse último. Valeu! "Todo qualquer argumento tem uma causa histórica, mas, cadê essa causa histórica do proto, do colonial e do pós-colonial?" Cit, Heitor Ambrósio.

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  5. O livro realmente é interessante, mas também é preciso voltarmos na historia para entender essa tamanha desigualdade, corrupção entre outros. Acho que alguém ensinou isso aos africanos. Alias, eu sou de origem Bantu, e nunca ouvi pela oralidade indícios de desigualdades e níveis de corrupção como hoje. Acho que alguém nos ensinou e de certeza foi citado no livro de maneira muito retorica e subjetiva. Mas, é sim, importante debates do gênero para melhoria do continente. Att: não vamos ouvir só o ocidente, pois já nos levou a muitos erros. É preciso ouvir também os autóctones e conhecer suas realidades para podermos expressar com precisão nossas opiniões e assim, evitarmos paixões. Ora, não quero aqui negar a certa razão do autor, mas muita coisa não concordo atendendo a minha historia, minha cultura entre outros. Porém,o Luís está de parabéns. Análogo ao autor do livro apesar de algumas reticências desse último. Valeu! "Todo qualquer argumento tem uma causa histórica, mas, cadê essa causa histórica do proto, do colonial e do pós-colonial?" Cit, Heitor Ambrósio.

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