terça-feira, 30 de agosto de 2011

O MAGO - Espinho de Prata

Autor:   Raymond E. Feist           

Título original: Silverthorn

Na minha opinião aos dois livros anteriores desta saga, usei a palavra “Obrigatório”, não só porque preenchia o essencial para ser obra-prima do género como também era viciante ao ponto de o lermos de seguida e nos dar prazer ao fazê-lo. Com esta continuação levantei algumas dúvidas sobre o caminho que Feist poderia dar à saga mas não fiquei desiludido agora que o acabei, principalmente porque existe uma boa ligação com a história dos primeiros. Esta surpresa deve-se essencialmente ao facto de no fim de “O Mago – Mestre” ficar a sensação de que a história acaba, ficando apenas as personagens para em novos livros apresentarem novas histórias. Contudo a ligação é forte o suficiente para Espinho de Prata ser considerado uma verdadeira continuação. Esta ligação é um dos pontos fortes para quem gostou dos livros anteriores, como eu.
No entanto os desenvolvimentos calmos e pacíficos do início deste livro levam-nos para uma história mais negra, menos épica, sem a guerra generalizada dos livros anteriores mas com mais acção. É esta quantidade de acção que me fez ler o livro numa semana, quase sem parar. O ritmo que Feist dá a este livro é elevadíssimo, sem a necessidade de explicar ou apresentar personagens e mundos, como nos livros anteriores, Feist coloca a sua escrita simples numa história que não tem quebras de ritmo, e o resultado é um conjunto de 400 páginas incrivelmente viciantes onde um pequeno grupo de personagens se faz secretamente ao caminho, na busca de conhecimento e salvação, nos territórios inimigos. O facto de as personagens serem bastante bem conseguidas sem terem a complexidade de outras sagas, também ajuda a esse ritmo sempre elevado.
É bom matar saudades de algumas personagens, os fãs de Arutha ficarão bastante satisfeitos por este se tornar a personagens principal, mas é em Jimmy que está a grande surpresa nas personagens que se desenvolvem, tornando-se até o motor de desenvolvimento da história em certos momentos enquanto noutros se encarrega de nos obrigar a um sorriso com as suas piadas que ajudam a desanuviar. Já Tomas e Pug, personagens principais nos livros anteriores, perdem esse protagonismo para Arutha e Jimmy, mas não deixam de aparecer. Tomas aparece realmente muito pouco, com poucos momentos para recordarmos a sua personalidade, mas o seu “poder” está presente em vários momentos, não nos deixando esquecer das capacidades do poderoso guerreiro. Pug, por seu lado, tem direito a alguns capítulos centrados em si, e adianto já que são os melhores momentos deste livro. Muito dificilmente este livro seria tão viciante se não tivesse Pug a explorar a verdadeira natureza da magia que Feist implementou na sua saga. É na minha opinião o ponto mais alto do livro, com diálogos e acções bem construídas, aumentando o nosso conhecimento sobre o mundo mágico que Feist criou. São aliás, os capítulos de Pug que fazem esta história crescer para uma maturidade bem conseguida.
De realçar ainda que Feist começa e acaba o livro com dois capítulos muito interessantes, e numa história onde dezenas de perguntas se levantam e poucas são respondidas, a escada está lançada para a continuação da saga no último livro que está quase a sair.
Resumindo, este livro não é um livro que marca um género, como os dois anteriores fizeram, mas é uma boa continuação, extremamente viciante e que dá a ideia de servir como rampa de lançamento para o próximo livro que muitos dizem ser um final de saga fantástico. Um livro impossível de perder, principalmente pelos fãs de fantasia e da saga.
Aproveito ainda para elogiar a editora por dois motivos: o primeiro pelo excelente trabalho, na minha opinião, das capas desta saga, simples, coerentes e que chamam a atenção. O segundo agradecimento para a editora por ter arriscado em editar esta saga, quando nenhuma outra o fez. Esperei muitos anos pela edição no nosso país de dois livros, O Mago e Duna, e esta foi a única editora que arriscou em trazer para a nossa língua estes dois livros tão aclamados pelas críticas internacionais.

20 comentários:

  1. Adorei a crítica!!! Obrigado por escreveres Luis!

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  2. Filipa, já leste a saga toda, não foi?

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  3. uma vez mais convenceste-me a comprar um livro. Ainda não li nenhum destes 3 livros desta saga mas estou à procura de algo novo e as tuas críticas convenceram-me a experimentar esta. Vou comprar o primeiro e ficar de olhos no 2º e 3º se for gostando. Obrigado.

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  4. Li os primeiros dois e gostei bastante da estoria. Quando vi que o Pug deixava de ser a personagem principal do livro fiquei sem vontade de continuar, mas a tua opinião mudou-me de ideias e assim que puder irei comprar o livro. Depois digo-te o que achei.

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  5. Mais uma excelente crítica, como sempre. Parabéns, manter este patamar de qualidade não é facil e dá trabalho certamente.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Sim Luis, dos livros que foram editados em português já li todos.

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  8. Então estamos os dois à espera do fim da saga. O que ouvi faz-me estar confiante num bom livro.

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  9. Se entretanto souber o dia em que o livro chega, aviso-te!

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  10. O que gosto mais na tua escrita é explicares o porquê de gostares dos livros. Sempre que gostas consegues convencer-me a comprar. Parabéns e continua!

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  11. Não conhecia a saga mas esta opinião agradou-me o suficiente para procurar aqui no teu blog pelos livros anteriores. Vou comprar o primeiro e ver se gosto tanto como tu. Se gostar lá terei de juntar dinheiro para comprar o resto.

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  12. Alguém sabe quando sai o Darkness at the Sethanon em Português tinham dito depois do Verão...mas não há mais informação?

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  13. Olá Luisa! Em relação ao próximo Mago espero que saia entre Dezembro e Janeiro. Mas eu pelo menos não ouvi nenhuma data concreta.

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  14. Acabei ontem de ler o 1º livro e adorei, mas por engano ou ignorância comprei o 3º livro em vez do segundo no mesmo dia, pensando ser a sequência do 1º, vou comprar hoje o 2º e só quero que me digam o que acontece a princesa carline em relação a sua relação com pug, porque simplesmente odiei a 2º parte do romance da princesa, em que trocou pug por roland, e todas as partes em que ela e roland estavam juntos era simplesmente orrendo, só dava pa pensar "o que é que esta puta está a fazer?" xD

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  15. boas, acabei de ler ontem o 1º livro da saga e vou hoje comprar o segundo, e queria saber o que acontece com a parte amorosa dos livros seguintes visto que no 1º livro penso que será das partes mais mal conseguidas pelo autor dando-me sempre nos nervos quando ele falava sobre roland e carline, tanto como ter deixado pug de parte quasse 200 paginas.

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  16. Olá fernando. já que queres saber de imediato, mas tentando não te retirar toda a surpresa, apenas te posso dizer que esse casal amoroso que pensamos existir, Pug e Carline, acabam por não se tornar um casal, devido a um contratempo que existe na história. Pessoalmente também não apreciei muito ao início porque temos sempre a tendência de fazer o casalinho perfeito entre a personagem principal e a princesa. Mas depois aos poucos vamos percebendo o que acontece e acho que a decisão do autor compreende-se.
    A parte de deixar Pug de fora durante tantas páginas, dando mais acção a Tomas e Roland também se percebe mais à frente no segundo livro e certamente irás gostar de ler as páginas de Tomas que estão para vir.

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  17. Boas.
    Já acabei de ler esta saga, como referiste este 3º livro foi uma excelente continuação dos dois primeiros.
    Como personagens favoritas: Arutha e Martin do Arco, este livro foi me mais aliciante.
    Fiquei agradecido por Pug e Macros tenham ficado um pouco de parte, pois acho que o poder que possuem é demasiado exagerado... no entanto adorei os sacerdotes de Sarth assim como Baru (o herói improvável) e a sua grande batalha com Murad, 5 estrelas.
    Jimmy é uma lufada de ar fresco nesta saga e gosto da empatia que tem com Arutha.
    Os Vilões estão muito bem concebidos.

    Com isto o 4º livro chegou num instantinho e foi em 3 dias que o li...

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    Respostas
    1. Olá RLacerda! Viva.

      Ainda bem que gostaste deste. Tal tu dizes, também eu fiquei a gostar mais do Arutha e do Martin do Arco e claro que o Jimmy está muito bem e fiquei feliz por na nova saga ser ele o grande personagem.

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