Autor: Rachel Joyce
Título original: The unlikely pilgrimage of Harold Fry
Sinopse: Para Harold Fry os dias são todos iguais. Nada acontece na pequena
aldeia onde vive com a mulher Maureen, que se irrita com quase tudo o
que ele faz. Até que uma carta vem mudar tudo: Queenie Hennessy, uma
amiga de longa data que não vê há vinte anos, e que está agora doente
numa casa de saúde, decide dar notícias. Harold responde-lhe
rapidamente e sai para colocar a carta no marco do correio. No entanto,
está longe de imaginar que este curto percurso terminará mil quilómetros
e 87 dias depois.
E assim começa esta viagem improvável de Harold Fry. Uma viagem que
vai alterar a sua vida, que o leva ao encontro de si mesmo, a descobrir
os seus verdadeiros anseios há tanto adormecidos e sobretudo vai
ajudá-lo
a exorcizar os seus fantasmas. Com este primeiro romance sobre o
amor, a amizade e o arrependimento, A improvável viagem de Harold Fry,
que recebeu o National Book Ward, para primeira obra, Rachel Joyce
revela-se uma irresistível contadora de histórias.
Há livros que nos chamam a atenção por alguma coisa, e este foi pela capa. Existiu qualquer coisa no primeiro olhar que deitei a este livro. Talvez a imensidão do que está à frente de um homem, aos altos e baixos, talvez algo que não consiga explicar. O resultado final é um grande livro.
Imaginem-se a viver uma vida sempre igual. Acordamos, trabalhamos, voltamos a casa. Sempre a fazer o mesmo, sempre com as mesmas pessoas. A vida familiar não é mais do que algumas palavras por dia e já não se tira felicidade de nada. Não é assim tão difícil de imaginar, pois a sociedade em que vivemos leva-nos, muitas vezes, a esta vida, onde cada vez dizemos menos, deixamos de mostrar o que sentimos, ficamos resignados com as escolhas do passado, desistimos do que queremos, e no fim... percebemos que passamos mais tempo a trabalhar para dinheiro do que para felicidade.
Esta é a vida do personagem principal, Harold, um homem que há muito deixou de viver numa casa sempre igual com uma mulher com a qual já nada partilha. E esta é a história em que Harold se levanta do "sofá" onde desperdiça a sua vida, e volta a viver, enfrentando o passado, dizendo o que já devia ter dito.
Não precisamos de muito tempo para perceber que este é um livro inteligente e com uma mensagem poderosa. A forma inteligente como a autora nos diz que não devemos desperdiçar a nossa vida, é, quase sempre, marcante e original, proporcionando momentos dos quais não nos esquecemos tão cedo. A isso juntam-se diálogos que fazem a diferença, pois existe um conjunto de situações em que a escritora demonstra a sua inteligência e sensibilidade para alguns temas, com diálogos que conseguem ser, ao mesmo tempo, óbvios e surpreendentes... algo que à primeira vista pode parecer um paradoxo.
Passando por momentos inesquecíveis, conhecendo personagens muito bem construídas, e recordando o passado, esta leitura vai lentamente aumentando a sua qualidade com algumas respostas às perguntas que criamos no início, e surpreendeu-me em alguns momentos. A escrita da autora oscila entre o suave e o forte, dependendo do momento, e apreciei bastante a forma como tentou passar algumas mensagens. É verdade que em alguns momentos senti que a escritora repetiu alguns temas e mensagens, mas percebo que exista uma tentativa de motivar não só a leitura do livro, mas também que as pessoas façam o que Harold faz e, consequentemente, apesar de sentir que existe alguma repetição, aceito-a porque pode fazer a diferença para os leitores que se vejam na pele deste homem.
Os prémios e as críticas positivas que recebeu demonstram a qualidade deste livro. Sentimental e com uma força muito peculiar, esta é uma leitura que aconselho a todos os que queiram ver uma viagem diferente sobre alguém que, por vários motivos, decide que ainda tem algo a fazer antes de morrer. É um livro que motiva facilmente e cada leitor receberá a sua mensagem à sua maneira, dependendo da perspectiva, mas no global, este é um enredo que nos diz para nos levantarmos daquele sítio onde ficamos no nosso silêncio. Levantem-se e vivam, arrisquem tal como o Harold fez e, provavelmente, sentir-se-ão mais vivos e mais realizados.
Luís Pinto
Bom dia Luís! Fiquei muito curiosa com esta crítica. Nunca vi o livro mas também tenho estado mais fora das novidades literárias e de alguns blogues. A ideia parece-me tão forte e inspiradora que de certeza que o vou ler. Parabéns pelo texto muito bom e sem revelações.
ResponderEliminarBeijinhos e boas leituras.
Plenamente convencido a ler este livro. A mensagem é de certeza muito interessante e a tua opinião convenceu-me. Também já fui procurar a outros blogs e a opinião é unânime. Continuação de um excelente trabalho.
ResponderEliminarAbraços
Uma análise vibrante e objectiva. Parabéns pelo texto, Luís. Um livro a comprar, sem dúvida! Principalmente para pessoas com a minha idade e que precisam desta motivação.
ResponderEliminarSem dúvida uma leitura interessante a ver pela sinopse e pela opinião. Parece-me uma boa prenda para oferecer a alguém. Parabéns pelo bom trabalho.
ResponderEliminarBela crítica. Estou convencida que deve ser um belo livro e que vou gostar do ler. Cada leitor tem a sua forma de ver cada livro mas quando a mensagem está lá é impossível fugir. Beijinhos.
ResponderEliminarBoas leituras