Autor: Stephan Talty
Título original: Escape from the Land of Snows
Sinopse: Do Reino das Neves para a Liberdade traça um retrato completo e real de Tenzin Gyatso, o 14º Dalai Lama, durante os seus anos de juventude, e acompanha a sua dramática fuga para o exílio. Rigorosamente enquadrada no contexto histórico, social e político, esta obra de Stephan Talty lê-se como uma grande aventura épica, que culmina na perigosa fuga do jovem Dalai Lama através dos Himalaias até chegar à liberdade do outro lado da fronteira com a Índia, onde se instalou para assegurar a perpetuidade de uma nação, cuja história se confunde com a do próprio Budismo.
O que mais apreciei neste livro é a sua visão global da invasão chinesa a um país “afastado” do resto do mundo e que à primeira vista não é mais do que um aglomerado de enormes montanhas. Quando peguei no livro tinha algum receio que o livro se centrasse apenas na viagem de Dalai Lama e está aí a grande surpresa e também o grande trunfo deste livro na minha opinião. Não se centra apenas na viagem.
Talty começa o livro com uma interessante apresentação do país e sua cultura, da sua história e cheio dos mais diversos pormenores que não sendo essenciais para a história, gostei imenso de os ler também para entrar melhor na mentalidade tibetana.
De seguida começamos com a procura pelo novo Dalai Lama e o ritual pelo qual é escolhido, também bastante interessante e prosseguimos pelo seu crescimento enquanto recebemos cada vez mais informações sobre o pais e também sobre como os outros países olhavam para o Tibete: a China como uma afirmação política e estratégica, tanto em termos geográficos como de propaganda; os Estados Unidos como uma hipótese para algo que ao início nem sabem bem o que poderá ser, e a Índia que tenta não tomar partido e ser “esquecida”.
Com uma escrita que nunca foi cansativa para mim, Talty mostra uma boa capacidade de organizar toda a informação e não se perde em enormes descrições que poderiam matar o livro. Esta boa organização leva-nos a um olhar fascinante sobre a religião do Tibete e seus ensinamentos, mas também sobre a espionagem de vários países, o que cada um tentou manipular. O facto de alguns capítulos estarem recheados de depoimentos de agentes da CIA ajuda a termos uma ideia dos interesses e também das expectativas do ocidente contra a evolução dos países comunistas do oriente.
Muito bem descrita, e por vezes arrepiante é a propaganda que os chineses implementaram para o exterior mas também para os próprios chineses, a forma como ocultaram os massacres e como todos tentaram manipular a noção que o mundo tinha em relação ao que acontecia.
Este é um livro que mostra como uma situação extrema altera uma pessoa. O Dalai Lama que era apenas um rapaz, com uma infância solitária, indeciso e ingénuo sobre as verdadeiras intenções da China e dos acordos propostos, até se tornar num homem que conhecemos, admirado e respeitado. Não é preciso viver uma situação extrema durante muito tempo para se crescer e aprender algo e os tibetanos não precisaram de muito tempo para aprender nem para se ajustarem a uma nova realidade, evoluindo para garantirem a sobrevivência. Como os próprios tibetanos dizem, o inimigo pode ser o melhor professor, e tal está muito bem descrito no livro. E aos poucos, enquanto percebemos que o mundo ocidental olha para o Dalai Lama como um simples rapaz, a China olha-o como uma ameaça e o Tibete olha-o com uma esperança transformada em força, algo simplesmente incrível e que só se consegue numa sociedade onde existe uma mentalidade enraizada e muito forte. O poder da fé é constante, sempre presente. No fim este livro é sobre mais do que uma viagem do Tibete até à Índia. É a própria aprendizagem de um homem a quem pediram para ser líder de um povo atacado, quando tinha idade para brincar, não para decidir.
Outro aspecto que me agradou foi a narrativa nunca ter “deixado” o Tibete, mesmo quando o Dalai Lama o fez, oferecendo assim uma imagem sobre quem ficou, a forma como um povo foi preso e massacrado num país fascinante e para o qual todos devêssemos olhar um pouco e captar o que nos pode ensinar.
Outro aspecto que me agradou foi a narrativa nunca ter “deixado” o Tibete, mesmo quando o Dalai Lama o fez, oferecendo assim uma imagem sobre quem ficou, a forma como um povo foi preso e massacrado num país fascinante e para o qual todos devêssemos olhar um pouco e captar o que nos pode ensinar.
Uma obra muito interessante para quem apreciar este género de livros, bem organizado, com um excelente contraste do Tibete de 1950 até ao actual, e muitas curiosidades interessantes (fiquei a saber que o primeiro explorador ocidental a chegar ao Tibete foi o Português António de Andrade). Um livro que se torna na viagem, na vida do Dalai Lama, nas suas aprendizagens e no porquê das suas decisões.
Devo dizer que o mundo é um lugar escuro e perigoso e que a desumanização do homem fez progressos terríveis. Do sítio onde me encontro testemunho o que tem de pior – nações de formigas guerreiras cegas em formação e o mundo da moralidade e da razão a ser lentamente reprimido.
Fiquei interessado. Parece-me um tema muito inteligente. obrigado pela divulgação. Excelente crítica.
ResponderEliminarNão seria à partida um livro que olhasse, mas a tua crítica deixou-me curioso. vou dar uma vista de olhos nos próximos dias e para já fica aqui na lista. Bom trabalho como sempre.
ResponderEliminarTambém é um tema que não me puxava muito mas a tua crítica prendeu-me. Obrigada!
ResponderEliminarNão conhecia. digo já que vou comprar, gostei mesmo muito da tua opinião e falas de certas coisas que aprecio bastante. continuas em grande!
ResponderEliminarCrítica muito apelativa. Sou uma grande apreciadora de histórias verídicas e fiquei interessada neste livro que ainda não vi à venda. vou procurá-lo.
ResponderEliminarGuida
Não conheço a história mas são temas que me interessam. Boa escolha e boa crítica.
ResponderEliminarNão conhecia o livro, mas vou dar uma vista de olhos. Fizeste bem em divulgar este livro. O tema é certamente educativo.
ResponderEliminarcuriosidade fixe ter sido um portugues. Estou a pensar dar este livro à minha mãe. Não conhecia nem nunca vi à venda. Vou procurar.
ResponderEliminarMais um em que me convenceste. Destrois-me a carteira. Irei comprá-lo assim que puder.
ResponderEliminarOis Luís,
ResponderEliminarDe facto és um terror para muitas carteiras LOL
Parece que estamos perante um livro muito interessante, pois estamos na presença quer de uma cultura quer de povos muito interessantes.
Considero o Tibete um pais muito misterioso e muito rico culturalmente, logo de certeza que só se fica a ganhar com a leitura deste livro.
Por acaso houve uma coleção publicada pelo Circulo de Leitores, sobre a vida difícil das várias mulheres em vários países e um dos que tenho para ler é sobre uma professora nesta região do mundo.
Mas parece-me que este livro até acaba por me fazer questionar o quanto poderá ser atual, pois com o crescimento que a China está a ter e pegando no exemplo dos EUA que invadem países como lhes apetece (isto é de acordo com os seus interesses LOL), poderá a China num futuro próximo começar a fazer o mesmo ? Eu penso que infelizmente sim, cada vez mais se estão a tornar mais fortes e com mais poder.
Mas esperemos que o Tibete tenha sido apenas um mau exemplo ;)
Abraço ;)
Olá Paulo.
EliminarÉ como tu dizes, o que ajuda este livro ainda a ser mais interessante é a cultura de um país misterioso como o Tibete.
E sim, esperemos que o Tibete tenha sido um mau exemplo, mas em parte também duvido.
Abraço!
Obrigado a todos pelos vossos comentários!
ResponderEliminarJá comprei. Adorei o que escreveste e não consegui evitar comprar o livro. Bela escolha certamente.
ResponderEliminarVou comprar! Gostei muito do teu texto.
ResponderEliminar