quinta-feira, 29 de junho de 2017

OS CONSPIRADORES


Autor: Vito Bruschini





Sinopse: Num cenário de intriga internacional, interesses ocultos e homens poderosos pretendem dominar o mundo a todo o custo.
14 de janeiro de 2013: o Bundesbank anuncia aos mercados financeiros a sua intenção de reaver para os cofres do Frankfurt 300 toneladas de lingotes de ouro conservados nas caves da Reserva Federal de Nova Iorque e 374 toneladas de lingotes depositados no Banco de França em Paris. Porquê esta imprevista decisão? Alguns meses depois, a Reserva Federal Americana congela os bens nas suas caixas-fortes, receando um evento que pode mudar a História da Humanidade...
Há vários anos que uma congregação ultra secreta, o Priorado, tenta expandir o seu domínio. Composto por antigos jesuítas, este grupo de poderosos quer assumir o controlo da nossa sociedade. Estão dispostos a tudo, inclusive a recorrer aos Protocolos dos Sábios de Sião, uns dos mais ameaçadores documentos da nossa História recente. Os membros infiltram-se nas organizações nevrálgicas do poder mundial e põem em marcha o seu plano.
A congregação pretende subjugar o Conselho dos Treze, a cúpula do Clube Bilderberg, o lóbi mais poderoso que governa na sombra a economia mundial. No ar paira a ameaça do colapso do dólar e até do euro. Será uma guerra financeira o método escolhido para alcançar o domínio do mundo?




Bruschini regressa com mais um livro que mistura ficção e realidade. Com um início de mistério baseado em factos reais, o autor inicia uma história ficcional que cativa bastante nas primeiras páginas, levando o leitor a criar várias perguntas e a querer ter respostas o mais rápido possível.

Com um ritmo sempre elevado e em crescendo, o autor leva-nos por teorias da conspiração e jogos de poder, interesses e ganância num mundo jogado nas sombras. As personagens são cativantes, sem nunca serem muito exploradas porque o ritmo também não o permite.

Apesar de as personagens não serem muito exploradas, os seus comportamentos são coerentes. É claro que o autor força vários momentos, não só em alguns diálogos mas principalmente em algumas coincidências, que nos levam a não ter as respostas nos momentos certos, aumentando assim as dúvidas do leitor e a sua vontade de ler. Neste aspeto o autor é bastante inteligente a dar respostas e a a criar novas perguntas nos momentos certos. Existe sempre uma nova dúvida e uma nova teoria que nos leva a continuar a ler enquanto tentamos perceber os verdadeiros objetivos de algumas personagens.

Bem sustentado em alguns fatos reais e encaminhando a nossa atenção para alguns pormenores que são a base da conspiração, o autor consegue criar um enredo empolgante e que, apesar de algo irreal, nos faz pensar sobre muitos interesses que fazem girar o mundo financeiro e militar. Se apreciam um thriller cheio de ação e conspirações, então esta será uma boa leitura de verão. Em nenhum momento inova a fórmula já usada por outros livros do género, mas é bastante viciante e com vários factos históricos que ajudam a manter interesse do início ao fim. Ideal para quem gosta de uma boa conspiração!

Luís Pinto


terça-feira, 27 de junho de 2017

1924 - O ANO QUE CRIOU HITLER


Autor: Peter Ross Range

Título original: 1924 - The year that made Hitler




Sinopse: O ano de 1924 marcou a vida de Adolf Hitler e o destino da Humanidade. Detido na sequência do putsch em Munique, um golpe falhado, e rodeado pelos seus coconspiradores, Hitler passa na prisão por um período intenso de leitura e escrita enquanto aguarda um julgamento por traição.
Nesse ano sedimenta as bases do que viria a ser a ideologia do Terceiro Reich, arquiteta a então aparentemente impossível subida ao poder e escreve Mein Kampf, o seu manifesto infame. Tudo o que a História presenciou depois - a violência, a ditadura, a guerra mais mortífera de sempre - encontrava-se cristalizado nesse ano paradigmático.
Até agora, tal período ficou por analisar com a devida profundidade. O jornalista Peter Ross Range fá-lo magistralmente, descrevendo os episódios do ano mais importante para perceber a mente de Hitler numa obra pioneira e de leitura empolgante: 1924 - O Ano que criou Hitler.
Após ter oferecido este livro aqui no blog em parceria com a Editorial Presença, decidi lê-lo pois retrata o "início" de um dos momentos mais importantes da nossa história e também o nascer de um dos homens mais influentes da nossa História? Quantas pessoas conseguiram, para o bem ou para o mal, influenciar o mundo como Hitler conseguiu? Após já ter lido vários livros sobre o confronto em si, achei particularmente interessante ler sobre o despertar de Hitler, os seus motivos, as suas ambições, e nada melhor do que ir ao início para se perceber todo o desenrolar seguinte.

Com uma ideia original e uma investigação muito bem conseguida, este livro foi uma lufada de ar fresco dentro do tema. O facto de o livro se focar nos motivos inicias e em todos os acontecimentos que ajudaram ao efeito dominó que conhecemos, é algo diferente de muitos outros livros que li sobre o tema.

Claro que ao ser um livro bastante focado em Hitler, não é um livro capaz de dar uma visão global de todo o conflito, mas nem é esse o objetivo, pois o livro foca-se no antes, explorando o porquê. Com uma estrutura bem montada o autor vai avançando sem deixar o leitor perdido, oferecendo detalhes preciosos nos momentos certos para compreendermos a transformação a cada página.

Não existe muito mais a dizer sobre este livro sem revelar certas situações. Foi uma leitura que gostei bastante e que aconselho a todos os que tenham interesse no tema. Irão, certamente, aprender bastante. Muito bom.

Luís Pinto

quarta-feira, 21 de junho de 2017

FORÇAS DO MERCADO


Autor: Richard Morgan

Título original: Market forces




Sinopse: Um clássico da ficção científica moderna sobre os perigos do capitalismo selvagem Richard Morgan convida-nos a mergulhar num futuro tão horrendo quão certo de estar já ao virar da esquina. Com o povo definitivamente afastado dos centros de decisão e as grandes corporações a controlar o mundo, a globalização é brutal e não há separação entre as salas de reunião e o sangue nas ruas. Chris Faulkner é um executivo em ascensão no negócio dos Investimentos em Conflitos, onde as decisões são tomadas com duelos até à morte.



Ricard Morgan é conhecido pelas suas histórias originais, bastante futuristas e com sociedades baseadas em conceitos que nos arrepiam. Aqui Morgan não foge à regra e cria um mundo baseado no extremo a que ganância, globalização e influências podem chegar. Tudo com o objetivo de se ter mais dinheiro. Agarrando este conceito, o autor explora o lado negro da sociedade e das corporações que a sustentam.

O livro começa com um ritmo morno e durante algum tempo não percebi para onde o autor me estava a tentar levar. A introdução do conceito é feita com calma e deixando algumas perguntas sem resposta. A partir de meio do livro nota-se que o autor começa a acelerar, e se por um lado o livro perde porque o mundo nunca é totalmente sustentado, por outro ganha na intensidade. Com isto existe sempre a sensação de que o autor poderia ter explicado melhor este mundo que criou, mas por outro lado tal levaria a que o livro se tornasse demasiado lento.

O enredo é inteligente, encaixando bastante bem no mundo criado pelo autor, mesmo existindo momentos em que sentimos um forçar de certos diálogos para quer certas perguntas não sejam feitas naquele momento para aumentar as dúvidas.

Com o ritmo a aumentar e as personagens a começarem a revelar-se, os motivos de cada personagem são um dos trunfos do livro, misturando objetivos pessoais e crítica social bastante forte. O resultado final é um livro que nas últimas páginas surpreende com vária revelações, mas que se tornam bastante coerentes com todas as pistas que o autor deixou durante todo o livro.

De forma global, o autor tem aqui uma história bem pensada e um mundo com uma ideia base muito bem conseguida. O facto de o livro ser bastante intenso retira espaço a algumas explicações que gostava de ter tido e devido à sua forte e direta crítica social, talvez não seja um livro para qualquer leitor. No entanto, gostei bastante desta leitura, principalmente pela sua originalidade e pela forma como explora a mente humana, as suas virtudes e defeitos. Uma leitura muito boa para quem gostar do género e do tipo de história.

 Luís Pinto

 

segunda-feira, 19 de junho de 2017

O DUPLO


Autor: Fiodor Dostoievski






Sinopse: «O desconhecido estava sentado à sua frente, também de sobretudo e chapéu, na sua cama, sorria ligeiramente, e, franzindo um pouco os olhos, acenou-lhe amigavelmente com a cabeça. O senhor Goliádkin queria gritar, mas não pôde — protestar de alguma maneira, mas não lhe chegavam as forças. Tinha os cabelos em pé e sentou-se no seu lugar, insensível de horror. E de resto havia razão para isso. O senhor Goliádkin reconheceu completamente o seu amigo noturno. O seu amigo noturno não era outro senão ele próprio — o próprio senhor Goliádkin, outro senhor Goliádkin, mas exatamente como ele — numa palavra, aquilo a que se chama o seu duplo em todos os aspetos…»



Este é um dos mais famosos livros de Dostoievski e também um dos mais fáceis de ler, principalmente por ser mais pequeno do que a maioria dos grandes livros do autor. O Duplo é um livro original, estranho em alguns momentos, e que é mais do que uma história que acaba por nem ser o grande foco do livro. 

O grande foco da narrativa é a sua mensagem e a sua crítica. Ao explorar a relação entre dois homens iguais, a busca de um pelo outro, entre outros acontecimentos, o autor explora a fragilidade humana como poucos, principalmente pela enorme crítica social que faz ao aprofundar os nossos receios sobre como as pessoas olham para nós ou de como queremos ser vistos. O quanto o orgulho ou vergonha nos moldam, o quanto a sociedade nos transforma em pessoas diferentes e como temos de nos adaptar ao que nos rodeia.

Com uma escrita forte e direta, o autor explora ainda a forma como nos vemos a nós próprios, sempre com um olhar atento ao que a sociedade aceita ou não. O enredo desenrola-se de forma peculiar mas sempre com várias questões a serem levantadas mesmo que de forma indireta, levando a que o leitor se veja obrigado a questionar muito do que vai lendo, tirando as suas próprias conclusões.

Não existe muito mais que possa falar sobre este grande clássico sem revelar alguns momentos da história. O que temos aqui é a fase inicial de um dos melhores escritores de sempre. Um livro de grande qualidade que poderá não agradar a todos os leitores, mas que apresenta uma qualidade inegável e que será apreciado de forma diferente, dependendo da nossa idade e experiências reais. Um pequeno grande livro.

Luís Pinto

sexta-feira, 16 de junho de 2017

A RAINHA SUBJUGADA


Autor: Philippa Gregory





Sinopse: Intriga, ambição, poder, amor e história, com uma pesquisa rigorosa e contada de forma soberba sobre Catarina Parr.
A última e sexta mulher sobrevivente de Henrique VIII. Uma mulher forte, intelectual, culta e de uma beleza cativadora. 






Poucos, ou talvez nenhum autor no mundo, conseguem ter tanto sucesso no género de romances históricos quanto Philippa Gregory. Quase sempre focados em personagens principais femininas, a autor volta aqui a explorar de forma convincente as mentes de homens e mulheres na era dos Tudors, com grande destaque, uma vez mais, para Henrique VIII.

Numa narrativa de ritmo equilibrado, a autora aprofunda os temas do costume: religião, crenças, construções sociais e enredos políticos, onde uns jogam por poder, outros pela sobrevivência, e quase todos por um pouco mais de influência. Tudo isto misturado em bons diálogos que muitas vees querem dizer mais do que foi dito.

Cheio de intriga, como sempre, estamos perante uma personagem principal que me surpreendeu em alguns momentos, principalmente na forma como lidou com vários personagens e os encaminhou pelo seu plano, criando ligações que seria necessários no futuro do país e também da sua própria sobrevivência. A autora explora a mente desta jovem e facilmente sentimos simpatia pela sua situação numa época em que as mulheres muito pouco peso e influência conseguiam exercer nos jogos políticos ou religiosos.

Tal como nos habitou, Gregory oferece mais um bom trabalho de investigação, não só de personagens, mas também na forma como mistura ficção e realidade e nos descreve os cenários e ambientes que facilmente nos ajudam a viajar até esta época.

Quem goste desta autora tem aqui mais um bom livro. Não está entre os melhores de Philippa Gregory, mas tem a qualidade que a autora nos costuma oferecer. Se gostam da autora ou do género, será certamente uma boa leitura, principalmente para o público feminino.

Luís Pinto

quarta-feira, 14 de junho de 2017

OS SEGREDOS DO CLUBE BILDERBERG


Autor: Vito Bruschini




Sinopse: Os segredos do Clube Bilderberg é um thriller fascinante, baseado em factos reais, sobre um grupo secreto responsável por guerras, pela ruína de vários países e pela fome de inúmeras populações. Tão perigosamente verosímil que factos e ficção se confundem nesta intriga sobre os poderosos que mandam no nosso mundo.
O Clube Bilderberg é constituído por cerca de 130 membros que há 60 anos mexem os cordelinhos da política e da economia mundial: são proprietários de bancos, de multinacionais, primeiros-ministros, chefes de Estado e editores dos principais jornais. Nas últimas décadas, o grupo manipulou várias nações para se apoderar do seu petróleo, vendeu armamento a países em guerra e revolucionou a agricultura, levando à fome muitos países em vias de desenvolvimento.
Que mais poderá acontecer às mãos deste grupo secreto?



Sendo este um autor famoso pelos seus thrillers intensos e com um bom ritmo, esta leitura foi exatamente o que esperava. O tema Bilderberg é sempre uma boa fonte de especulações e e teorias da conspiração, pois junta dois fatores muito importantes: um grupo com grande secretismo e populado por homens de grande poder e influência.

Apesar de muitos estar documentado, exite sempre espaço para fazer certas ligações que acabam por ser a base deste livro. Agarrando muitas das teorias já exploradas sobre este grupo, o autor cria um thriller intenso enquanto mistura realidade e ficção. A trama é inteligente, principalmente na forma como nos é dada, com as revelações nos momentos certos para que o leitor continue a ler sem parar, principalmente pela forma como aborda as atuais guerras económicas que são capazes de vergar nações inteiras.

O enredo está bem pensado, apesar de em alguns momentos ser demasiado forçado, levando a que não sejam feitas as perguntas certas nos momentos certos, e com isso a dúvida prolonga-se, juntamente com a vontade de ler. Claro que os diálogos são quase todos feitos para esse propósito, por vezes não sendo totalmente coerentes, mas sempre preparados para nos levar a ler mais uma página.

A forma como acaba está bem pensada e é consistente com tudo o que o livro nos foi dando. O resultado final é um livro que se lê bastante rápido, principalmente se gostarem do género. Em nenhum momento é uma obra prima, mas a cada página está feito para nos agarrar, entreter e levar-nos a duvidar e questionar o tudo o que este grupo de pessoas poderá ter decidido e originado nos últimos anos. Se este tema e este género são o que apreciam, então está aqui uma interessante leitura de verão que podia ter sido mais, mas que consegue entreter bastante bem.

Luís Pinto