Título original: Il nome della rosa
Indiscutivelmente a obra mais famosa deste autor, O Nome da Rosa é um livro lento mas viciante, conseguindo ser inteligente, acusador e forte. Com relativa facilidade, o autor consegue-nos dar uma imagem muito completa da Europa do séc IX, principalmente sobre política, religião e filosofia, ajudando o leitor a nunca estar deslocado e a uma melhor compreensão da mentalidade das personagens.
Numa Abadia italiana, o irmão Guilherme (William) desenvolve a investigação da morte de um monge, que se tornará apenas no primeiro de muitos crimes. Este personagem principal é o grande trunfo deste livro, com uma mente perspicaz que leva o leitor a pensar. A sua forma de pensar e actuar, muito ao estilo Sherlock, tornam este livro muito interessante e o leitor cria uma ligação, querendo desvendar o crime e preocupando-se com a personagem.
A narrativa é excelente, com um bom equilíbrio entre momentos de ritmos altos e baixos, que nunca me levaram a ter de fazer um esforço para continuar. A vontade esteve sempre presente, principalmente pelo muito que nos ensina. Apenas posso dizer que a investigação de Eco para este livro foi de altíssima qualidade!
A história é muito boa, prende, com pistas dadas desde o início que o leitor não consegue captar, e o ambiente criado está perfeito. É fácil imaginar a Abadia, os olhares, os medos, a intriga, e a necessidade para muitos, que a explicação seja sobrenatural.
Existem certos momentos em que o livro exige alguma ginástica mental, para se perceber todos os pontos e personagens da história, pois a verdade é que Eco expande bastante o universo do livro com várias "lições" sobre a Europa. Aos poucos a investigação desenvolve-se e as questões levantam-se, desde a injustiça, desigualdade, até preconceitos. Independentemente do século, a loucura humana, o bem-estar pessoal e a indiferença, estarão sempre presente como rampa de lançamento para se cometerem as maiores atrocidades. E por fim reparamos que uma das maiores questões do livro é se a Igreja se deve manter rica ou pobre...
Este livro será dentro de alguns anos, se ainda não o for, um clássico. Pelo que ensina, mas principalmente porque será sempre actual, graças às questões que levanta sobre a Igreja e principalmente sobre o Homem: sendo a riqueza, a injustiça e a ambição dos temas mais vincados. somos humanos... quando é que uma história que menciona desigualdades sociais e manipulação de massas não será actual?
Seguramente um dos melhores livros dentro do género. Não esperem uma investigação com um ritmo alucinante, não, O Nome da Rosa é um livro grande e por vezes lento, mas que cativa de forma muito especial.