Autor: F. Jorge Leitão
Sinopse: Jorge e Lídia são aquilo a que se pode chamar um casal perfeito. Conheceram-se durante uma visita à EXPO 98, em Lisboa. Contavam com 20 anos de idade. Se o amor à primeira vista existe de facto, o que aconteceu a estes dois jovens foi, sem dúvida, um desses casos.
Paulo e Paula conheceram-se no interior de uma sala de cinema de um grande Centro Comercial da capital. Coincidentemente, ou talvez não, esse encontro aconteceu no dia de São Valentim. Paula deixou-se sucumbir ao cansaço e adormeceu no decorrer da sessão cinematográfica. Paulo acordou-a. Foi o melhor despertar que Paula tivera até aí.
Jorge, Lídia, Paulo e Paula desenvolvem, entre si, fortes cumplicidades e uma amizade exemplar, apenas abalada pela dramática impossibilidade física de Paula ter filhos. Lídia, sendo a melhor amiga de Paula, oferece-se, com toda a convicção, para ser sua barriga de aluguer, facto que acaba por ter consequências imprevisíveis na vida dos dois casais.
Lídia - ainda grávida do filho de Paula - e Jorge decidem ir passar, com as suas duas filhas, um sábado de sol radiante a uma praia na zona de Pedrógão Grande. O único problema é que, infelizmente, esse sábado calhou no dia 17.06.2017.
Este livro despertou-me a atenção pelo seu título. Alguma coisa fez-me ler a sinopse e fiquei curioso, talvez por ser uma história no nosso país, talvez por ter como fundo um dia tão marcante na nossa História recente.
O autor utiliza uma escrita simples com bons momentos em que descreve os cenários e as personagens. Este é um livro que se foca na parte psicológica de cada personagem, sendo um livro mais sentimental do que visual. O seu trunfo são as personagens, talvez por serem simples, mas também complexas, sendo assim realistas e com as quais facilmente identificamos alguém que conhecemos.
A história desenvolve-se facilmente, a bom ritmo, sem que o autor se perca em detalhes que pouco possam oferecer. Os diálogos são interessantes apesar de existirem alguns momentos em que parecem mais forçados, levando o leitor a questionar pouco e a ir em direção ao dia negro da nossa História. Contudo, é um livro que se lê facilmente, mas sempre com a sensação de que algo nos incomoda, simplesmente porque sabemos que a história se desenvolve para aquele dia, para uma meta onde reside a tragédia.
Li este livro rapidamente, talvez pela ligação entre as personagens, talvez pela história que tem tanto de simples como de intrincada. Apesar de alguns momentos serem mais óbvios, este é um livro que se liga facilmente com o leitor. Globalmente, o grande trunfo está no facto de que desde o início sabemos que algo irá correr mal, e com isso a nossa vontade de ler aumenta. O resultado é uma leitura acelerada e por vezes preocupada do leitor. O livro está bem pensado e bem montado mas mesmo não sendo uma obra prima, consegue ter um realismo em vários momentos que me agradou. E por vezes a ligação é mais importante do que o resto, e neste caso senti essa ligação, porque estes personagens poderiam ser reais, poderiam ser qualquer um de nós.
Luís Pinto