Autor: Ann Kramer
Sinopse: Como Marthe Richer disse sobre as suas atividades de espionagem durante a Primeira Guerra Mundial, «a qualquer momento pode-se ser preso e ir ao encontro da morte». Apesar do perigo, foram muitas as mulheres que trabalharam como espias durante as duas guerras mundiais. Algumas sobreviveram, mas foram mais as que não regressaram a casa.
De Mata Hari a Odette Sansom, raramente as mulheres que se dispuseram a espiar para os seus países receberam o devido reconhecimento. Com frequência banalizadas em livros e filmes, estereotipadas como femmes fatales ou ingénuas, a verdade é bem diferente. Trabalhando sob identidades falsas como correios ou operadoras de rádio, o seu contributo foi inegável. Oriundas de todos os estratos da sociedade, muitas exibiram qualidades inesperadas.
Uma vez mais regresso a um tema que aprecio bastante: espionagem, guerras, jogos de bastidores. Este livro oferece um estudo muito bem conseguido sobre o trabalho de algumas mulheres em tempos de guerra, o que fizeram, que impacto tiveram, como o fizeram, quais os seus motivos, etc...
Muitas vezes o papel das mulheres nas guerras de antigamente fica na sombra, esquecido de um ponto de vista macro, mas este livro dá a atenção devida a mulheres que realmente tiveram feitos notáveis, e que ainda hoje continuam desconhecidas. Confesso que muitas das mulheres aqui aprofundadas, eu não conhecia, mesmo já tendo lido muitos livros de guerra e espionagem, e graças a isso este livro foi bastante viciante. Foi fácil entrar nestas páginas e querer saber mais, querer saber o outro lado da moeda que muitas vezes não é contada.
O livro está bem estruturado, criando grande impacto no leitor pela forma como nos vai dando a informação, sempre com bastante contexto para não nos perdermos. Este é um factor muito importante, pois o leitor não terá de conhecer todo o contexto dos vários momentos históricos para perceber o que está a ler. A autora oferece esse contexto, explica-o, dando à narrativa o essencial para percebermos o impacto de certas ações e quais as dificuldades inerentes. Com isso o livro torna-se mais consistente e o leitor continua a ler, à procura de novos factos.
Apesar de tudo, não é um livro tendencioso. Pelo menos não me pareceu. A autora não tenta elevar estas mulheres a um nível irrealista, mas sim explorar o que fizeram, quer tenha sido bom ou mau. Esta noção é importante, porque não apenas de atos bondosos este livro se alimenta, tal como se espera de um livro que retrata atos em tempos de guerra. O resultado final é um livro que me agarrou com facilidade, pois queria saber mais sobre estas mulheres, perceber bem as suas ações e motivações em vários momentos distintos da nossa História. Se a sinopse vos agradou e gostam destes temas, então é um livro a ter em casa e que facilmente vos irá agarrar até ao fim.
Luís Pinto