Autor: Marcello Simoni
Título original: Il mercante di libri maledetti
Sinopse: O domínio da Igreja na Europa medieval. A luta pelo conhecimento e a defesa dos dogmas de fé. Uma história de religião, batalhas e alianças. Agosto de 1346. França e Inglaterra estão em guerra. No final da batalha de Grécy, o rei da Boémia, já moribundo, entrega a um cavaleiro francês, Maynard de Rocheblanche, um pergaminho com um misterioso enigma. Este obscuro texto faz referência a uma relíquia preciosa, o Lapis exilii. São muitos os que procuram apoderar-se dele, nomeadamente o ambicioso cardeal de Avinhão e o príncipe Karel do Luxemburgo, ansioso por se fazer imperador. Este é o primeiro livro da trilogia da Abadia.
O primeiro livro que leio deste autor, e o primeiro desta saga, foi uma agradável surpresa em alguns aspetos. Apesar de ser um livro de altos e baixos, o ritmo elevado e o suspense agarram o leitor com facilidade. A ação é constante e as revelações levam a que a leitura tenha sempre como objetivo saber um pouco mais sobre a conspiração. A isso alia-se um interessante trabalho do autor na investigação histórica e na forma como vai inserindo na narrativa o conhecimento necessário para que a leitura não pareça vazia ou deslocada da era inserida.
Destaque também para alguns personagens interessantes. Não são muitos, pois o livro acaba por se focar num grupo restrito, mas tive algumas surpresas que gostei, e que acabaram por contrastar com outras personagens mais óbvias e que não conseguiram ter o peso que esperava.
Com alguns diálogos bem conseguidos, o autor está quase sempre bem focado nos objetivos principais, mas nota-se que em alguns momentos a narrativa perde algum fulgor por dispersar as atenções durante algumas páginas que poderiam ser mais objetivas. Existem alguns momentos forçados mas na grande maioria do livro o leitor segue facilmente por uma leitura contagiante.
Gostei bastante do tema, das descrições dos locais e da forma como o autor misturou realidade e ficção. O problema é faltar algo que o torne único e surpreendente. Este primeiro livro, e que se percebe ser uma introdução a uma trilogia, sofre por não ter um final que responda a todas as perguntas. Não é um livro fantástico, mas deixou-me com muita curiosidade para ler o resto da história. Se querem um thriller história, esta é uma opção a ter em conta.
Luís Pinto