Autor: Glen Cook
Sinopse: Durante incontáveis gerações, a Companhia Negra, a mais famosa e temida irmandade de mercenários, serviu grandes senhores. Mas os dias de glória há muito que ficaram para trás. A trabalhar para o governador de uma ilha insignificante, estes veteranos limitam-se a fazer aquilo para que são pagos, enterrando com os seus mortos o desencanto que os atormenta.
Entretanto, depois de séculos de enclausuramento, a Senhora ressurgiu. Alguns acreditam que ela é a única que mantém o mundo a salvo de um mal maior. Outros, temem que ela seja a encarnação desse mesmo mal.
Quando surge a profecia de que, algures, nasceu uma jovem que irá livrar o mundo da Senhora e dos seus exércitos impiedosos, a Companhia Negra terá de escolher um lado.
Entretanto, depois de séculos de enclausuramento, a Senhora ressurgiu. Alguns acreditam que ela é a única que mantém o mundo a salvo de um mal maior. Outros, temem que ela seja a encarnação desse mesmo mal.
Quando surge a profecia de que, algures, nasceu uma jovem que irá livrar o mundo da Senhora e dos seus exércitos impiedosos, a Companhia Negra terá de escolher um lado.
E assim começa uma das sagas de fantasia mais originais e disruptivas de sempre.
Confesso que após ter lido tantos livros de fantasia, por vezes procuro algo ligeiramente diferente dentro do género. Glen Cook com este primeiro livro oferece essa visão e abordagem original que faz realmente a diferença.
Um dos aspetos mais original desta narrativa está no simples facto de que não sabemos se algumas personagens estão do "lado dos bons" ou do "lado dos maus". E esta sensação está presente não só no leitor ao analisar as personagens, mas também nas próprias personagens que não sabem de que lado estão. E assim passamos várias páginas a questionar se estamos certos ou errados em relação a algo ou a alguém. Claro que para se criar tal ambiente, o autor utiliza uma montagem muito boa da sua narrativa, não só na sequência de acontecimentos mas também na forma como estrutura os seus diálogos. torna-se fácil perceber a qualidade deste livro logo nas primeiras páginas porque o autor oferece um enredo complexo, mas consegue torná-lo mais simples do que realmente é, e assim não nos sentimos perdidos.
Olhando para o mundo, este tem vários pontos original e outros onde se nota a influência de outros grandes mestre da literatura fantástica, mas uma coisa é certa, a forma como o autor cria as ligações entre as várias sociedades e personagens neste livro faz a diferença, com váriis conceitos originais que levarão a momentos de grande peso moral, com certas decisões a serem tomadas e a chocarem o leitor. Gostei da sociedade, gostei da política, das crenças, das religiões, dos traumas presentes neste mundo e na forma como certas personagens sobrevivem nele.
Outro grande trunfo está no realismo visual em certos momentos. A escrita é forte, crua, direta à nossa mente e aos nossos sentimentos. Por vezes é um murro no estômago! Este não é um livro para qualquer leitor. A violência está presente em cada página, o realismo visual é forte, tudo nestas personagens parece cinzento e é difícil aceitarmos a maioria das decisões que estas irão tomar para sobreviver. é, por tudo isto e muito mais, um livro bastante adulto onde a fantasia quase que é relegada para segundo plano, pois o foco são as decisões de cada personagem. todas tentam sobreviver, todas têm tanto de bom como de mau, e é esse realismo, essa necessidade de sobrevivência que torna este livro tão bom.
Pelo meio, várias questões ficam por responder, e por isso vou passar já para o segundo livro. uma coisa é certa, este é daqueles livro que se adora ou que custa a ler, mas a qualidade é inegável. Venha o próximo!
Luís Pinto