quarta-feira, 26 de setembro de 2018

UM ESTRANHO NUMA TERRA ESTRANHA - Vol.2


Autor: Robert A. Heinlein

Título original: A strange in a strange land




Sinopse: Valentine Michael Smith encontra na Terra uma realidade muito diferente da que experienciou em Marte. As crenças e os rituais sagrados que aprendeu em Marte em nada se assemelham aos que encontra na Terra. A própria existência de Valentine torna-o alvo de uma intriga política.
Neste 2.º volume de Um Estranho numa Terra Estranha, Robert A. Heinlein continua a apresentar-nos a história de Valentine e do seu processo de integração numa cultura marcada pela anarquia, partilha, amor livre e vida comunitária. Este clássico da ficção científica ainda hoje nos leva a questionar as nossas aspirações mais profundas e continua a despertar sentimentos fortes – por vezes contraditórios – nos leitores.


Neste segundo volume continuamos a história de Valentine. Sendo este o segundo e último livro, o enredo começa num bom ritmo, muito graças ao facto de as personagens já estarem devidamente exploradas, cabendo agora à narrativa desenvolver-se e aprofundar alguns detalhes no mundo que fazem a diferença em todo o enredo.

Valentine é, à sua maneira, um personagem fascinante, incrivelmente bem criado, levando-nos a explorar pontos de vista únicos e que encaixam bastante bem neste mundo criado. A originalidade de alguns momentos é realmente a grande diferença entre este livros e outros, porque nenhum outro explorou de forma tão simples e cortante alguns dos temas aqui aprofundados.

Com uma escrita simples mas direta, o autor leva o leitor a entrar numa montanha russa de momentos marcantes, decisões complicadas e questões que aprofundam a própria natureza humana, a forma como as sociedades estão estruturadas e os condicionalismos que fomos criando nas nossas sociedades, quer a nível pessoal, social, político ou religioso. E é nesta poderosa mistura que o livro se torna na obra prima que é, porque nos leva a questionar tudo, até a forma como olhamos para nós enquanto espécie dominante num planeta e enquanto comunidade. Que caminho estamos a seguir? O que poderia ser diferente? Até que ponto o caminho que percorremos está perto ou longe de ser o ideal?

E é assim, num bom ritmo e com uma poderosa crítica política e social que o autor nos agarra, nos faz pensar de forma vertiginosa, como se sentíssemos as suas palavras mesmo na nossa cabeça, prontas para plantar uma ideia, uma questão, e a partir daí começamos a pensar. É, no fim de tudo, um obra de ficção, mas que se torna aterradora pela forma crua como se aproxima da realidade e a explora indiretamente.

Sendo um livro claramente superior à grande maioria que explora estes temas, o que temos aqui é uma obra prima que durante anos foi aplaudido pela sua originalidade e capaz de levar o leitor a pensar. Tudo o resto que aqui não mencionei, como outras personagens, diálogos, ou até o final, são também de grande qualidade, mas o que o torna único é a sua visão singular do que somos enquanto espécie. Um livro intemporal que é muito mais do que um livro de ficção científica. É um livro para qualquer leitor.

Luís Pinto



terça-feira, 25 de setembro de 2018

Passatempo: Devolo dLAN 550+ - Vencedores!


PASSATEMPO

Devolo dLAN 550+ Starter Kit

Vencedores!



Chegou ao fim mais um passatempo em parceria com a Devolo a quem, uma vez mais, agradeço a disponibilidade para fazermos este passatempo com dois prémios!


Agradeço ainda a todos os que participaram. Este foi um dos passatempos mais participados de sempre aqui no canal! Obrigado a todos!


E não se esqueçam que existem vários passatempos ativos neste momento!

Participem e boa sorte!


E os vencedores são:

Édi Fernandes

Guilherme M. Gouveia


Parabéns aos vencedores!




segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Passatempo: Marvel's Spider-man


PASSATEMPO

Marvel's Spider-Man



Os passatempos continuam, uns atrás dos outros, e, uma vez mais, em parceria com a PlayStation Portugal, terei para oferecer o grande jogo do momento e um dos jogos do ano: o novo Spider-Man

Em primeiro lugar, como sempre, tenho de agradecer à PlayStation Portugal por me dar esta oportunidade.

A todos os que participarem, o meu muito obrigado, e boa sorte!


Regras do passatempo:

O passatempo ternima dia 7 de outubro

Apenas é permitida uma participação por fã/subscritor

Para se habilitarem a ganhar, basta serem fãs do Tek Test no Facebook (link aqui) e no canal no Youtube (link aqui), preencherem o formulário com os vossos dados, responderem à pergunta e indicarem 3 amigos no post do passatempo! (Link aqui)
Pergunta: Qual a nota dada ao Spider-man na análise do Tek Test? (Link aqui)



Se partilharem o passatempo, a vossa participação conta a dobrar!!!


Nota: O jogo oferecido é em código para a PSN.



quinta-feira, 20 de setembro de 2018

ISTO VAI DOER


Autor: Adam Kay

Título original: This Is Going to Hurt




Sinopse: Isto Vai Doer é um relato emocionante, cómico, e assustador de quem esteve na linha da frente no Serviço Nacional de Saúde britânico, numa profissão na qual as horas semanais de trabalho podem chegar a noventa e sete, em que diariamente é necessário tomar decisões de vida ou morte e a vida pessoal é relegada para segundo plano, não existindo tempo para os amigos e para relações duradouras.
Esta é a história pessoal de Adam Kay, que utilizou o seu extraordinário sentido de humor para contar a sua experiência enquanto médico interno no Serviço Nacional de Saúde britânico. Em 2010, após seis anos de formação e outros seis como médico, abdicou da profissão por sentir que as condições impostas pelo sistema eram extremas e irracionais, nomeadamente remuneração mal ajustada em relação ao nível de responsabilidade exigido, que tiveram um forte impacto na sua vida profissional e pessoal.



Este tem sido um dos livros mais falados dos últimos tempos e depois de se ler, percebe-se porquê. Existem dois fatores que rapidamente saltam à vista e que tornam o livro num bestseller. Em primeiro lugar o facto de tudo parecer muito realista e de ser um mundo que não se conhece em detalhe e, em segundo, por se tratar de um livro muito divertido e inteligente.

Olhando para estes dois ponto, começamos pelo mais simples: o humor. Com uma escrita interessante, bem estruturada e bastante cómica quando é preciso, o autor consegue aliviar bastante a tensão que os momentos narrados impõem ao leitor. Basicamente esta é uma narrativa sobre um homem que todos os dias teve de lidar com situações limite, decisões complicadas e ainda a frustração de não lhe ser dado os meios com os quais o seu trabalho teria mais frutos. Claro que muitas profissões sofrem do mesmo, mas o facto de aqui estarmos a falar de saúde e, no limite, da diferença entre estar vivo ou morto, então o livro causa um grande impacto a quem está a ler, sentindo-se frustração, admiração, tensão, etc... é por tudo isto que o sentido de humor do autor é tão refrescante, porque consegue fazer-nos rir num livro que deveria ser claramente tenso e alarmante mas que no final acaba por ser mais divertido do tenso.

O primeiro ponto, o facto de ser realista que mencionei antes, está totalmente ligado ao ponto acima. Este é um livro de histórias reais e o leitor sente o peso por saber que está a ler algo realista. São vários os momentos em que criamos uma ligação emocional com o personagem principal porque enfrentamos esta narrativa como algo real. Perante tal noção, quer direta ou indiretamente, o enredo acaba por ter um peso maior, levando a maior emoção, quer seja de revolta, alegria ou tristeza. 

O livro, que está bem montado para que o leitor não consiga parar de ler, oferece uma imagem interessante sobre a profissão do autor, por vezes quase angustiante, não só pela forma como o autor tem de lidar com alguns momentos mas também pela força de alguns momentos e também pela injustiça que iremos presenciar. 

Com toda esta narrativa torna-se fácil perceber o enorme impacto que esta profissão teve no autor, quer em termos psicológicos, mas também na vida profissional e pessoal. Mas, é refrescante ver este sentido de humor. Talvez seja assim que tudo deve ser enfrentado, com humor, com um sorriso. E este livro oferece isso mesmo, um sorriso.

Luís Pinto

terça-feira, 18 de setembro de 2018

30 dias, 30 passatempos - Vencedores!


30 DIAS, 30 PASSATEMPOS

VENCEDORES!

Chegou ao fim mais uma grande iniciativa de passatempos. Foram 30 passatempos durante todo o mês de agosto e agora temos aqui a lista de vencedores!

A todos os que tornaram possíveis todos estes prémios, o meu muito obrigado!

Também o meu muito obrigado a todos os que participaram, partilharam e ajudaram a que esta iniciativa fosse um grande sucesso! Espero ter a oportunidade de oferecer cada vez mais prémios!

E agora, aqui está os vencedores!

Parabéns!


Dia 1 - God of war (PS4) - Gustavo Freitas
Dia 2 - A arte subtil de saber dizer que se foda - Carolina L. Amaral
Dia 3 - Quinta estação - Bruno Almeida
Dia 4 - Shadow of the colossus - Raquel F. Gouveia
Dia 5 - Fortaleza impossível - Pedro Miguel Tavares de Oliveira
Dia 6 - Mindhunter - Francisco Saraiva
Dia 7 - Star Wars: Os Últimos Jedi - João Lopes Soares
Dia 8 - Faraó - Lúcia Brandão
Dia 9 - Receitas saudáveis Jamie Oliver - Pedro T. Faria
Dia 10 - Elegias de Duíno e os sonetos a Orfeu - Arnaldo António Teixeira de Oliveira Santos
Dia 11 - Drabon Ball FighterZ - Catarina Ribeiro Silva
Dia 12 - O poder - Diana Neto
Dia 13 - Skyrim Special edition - Ana C. S. Lima
Dia 14 - Eu sou Eric Zimmerman - Sérgio Teixeira
Dia 15 - Entre as Estrelas - Ricardo Miguel Pereira Meneses
Dia 16 -  A terra de Naumãn - Maria Fátima Lopes Valente
Dia 17 - Mentes Poderosas - Patricia Vidal Pinto
Dia 18 -  Razer Naga Epic Chroma - Filipa F. Costa
Dia 19 - Razer Raiju - André G. Pereira
Dia 20 - Detroit: became Human - Bruno Gonçalves Trindade
Dia 21 -  As janelas do céu - João Manuel Ribeiro Ventura
Dia 22 -  Odisseias pack Adrenalina Top - Teresa D. Carmo
Dia 23 - Mindfullness - Tiago D. Dias
Dia 24 -  Comando Xbox One - Joana Silva Santos
Dia 25 - Lego The Incredibles / Astérix - Gaspar C. Andrade
Dia 26 - A mulher à janela - Ana Fonseca Costa
Dia 27 - F1 2018 - Marco L. Tavares
Dia 28 - Sonic Mania - Ana Rita Martins 
Dia 29 - Game of Thrones: temporada 7 - Paulo Rogério Sousa
Dia 30 - Friends: Série completa - Rui F. L. Campos


Nos próximos dias cada vencedor será contactado por e-mail para indicar a morada onde irá receber o seu prémio!

Aos que não ganharam, muito obrigado por participarem e estejam atentos, porque já há mais passatempos ativos no blog. Até ao fim do ano serão muitos os livros e jogos a serem oferecidos!




segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Passatempo - PES 2019




PASSATEMPO

PES 2019



E como não podia deixar o verão acabar sem oferecer um PES 2019, aqui está ele!

Em parceria com a Ecoplay, vamos oferecer um código PS4 do novo PES 2019!

A todos os que participarem e me ajudarem a que esta iniciativa seja um sucesso, o meu muito obrigado!



Regras:

O passatempo termina dia 30 de setembro

Apenas é permitida uma participação por pessoa

Para se habilitarem a ganhar, basta serem fãs do Tek Test no Facebook (link aqui) e no canal no Youtube (link aqui), preencherem o formulário com os vossos dados e responderem à pergunta.

Pergunta: Qual a nota dada ao PES 2019 na análise do Tek Test? (Link aqui)

Se partilharem o passatempo, a vossa participação conta a dobrar.


Nota: O PES 2019 oferecido é em código para a PSN







Passatempo - Devolo dLAN 550+ WiFi Starter Pack


PASSATEMPO

Devolo dLAN 550+ WiFi Starter Pack


Os passatempos têm de continuar e em parceria com a devolo, temos para oferecer DOIS Devolo dLAN 550+ WiFi Starter Pack!!!

Se precisam de melhorar a vossa rede WiFi doméstica, então aproveitem este passatempo!

Para se habilitarem a ganhar, basta serem fãs do Tek Test no Facebook (link aqui) e no canal no Youtube (link aqui), preencherem o formulário com os vossos dados e responderem à pergunta.

Pergunta: Qual a nota dada a este produto na análise do Tek Test? (Link aqui)

O passatempo termina dia 23 de setembro

A todos, boa sorte!


Novamente, agradeço imenso à devolo pela oportunidade de oferecer dois packs deste produto. E se ficaram curiosos, vejam a análise no canal!







quinta-feira, 13 de setembro de 2018

CAPITALISMO, SOCIALISMO E DEMOCRACIA


Autor: Joseph Schumpeter



Sinopse: Pela mão de um dos grandes economistas de todos os tempos, uma análise económica e de teoria social sobre diferentes modos de organização da sociedade (em termos económicos, políticos e sociais). O texto é, ainda hoje, uma das maiores obras de teoria social. A afirmação de que o capitalismo comporta em si a sua queda, se for meramente especulativo e não tiver uma dimensão social, e a rejeição do modo socialista de organização de produção - centralista e estatista, é uma das razões da perenidade e de interesse da obra.






Para aqueles que não sabem, Schumpeter é considerado como um dos melhores economistas que já existiu, e esta é, provavelmente, a sua maior obra. Num livro denso e que nos ensina algo a cada página nova, este é um livro profundo, quase académico, sobre estes três conceitos que são o Capitalismo, o Socialismo e a Democracia.

Depois desta introdução não existe muito que possa dizer sobre este livro, porque na realidade este livro deve ser lido, estudado, relido, questionado e, provavelmente, relido outra vez. O que o autor faz aqui é um brutal e incrível estudo sobre estes conceitos, como estão ligados, como podem sobreviver entre eles, coexistindo, com pontos fortes e pontos fracos, tudo ligado a um profundo estudo psicológico e social das massas.

Para tal, o autor observa factos e explora especulações. Contudo, o interessante está em ver, sem qualquer dúvidas, que este livro, já com largas décadas de existência, acertou em quase tudo o que previu. E é por isso que deve ser lido, porque não se limita a ser um livro técnico, mas sim um livro que observa, que antevê, que junta várias ciências como a tecnologia, psicologia, economia, sociologia, mistura tudo de forma coerente, e por vezes surpreendente, e ensina-nos coisas que de repente nos atropelam por serem tão lógicas.

Não é, claramente, um livro leve. Não é um livro para quem tenha apenas um interesse momentâneo. É um livro para aqueles que querem dominar este assunto, que querem começar do zero e perceber poderosos conceitos de economia, sociologia e política. É um livro denso, que explica desde o início, dando a oportunidade a qualquer leitor, com qualquer nível de conhecimento inicial, a explorar estas páginas e a aprender bastante sobre o tema. Para lá disto, não há muito mais que possa dizer que não seja que este é um livro muito inteligente, bem estruturado, coerente e que no fim nos ensina muito. Se o tema vos interessa então este livro, considerado como um dos melhores de sempre na sua área, é totalmente obrigatório.

Luís Pinto


quarta-feira, 12 de setembro de 2018

CHARLATÃES


Autor: Robin Cook




Sinopse: Célebre pelos seus avanços na medicina, o hospital universitário de Boston tem diversas «salas de operações híbridas do futuro». Os tratamentos são mais bem-sucedidos e os riscos muito reduzidos. É por isso um choque quando um erro de anestesia durante uma operação de rotina resulta na morte do paciente. O Dr. Noah suspeita de William Mason, um cirurgião de renome internacional, narcisista e snobe. Mas Mason põe todas as culpas na anestesista Ava London.
Quando começam a surgir mais mortes associadas a erros nas anestesias, Noah é obrigado a investigar todo o seu pessoal médico, incluindo Ava, que pode muito bem não ser quem parecia ser. Mas, sobretudo, é preciso descobrir o culpado antes que mais mortes sucedam. 


Confesso que nunca li nenhum livro de Robin Cook, o famoso escritor de thrillers sempre passados no mundo da medicina. Quando li esta sinopse achei que poderia estar aqui a oportunidade para finalmente ler algo deste autor, e gostei do que li.

Em primeiro lugar, por nunca ter lido nada do autor, não consigo ter noção se este é, ou não, um dos seus melhores trabalhos. Contudo, apreciei bastante a sua escrita, a forma como explora personagens e história, levando-me por um mundo que nunca vi explorado em ficção, apenas em livros de não-ficção. Posto isto, é preciso dizer que rapidamente o livro me agarrou com várias suspeitas em cima da mesa sobre alguns personagens.

Gostei da forma indireta como o autor me fez suspeitar de algumas personagens e da atmosfera que foi criada desde o início, sempre com alguma desconfiança, sempre com a sensação que o que movia este enredo era a ganância dos personagens. Com isto sempre presente, o livro avança a bom ritmo e são várias as vezes em que tenta enganar-nos. Numas vezes conseguiu, noutras nem por isso, talvez porque alguns truques aqui usados em termos linguísticos já forma usados noutros livros e se estivermos atentos percebemos o truque. No entanto, o livro está montado de forma inteligente, criando flutuações na forma como vemos algumas personagens e com isso o enredo ganha qualidade e a atmosfera adensa-se.

É verdade que achei alguns momentos mais forçados, mas no global é um livro coerente, bastante sustentado pelas personagens, pelos seus passados, medos, traumas, objetivos, sonhos, etc... é, maioritariamente, um livro sobre a mente humana, sobre aquilo a que damos valor e à forma como vemos o mundo e as pessoas à nossa volta. E, aos poucos, torna-se arrepiante, quase aterrador, graças à escrita do autor que me pareceu tão suave e realista em certos momentos que me fez criar uma boa ligação com a narrativa. Pelo meio, personagens interessantes e a clara sensação de contra-relógio. Se gostam de thrillers, este livro é uma boa escolha, principalmente para quem se interessar pelo mundo da medicina. Apesar de não ser um marco no género thriller, fiquei com curiosidade de ler mais livros do autor.

Luís Pinto



sexta-feira, 7 de setembro de 2018

FIM DE TURNO


Autor: Stephen King

Título original: End of watch




Sinopse: Bill Hodges, que agora gere uma agência com a colega Holly Gibney, fica intrigado com a letra Z escrita a marcador na cena de um crime para que são chamados.

À medida que se vão acumulando casos idênticos, Hodges fica espantado ao perceber que as pistas apontam para Brady Hartsfield, o célebre «assassino do Mercedes» que eles ajudaram a condenar. Devia ser impossível: Brady está confinado a um quarto de hospital num estado aparentemente vegetativo.



Mas Brady Hartsfield tem novos poderes letais. E planeia uma vingança, não só contra Hodges e os seus amigos, mas contra a cidade inteira. 
O relógio bate de formas inesperadas…



Aqui está o fim da trilogia de Bill Hodges que começou com Mr. Mercedes. Sendo um grande fã de Stephen King, esperava ansiosamente pelo fim desta trilogia. Stephen King é um dos escritores mais versáteis do nosso tempo e aqui, uma vez mais, surpreendeu-me. Toda a trilogia foi sempre a crescer, com um bom primeiro livro, um segundo livro que elevou a qualidade e agora um terceiro livro que melhora os dois anteriores e oferece um excelente final.

King é um escritor que raramente faz o que se espera. Aqui, é exatamente isso que acontece: uma mistura de acontecimentos inesperados que nos leva a um final alucinante e surpreendente. O livro começa bem, num ritmo moderado, mostrando-nos Bill a começar mais um caso enquanto se aprofunda a sua nova vida. Gostei do caminho que King deu ao seu personagem para este novo livro, acabando por ser bastante coerente com a personagem e com os acontecimentos dos livros anteriores. 

Com o seu talento, King agarra-nos facilmente a um enredo que numa primeira fase quase parece banal, mas que não é. King vai avançando por caminhos imprevisíveis, explorando algumas personagens importantes enquanto liga este livro aos dois anteriores. E talvez tenha sido este facto que mais me surpreendeu: a da constante, mesmo que indireta e suave, ligação aos livros anteriores. Afinal tudo está ligado tal como dá para perceber pela sinopse. No entanto, no trunfo do livro está, uma vez mais, na mente dos personagens. O grande trunfo de King durante todos estes anos está, obviamente, aqui presente: a forma como explora a mente humana, como aprofunda sonhos, medos, traumas, ideais, revoltas, arrependimentos. Este é um livro sobre dúvidas, sobre a forma como as personagens vêem a história e se confundem com ela, levando ao receio de estarem certas ou erradas, de cometerem erros. E com esse nevoeiro de dúvidas, o próprio leitor começa a desconfiar de tudo o que lê, acreditando que algo falha (o que é normal neste tipo de livros, mas que King aumenta de forma considerável).

Tal como a grande maioria dos livros de King, esta narrativa é um jogo psicológico, um thriller no verdadeiro sentido da palavra pela forma como nos conduz por situações, mistérios e dúvidas. é, para minha surpresa, o melhor livro da trilogia e um final muito bem conseguido. Se gostam de King, se gostam de thrillers, esta trilogia é totalmente recomendável. 

Luís Pinto


quinta-feira, 6 de setembro de 2018

O TEMPO DO DESPREZO


Autor: Andrzej Sapkowski





Sinopse: Venha conhecer os livros que inspiraram o popular jogo The Witcher
Geralt, o bruxo, lutou contra monstros e demónios por toda a terra, mas até ele pode não estar preparado para o que está a acontecer com o seu mundo. Há intrigas, divergências e rebeliões por todo lado. Reis e exércitos estão a posicionar-se, ansiando por guerra e sangue. Os elfos ainda sofrem depois de décadas de repressão e o número de refugiados nas florestas aumenta a cada dia. 
Os Magos lutam entre si, alguns a soldo dos reis, outros na defesa dos elfos. E, neste caos, Geralt e Yennefer precisam de proteger Ciri, a criança da profecia que todos procuram. Pois quer viva quer morra, Ciri tem o poder de salvar o mundo… ou de o destruir.



Aqui está o quarto livro da saga The Witcher mundialmente famosa, tanto pelos livros como pelos videojogos. 

Neste quarto livro, que começa com um ritmo bastante alto e o enredo torna-se cada vez mais negro. Geralt continua a ser o grande foco, num enredo cada vez mais cheio de intrigas. Tal como se esperava, as personagens continuam a ser desenvolvidas tal como o mundo em si, criando um mundo coerente e no qual as personagens encaixam muito bem. Um dos aspetos mais importantes desta saga é este mundo, credível dentro das suas regras base e bastante coerente, com uma boa história passada que o suporta. A sensação que tive durante estes primeiros quatro livros é que o autor tem muito já planeado desde o início, levando a que não se sinta que algo foi inserido de repente. Raças, costumes, preconceitos, crenças, magias, tudo tem uma base coerente e que se liga a tudo o resto.

Como sempre, Geralt é um personagem fascinante em alguns momentos, principalmente pela forma como encara este mundo. As ligações que Geralt cria com as outras personagens é um catalisador do enredo, pois essas ligações ajudam a desenvolver muito da própria narrativa, tornando tudo mais realista graças a essas interações. Com isso o ritmo raramente baixa, pois o autor vai aprofundando o mundo e personagens sem parar com o avançar da ação. Nesse aspeto, os diálogos são aqui muito importantes e criados com grande inteligência.

O enredo desenvolve-se bem, com algumas surpresas que me agradaram. Geralt é um personagem que por vezes toma decisões inesperadas mas que são coerentes, levando a narrativa por outros caminhos. Esta jornada de Geralt, e não só, é um prazer de se ler e a cada novo livro percebe-se o porquê de a legião de fãs ser tão grande. 

Visto que ainda falta muito, não irei explorar o enredo e tentei não oferecer qualquer spoiler mesmo em relação aos livros anteriores. Neste momento quero bastante ler os próximos livros e espero que não demore muito. Uma saga de fantasia muito boa e que ainda tem muito para dar!

Luís Pinto


quarta-feira, 5 de setembro de 2018

MUNDO SEM MENTE


Autor: Franklin Foer

Título original: World without mind



Sinopse: De Descartes e do Iluminismo a Alan Turing, Stuart Brand e às origens hippies de Silicon Valley, esta obra expõe os fundamentos sombrios das nossas aspirações mais idealistas em relação à tecnologia. As ambições corporativas de Google, Facebook, Apple e Amazon estão a destruir valores liberais instituídos, em especial a propriedade intelectual e a privacidade.
Vivemos um estádio inicial da automação e da homogeneização totais da vida social, política e intelectual. Apenas pela imposição da nossa autoridade privada sobre o modo como interagimos intelectualmente com o mundo, teremos o poder de contrariar esta tendência.
Em jogo está nada mais nada menos do que aquilo que somos e aquilo que seremos.


Como provavelmente já leram se costumam seguir o meu blog, trabalho em inteligência artificial e por isso este é um tema que me interessa bastante. Neste livro, que me agarrou pela sinopse, o autor explora um lado negro da tecnologia e da forma como as grandes empresas do mundo estão a controlar tudo o que nos rodeia.

Este é, claramente, um tema controverso que pode ser abordado de várias formas. Aqui o autor explora as suas convicções e mostra-nos o seu ponto de vista, quer de forma direta ou indireta. Algumas das suas convicções convenceram-me, outras não, mas gostei da forma como o autor explora alguns conceitos e, principalmente, alguns factos. O resultado final é um livro focado na forma como a tecnologia está a alterar-nos a cada dia. Obviamente que todos sabemos que a tecnologia está a alterar a nossa forma de viver a cada minuto, mas o autor explora um lado menos questionado pelos consumidores: se a tecnologia está a mudar-nos enquanto seres vivos e o que advém dessas alterações enquanto pessoas que constituem uma sociedade cada vez mais global.

Sendo a área na qual trabalho, tenho as minhas próprias convicções e visões, mas acho que o fundamental não é explorar aqui em que momentos concordo com o autor e quais em que discordo. O importante aqui é afirmar que o autor me fez pensar pela forma como abordou alguns temas e como junta factos para sustentar o caminho que o livro leva. Sendo um livro bem estruturado e acessível, qualquer pessoa o poderá ler, mesmo sem ter grandes conhecimentos do tema. Afinal de contas, a tecnologia e as grandes empresas são, cada vez mais, senso comum, normais, parte de nós. Será isso bom ou mau?

Se apreciam este tema, então este livro é muito interessante e capaz de nos levar a questionar algumas coisas, ficando a cargo de cada leitor, questionar o que o rodeia, mas também as próprias palavras do autor, para retirar as suas conclusões e adaptar-se ao que está a acontecer. Um livro muito interessante! 

Luís Pinto



terça-feira, 4 de setembro de 2018

ARTEMIS


Autor: Andy Weir

Título original: Artemis




Sinopse: O novo romance do autor de O Marciano Para viver na Lua, Jazz Bashara faria qualquer coisa.
Bom, mais ou menos. A vida em Artemis, a primeira e, até ver, única cidade da Lua, é difícil. Só turistas ricos ou milionários excêntricos que vivem a sua reforma dourada fora do planeta Terra é que conseguem usufruir em pleno do Mar da Tranquilidade. Um pouco de contrabando aqui e ali não é grave, certo?
É por isso que quando surge a oportunidade de, com um grande golpe, decidir o seu futuro, Jazz não hesita. Tem apenas de conseguir o impossível, e de o fazer fora da colónia, onde não só a gravidade é seis vezes inferior à da Terra como o Sol queima e o ar não existe.
Mas isso será apenas o começo de uma série de eventos que vai pôr em causa a existência da própria colónia. Jazz era apenas uma contrabandista a tentar ganhar a vida. Será que está preparada para pôr tudo em risco para salvar o único lugar onde alguma vez se sentiu em casa?



"O marciano" foi um dos melhores livros de ficção-científica que li nos últimos anos e foi com grande entusiasmo que comecei a ler este livro. Weir tem uma escrita que consegue ser inteligente, divertida e educativa ao mesmo tempo e, tal como aconteceu com o seu livro anterior, capta facilmente a nossa atenção logo no início.

Com uma história envolvente desde o início, é interessante ver como Weir tem um sentido de humor realmente único, capaz de ,com algumas piadas ou ironia, explorar situações e personagens, levando o leitor a conhecer melhor a situação ou a perceber como um personagem está a reagir e porquê. A isto junta-se um conhecimento claramente vasto do autor em relação a astrofísica, astronoia, física, química, biologia, etc... tudo junto, este não é apenas um livro de ficção, mas também uma obra onde podemos aprender bastante nestas várias áreas.

O que me espantou mais foi a forma como o autor explorou as personagens, tornando o livro mais apelativo até aos leitores que não sejam super fãs de FC. Se olharmos globalmente o livro, o seu trunfo, está na escrita e nas personagens, mesmo tendo em conta que a ficção científica é a base do enredo. No entanto, este é um livro sobre o ser humano, sobre as sociedades que criamos, a forma como sobrevivemos, os preconceitos que criamos, o que temos de fazer para sobreviver. E é com essa base que o autor consegue aprofundar como enfrentamos algo novo num mundo criado com inteligência e que durante todo o lviro me pareceu muito realista. 

No entanto, é preciso salientar que Weir não consegue ter neste livro a qualidade de "O marciano", uma obra claramente do outro mundo, fantástica do início ao fim. Apesar disso, o que temos aqui é um livro muito bom dentro do seu género, que não conseguimos largar e que explora temas adultos e por vezes contorversos sobre o que poderá ser o nosso futuro. Se apreciam este género, é claramente um livro a ter. Contudo, esta obra não se destina apenas aos que apreciam o género, e está aqui, tal como no seu livro anterior, o sua mais valia enquanto livro: o de poder ser lido por qualquer pessoa que, mesmo não apreciando FC, queira um enredo que explora a mente humana tanto enquanto "animal" como enquanto "senhor das estrelas".

Luís Pinto


segunda-feira, 3 de setembro de 2018

OS ROBÔS QUEREM O SEU EMPREGO


Autor: John Pugliano

Título original: The robots are coming




Sinopse: Como sobreviver num mundo cada vez mais dominado pela tecnologia e inteligência artificial.
Durante muito tempo julgou-se que os robôs constituiriam uma ameaça apenas para os operários fabris. Mas os tempos estão a mudar e todas as pessoas, até mesmo as licenciadas e doutoradas, correm o risco de ser suplantadas pelas máquinas.
Mas, mais do que dizer o que todos já sabem (que o futuro pertence às máquinas). Os robôs querem o seu emprego é um guia prático que nos ajuda a compreender, prever e lidar com uma economia em constante mudança.
Numa linguagem acessível, que desconstrói o mundo tecnológico, encontramos a explicação para a Inteligência Artificial colocar tantos empregos em risco e, mais importante, um plano de ação para tornar qualquer pessoa num elemento imprescindível no local de trabalho.



A inteligência artificial é um dos temas que mais gosto de ler, até porque é a área em que trabalho. Por isso, sempre que aparece um livro que me parece interessante, lá vou eu ler. O que John Pugliano faz aqui é uma abordagem ligeiramente diferente a um tema cada vez mais explorado. Afinal qual é o futuro dos empregos agora que a inteligência artificial começa a ajudar em muitas áreas?

Sobre o tema em si não irei aqui explorar o ponto de vista do autor, com o qual concordo em alguns aspetos e noutros não, algo que é normal tendo em conta que por trabalhar na área também tenho um ponto de vista que levaria a muitas e muitas linhas de texto.

Em relação ao livro, o autor faz um trabalho interessante em desmistificar alguns conceitos que as pessoas criam em relação ao tema. Com isto, este é um livro que qualquer pessoa poderá ler, mesmo sem ter conceitos prévios sobre o tema. A isto junta-se uma montagem lógica dos temas, para que quando chegarem as perguntas realmente interessantes, o leitor consiga ter o seu próprio pensamento lógico e criar as suas respotas, podendo ter um pensamento crítico e até implementar na sua vida algumas das ideias que o autor aqui vai explorando.

Sendo um livro de fácil leitura sobre um tema complexo e que certamente ainda terá muito para ser falado nos próximos anos, este livro é uma boa introdução ao tema numa fase da nossa sociedade em que a economia e a política terão de começar a olhar para a IA de forma séria para que seja benéfica para nós.

Se, após lerem a sinopse, acharem o tema interessante, então de certeza que gostarão deste livro, que serve tanto para os que pouco percebem do assunto, como para aqueles que já dominam alguns conceitos e têm a sua própria visão. Como é óbvio, num tema tão volátil e com tantas possibilidades, o que o autor tem aqui é uma visão e algumas possibilidades que mesmo que possam não estar totalmente certas, terão um impacto e uma respsota do nosso lado, e, globalmente, é isso que o livro nos tenta dar: formas e respostas para como encarar este tema.

Luís Pinto