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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

DRAGÕES DE UM ALVORECER DE PRIMAVERA


Autor: Margaret Weis & Tracy Hickman

Título original: Dragon of Spring Dawning



Antes de começar a minha opinião sobre este livro e fim de saga, pensemos no seguinte: o que é um bom livro de fantasia? Será um conceito universal o que é ser "um bom livro de fantasia"? Na verdade cada leitor terá o seu conceito. Uns dirão que precisa de inovar, outros dirão que precisa de ser vasto, ou maduro, ou mágico, ou divertido de ler. Em teoria todos estão certos?
Bem, não continuarei esta discussão aqui, mas deixo a questão porque este é um livro que não trazendo nada de novo ao género, consegue dar prazer a quem o lê, ser coerente, agarrar o leitor até ao fim e surpreender com alguns momentos e personagens. E claro, esta saga tem Raistlin.

Este é o último livro da trilogia DragonLance e deixou-me uma mistura de sentimentos. Em primeiro lugar devo dizer que apesar de este não ser, em termos qualitativos, o melhor livro da saga, é verdade que é o mais viciante. Passo a explicar...

Este livro sofre imenso com o elevado número de personagens importantes que tem, e fica a noção que o livro teria de ser muito maior para conseguir explorar essas mesmas personagens e as suas ações neste fim de guerra. Neste aspeto o livro perde qualidade pois sentimos buracos na narrativa e ficamos sem saber o que se passa com algumas personagens durante várias páginas. No entanto, percebe-se o porquê de os autores terem apostado nestes saltos narrativos, pois o ritmo poderia baixar bastante e talvez saturar o leitor que está habituado ao elevado ritmo da saga.

Por outro lado, os acontecimentos tornam este livro mais maduro que os anteriores, e apesar de existirem alguns momentos previsíveis, também existiram outros que me surpreenderam bastante. Esta é uma saga que vive das suas personagens, pois como já disse anteriormente nas opiniões aos primeiros dois livros, em termos de mundo este livro não traz grandes "novidades" à fantasia, nem o tenta fazer. Esta é a fantasia "básica" de elfos, anões e homens, e é no enredo e personagens que está a diferença para outras sagas. 

Olhando para as personagens, é difícil esquecer algumas, que por algum motivo em específico, conseguem ser os catalisadores da história. Em primeiro lugar Tas é a personagem que mais evolui (continua a ser quem dá a sensação mais cómica ao livro) ao mostrar o que até agora não tínhamos visto. A sua evolução/alteração não a irei descrever, mas levanta várias questões morais e que se enquadram com a nossa atualidade. Tanis é outra personagem que demonstra o que até agora ainda não se tinha visto e novamente várias questões se levantam, principalmente sobre a liderança de uma pessoa sobre um grupo. Mas é, novamente, em Raistlin que esta história assenta. Mesmo que muito menos presente neste livro, Raistlin é a personagem que faz o leitor continuar e as suas perguntas e respostas serão o ponto alto do livro. O que torna esta personagem bem construída é, essencialmente, o facto de toda ela ter sido coerente desde a primeira página, dando a noção que o seu destino sempre esteve traçado pelas autores. 

Com Raistlin, e de forma indireta, vemos o livro a levar-nos a questionar até onde as nossas ações podem fazer diferença no futuro. Somos muitos neste mundo, e todos nós temos alguma influência na vida dos que nos rodeiam (e agora não só), mas alguns conseguem mudar o mundo e a questão passa a ser : como o fazemos e se o devemos fazer. É, ou não, uma obrigação de cada um tentar mudar o mundo?

Todavia, como disse antes, o livro deixou-me uma mistura de sensações simplesmente porque não é um final definitivo. Sente-se que a história tem mais para dar e que está a preparar a próxima trilogia. Claro que quem apenas ler estes três livros, terá uma conclusão (aproveito para dizer que é muito boa) mas há pequenos detalhes que, certamente, servirão de "ponte" para os próximos livros.

Agora que li toda a trilogia, posso dizer que não sendo um marco de inovação no género, e não tendo a profundidade que outras famosas sagas apresentam, Dragonlance é muito viciante e fácil de ler, dando-me a certeza que será uma excelente saga para quem queira começar a ler fantasia. Quem "domine" a literatura fantástica tem aqui um ritmo elevado, personagens muito interessantes e uma história que faz sentido agora que acabou. Não é uma obra-prima mas aconselho-a pela sua "face" mais leve, divertida e que vai amadurecendo, acabando muito melhor do que começou. E já agora, não podemos esquecer Fizban, outra grande personagem! Enquanto leitor de literatura fantástica, dou grande valor a uma história que me "agarra" e que nunca se torna um esforço, e por isso, gostei bastante desta trilogia.

Luís Pinto

quarta-feira, 26 de junho de 2013

DRAGÕES DE UMA NOITE DE INVERNO


Autor: Margaret Weis & Tracy Hickman

Título original: Dragons of Winter Night


Muitas trilogias têm no seu segundo livro, o mais fraco. Este não é o caso. O 2º livro da saga Dragonlance consegue melhorar quase todos os aspetos do livro anterior. É mais coerente, mais sólido, mais adulto e mais inteligente.

O primeiro livro foi uma leitura interessante, com personagens fáceis de gostar e um ritmo que não nos deixava parar de ler. Por outro lado apresentava um mundo que tem por base vários dos clichés da fantasia que Tolkien tornou famosos. Neste segundo livro esses clichés persistem, mas já não são a base, e como tal, deixam  de ter a importância e visibilidade que existia no anterior. Isto deve-se bastante ao alargar de visão que temos em relação ao mundo. No primeiro livro, seguimos sempre todo o grupo, que agora se espalha, e a "nossa visão" vai saltando entre locais e culturas, tornando todo o contexto mais sólido.

Por outro lado, existe uma diferença na atitude dos autores em relação à forma de como nos contam a história. No primeiro livro a narrativa serviu essencialmente (mas não totalmente) para nos explicar o que não sabíamos, enquanto que agora serve para nos mostrar que ainda há muito que não sabemos. A personagem Raistlin é o exemplo óbvio disso, mas não é a única. O ritmo continua rápido e a narrativa objetiva ajuda a que nos foquemos no enredo e no que está para vir. E pelo meio, algumas surpresas!

Em relação às personagens, é preciso notar que todas elas ganham com a separação do grupo. Quando estavam todos juntos, por vezes até nos esquecíamos de algumas, pois é impossível colocá-las ao mesmo tempo a falar ou  a "dividir" a ação. Separadas toda a narrativa se torna mais coerente e as personagens ganham o "tempo de antena" necessário para se mostrarem e começarmos a gostar das mesmas. Claro que esta divisão também dá a noção que a narrativa pode estar a ser cortada, ou que faltam partes, principalmente porque existem saltos temporais, mas foi um problema para mim.

Claro que Raistlin continua a ser a personagem que faz a história andar, e é também quem agarra o leitor, pois fica sempre a dúvida nas suas falas, e nada melhor do que um enigma para o leitor continuar a ler. No entanto, é impossível não gostar de outras, como por exemplo Fizban ou Tass, que ao ganharem protagonismo, tornam o livro mais cómico e agradável, e conseguem criar a ponte necessária na narrativa para conhecermos outras (por exemplo, Flint ganha imenso com a maior visibilidade de Tass).

A maior surpresa neste livro está no crescimento que teve em relação ao anterior. A escrita é muito mais madura, e apesar de existir um ou outro momento em que eu pedia uma aproximação mais forte sobre um tema, no geral, o livro deixa para trás o seu" ar mais juvenil" e torna-se mais adulto, e senti que começam a existir consequência para os atos das personagens. A juntar a este amadurecimento da narrativa e diálogos, está também o facto de o enredo ser mais negro e agradou-me bastante.

Falta apenas um livro e por isso não me alongo. O caminho seguido pela série é o acertado, na minha opinião. O ritmo e personagens viciam e a maturidade dá um novo prazer ao leitor. Muito está por explicar e o final deste livro deixa muitas hipóteses no ar. Para já, não é uma saga que seja imediatamente uma obra-prima nem será, certamente, algo de revolucionário para quem leia agora (este livros têm quase 30 anos e desde então muito se copiou), mas é uma boa saga para quem gosta do género ou queira iniciar-se na fantasia. Fica por saber se o último livro consegue fechar esta saga em grande.

Luís Pinto

segunda-feira, 1 de abril de 2013

DRAGÕES DE UM CREPÚSCULO DE OUTONO


Autor: Margaret Weis & Tracy Hickman

Título original: Dragons of Autumn Twilight



Este é o primeiro livro da trilogia DragonLance que ganhou um grande número de adeptos nas últimas décadas, e rapidamente encontrei o porquê, ou pelo menos aquilo que me parece ser o melhor do livro: o seu ritmo. Mas já lá vamos. Em primeiro lugar, rapidamente percebemos que a base deste mundo é uma mistura de vários livros, entre os quais, O Senhor dos Anéis. A verdade é esta: este livro traz muitos dos clichés da fantasia que ficou famosa com Tolkien, mas a questão é: quantos livros não usaram a mesma base?

Sinceramente, prefiro encontrar bases parecidas do que histórias parecidas, e esta saga DragonLance dá-nos um mundo de fantasia com as bases que já estamos habituados, mas depois cria a sua própria identidade nas personagens e no enredo. No início, o ritmo elevado parece quase matar o livro, pois tudo é apresentado rapidamente, incluindo as personagens, mas depois vemos como os autores preferem dar a informação aos poucos em vez de tudo de uma vez. E com este ritmo fiquei completamente agarrado ao livro até à última página.

A história em si nunca deslumbra quem já estiver habituado à fantasia e a muitas das reviravoltas que costumam ser feitas, contudo, algumas personagens são realmente interessantes. Tanis e Tas são personagens que facilmente gostamos e a cada página, os elementos do grupo vão-se definindo. E, quase sem darmos por isso, esta história, que basicamente é uma luta pela sobrevivência enquanto se procuram respostas, acaba por ganhar força nas ligações entre personagens, e o livro ganha muito com isso.

Para além disso, a forma como a história está montada, tanto em acontecimentos, como em diálogos, leva-nos a criar muitas perguntas que não terão resposta neste primeiro livro, e são essas questões que nos fazem ler ainda mais depressa. O exemplo mais óbvio é o mago Raistlin, que apresenta uma fragilidade física enorme (cliché da fantasia), mas não cai no erro de ser uma personagem demasiado sábia e compreensiva como estamos habituados com a fantasia mais famosa (Gandalf e Dumbledore, por exemplo). As suas falas são enigmáticas e as suas intenções impossíveis de prever, e ao juntarmos a isso as dúvidas que ficam sobre o seu passado, torna-se impossível parar de ler até sabermos tudo sobre ele. Para além disso, Raistlin é ainda a personagem melhor conseguida se tivermos por base o que torna uma personagem bem construída. 

- Não vês nenhuma esperança? - perguntou Tanis.
- Ter esperança é negar a realidade. É a cenoura pendurada diante do burro para o manter a andar na tentativa vã de a alcançar.
- Estás a dizer que deveríamos simplesmente desistir?
- Estou a dizer que deveríamos remover a cenoura e caminhar para a frente com os olhos bem abertos. - respondeu Raistlin.

Rapidamente percebemos que esta saga DragonLance tem uma identidade muito vincada (se é que podemos dizer isto sobre um livro). O Senhor dos Anéis tem o seu mundo, O Mago tem as suas personagens, A Guerra dos Tronos tem a sua complexidade política, social e humana... DragonLance tem o seu ritmo. A história agarra um leitor com facilidade e as descobertas aguçam o apetite, no entanto, devo dizer que é a segunda metade do livro que aumenta a vontade de ler o próximo, pois fica muito por explorar e esclarecer, e também falta saber muito sobre os "maus da fita" que aparecem nos últimos capítulos, entre os quais, dragões!

Existem muitos fatores sobre os quais gostaria de falar, não só sobre em termos de fantasia mas também de personagens e suas decisões, mas, ao explorar certos temas, poderia retirar algum do entusiasmo que os leitores poderão ter ao lerem o livro, e por isso, irei explorá-los apenas nos próximos livros. Mas, devo salientar que se pudesse, retirava os nomes dos capítulos, que ao revelarem um pouco o que irá acontecer, fez com que os deixasse de os ler.

Resumindo, DragonLance não é original na sua base (para quem já tenha lido muita fantasia), mas é muito viciante. A escrita é simples, não existe dificuldade em percebermos tudo o que o livro nos dá, o seu ritmo é elevado e não se perde em descrições que pouco possam dar ao desenvolvimento do enredo. As personagens cativam, apresentam momentos cómicos, e no fim fica a sensação que não lemos uma pérola da fantasia mas gostamos da história e fica o interesse de saber que segredos estão por desvendar. Gostei bastante!

Não costumo recomendar uma saga logo no primeiro livro, e agora também não o farei, mas neste caso posso dizer o seguinte: este primeiro livro será uma boa escolha para quem goste de fantasia e não tenha problemas com alguns clichés, e também é um bom livro para quem queria começar a ler este género. Venha o próximo, porque agora fiquei com muita vontade de ler o resto e saber mais sobre algumas personagens!

Luis Pinto