terça-feira, 26 de junho de 2012

O NOME DA ROSA

Autor: Umberto Eco


Título original: Il nome della rosa


Indiscutivelmente a obra mais famosa deste autor, O Nome da Rosa é um livro lento mas viciante, conseguindo ser inteligente, acusador e forte. Com relativa facilidade, o autor consegue-nos dar uma imagem muito completa da Europa  do séc IX, principalmente sobre política, religião e filosofia, ajudando o leitor a nunca estar deslocado e a uma melhor compreensão da mentalidade das personagens.

Numa Abadia italiana, o irmão Guilherme (William) desenvolve a investigação da morte de um monge, que se tornará apenas no primeiro de muitos crimes. Este personagem principal é o grande trunfo deste livro, com uma mente perspicaz que leva o leitor a pensar. A sua forma de pensar e actuar, muito ao estilo Sherlock, tornam este livro muito interessante e o leitor cria uma ligação, querendo desvendar o crime e preocupando-se com a personagem.

A narrativa é excelente, com um bom equilíbrio entre momentos de ritmos altos e baixos, que nunca me levaram a ter de fazer um esforço para continuar. A vontade esteve sempre presente, principalmente pelo muito que nos ensina. Apenas posso dizer que a investigação de Eco para este livro foi de altíssima qualidade!
A história é muito boa, prende, com pistas dadas desde o início que o leitor não consegue captar, e o ambiente criado está perfeito. É fácil imaginar a Abadia, os olhares, os medos, a intriga, e a necessidade para muitos, que a explicação seja sobrenatural.
Existem certos momentos em que o livro exige alguma ginástica mental, para se perceber todos os pontos e personagens da história, pois a verdade é que Eco expande bastante o universo do livro com várias "lições" sobre a Europa. Aos poucos a investigação desenvolve-se e as questões levantam-se, desde a injustiça, desigualdade, até preconceitos. Independentemente do século, a loucura humana, o bem-estar pessoal e a indiferença, estarão sempre presente como rampa de lançamento para se cometerem as maiores atrocidades. E por fim reparamos que uma das maiores questões do livro é se a Igreja se deve manter rica ou pobre...

Este livro será dentro de alguns anos, se ainda não o for, um clássico. Pelo que ensina, mas principalmente porque será sempre actual, graças às questões que levanta sobre a Igreja e principalmente sobre o Homem: sendo a riqueza, a injustiça e a ambição dos temas mais vincados. somos humanos... quando é que uma história que menciona desigualdades sociais e manipulação de massas não será actual?

Seguramente um dos melhores livros dentro do género. Não esperem uma investigação com um ritmo alucinante, não, O Nome da Rosa é um livro grande e por vezes lento, mas que cativa de forma muito especial.

sábado, 23 de junho de 2012

Passatempo: O Nome da Rosa

PASSATEMPO!

O Nome da Rosa 

Para comemorar o 1º aniversário do blog, vamos oferecer um exemplar do livro O Nome da Rosa, o mais conhecido livro de Umberto Eco.

Para se habilitarem a ganhar basta serem fãs do blog ou seguidores, preencher o questionário e indicarem um texto do blog que tenham gostado neste primeiro ano (se tiverem algum preferido).

 O Passatempo termina dia 30 de junho às 23:59. 

Boa sorte a todos!

Em breve publico a minha opinião a este livro!




quarta-feira, 20 de junho de 2012

O DILEMA DA PRINCESA LEIA


Autor: Dave Wolverton

Título original: The Courtship of Princess Leia


Ano: 8 ABY


O Imperador está morto e a paz poderá regressar lentamente à galáxia, mas são muitos os que desejam poder. Com os povos e culturas dividas, e sem consenso, começamos a ver a movimentação de bastidores que levará à formação de novas alianças.

A ideia base deste livro é bastante boa, porque para se atingir a paz e democracia não bastou matar o Lord Sith. Há ainda muito a fazer e Leia é a líder que muitos querem seguir enquanto outros querem manipular. Neste caso Leia Organa terá de decidir entre um casamento com o Han Solo ou optar por uma união que lhe dê o poder/aliança necessária para o bem maior. Este dilema levará esta obra a ser muito mais um livro romântico do que os anteriores da série. É verdade que a acção continua presente, com várias batalhas, mas o que move este livro é o romance entre Leia e Han.

Esta nova vertente romântica no Universo Star Wars parece algo estranha ao início, mas consegui adaptar-me bem, ao ponto de sentir que se trata de um dos pontos mais altos do livro. No entanto, enquanto enorme fã da saga, existiram certos pormenores que não apreciei, simplesmente porque não encaixaram com o passado da saga.
Em primeiro lugar sente-se que o autor, ao enveredar pelo romance, percebeu que seria muito difícil consegui-lo com a personagem Han. A verdade é que Han nunca demonstrou grande romantismo, muito menos o necessário para esta história. Sendo assim nota-se uma alteração na sua personalidade em certas decisões algo forçadas. Estas alterações não passam despercebidas a um fã da saga. A segunda parte que não encaixa é o porquê de nunca termos ouvido falar dos novos mundos que agora são introduzidos. O autor tenta explicar tal falha, mas simplesmente não faz sentido, no meu entender (não irei revelar). Esta falha acontece porque é preciso criar uma nova ameaça, para a história continuar, e tal não é fácil quando estamos perante o grupo que venceu o poderoso Lord Sidius. Eu percebo a dificuldade para o autor, mas acredito que estas falhas poderiam ter sido melhor trabalhadas.

Este livro introduz ainda vários mundos e personagens, e alguns são realmente muito bem conseguidos, cheios de história e brutalidade, mas também alguma beleza.

Por outro lado, este livro fala bastante do passado, principalmente dos eventos ocorridos no Episódio 3, e os eventos encaixam, o que gostei bastante. Os diálogos são bons, a acção também, e o livro torna-se viciante se conseguirmos deixar para trás todas as falhas que mencionei antes (e que se tornam em momentos forçados, e por vezes sem grande sentido). No geral o livro é inferior aos outros que li da saga, mas quem quiser ler mais sobre o que aconteceu após o fim dos filmes, terá de ler este livro, pois há momentos muito importantes e que certamente irão influenciar o futuro.
Tentarei nos próximos tempos ler a trilogia escrita por Timothy Zahn (também editada no nosso país), que se desenrolam entre os livros dos filmes e este livro.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

BLOG: 1º ANIVERSÁRIO!

Hoje o blog Ler y Criticar completa o seu primeiro ano de "vida".

Como já o disse noutras alturas, criei este blog depois de começar a ler as opiniões da Célia da Estante de Livros, e acabei por criar este espaço, talvez mais para deixar gravado as opiniões sobre o que ia lendo. O blog foi criado com um nome que nem foi muito pensado, foi o primeiro que escrevi sem estar registado e hoje já há quem conheça este nome.

Passado um ano, o blog conta com 605 fãs no Facebook, 491 seguidores, quase 62 mil visitas, mais de 1500 comentários. Uma vez mais serão números pequenos para este mundo de blogues, mas novamente digo, que é isto que me faz continuar.

Como curiosidade posso dizer que o top 3 de visitas vão para A Dança dos Dragões, O Senhor dos Anéis vs A Guerra dos Tronos, e  Como acabará a saga Game of Thrones?, seguidos de perto por muitos dos passatempos que tenho vindo a criar com algumas editoras, às quais agradeço imenso toda a ajuda que me têm dado.

Neste primeiro ano de blog tentei falar sobre muitos dos livros que li durante os últimos anos, e que me marcaram. Existem ainda muitos que já li, e que um dia merecerão um pequeno destaque neste espaço. Infelizmente o tempo não dá para escrever todos os dias.

Quero uma vez mais agradecer a todos os que perdem algum do seu tempo a deixar aqui a sua opinião aos livros e aos meus textos. Os vossos comentários são a grande motivação. Obrigado aos que divulgam, aos que participam nos passatempos e a todos os que visitam e lêem as minhas opiniões. Espero que continuem a aparecer enquanto eu tentarei continuar a dar a minha opinião mais imparcial sobre os livros vou lendo!

sábado, 16 de junho de 2012

EU SOU A LENDA

Autor: Richard Matheson


Título original: I am Legend


Robert Neville é o último homem vivo na Terra... mas não está sozinho.

Este livro já teve várias adaptações para o cinema, sendo a mais recente adaptação, com o mesmo nome, em que Will Smith é o actor principal. Utilizando este filme como comparação, é realmente difícil deixar de lado a imagem de Will Smith no papel de Neville, mas tal não é problema durante a leitura. A dificuldade está em apagar da nossa mente o facto de os inimigos serem uma espécie de zombies. Aqui os humanos tornaram-se vampiros. Esta principal diferença torna distintas estas duas obras, pois muda muito a forma de actuação de Neville para sobreviver. Juntamos a este facto o livro ser muito pouco virado para a acção e muito mais para a mente do personagem principal e a conclusão é óbvia: viram o filme? Leiam o livro qualquer que seja a resposta!

Este livro é um verdadeiro thriller psicológico e uma obra prima no seu género.O autor foca grande parte do livro ao interior da personagem, enquanto nos dá os aspectos rotineiros do dia a dia na sua luta pela sobrevivência. Esta mistura entre os pensamentos e a rotina, levam a que a escrita seja sempre sem alegria, quase sem motivação, e o leitor deixa-se levar por este desespero e vida sem objectivo palpável... sem esperança. É como se fosse a própria mente de Neville, sem alegria, sem diálogos. Uma escrita perfeita, que encaixa na perfeição.

Um dos aspectos que mais me agradou foi a visão científica da criatura vampiro, deixando para trás a visão religiosa e mitológica desta criatura bebedora de sangue. É claro, que sendo um livro da década de 50, está desactualizado, não só em termos científicos, como também sociais. Mas este é fundamentalmente um livro passado dentro de uma casa, onde um homem sobrevive e luta contra os demónios internos e externos. E digo-vos, que poucos livros conseguiram captar tão bem a solidão humana, ao ponto de todos os valores estarem trocados.

A forma como me liguei com a personagem foi de tal forma intensa que acabei a perguntar-me o porquê de Neville não desistir. Porque não sair de casa, entregar-se aos vampiros? Porquê continuar a lutar durante anos, apenas porque sim? Qual é o objectivo, o que o move? Quando perdemos o que amamos, o que nos faz sorrir... quando sabemos que nada voltará a ser o que foi, que estaremos sempre sozinhos... o que resta?
Um ser humano consegue adaptar-se a qualquer situação, desde que o seu instinto de sobrevivência não seja posto de parte. 

No fim devemos questionar o que nós somos, individualmente, numa sociedade. Nós somos pessoas, presas pelos condicionalismos do que nos rodeia, de mentalidades, da visão ética, livres apenas para fazer o que é banal. O que numa sociedade pode ser um crime, noutra pode ser aceite. Uma sociedade vive disso: o que inúmeras vezes é repetido, acabará por ser banal, e aceite... então, num planeta repleto de vampiros, quem é Neville? O sobrevivente, ou o vilão?

Provavelmente o único livro de vampiros que, na minha opinião, está ao nível de Drácula. Totalmente recomendado.

Aproveito ainda para dizer que esta edição especial conta com vários contos do autor, traduzidos por David Soares. Uma boa adição que traz alguns contos com bastante qualidade!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A CIDADE IMPURA

Autor: Andrew Miller

Título original: Pure


SINOPSE:
Paris, 1785, uma cidade em vésperas de revolução. Jean-Baptiste Baratte, um engenheiro de origens humildes, é incumbido pelo ministro do rei de supervisionar a demolição do cemitério Les Innocents. Há décadas que o velho cemitério já não consegue conter os seus mortos e que a sua atmosfera de decadência contamina o ar e a vida dos habitantes vizinhos. Mas o jovem engenheiro vai muito em breve descobrir que nem toda a gente está satisfeita com a sua empreitada. Será um ano de trabalho árduo, de sobressaltos, mas também de grandes ideais, de amizade e amor.

Para mim, o grande trunfo deste livro é a atmosfera que o autor conseguiu criar. Com descrições excelentes e pormenores interessantes, as palavras do autor levam-nos a sentir uma cidade viva, misturando cenários muito belos com outros ainda mais sombrios. A escrita do autor encaixa muito bem neste conceito, levando o leitor a saltar entre a Paris divinal e a podre e suja. A narrativa desta obra é muito apelativa, tornando a leitura em algo agradável desde o primeiro capítulo, sem nunca sentir esforço em prosseguir. A acção começa lenta, e demorei algum tempo a ficar "agarrado" ao livro, mas a escrita do autor ajudou-me a passar este problema com facilidade, principalmente porque existe, na minha opinião, um excelente equilíbrio entre descrições e diálogos, dando ao livro um ritmo constante na grande maioria das suas páginas. 

Baratte, a personagem principal, está bem conseguida mas a história ganha muito com a inclusão de várias personagens secundárias, que não só tornam a obra mais consistente, mas essencialmente mais realista. Existiram algumas personagens que apreciei bastante e só tenho pena que o autor não as tenhas explorado mais, talvez recorrendo mais ao passado das mesmas, para ajudar a sustentar melhor as suas decisões. Esta sensação é mais forte no meu caso, podendo não ser notada por outro leitor, porque essencialmente apreciei algumas personagens que são muito pouco relevantes para a história, e como tal pouco desenvolvidas.

Esta leitura é uma mistura de opostos, o que me surpreendeu. Por vezes Miller usa uma escrita bela, enaltecendo as virtudes e os feitos do homem, outras vezes é sombrio (com descrições fantásticas nestes momentos). Por vezes a leitura é excitante, por vezes é enevoada, quase sonolenta; por vezes é alegre, por vezes é depressiva. E se em alguns casos a lógica reina, noutros a superstição comanda as personagens. Toda esta mistura torna, no meu entender, o livro mais apelativo, porque existe sempre uma sensação de inquietude e de querer ser surpreendido. E acreditem, há momentos em que o autor nos consegue mesmo surpreender.

Este é um livro, que inevitavelmente nos mostra como por vezes uma pessoa é obrigada a mentalizar-se sobre o bem das suas acções, enquanto outras não conseguem parar, cegas por uma mentalidade incapaz de questionar o que os rodeia. Talvez, no fim, todos queiram apenas  ser felizes à sua maneira, com superstições, crenças, preconceitos, limitações culturais, ou simplesmente a serem felizes com a tristeza dos outros.

Mesmo tendo consciência que este livro não agradará a todos os leitores, esta obra é realmente muito boa. Os poucos pontos que posso apontar de forma negativa são o facto de desejar que algumas personagens fossem mais exploradas, e talvez uma intriga política mais visível e marcante. Existiu também um ou outro pormenor que achei forçado. Mas sinceramente, nada disto tira qualidade a esta obra. Gostei principalmente da forma do autor escrever, o que me faz querer olhar para as suas restantes obras. Se acharem a sinopse interessante, então este livro não vos irá desiludir.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Passatempo: A Cidade Impura - Vencedor!

PASSATEMPO

A CIDADE IMPURA
de 
Andrew Miller

VENCEDOR!

Chegou ao fim mais um passatempo e desta vez iremos oferecer o novo livro de Andrew Miller, vencedor de vários prémios!

E o vencedor é: 

Irene Maria da Silva


Parabéns à vencedora!

Para mais informações sobre o livro, consultem este link e esperem pela minha opinião ao livro ainda esta semana!

Obrigado a todos os que participaram e mais passatempos em breve. Fiquem atentos!

terça-feira, 5 de junho de 2012

Passatempo: A cidade Impura

PASSATEMPO

A CIDADE IMPURA de Andrew Miller


O Blog Ler y Criticar, em parceria com a Editorial Presença,, tem para vos oferecer um exemplar do novo livro do premiado escritor Andrew Miller.


Para se habilitarem a ganhar basta ler o pequeno texto em baixo e responder a duas perguntas.


Passatempo aberto até às 23:59 de 11 de junho
Aceite apenas uma participação por pessoa
Válido apenas para Portugal continental e ilhas

O livro está a partir de hoje disponível no site da editora. Visitem neste link!


SINOPSE:
Paris, 1785, uma cidade em vésperas de revolução. Jean-Baptiste Baratte, um engenheiro de origens humildes, é incumbido pelo ministro do rei de supervisionar a demolição do cemitério Les Innocents. Há décadas que o velho cemitério já não consegue conter os seus mortos e que a sua atmosfera de decadência contamina o ar e a vida dos habitantes vizinhos. Mas o jovem engenheiro vai muito em breve descobrir que nem toda a gente está satisfeita com a sua empreitada. Será um ano de trabalho árduo, de sobressaltos, mas também de grandes ideais, de amizade e amor.

O AUTOR:
Andrew Miller nasceu em Bristol em 1960. Já viveu em Espanha, no Japão, em França e na Irlanda, e atualmente vive em Somerset. Já publicou seis romances, tendo o primeiro, A Dor Industriosa, recebido três prémios e o terceiro, Oxigénio, sido nomeado para dois. A Cidade Impura, o seu romance mais recente, venceu o prestigiado prémio Costa Book of The Year 2011.

PRÉMIO: Costa Book of The Year Award, em 2011

CITAÇÕES IMPRENSA ESTRANGEIRA:
«Se gostou de O Perfume, não perca esta obra.» - Daily Express

«Esta recriação de Paris em vésperas da Revolução Francesa é extraordinariamente vívida e imaginativa, e a história é tão absorvente que não se consegue pôr o livro de parte antes do final.» - The Times

Boa sorte a todos!


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Passatempo: Os Filhos de Krondor - "Vencedores!"

PASSATEMPO

OS FILHOS DE KRONDOR - O Príncipe Herdeiro

Vencedores!

Chegou ao fim o passatempo em que oferecemos 2 exemplares da nova saga de Raymond E. Feist, a continuação de O Mago!

Os vencedores são:

JOANA MONTEIRO SARAIVA

MARIA ERMELINDA ROSA

Parabéns às duas vencedoras! 
Obrigado ainda a todos os que participaram e aproveitem para ler a minha opinião a este livro neste link!

Mais passatempos em breve! Fiquem atentos!

OS FILHOS DE KRONDOR - O Príncipe Herdeiro


Autor: Raymond E. Feist


Título original: Prince of the Blood


A saga O Mago (os 4 volumes da saga Riftwar), que já comentei aqui no blog, foi talvez a saga que mais gostei de ler em todo o género de fantasia, e os meus elogios parecem-me "pequenos" para enaltecer a qualidade do trabalho de Feist. Sendo assim, seria obrigatório voltar a este mundo e voltar a ler sobre o mundo de Midkemia.

A primeira coisa que posso dizer é: adorei este livro! Vendo de forma imparcial, este livro é o mais fraco que li deste autor, porque não consegue estar ao nível de qualquer um dos quatro anteriores, e mesmo assim, continua a ser muito bom! Feist tem, sem dúvida, uma capacidade rara que colar o leitor ao livro, mesmo quando está a apresentar uma nova saga, e não uma continuação. Viciante!

Cronologicamente Feist dá um salto de 20 anos após As Trevas de Sethanon, e rapidamente sentimos uma agradável sensação de vermos o que aconteceu às nossas personagens preferidas. Arutha, Pug, Jimmy, entre outros, regressam para ajudar o leitor a entrar novamente neste mundo. Começando pelas personagens, Boric e Erland, os filhos de Arutha, são as principais e nota-se que Feist leva o leitor a conhecer a evolução dos rapazes, que ao início não demonstram a maturidade necessária ao posto que um dia irão ocupar. Confesso que estes irmãos gémeos não me marcaram muito, talvez porque devido a este processo de crescimento é difícil ganhar um destaque que seja realmente marcante. Por outro lado, Jimmy Mãozinhas é a grande personagem deste livro (apesar de não ser o que aparece mais), é ele a personagem madura e inteligente que irá desenvolver a história, e mais importante, encaminhar muitas das personagens. Quem for fã do Jimmy terá aqui mais um livro que gostará!
Existem ainda novas personagens e sou obrigado a falar de Nakor e Suli. Qualquer uma delas consegue dar um pouco dela própria à história, quer seja pelo humor, coragem ou forma de ver a vida. Gostei mesmo muito destas duas novas "aquisições".

No entanto este livro fica marcado pela enorme diferença que tem em relação a O Mago. Feist "deixa para trás" muita da magia/fantasia que movia a anterior saga e agora entramos em Kesh, onde a história se torna mais política e cheia de intrigas. Esta mudança das lutas épicas/mágicas para as lutas de bastidores, poderá desagradar aos fãs que prefiram a fantasia a que Feist nos habituou, mas este "novo olhar" ajudará ao desenvolvimento de muitas coisas (e sim, Jimmy ganha claramente com este olhar mais político), ao ponto de percebermos que este livro será uma ponte para algo que estará para chegar.

Falando um pouco sobre onde se passa este livro e sem desvendar muito, acho que o Império Kesh é bem conseguido e tal como aconteceu com Kelewan, notam-se algumas influências de civilizações conhecidas, sem que isso retire a identidade do Império que Feist criou, e garanto que Kesh consegue preencher a história com características interessantes e com qualidade. Não conseguiu marcar-me tanto quanto Kelewan, o que também não era nada fácil, mas para primeiro livro, acho que Feist construiu uma boa base e gostava de ver este Império mais desenvolvido e revelado.
Sem a necessidade de apresentações, a história começa com um ritmo elevado e nunca baixa, por isso preparem-se para uma leitura compulsiva, com momentos de humor tal como outros bem cruéis. É verdade que a história não é brilhante (quando comparada à saga anterior), mas novamente se percebe que estamos a ver um novo início que nos está a preparar para algo maior, e continua a ser uma história melhor do que a grande maioria da fantasia que se lê.

Eu sou apenas mais um entre milhões que se tornaram fãs deste autor. A saga O Mago é indiscutivelmente uma das grandes obras-primas da fantasia e este livro viverá à sombra da qualidade dos anteriores. No entanto este livro é muito bom e certamente que alguns leitores gostarão mais deste livro do que dos anteriores. Quem gostou de O Mago, gostará certamente deste livro e tal como eu, ficará à espera do próximo. Ele que venha, e rápido! É impossível falhar esta nova saga e Feist é, indiscutivelmente, um dos melhores autores de fantasia!