quinta-feira, 28 de novembro de 2013

CARRIE


Autor: Stephen King

Título original: Carrie


Sinopse: Não é que fosse diferente das outras. Um pouco estranha, sim. E antipática. Talvez por isso, na objecto da chacota e do riso de toda a turma. Ou talvez a sua antipatia fosse antes o resultado de se ver sempre constituída em alvo da troça de todas…
Mas, quanto ao resto não. Carrie era uma moça normal. Como todas as outras. E mais como todas as outras seria se não fosse aquela incrível mulher que era sua mãe.
Mas isso não explica tudo. Sobretudo, não explica que naquela noite, a noite do baile, uma cidade inteira tenha sido arrasada por Carrie, sem que ela precisasse de mexer sequer um dedo.


Stephen King tem uma capacidade única de transmitir emoções nos seus livros. Talvez pela sua escrita forte e explícita, talvez pela complexidade da mesma, talvez por explorar a mente humana como poucos sem que nada disso seja o tema principal dos seus enredos. Com este livro, King leva-nos a odiar algumas personagens, a querer vingança, a sentir a necessidade de fazer algo, e transmitir tudo isto apenas com palavras, é fantástico. King é um escritor que não agrada a todos, talvez pelo seu género, talvez pela sua escrita, mas eu estou a tornar-me num grande fã e este é mais um bom livro para quem gostar do género.

Este não é o melhor livro que li de King, mas a sua qualidade é inegável dentro do género. O primeiro grande trunfo está, novamente, nas personagens que o autor cria. Fortes, credíveis, profundas, criadoras de diálogos marcantes e que definem, não só uma personalidade, mas todo um enredo. Carrie é a personagem mais marcante, mas, na minha opinião, a que consegue demonstrar uma qualidade invejável é a sua mãe, sendo ela o catalisador de muitas das emoções que este livro consegue transmitir.Desafio-vos a ler este livro e a não terem um sentimento especial em relação a esta mulher.

O cinismo e fanatismo são levados ao extremo com a narrativa de King a mostrar como o preconceito pode levar à cegueira ou à loucura. Mas não só. King explora, e bem, a mente juvenil, mostrando e moldando conceitos como beleza, popularidade, vingança, humilhação e amizade. Tudo isto num enredo que tem tanto de previsível como de surpreendente. Foram vários os momentos em que acreditei perceber até onde a história me iria levar sobre um determinado assunto, e depois King surpreende com um ou outro detalhe que não esperava.

Com um enredo forte e emotivo, este é um livro que nos faz sentir mais do que um livro normal nos consegue transmitir. Este livro agarra-nos e pede-nos para nos revoltarmos com ele. Não é uma obra prima, nem o melhor trabalho do escritor, mas é bom, muito bom, principalmente pelo seu final, do qual se podem tirar algumas conclusões e que vos deixará a pensar durante algum tempo. 

Se gostam de suspense, terror, e de sentirem o que a personagem principal está a sentir, este é um livro que devem ter em conta.

Luís Pinto

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

CRIME DE LUXO


Autor: Ngaio Marsh

Título original: Death in a white tie



Sinopse: As jovens debutantes suspiram, ansiosas. As mães casamenteiras planeiam minuciosamente cada lanche, baile e jantar. Em Londres, uma nova temporada está prestes a começar. Mas por detrás de tão enérgica atividade, a alta sociedade está a ser vítima de um crime tão abjeto quanto silencioso. Alguém está a chantagear as mais notáveis famílias da cidade... e essa pessoa também planeia cuidadosamente todos os seus passos. O inspetor-chefe Roderick Alleyn, ele próprio um aristocrata, move-se suficientemente bem naquele meio para perceber que algo de estranho se passa. Encontrou, até, o aliado perfeito. O seu amigo Lorde Robert Gospell aceitou misturar prazer e dever num dos bailes mais aguardados do ano.
E para mal dos seus pecados, o bom lorde descobriu o culpado.



Este é, cronologicamente, o 7º livro com o inspetor Roderick Alleyn, fazendo parte de um total de 32 livros lançados pela autora. Sem qualquer necessidade de ler pela ordem cronológica, cada livro é independente, e por isso a editora decide lançar o que é, indiscutivelmente, o seu mais famoso livro. 

Claro que quem ler este livro e souber que existem livros anteriores, irá notar que nos falta algum conhecimento quer na construção das personagens, quer no desenvolvimento de algumas relações. No entanto, fiquei com a sensação que apenas senti esta falta porque sabia que existiam livros anteriores, e se olhar de forma global e objetiva, já encontrei muitos outros livros, inícios de saga, onde também sentimos que existe muito no passado que não sabemos, e nesses casos não existem livros.

Um dos trunfos deste livro é o ambiente que a autora cria numa sociedade luxuosa. A intriga, inveja e segredos sombrios estão por toda a parte, levando a imensas chantagens que ajudam ao mistério, levando-nos a desconfiar de vários suspeitos. A isto alia-se um conjunto de personagens de grande qualidade, bem definidas, que por vezes surpreendem mas que também demonstram os estereótipos da época e sociedade.

Pelo meio temos a personagem principal, Roderick, que para além de uma relação interessante com Agatha e de excelentes diálogos com o seu colega de investigação, consegue ser um homem com o qual nos ligamos facilmente. Senti uma ligação quase imediata com a sua personalidade e acredito que o mesmo aconteça com a maioria dos leitores. Em termos de enredo, o livro começa forte e não o consegui largar, empurrando-me a continuar com novos desenvolvimentos e diálogos onde se sente que fica algo por descobrir. Como em qualquer bom policial, este livro centra-se na busca de provas até à descoberta do culpado, levando o leitor, na maioria dos casos, a alternar entre suspeitos até ao momento final em que tudo é revelado. 

Não ter adivinhado o culpado é, para mim, um fator muito positivo e a surpresa foi ainda maior ao ver a inteligência de todo o enredo. Foram vários os diálogos que recordei após o fim da leitura e que ganharam novos significado, demonstrando que a resposta esteve sempre ao nosso alcance, mas que dificilmente a conseguiria prever. Outro ponto a salientar é a narrativa de todo o livro. A autora usa uma escrita bonita, cheia de qualidade e classe, que encaixa de forma perfeita no estilo aristocrático em que o enredo se passa, e que ganha ainda maior fulgor na personalidade do nosso personagem principal.

No global, este é mais um livro muito bom para esta nova coleção da editora ASA, que em três livros oferece três excelentes policiais, sendo difícil dizer qual é o melhor, no entanto eu acredito que este seja o melhor até agora. Aos fãs do género, recomendo os três. A qualidade está presente a cada página e o enredo é muito bom, com personagens que devemos aplaudir.

Luís Pinto

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Passatempo: Divergente


PASSATEMPO

Divergente


Tendo sido um enorme sucesso de vendas e com o filme cada vez mais perto, aproveitamos para vos oferecer um exemplar do 1º livro da saga que tem sido um enorme sucesso em todo o mundo

Para se habilitarem a ganhar, basta preencherem o formulário, responderem à pergunta e serem fãs ou seguidores do blog.


O passatempo termina dia 9 de dezembro às 23:59h

A todos, boa sorte!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O TANGO DA VELHA GUARDA


Autor: Arturo Pérez-Reverte

Título original: El tango de la guardia vieja



Sinopse: 1928. No salão deserto e silencioso de um transatlântico que navega pela noite dentro, um casal dança um tango ainda por escrever… Ela é Mecha Inzunza, uma mulher enigmática e melancólica. Ele é Max Costa, um elegante fura-vidas. Rumam a Buenos Aires, onde Armando de Troeye, marido de Mecha e músico afamado, enfrenta um extravagante desafio. Ao abrigo das ruelas lúgubres e ilícitas da cidade, nasce entre Mecha e Max uma história de amor arrebatadora que será precocemente interrompida. Voltarão a encontrar-se apenas duas vezes ao longo das suas vidas.
Em 1937, numa intriga de espionagem na Riviera Francesa, um dos destinos preferidos da alta sociedade europeia. E em Sorrento, 1966, durante uma inquietante partida de xadrez. Aqui, o tempo é já de nostalgia. O jogo dos amantes está perto do fim. A sua paixão acompanhou o esplendor e a decadência da Europa do século XX e transcendeu o tempo e a distância. Sempre presente e sempre impossível.


Tal como a sinopse refere, o enredo passa-se em três momentos distintos: 1928 num cruzeiro, em 1937 durante a guerra civil de Espanha e em 1966, onde a Guerra Fria envolve as personagens principais. O enredo tem ainda como personagens principais Armando, Mecha e Max. Com estes ingredientes, o autor constrói um romance marcante, com muito para ensinar ao leitor e que está ao nível das grandes obras deste autor. 

Numa mistura explosiva entre "tango" e espionagem, o autor dá-nos excelentes personagens, principalmente Mecha, que demonstra uma profundidade e uma personalidade que marcam todo o enredo e que influenciam a própria leitura. Existem ainda outras personagens de grande qualidade, e nota-se que o autor as constrói com calma, dando pequenos detalhes nos mais insignificantes diálogos ou gestos, ajudando à construção de uma imagem vincada por parte do leitor. A isto junta-se o ambiente, que aqui salta por três momentos e o autor altera certos aspetos como uma facilidade tal que imediatamente nos sentimos também a saltar entre épocas, e nunca me senti desligado da história.

Nesse aspeto, é importante referir que Reverte demonstra conhecimentos históricos que ajudam bastante a nossa leitura, ensinando sempre algo ao leitor para uma melhor noção de "onde estamos", mas toda a narrativa é focada no amor. Aliás, o autor descreve sempre, com simplicidade, as diferenças, as evoluções de mentalidade, de cultura, de segurança ou até do próprio ambiente entre pessoas, ao explorar como suas vidas se alteraram durante o salto temporal na narrativa... mas nunca sem ter como tema principal o amor e as marcas que o passado deixa dentro de nós.

Com várias revelações, traições e diálogos fortes num ritmo elevado de narrativa, a forma como Reverte escreve é cheia de vida, de intensidade, quer a explorar pessoas, sentimentos ou locais. E tal capacidade nota-se e agarra o leitor até a um final que deve ser aplaudido e que me surpreendeu em vários aspetos, principalmente porque o autor, novamente, tal com fez noutras obras suas, deixa uma mensagem moral, uma lição que cada leitor deverá interpretar à sua maneira e com ela perceber muito do que se passou neste livro, pois é importante percebermos as decisões de algumas personagens... o que sentiram.

Este é um livro sobre a força do amor. É interessante pensar sobre como um sentimento no nosso cérebro pode durar tantos anos até renascer, cheio de força no mais inesperado momento. Afinal qual é o limite para esse sentimento? Será um limite imposto por nós? Pela sociedade? Pelo nosso instinto de sobrevivência?

Arturo Pérez-Reverte faz parte daquele lote de autores que não faz maus livros. Existe sempre um toque de qualidade e uma noção de detalhe que se notam, quer no enredo, quer nas personagens, e que acabam por oferecer finais marcantes com uma lição moral. Este livro não foge à regra. Não será o melhor livro do autor, mas fará as delícias de todos os seus fãs. Quem gostar do autor ou do género, tem aqui um excelente livro!

Luís Pinto

domingo, 24 de novembro de 2013

Passatempo: O Pistoleiro - vencedor!


PASSATEMPO

O Pistoleiro
de Stephen King

Saga A Torre Negra - Livro 1

Chegou ao fim este passatempo onde oferecemos um exemplar do 1º livro da famosa saga de Stephen King.


A todos os que participaram, os meus agradecimentos, e espero que tenham mais sorte para a próxima!

E o vencedor é: 

Rui Cardoso Pinho

Parabéns ao vencedor!

O homem de negro fugiu pelo deserto e o pistoleiro foi no seu encalço.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Passatempo: O Silêncio dos Inocentes - livro e blu-ray


PASSATEMPO

O Silêncio dos Inocentes

Livro e Blu-ray

Hoje temos um novo pack para oferecer:

Desta vez o livro e a versão Blu-ray da grande obra: O Silêncio dos Inocentes.



Para se habilitarem a ganhar basta preencher o formulário e serem fãs ou seguidores do blog.

O passatempo termina às 23:59h do dia 1 de dezembro

A todos desejo boa sorte!











quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Passatempo: O Jogo Final - vencedor!

PASSATEMPO

O Jogo Final
de Orson Scott Card

Chegou ao fim mais um passatempo em parceria com a Editorial Presença e desta vez oferecemos um exemplar de um dos grandes livros do seu género.


Obrigado a todos os que participaram, e aos que não ganharam, desejo-vos boa sorte para a próxima! Continuem a participar e espero que um dia tenham sorte!

E o vencedor é:

Catarina Ribeiro

Parabéns à vencedora!

Se ainda não leram o livro, aconselho-o sem reservas!

 Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui
Para mais informações sobre o livro O Jogo Final, clique aqui.

O JOGO FINAL


Autor: Orson Scott Card

Título original: Ender's Game


Para quem não conheça este livro, o que em Portugal é normal para este caso (agora não tanto graças ao filme), deixo aqui uma pequena introdução histórica: Orson Scott Card lança este primeiro livro da saga Ender em 1985 e de imediato consegue o que muito poucos conseguiram: vencer com o mesmo livro o Hugo e o Nebula Award, os dois conceituados prémios da literatura fantástica. No ano seguinte o autor lançaria o segundo livro da saga e repetiria o feito, tornando-se no único autor em toda a História a vencer estes dois prémios em anos seguidos, feito no mínimo notável.
Mas voltando a Ender's Game, a popularidade dentro dos fãs do género é enorme, e tal nota-se quando vemos, por exemplo, votações de sites da internet: o site Sci-Fi Lists coloca-o em primeiro lugar no top dos melhores livros de FC; e a mega votação do site NPR coloca-o em terceiro no top dos melhores livros de fantástico, deixando para trás clássicos como 1984 ou a saga do momento de George R. R. Martin, Game of Thrones. Procuramos pela internet e este livro aparece sempre nos tops. Juntamos a isto o facto de ser um dos livros com melhor classificação do GoodReads e vemos que estamos perante a saga mais premiada da Ficção-Científica e uma das mais adoradas. Motivos suficientes para a ler.
Mas este livro é muito mais do que FC.

Scott Card tem uma escrita simples, rápida, e que tem como objectivo ajudar-nos a perceber com relativa facilidade a mente prodigiosa da sua personagem principal. Ender, um rapaz genial, tem a capacidade de criar incríveis tácticas em batalhas, e até aqui tudo normal em relação a outros livros, mas Scott Card "mostra-nos" mesmo essas movimentações, essas manobras geniais, não se limitando a escrever "Ender chegou e ganhou". Juntamos a isso o facto de o autor nos dar muitas vezes no início de capítulos, acontecimentos com outras personagens, principalmente aquelas conversas entre os verdadeiros manipuladores da história, aqueles que a fazem avançar, oferecendo a esta obra uma intriga sempre presente e um carácter quase estratégico às suas páginas, pois aos poucos vemos outras movimentações que não as de Ender.
Sendo um livro para qualquer idade, a verdade é que será mais fascinante para um adolescente, pela acção e amizade entre as personagens, mas por outro lado terá uma maior qualidade para um adulto pelas questões que levanta. Os treinos das crianças tornam-se por vezes angustiantes, por serem levadas ao limite, tocando a extrema violência nos seus actos, sem que o autor as descreva com pormenor, dando a oportunidade a uma criança de ler este livro e não ficar impressionada, mas também oferecendo a qualquer adulto uma imagem negra, que nos faz questionar os actos destas crianças, o seu estado psicológico e o que os levou a tal situação.

Precisamos de conhecer e compreender um inimigo para o conseguir derrotar? O tempo em que somos crianças será realmente a idade da inocência, mas também é a criança o ser que muda mais rapidamente de estado, amando e odiando a mesma coisa em poucos minutos de intervalo. Será então uma criança o comandante perfeito? Quente e frio, fácil de manipular mas com o qual se consegue criar uma verdadeira paixão? Aos poucos o livro mostra-nos a manipulação, a inveja do ser humano, a ética moral que nos prende e a violenta loucura que nos solta... mas será a sobrevivência da espécie desculpa para qualquer acto? A verdade é que existe sempre algo que consegue destruir a mais forte das determinações, quer seja por termos perdido alguém que amamos e só desejamos desistir, ou porque simplesmente deixámos de ser felizes. Roubaram-nos isso.
Este livro é sobre as motivações das crianças. A capacidade de superação seguida da tentação de simplesmente encolher os ombros e desistir, porque afinal a vida não é justa e a criança que "cresce" mais depressa, também o aprende primeiro. Esta personagem principal é fantástica e realista, porque ser um génio não retira à pessoa nada de humano. Que criança, por mais genial que seja, não se sentiu pelo menos uma vez incompreendida ou inferior? Que criança não desejou pelo menos uma vez ser especial sem perceber que certamente já o é?

Orson Scott Card é fantástico. Se não o fosse não teria ganho todos os prémios que ganhou, não teria feito um Universo tão fácil de se perceber, não teria criado aquela que é para mim, muito provavelmente, a mais incrível raça alienígena que já li... se Card não fosse tão bom, não teria inventado, muito antes de J. K. Rowling, uma escola com equipas, jogos e pontos, e que realmente funciona apesar de não tão detalhado como em Harry Potter.
Um livro com alguns anos e ainda tão actual, basta lermos e percebermos como algumas pessoas neste livro manipulam outras em "redes sociais", e perguntamo-nos se estaremos a caminhar na mesma direcção...
O final, bem, é simplesmente incrível. Alguns poderão não gostar, mas para mim é excelente, pois percebemos que todo o livro nos levou nesta direcção. As questões morais que levanta são muitas e não as irei explorar, para não revelar nada, mas existe sempre algo a pagar pelo que fazemos, pois existe sempre orgulho ou remorso. 
Um livro que me deu um verdadeiro prazer, como poucos. A questão é: se és fã de literatura fantástica, ou se simplesmente és uma pessoa que adora ler, como é possível ainda não teres lido este livro?

Luís Pinto

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui
Para mais informações sobre o livro O Jogo Final, clique aqui

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Passatempo: O Livro Negro - vencedor!

PASSATEMPO

O Livro Negro
de Hilary Mantel


Chegou ao fim mais um passatempo, com centenas de participações e devo agradecer a todos os que participaram. Infelizmente só podemos oferecer um livro mas temos mais dois passatempos ativos, por isso participem!

Ao vencedor, os nossos parabéns!

E o vencedor é:

Joana Alves Carminho

Parabéns à vencedora!

A todos os que não ganharam, desejo-vos boa sorte para a próxima e participem nos nossos passatempos ativos!

MISERY


Autor: Stephen King

Sinopse: Paul Sheldon é um famoso escritor de romances cor-de-rosa, tornado célebre pela personagem principal das suas obras, Misery Chastain. Porém, Sheldon entendeu que estava na hora de virar a página e decidiu «matar» Misery.
É então que sofre um terrível acidente de viação e é socorrido por Annie Wilkes, uma ex-enfermeira que o leva para sua casa para o tratar. O que Paul não sabe é que Annie, a sua salvadora, é também a sua maior fã, a mais fanática e obcecada de todas — e está furiosa com a morte de Misery.
Ferido e incapaz de andar, totalmente à mercê de Annie, Paul é obrigado a escrever um novo livro para «ressuscitar» Misery, como uma Xerazade dos tempos modernos nas mãos de uma psicopata tresloucada que há muito deixou de distinguir a realidade da ficção.
Repleto de complexos jogos psicológicos entre refém e captor, Misery é uma obra de suspense e terror no seu estado mais puro.


Forte, violento, assustador, psicológico. Este livro de Stephen King prende-nos ao seu mundo e faz o nosso coração acelerar. "Misery" pode não ser o melhor livro do autor, mas é muito bom e fica na nossa memória durante algum tempo.

O que torna esta obra tão boa é a forma como o autor escreve: forte, cruel, crua, atento ao detalhe e sempre com um esforço notório para nos agarrar ao livro e nos fazer sentir o que o personagem principal sente. É este jogo psicológico que vamos presenciando que nos deixa sem fôlego e a continuar até à página seguinte. O enredo, bem construído e inteligente, consegue ser sempre coerente e, novamente, a escrita do autor apresenta uma qualidade única com detalhes preciosos e surpresas que não esperamos. 

Mas, para além do ambiente, sempre pesado do livro, um dos grandes trunfos do livro são as personagens, e se com Paul vamos sentindo o seu desespero, com Annie estamos perante uma personagem verdadeiramente memorável, capaz de nos arrepiar com as suas falas, com as suas mudanças de humor. É quase como se ao ler, sentíssemos o seu olhar reprovador, maníaco. Annie é, sem dúvida, uma das melhores personagens que alguma vez li, sem qualquer falha, sendo ela todo o catalisador do ambiente e da qualidade do livro.

Também devo salientar outros aspetos, como por exemplo a forma como vamos vivendo o processo criativo do escritor Paul, e que me surpreendeu bastante. King cria todo um processo, explica-nos e deixa-nos perceber as decisões de Paul sobre o seu novo livro, algo muito raro de se ver numa leitura. É como se King nos estivesse a explicar como escrever um bom livro. Tais momentos fogem um pouco do enredo principal e do ambiente, para se tornarem em momentos onde sentimos a pressão do autor em escrever, em criar algo bom porque a sua vida depende disso. No fundo, trata-se de uma segunda forma de tortura psicológica para o próprio leitor.

Por fim, a violência. Este é um livro violento, gráfica e psicologicamente, que nos tenta colocar na cama de Paul, inválidos, impotentes, perante uma mulher que há muito deixou de distinguir realidade e ficção. E talvez, mais do que a violência, seja este o facto mais arrepiante do livro: estamos perante algo raro, mas real. O fanatismo, a incapacidade de separar as coisas e por fim a obsessão, a doença mental que não terá barreiras para os seus objetivos. O nosso cérebro, é, realmente, algo fantástico e que ainda estamos longe de perceber totalmente.

Não querendo desvendar o enredo, este livro vale pela atmosfera, pelas personagens e pela facilidade com que o autor nos mostra até onde pode ir o fanatismo de um lado, e do outro como o pensamento lógico pode ser morto pelo desespero e pela destruição da esperança. Um livro que não é para todos, mas que dentro do seu género é do melhor que já li, ou não estivesse perante Stephen King. Se gostam de leituras fortes, este é um excelente livro.

Luís Pinto

domingo, 17 de novembro de 2013

Passatempos ativos!



Neste momento temos 2 passatempos ativos no blog e por isso aqui ficam os links para que possam participar! 



Não se esqueçam de participar e de pedir aos vossos amigos que participem também!



Boa sorte a todos!
 
 




URTH DO NOVO SOL


Autor: Gene Wolfe

Título original: The Urth of the New Sun



Ler esta saga de Gene Wolfe, que acaba neste livro, é o mesmo que ler o livro Inception (A Origem - análise aqui ao livro), e fazer tal comparação com um filme tão fantástico, já é um grande elogio. 

A saga "O Livro do Novo Sol", composta por 5 livros, é, sem dúvida, uma das melhores sagas que já li, mas é também uma das mais difíceis e confusas, sendo um verdadeiro desafio que sabe bem enfrentar. Existiram, pelo menos 3 momentos, em que após longa reflexão, acreditei já ter percebido tudo o que este mundo era, mas depois, voltavam a aparecer novas dúvidas e quanto mais pensava, mais construía, e mais questões se levantavam enquanto respondia a outras.

A genialidade do livro está em não nos dar todas as respostas. Em termos de enredo tudo fica explicado, mas em relação ao mundo que Wolfe nos mostra, muito fica por explicar, tal como na própria vida. Este livro leva-nos, facilmente, a questionar qual a nossa importância num tão vasto universo, qual o sentido da vida que é algo tão frágil, o que existe depois da morte ou até se enquanto seres vivos estaremos destinados a fazer algo marcante no universo.

O ponto fulcral está no facto de o autor nos dar tudo isto com uma escrita genial, capaz de nos esclarecer e confundir ao mesmo tempo, e com esta ginástica mental, que sempre foi feita com a maior vontade, pois a história é realmente boa, profunda, viciante e com significado, vamos continuando, e no meu caso, com grande prazer. A parte que mais me agarrou foi a constante noção de que aos poucos tudo faria sentido e no fim, Gene Wolfe não falhou.

Apesar de no anterior livro (e claramente o melhor da saga) a história parecer ter chegado a um fim, este livro vem dar uma noção sobre o que poderá acontecer no futuro, não deixando apenas a ideia que a história acaba na última página e a partir daí nada acontece. Por outro lado, vi um final onde a minha vontade enquanto leitor pedia mais, pois estamos perante um mundo tão original e fantástico, que é difícil aceitar qualquer fim.

Este 5º e último livro não é o melhor da saga, pois muito dificilmente poderia bater o anterior, mas é também um excelente livro. Um bom ritmo, nem sempre constante, novas personagens e uma nova visão sobre alguns dos temas mais importantes da saga, onde destino, sacrifício e morte continuam a ser os temas onde o autor explora a nossa incompreensão do universo e do que é a própria vida.

Não irei falar sobre a história ou personagens para não revelar nada. O que posso dizer é que esta saga é realmente muito boa, e dentro do seu género é do melhor que já li, e porquê? Por tudo: história, mundo, personagens, escrita, Gene Wolfe eleva todos os parâmetros a um grande nível. Uma saga que deve ser lida por qualquer um que goste de fantástico, e mesmo não sendo o vosso género, aconselho uma vista de olhos, porque este é um daqueles trabalho que saí das próprias barreiras do género, e oferece algo mais.

Luís Pinto

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

SNIPER AMERICANO


Autor: Chris Kyle

Título original: American Sniper


Sinopse: Ele foi o sniper de elite mais letal de sempre. Os rebeldes iraquianos chamavam--lhe «O Demónio». Entre os seus irmãos Navy SEALs, era conhecido como «A Lenda»…
Uma extraordinária autobiografia, escrita na primeira pessoa pelo atirador especial mais letal da História, Chris Kyle, combatente em algumas das batalhas mais importantes das últimas décadas. Nascido e criado no Texas, Chris Kyle aprendeu a atirar na sua infância, enquanto acompanhava o pai em caçadas. Antes de se alistar na Marinha era já um cowboy experiente. Depois do 11 de Setembro foi lançado nas linhas da frente da guerra contra o terrorismo, onde demonstrou as suas capacidades enquanto sniper, com registos excecionais debaixo de fogo cerrado.
Entre 1999 e 2009 obteve o maior número de tiros bem-sucedidos como atirador especial da História militar norte-americana, confirmado oficialmente pelo Pentágono: 160. Chris Kyle morreu em fevereiro de 2013, em circunstâncias trágicas, assassinado por um antigo marine num campo de tiro no Texas. Nesta autobiografia, publicada originalmente alguns meses antes da sua morte, Chris Kyle descreve, com grande detalhe, a formação e treino dos SEALs, as batalhas em que esteve envolvido e as estratégias e armamento utilizados, bem como a dor provocada pela guerra — por ter sido atingido duas vezes, com gravidade, e por ter presenciado as mortes trágicas de dois amigos próximos.


Este é um relato duro do que é a guerra, do que se perde com ela, do que se ganha e do que se sacrifica. Sendo uma autobiografia, nota-se facilmente que não foi um escritor quem colocou as palavras no papel, mas sim, na grande maioria do texto, o próprio atirador. Se por um lado notamos que a escrita não é a melhor, a verdade é que as suas palavras estão repletas de emoção. O seu relato, sem reservas, sem "panos quentes", é um aglomerado de acontecimentos cheios de adrenalina e dor, misturados com o orgulho de acreditar estar a fazer algo necessário e com valor.

O ritmo do livro é muito bom, balanceando entre os momentos de grande adrenalina e aqueles momentos em que perdemos alguém querido e o mundo parece parar à nossa volta. Outro aspeto interessante, talvez o mais interessante para quem gostar deste género, é o detalhe com que Kyle descreve quase tudo o que fez, desde a estratégia militar de uma certa missão, até às horas de preparação e o momento em que tudo se executa. Com tais detalhes, e sempre com emoção na sua escrita, a leitura torna-se intensa em quase todo o livro, e que ganha ainda mais relevo por ser um relato inédito sobre algumas formas de procedimento do exército americano.

No entanto, para mim, a melhor parte do livro é o conteúdo mais humano, quando o autor nos tenta demonstrar o que tem de sacrificar, o que deixa para trás, em casa. As consequências no casamento, no relacionamento com os filhos e amigos, tudo é exposto pelo autor para percebermos que se trata de uma profissão que marca e que rouba algo, como em muitas outras profissões.

Nunca é fácil falar de uma autobiografia sem relevar qualquer coisa, e eu, para não o fazer, deixarei a crítica ao enredo para vocês, no entanto não posso deixar de dizer que todo o livro tem uma intensidade e uma emoção palpável, e que agradará a quem queira perceber um pouco mais as dificuldades e decisões que um atirador tem de passar, e que não tem qualquer problema em, por vezes, revelar algo que possa ser mais inconveniente para o exército americano. Um livro marcante em alguns momentos e com uma visão muito particular sobre a guerra, o que a cria, quem são os vencedores, os derrotados e os culpados. Recomendado a quem goste do género.

Luís Pinto

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

AS GARRAS DA ÁGUIA


Autor: Simon Scarrow

Título original: When the Eagle hunts




Este 3º livro da Saga da Águia é o mais rápido de se ler, o mais viciante, mas será, provavelmente, o mais fraco da saga até agora, pois acredito que sera o que vai abrir um novo caminho para os próximos livros.

 O porquê está no caminho que a saga inicia neste livro e onde fica a ideia que no fim retorna ao caminho anterior, como se este livro fosse um desvio que levasse a um aprofundar das personagens. Olhando para o enredo como um todo, este livro avança muito pouco enquanto história (num olhar à trama principal até agora) mas avança bastante em relação às personagens, tanto nas várias que apresenta como nas que já conhecemos. Cato e Macro crescem bastante enquanto personagens mas também a ligação entre ambos é fortalecida, quer seja em momentos cómicos, de desabafo ou até de sofrimento.

Neste desvio que antes mencionei, o que perde é a intriga política, e sendo este, talvez, o melhor que a saga nos dá, nota-se que falta alguma coisa nestas páginas. Todavia, o elevado ritmo leva-nos a continuar a ler sem parar, pois ficamos perante acontecimentos consecutivos dentro de uma única missão, e queremos sempre continuar para percebermos como tudo acabará. 

Onde Scarrow continua muito bom é nas descrições, principalmente das batalhas. Scarrow consegue transmitir emoção e violência visual enquanto nos dá detalhes interessantes e que nunca me saturaram. Em termos visuais este é o livro mais forte e esta componente alia-se bem ao facto de este ser o livro onde a narrativa nos empurra mais para um dos lados da batalha durante as primeiras páginas. A nossa visão, enquanto leitores, é romana e a propaganda é dada vezes e vezes como se Roma fosse a luz num mundo de escuridão. O que Scarrow faz muito bem é, com diálogos, balançar as visões, tentando dar o lado do inimigo de Roma, que está a defender a sua terra. 

Esse será um dos aspetos mais interessantes, tentarmos ver o livro pela perspectiva que não nos é dada: tentar olhar para a invasão romana pelo olhar de quem vê as suas terras a serem conquistadas por estranhos.

No fim, a narrativa principal do livro parece voltar ao caminho anterior da saga e, com alguns acontecimentos muito interessantes, vai certamente abrir portas para os próximos livros, que têm tudo para ser muito interessantes. Devo ainda salientar a inclusão de várias personagens neste livro. Scarrow demonstra que quer "abrir o leque" ao aprofundar algumas personagens que em teoria sempre estiveram presentes no enredo dos livros anteriores mas nunca foram mencionadas. Há uma sensação que Scarrow está a aprofundar certas ligações, certas amizades e noções de vida militar para as usar melhor nos próximos livros, o que me deixa muito curioso sobre algumas situações.

Sendo um livro que é notoriamente uma transição para uma nova realidade, graças ao que acontece nas últimas páginas, não me irei alongar muito e vou continuar com a saga. Scarrow mantém o seu estilo, só retirou a intriga política durante algum tempo, dando espaço para outras questões importantes. Para mim, como disse no início, é globalmente o livro mais fraco, o que não quer dizer que seja mau. Quem gostou dos dois anteriores, continuará a gostar deste, mas provavelmente terá a mesma sensação que eu: este livro existe para criar a base do que está para vir. Venham os próximos, pois trata-se de uma saga muito viciante e com momentos de grande qualidade dentro do seu género.

Luís Pinto

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Passatempo: O Pistoleiro


PASSATEMPO

O Pistoleiro
de Stephen King

A Torre Negra - Livro 1

Hoje temos para oferecer um exemplar do primeiro livro de uma saga adorada em todo o mundo e que chegou a Portugal nos últimos meses.

Para se habilitarem a ganhar, basta serem fãs ou seguidores do blog e preencherem o formulário.

Apenas é permitida uma participação por pessoa.

O passatempo termina às 23:59h do dia 22 de novembro

Sinopse: No primeiro livro desta série brilhante, Stephen King apresenta os leitores a uma das suas personagens mais enigmáticas, Roland de Gilead, o último dos pistoleiros. Roland é uma figura marcante, um solitário numa viagem arrebatadora em direção ao bem e ao mal. No seu mundo desolado, que reflete assustadoramente o nosso, Roland persegue o homem de negro, conhece a atraente Alice e começa a sua relação de amizade com um rapaz de Nova Iorque chamado Jake. Ao mesmo tempo realista e onírico, O Pistoleiro deixa os leitores ansiosos pelo novo capítulo desta série.

Passada num mundo de circunstância extraordinárias, com um imaginário visual espantoso e personagens inesquecíveis, a série A Torre Negra é ímpar. A obra mais visionária de Stephen King, um misto mágico de fantasia e horror.

Boa sorte a todos!

Aproveitem para participar nos outros passatempos que temos ativos no nosso blog!



A CIDADELA DO AUTARCA


Autor: Gene Wolfe

Título original: The citadel of the Autarch


Este 4º livro, da fantástica saga que nos trouxe Severian, é simplesmente fantástico e um dos melhores livros que alguma vez li no género.

Tentando ver toda a saga como um livro, estamos perante uma das narrativas mais estranhas que alguma vez li, e que aliada a um complexo e sempre surpreendente mundo, cria uma experiência singular, diferente do tudo o que já li. 

Este 4ºo vários momentos, de várias ideias e questões que estavam no ar. É a resposta de várias dúvidas e o murro surpreendente no leitor que pensa ter percebido tudo o que havia a perceber. A genialidade de Wolfe está, muitas vezes, na capacidade de nos enganar e de nos levar a questionar qual é a  verdade do que está a acontecer, qual é o objetivo da narrativa e qual será o desfecho para determinada situação que ao início parece insignificante, mas que se torna importante.

O que este livro tem de bom é tudo: Severian é uma personagem fantástica e um narrador ainda melhor, pois consegue criar uma mistura de sensações num leitor que, como eu, se poderá sentir perdido em alguns momentos. A beleza desta história está no facto de nos obrigar à concentração que tornará esta leitura ainda melhor. Claro que existem outras personagens interessantes e muito bem construídas, mas não irei revelar nenhum nome para não retirar alguma surpresa a quem ainda não tenha lido os livros anteriores.

Outro aspeto realmente marcante é todo o mundo criado pelo autor. A cada passo a sua complexidade aumenta mas também a coesão. É deveras impressionante como o autor consegue aumentar a complexidade e ao mesmo tempo tornar o mundo deste enredo mais lógico e mais fácil de se perceber quando começamos a ligar todos os pontos. Torna-se, principalmente com este 4º livro, em algo difícil de ser alcançado e por isso digo que estamos perante um dos melhores mundos alguma vez criados.

Apesar de alguma questões ainda ficarem por explicar no próximo livro, a verdade é que este livro consegue explicar quase tudo. Tal facto era algo que não esperava, tal é a complexidade deste mundo que o autor consegue ver de forma tão simples e que nos explica por entre linhas. O ritmo do livro não é constante, e nota-se o porquê quando olhamos o enredo, no entanto nada irei revelar, devendo apenas dizer que apesar da primeira parte do livro parecer mais forte em alguns momentos, todo o livro nos obriga a continuar a ler assim que começamos a sentir que algumas verdades serão reveladas. E tudo culmina num final de grande impacto e que fica na nossa memória.

Gene Wolfe continua a tocar em aspetos marcantes, como a morte, o significado da vida e os sacrifícios que fazemos enquanto respiramos, e acredito que seja impossível a um leitor (que tenha feito o esforço de compreender tudo o que esta saga nos dá) não se sentir marcado com a forma singular que Severian vê o mundo e a humanidade.

Falta apenas um livro para acabar e já me decidi a voltar a ler a saga, e mais cedo do que possam imaginar. Acredito plenamente que uma nova leitura trará ainda mais ao de cima toda a genialidade do autor. O feito de Gene Wolfe é notável até agora e basta apenas saber com vai acabar. Dentro de dias análise ao último livro e uma visão mais global sobre toda a saga! No entanto façam um favor a vocês, comprem esta saga!

Luís Pinto

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Espaço Leitor: Memória de Elefante



Hoje apresento mais um "Espaço Leitor", com um texto da Margarida Contreiras, autora do blog "Pensamento a cores" que aconselho todos a visitarem!

Espero que gostem, e se quiserem submeter as vossas opiniões literárias, estejam à vontade!

Autor: António Lobo Antunes



Psyché é uma palavra de origem grega que se traduz na linguagem atual para mente. É neste tronco terminológico que encontramos as ramificações para os termos psicologia, psiquiatria, psicose, psicanálise, psicoterapia, todos eles viventes nas páginas deste livro. Na verdade, toda a história é contada com a objetiva presa à psyché de um médico, obrigando-nos a captar a realidade filtrada pelo seu olhar. Por isso, este é um livro peculiar.

O médico que protagoniza a história é um psiquiatra de um hospital lisboeta, cuja mente carece ela mesma também de terapia. A ação nasce na fonte sensorial e sentimental do protagonista e desenvolve-se à luz do sua experiência de vida e da consequente visão denegrida que tem do mundo. Ao virar as primeiras páginas, apercebemo-nos imediatamente que esta deturpação está profundamente ligada a uma distanciação familiar que revela, simultaneamente, necessidade de afastamento e aproximação. É por isso que as grandes sensações que fazem este livro são a frustração, a cobardia e o conformismo.

O narrador não corresponde à personagem principal por não encarnar assumidamente a sua alma, no entanto a consciência dos dois está tão próxima que podemos questionar se a narrativa se tratará de um autorretrato na terceira pessoa. Por outro lado, as personagens secundárias são praticamente inexistentes, surgindo apenas pontualmente e como voz da consciência alternativa ressonante na cabeça do psiquiatra e atuando também elas como psiquiatras através dos seus juízos de valor. Existem sim muitos figurantes que passam pela ação da história como meio de ilustração corroborante do pensamento da personagem principal e que se traduzem, na narrativa em si, como resultado de uma observação reprovadora. Normalmente, estes figurantes agem com indiferença perante o protagonista, em movimentos frios como os dele mesmo.

O desenrolar da história é feito com marcada lentidão, concentrando-se no decorrer de apenas dois dias, e o enfoque da ação é centrado mais na descrição sensorial do que no desenvolver de acontecimentos. Esta descrição é extremamente particular: o autor descreve-nos, não a realidade com as suas cores e relevos, mas através das sensações que essas cores e relevos (eventualmente existentes) provocam no protagonista da história. Por outras palavras, o autor diz-nos o que aparenta ser em vez do que é, indicando-nos a consistência dos acontecimentos num entrançado de emoções e pensamentos, todos eles desembocando na distante memória da mulher e das filhas que nunca chegamos a perceber se é longa ou curta no tempo. A visão do protagonista através da qual assistimos à narrativa mostra uma perspetiva negra do mundo, em que é dada especial referência aos distúrbios e anomalias do âmbito da sexualidade: jovens mulheres seduzem homens velhos por interesse, prostituição, pedofilia, entre outros, embora estes sejam assuntos abordados apenas para uma representação de quimeras de um mundo simultaneamente real e abstrato e não porque sejam importantes para a ação central.

Lobo Antunes apresenta-nos uma escrita erudita e extremamente sensorial num livro que se lê sobretudo para o desfrute da palavra e da descodificação de uma mente turbulenta. Esta obra pode ser lida pelo leitor comum familiar com o mundo literário, no entanto, as suas potencialidades disparam até aos campos mais profundos da psicologia. O final será dificilmente conclusivo para um trivial leitor, convidando a uma análise desta memória de elefante que deverá ser feita de olhos semicerrados e mente aberta.

Nota: O "Espaço Leitor" é um pequeno espaço onde qualquer leitor pode deixar a sua opinião a um livro. Novamente, muito obrigado à Margarida Contreiras pelo seu fantástico texto.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O TIRO


Autor: Philip Kerr

Título original: The shot



ados Unidos, Novembro de 1960. Contra todas as expectativas, um católico romano de quarenta e três anos vence Richard Nixon na corrida presidencial: John F. Kennedy é o novo presidente do país. São tempos difíceis: a guerra fria está ao rubro, a União Soviética equipara-se assustadoramente aos Estados Unidos na corrida ao armamento, tendo-os já vencido na conquista do espaço, a febre anti-comunista impôs-se de uma maneira frenética e a paranóia em relação à Cuba de Fidel Castro é crescente. Para a Máfia, que quer liberalizar as suas operações nas Caraíbas, Castro representa um obstáculo real e, aparentemente, intansponível. A solução está num homem: Tom Jeffeson, o assassino mais eficiente da América, que contratam para o matar. Mas Jefferson tem os seus próprios planos, o seu próprio alvo, que se encontra bem mais perto: o próprio presidente! Se Tom for bem sucedido, vai mudar a história. Agora só a Máfia o pode parar... - See more at: http://www.asa.pt/pt/literatura/policial/o-tiro-pa/#sthash.05DlVCL8.dpuf
Estados Unidos, Novembro de 1960. Contra todas as expectativas, um católico romano de quarenta e três anos vence Richard Nixon na corrida presidencial: John F. Kennedy é o novo presidente do país. São tempos difíceis: a guerra fria está ao rubro, a União Soviética equipara-se assustadoramente aos Estados Unidos na corrida ao armamento, tendo-os já vencido na conquista do espaço, a febre anti-comunista impôs-se de uma maneira frenética e a paranóia em relação à Cuba de Fidel Castro é crescente. Para a Máfia, que quer liberalizar as suas operações nas Caraíbas, Castro representa um obstáculo real e, aparentemente, intansponível. A solução está num homem: Tom Jeffeson, o assassino mais eficiente da América, que contratam para o matar. Mas Jefferson tem os seus próprios planos, o seu próprio alvo, que se encontra bem mais perto: o próprio presidente! Se Tom for bem sucedido, vai mudar a história. Agora só a Máfia o pode parar... - See more at: http://www.asa.pt/pt/literatura/policial/o-tiro-pa/#sthash.05DlVCL8.dpuf
Estados Unidos, Novembro de 1960. Contra todas as expectativas, um católico romano de quarenta e três anos vence Richard Nixon na corrida presidencial: John F. Kennedy é o novo presidente do país. São tempos difíceis: a guerra fria está ao rubro, a União Soviética equipara-se assustadoramente aos Estados Unidos na corrida ao armamento, tendo-os já vencido na conquista do espaço, a febre anti-comunista impôs-se de uma maneira frenética e a paranóia em relação à Cuba de Fidel Castro é crescente. Para a Máfia, que quer liberalizar as suas operações nas Caraíbas, Castro representa um obstáculo real e, aparentemente, intansponível. A solução está num homem: Tom Jeffeson, o assassino mais eficiente da América, que contratam para o matar. Mas Jefferson tem os seus próprios planos, o seu próprio alvo, que se encontra bem mais perto: o próprio presidente! Se Tom for bem sucedido, vai mudar a história. Agora só a Máfia o pode parar... - See more at: http://www.asa.pt/pt/literatura/policial/o-tiro-pa/#sthash.z7h7X6lt.dpuf
Estados Unidos, Novembro de 1960. Contra todas as expectativas, um católico romano de quarenta e três anos vence Richard Nixon na corrida presidencial: John F. Kennedy é o novo presidente do país. São tempos difíceis: a guerra fria está ao rubro, a União Soviética equipara-se assustadoramente aos Estados Unidos na corrida ao armamento, tendo-os já vencido na conquista do espaço, a febre anti-comunista impôs-se de uma maneira frenética e a paranóia em relação à Cuba de Fidel Castro é crescente. Para a Máfia, que quer liberalizar as suas operações nas Caraíbas, Castro representa um obstáculo real e, aparentemente, intansponível. A solução está num homem: Tom Jeffeson, o assassino mais eficiente da América, que contratam para o matar. Mas Jefferson tem os seus próprios planos, o seu próprio alvo, que se encontra bem mais perto: o próprio presidente! Se Tom for bem sucedido, vai mudar a história. Agora só a Máfia o pode parar... - See more at: http://www.asa.pt/pt/literatura/policial/o-tiro-pa/#sthash.z7h7X6lt.dpuf
O que devo destacar desde já são os factos históricos que o autor consegue introduzir no enredo, apresentando na narrativa alguns momentos bastante conhecidos da História americana. Com esta mistura a história torna-se mais interessante e envolvente, ficando sempre a ideia que o autor estudou bem o ambiente onde se envolveu. Para aqueles que gostem de conspirações, será difícil não ficar agarrado desde o primeiro capítulo, no entanto o livro perde um pouco com as duas personagens principais que apresenta. No meu caso, nunca consegui aproximar-me das personagens nem criar a ligação que uma leitura mais emotiva. Não estou com isto a afirmar que as personagens não têm qualidade, mas acredito que personagens com mais profundidade teriam dado mais qualidade a uma história que é boa, mesmo que o ritmo tivesse de abrandar um pouco.

Por outro lado percebem-se algumas das decisões do autor, principalmente em deixar-nos às escuras, em alguns momentos, sobre as motivações de algumas personagens, ajudando a que existam momentos de revelações ou reviravoltas que não esperava. Falando o ritmo, tal como um bom thriller pede, a intensidade da narrativa vai aumentando, ganhando uma velocidade que nos prende se gostarem do género e acabei por também criar as minhas teorias sobre o que estaria a acontecer.

Em relação à escrita, Kerr, pelo menos neste livro, escreve sem grande emoção, provavelmente tentando criar um ambiente quase taciturno em relação às personagens e ao que está a acontecer. Acredito que esta escrita possa afastar algumas pessoas mas também me parece que tal escrita consegue encaixar no livro. Na grande maioria do livro existe este ambiente de que algo irá acontecer e ainda não percebemos o porquê, como se houvesse um nevoeiro entre nós e o enredo. Não agradará a alguns mas agradará a muitos outros.

A melhor parte do livro é o final, que me surpreendeu em vários aspetos, dando o carimbo de qualidade final que esta história merece. Novamente volto a dizer que lamento não ter conseguido criar uma boa ligação com as personagens, mas também é verdade que no fim vejo facilmente que estive perante um livro inteligente e que será uma leitura interessante para quem gostar de conspirações. Se gostam de enredos que misturam realidade e ficção com muitas conspirações e reviravoltas pelo meio. Este é um livro interessante.

Luís Pinto