quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Passatempo: A Infância de Jesus

PASSATEMPO


A infância de Jesus
de J. M. Coetzee


Hoje temos mais um livro para oferecer, desta vez trata-se de mais uma fantástica obra do autor duas vezes vencedor do Booker Prize e Prémio Nobel de Literatura


Para se habilitarem a ganhar basta serem fãs do blog no facebook ou seguidores e  preencher o formulário com os vossos dados.

Boa sorte a todos!

O passatempo termina às 23:59h de 6 de outubro!

Sinopse: Depois de cruzarem oceanos, um homem e um rapaz chegam a uma nova terra onde recebem um nome e uma idade, são alojados num campo enquanto aprendem espanhol, a língua do seu novo país. Agora chamados Simón e David, dirigem-se ao centro de realojamento da cidade de Novilla, onde os funcionários são corteses, mas não necessariamente prestáveis. Simón arranja emprego. O trabalho é invulgar e extenuante, mas ele não tarda a estabelecer relações com os seus colegas estivadores, que nas horas vagas mantêm diálogos filosóficos sobre a dignidade do trabalho e de uma maneira geral se afeiçoam a ele.
Assume então a incumbência de localizar a mãe de David. Embora, como todos os que chegam a este novo país, ele pareça estar limpo de todos os vestígios de recordações, tem a convicção de que a reconhecerá quando a vir. E, efectivamente, ao passear pelo campo com o rapaz, vislumbra uma mulher que tem a certeza de tratar-se da mãe dele, persuadindo-a a assumir esse papel. A mãe de David vem a aperceber-se de que está em presença de uma criança excepcional, de um rapaz inteligente e sonhador, com ideias muito invulgares sobre o mundo. As autoridades académicas, porém, detectam nele um traço de rebeldia e teimam em que seja enviado para uma escola especial distante. A mãe recusa-se a entregá-lo e é Simón que tem de conduzir o automóvel durante a fuga do trio pelas montanhas
.


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Passatempo: O menino de Cabul - Vencedor!

PASSATEMPO

O menino de Cabul

Vencedor!
E já temos o nome do vencedor que irá receber um exemplar de uma dos livros mais marcantes dos últimos anos!
Obrigado a todos os que participaram, e claro, à Editorial Presença por tornar possível esta oportunidade!
E o vencedor é:

Arnaldo Teixeira de Oliveira Santos
 
***
Parabéns!
A todos, uma vez mais, obrigado e boa sorte para a próxima!
Mais passatempos em breve! Estejam atentos!

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui
Para mais informações sobre o livro O menino de Cabul, clique aqui
 
 
 
JÁ ADAPTADO AO CINEMA, O MENINO DE CABUL
OCUPOU 100 SEMANAS A LISTA DE BESTSELLERS
DO NEW YORK TIMES E FOI PUBLICADO EM 70 PAÍSES
No inverno de 1975, em Cabul, tudo o que Amir mais deseja no mundo é ganhar um concurso de papagaios para poder impressionar o seu pai, e Hassan, o seu amigo inseparável, está determinado a ajudá-lo. Mas, na tarde do concurso, um terrível acontecimento vai destruir os laços que unem os dois rapazes para sempre. E, mesmo quando a família de Amir é forçada a fugir do Afeganistão após a invasão soviética, Amir sabe que um dia terá de regressar à sua terra natal em busca de redenção. 
«À semelhança de E Tudo o Vento Levou, este romance extraordinário reflete sobre os conflitos entre pessoas comuns no voraz fluir da história.»
People

«Um romance maravilhoso... uma história admirável da cultura afegã. É um romance ao estilo de outros tempos que nos arrebata completamente.» 
San Francisco Chronicle
 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

MYSTIC RIVER


Autor: Dennis Lehane


Sinopse: Sean Devine, Jimmy Marcus e Dave Boyle são três amigos de infância. Um dia, um estranho carro parou na rua onde brincavam. Dave é levado pelos homens do carro, os outros ficam no passeio e algo de terrível vai acontecer que acabará com a amizade dos três e mudará as suas vidas para sempre.
Vinte e cinco anos mais tarde, Sean é detetive de homicídios, Jimmy é um ex-presidiário dono de uma loja e Dave está a tentar controlar os seus demónios.
Quando a filha mais velha de Jimmy aparece assassinada, Sean é um dos detetives encarregados do caso.



Há alguns anos vi a adaptação cinematográfica deste livro e adorei. Havia uma densidade nas personagens que me deixou bastante agradado e agora que li o livro, as expetativas eram altas, mas não fiquei desiludido. Lehane, autor de outros livros que se tornaram êxitos no cinema, escreve com uma força quase palpável que nos desafia psicologicamente a continuar a ler, pensar e sentir o que os personagens sentem. Desde o primeiro instante que percebemos que estamos perante um livro que nos vai angustiar em certos momentos.

Como a sinopse nos diz, a filha de Jimmy é assassinada e será Sean o detetive encarregado de descobrir o culpado. Um dos primeiros temas que o livro aborda é a forma como o julgamento fica toldado quando conhecemos as pessoas que estamos a investigar, mas, tal como a própria investigação, também este tema é deixado para segundo plano apesar de ter um grande peso. O que quero dizer com isto é que, apesar de qualquer leitor fazer a sua própria investigação, ser esta busca que faz o livro continuar e ter na descoberta do assassino a grande motivação para continuar a ler, este livro é muito mais do que isso. É um livro sobre fantasmas, sobre passados que não se esquecem nem são esquecidos por outros, e sobre como o ambiente onde vivemos também nos molda e nos empurra por certos caminhos.

Até que ponto um momento nos muda para sempre? Até que ponto um único momento fará todos olharem-nos de forma diferente? O que nos dá a justiça feita pelas próprias mãos? O que sente um pai que perde a sua filha? Estaremos nós condenados a perseguir os "nosso demónios" ou teremos o controlo de nos afastar e apagar o passado?

Todas estas perguntas estão presentes neste livro, interligadas, prontas a surpreender o leitor. O autor usa uma narrativa forte e objetiva enquanto constrói as suas personagens com uma facilidade e profundidade que se nota desde o início. Nas personagens é difícil esquecer Dave, o homem que leva este livro para outro nível de carga psicológica e que é o criador de todas as dúvidas que o livro nos dá. simplesmente fantástico do início até ao fim e um exemplo forte das cicatrizes que a mente humana pode carregar.

No enredo é preciso salientar que o autor não se limita a ter como caminho a investigação. Lehane explora vários caminhos, expande a investigação ao nível pessoal de cada personagens e a história torna-se coesa e coerente, levando a que a revelação final faça todo o sentido. Neste aspeto é preciso enaltecer a facilidade com que o autor nos dá pistas claras sobre o culpado e nós não as vemos, pois a carga psicológica não deixa o leitor ver com clareza o que se passa. Muito bom!

Mystic River é um dos melhores livros que já li dentro do género. Forte, denso, enganador e com uma grande carga psicológica. As personagens são fantásticas e o enredo acaba de forma perfeita. Totalmente recomendado a quem goste do género.

Luís Pinto

sábado, 21 de setembro de 2013

O VOO DA ÁGUIA


Autor: Simon Scarrow

Título original: The Eagle's Conquest


Este 2º livro da saga da Águia e o autor já me "agarrou", mas já lá vamos. Em primeiro lugar é preciso dizer que em termos de qualidade este livro está ao nível do primeiro mas é mais apelativo porque consegue aprimorar as personagens mais importantes.

No início o enredo é mais denso e mais parado, devido a várias batalhas e o autor consegue descrevê-las com grande qualidade, sendo provavelmente o momento em que o autor consegue mostrar maior qualidade: nas descrições das batalhas. Existe uma constante atenção ao detalhe que nos faz imaginar a batalha como um todo mas também individualmente ao vermos o que certa personagem está a sentir no momento. Tudo isto sem nunca se tornar numa narrativa demasiado exaustiva.

Apesar de ser nas batalhas que sentimos a qualidade do autor, é nas personagens e no enredo que o autor me prendeu até ao fim. Este livro é, em muitos aspetos, o concluir do primeiro livro, principalmente na exposição das personagens. Cato, Macro e Vespasiano estão agora totalmente definidos e nota-se que as suas ações futuras terão aqui a sua base. A intriga está finalmente montada e o leitor vê-se envolvido num virar constante de páginas porque o autor nunca torna nada demasiado denso. Ainda nas personagens, Cato e Macro têm o maior peso do enredo e o facto de serem totalmente opostos ajuda à criação de momentos que levam o leitor a pensar mas também a aproximar-se destes dois homens. Mas são as personagens verídicas que me fazem continuar a ler esta história.

Não sendo um profundo conhecedor da história do Império Romano, sei o básico para conhecer o destino e outros factos de algumas personagens, com Cláudio, Vitélio e Vespasiano a terem maior destaque. Nestas três personagens o autor consegue uma caracterização muito boa e que em certos momentos se enquadra perfeitamente com o que virá e que já conhecemos da história. 

No que diz respeito ao enredo, Scarrow mantém o mesmo estilo apesar de dar protagonismo a novas personagens que nos afastam um pouco da intriga principal. A entrada de Cláudio explora muito bem o quanto milhares de vidas estão dependentes de um único homem, seja ele competente, ou não. Mas a mais valia está em dois bons acontecimentos e na introdução de Niso, personagem que terá os melhores diálogos do livro e que desperta a história para os dois lados da questão principal, que é a invasão. Este foi um dos detalhes que mais apreciei. Roma sempre incutiu aos seus soldados que era a luz do mundo e o resto apenas bárbaros ou inferiores, e raramente vemos uma obra tratar os dois lados da questão: como Roma se vê e como o resto do mundo vê Roma. Espero que o autor continue a explorar estas questões nos próximos livros.

Novamente Scarrow apresenta um livro que se lê muito bem apesar de não ser fantástico. A leitura é sempre muito agradável e criei afinidade com as personagens. Estou bastante curioso para ver como o autor vai explorar os próximos acontecimentos que marcaram o Império e como ligará certas personagens a esses momentos. Scarrow convence-me a continuar, acreditando que o melhor ainda está para vir. E como referi antes, a forma como descreve as batalhas é muito boa. Para quem gostar de uma leitura rápida sobre o Império Romano, esta saga parece ser uma boa aposta apesar de ainda estar muito no início. Mais opiniões em breve!

Luís Pinto

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Notícia: Porto Editora publica "A Travessia"

 Porto Editora publica hoje o livro "A Travessia"


18 milhões de exemplares depois, eis A Travessia, novo romance de Wm. Paul Young O romance A Cabana, de Wm. Paul Young, publicado pela Porto Editora em 2009, foi um caso de sucesso impressionante: vendeu, no mundo inteiro, mais de 18 milhões de exemplares. Em Portugal, teve, até ao momento, doze edições e vendeu perto de 80 mil exemplares.

Agora, a 20 de setembro, chega finalmente a Portugal o novo romance
do autor, intitulado A Travessia. Este novo romance de Wm. Paul Young conta a história da transformação de um homem, Anthony Spencer, numa viagem entre o céu e a terra – uma jornada de redenção em busca de uma segunda oportunidade que não vai deixar ninguém indiferente.

Relembre-se que, em A Cabana, segundo o próprio autor, «a questão
central é a da bondade de Deus». O livro foi escrito em 2005, para
explicar aos seis filhos de que forma lidou com as tragédias da sua própria vida. Começou por ser uma modesta edição de autor para familiares e amigos e tornou-se num êxito avassalador, discutido em todo o mundo.

SINOPSE
Anthony Spencer é um empresário de sucesso, um homem orgulhoso e egocêntrico que não olha a meios para conseguir os seus objetivos. Um dia, o destino prega-lhe uma partida: um AVC deixa-o nos cuidados
intensivos, em estado de coma. Entre a vida e a morte, Anthony vê-se num mundo que espelha a dor e a tristeza que tem dentro de si. Confuso, sem compreender exatamente onde está e como foi ali parar, viaja pela sua consciência para compreender quem realmente é e descobrir tudo o que tem perdido ao longo da vida: a esperança, a amizade genuína e o amor verdadeiro, sentimentos que há muito o seu coração deixara de sentir. Em busca de uma segunda oportunidade, Anthony fará uma jornada de redenção e encontro com o seu verdadeiro ser.


OPINIÕES SOBRE "A CABANA"


O livro é espetacular, completamente diferente de tudo o que tenho lido. De tal maneira fiquei colado àquelas páginas, que vou lê-lo outra vez. Acho que a partir de agora vou viver a vida de outra maneira.
João Chaves, Oceano Pacífico, RFM

Bati mesmo o meu recorde de ler um livro: 4 dias! Acho que está ali espelhado o que muitos de nós gostávamos que acontecesse e, mais que isso, está ali tudo aquilo que nos diz o Antigo Testamento, mas que nós, ainda mais nos dias que correm, nos esquecemos amiúde. Fez-me acreditar este livro. Fez-me rir e chorar, coisa rara num livro.

Paulo Fragoso, RFM

Tema muito bem desenvolvido e de profunda interioridade. A Cabana é também uma obra com o sopro da inspiração e por isso mesmo tem a centelha do seu talento criador. É mais uma boa forma de Ele nos falar e de nós leitores podermos ler… Nele, através da obra inspirada de um escritor.
António Sala, locutor de rádio

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A MARCA DO ASSASSINO


Autor: Daniel Silva

Título original: The Mark of the assassin


Sinopse: Um ataque terrorista faz explodir o Voo 002 sem deixar a princípio qualquer pista que conduza aos autores do crime. Mas um cadáver encontrado junto dos destroços do avião tem o cartão-de-visita de um assassino implacável e esquivo: três marcas de balas no rosto. Michael Osbourne, agente da CIA especialista em terrorismo, conhece essa marca. Bem de mais. Impelido por uma obsessão que ameaça consumir-lhe a carreira, a família e a própria vida, Osbourne segue agora febrilmente o rasto do assassino. Mas num mundo de sombras e mentiras, intrigas e disfarce, o homem com uma missão expõe-se ao assassino mais brutal e diabólico à face da Terra...


É o 3º livro que leio de Daniel Silva e o primeiro da saga Osbourne (saga que até ao momento só tem dois livros). Com este livro, Silva aproxima-se mais da espionagem mais popular dos filmes de ação americanos mas consegue apresentar um toque de qualidade também presente nos seus outros livros. O ritmo é elevado e não deixa o leitor parar de ler, não existindo grandes quebras com as descrições de algumas personagens.

Osbourne é um personagem interessante, apesar de apresentar alguns clichés do género. Foi fácil criar uma ligação com a personagem apesar de em alguns momentos me parecer que o autor não transmitiu a urgência que a situação impunha. As restantes personagens são aceitáveis, com uma em particular a ajudar bastante à qualidade do livro. No entanto o enredo não deixa muito espaço para que o leitor conheça melhor estes intervenientes.

A história é interessante, principalmente porque não se limita a focar um tema. A espionagem é mais global do que poderá parecer à primeira vista. Política, religião, comunicação social, empresas multinacionais, tudo isto está de alguma forma ligado e aqui Silva tem mostrar os vários ângulos. Um dos aspetos mais interessantes é a forma com o autor expõe as pressões e influências que política e comunicação social exercem entre eles e também perante a sociedade, dando ao livro uma sensação de globalidade e coesão. 

O enredo apresenta ainda algumas coincidências que poderiam matar a narrativa mas que ao não terem grande peso no desenrolar da história, acabam por ser esquecidas ao fim de algum tempo. O final é a melhor parte do livro, com questões que ficam no ar até ao último momento e dando várias respostas com algumas reviravoltas pelo meio.

Ao fim de três livros, nota-se que a escrita de Daniel Silva facilita a leitura. Não "enrola" nem perde tempo com descrições exaustivas. Neste livro em particular, o autor mostra-nos um pouco de cada agência interveniente, CIA, MI5, Mossad, etc... mas nem mesmo nesses momentos o ritmo baixa demasiado. Este é um dos grandes trunfos do autor: a capacidade de agarrar o leitor com um ritmo constante e muitas questões que apenas são explicadas no fim. 

Mais um livro interessante, que apesar de não ser um marco no seu género, consegue ser muito agradável e que os fãs irão gostar. Continuo a achar que a grande qualidade deste autor se prende no facto de ser fácil lê-lo apesar de alguns temas serem complexos, e o ritmo nunca baixa pois a narrativa nunca se prende demasiado em descrições. Um autor para continuar a ler!

Luís Pinto

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Passatempo: O menino de Cabul


PASSATEMPO

O menino de Cabul
de Khaled Hosseini


Hoje temos para vos oferecer, em parceria com a Editorial Presença, um exemplar desde fantástico livro já adaptado ao cinema e que é hoje reeditado pela Editorial Presença!


Para se habilitarem a ganhar, basta ler o texto abaixo, responder a uma pergunta e preencher o formulário.
O passatempo termina às 23:59h do dia 23 de setembro
A todos, boa sorte!

Para mais informações consulte o site da Editorial Presença aqui




JÁ ADAPTADO AO CINEMA, O MENINO DE CABUL
OCUPOU 100 SEMANAS A LISTA DE BESTSELLERS
DO NEW YORK TIMES E FOI PUBLICADO EM 70 PAÍSES

No inverno de 1975, em Cabul, tudo o que Amir mais deseja no mundo é ganhar um concurso de papagaios para poder impressionar o seu pai, e Hassan, o seu amigo inseparável, está determinado a ajudá-lo. Mas, na tarde do concurso, um terrível acontecimento vai destruir os laços que unem os dois rapazes para sempre. E, mesmo quando a família de Amir é forçada a fugir do Afeganistão após a invasão soviética, Amir sabe que um dia terá de regressar à sua terra natal em busca de redenção. 


«À semelhança de E Tudo o Vento Levou, este romance extraordinário reflete sobre os conflitos entre pessoas comuns no voraz fluir da história.»
People

«Um romance maravilhoso... uma história admirável da cultura afegã. É um romance ao estilo de outros tempos que nos arrebata completamente.» 
San Francisco Chronicle



quarta-feira, 11 de setembro de 2013

DRAGÕES DE UM ALVORECER DE PRIMAVERA


Autor: Margaret Weis & Tracy Hickman

Título original: Dragon of Spring Dawning



Antes de começar a minha opinião sobre este livro e fim de saga, pensemos no seguinte: o que é um bom livro de fantasia? Será um conceito universal o que é ser "um bom livro de fantasia"? Na verdade cada leitor terá o seu conceito. Uns dirão que precisa de inovar, outros dirão que precisa de ser vasto, ou maduro, ou mágico, ou divertido de ler. Em teoria todos estão certos?
Bem, não continuarei esta discussão aqui, mas deixo a questão porque este é um livro que não trazendo nada de novo ao género, consegue dar prazer a quem o lê, ser coerente, agarrar o leitor até ao fim e surpreender com alguns momentos e personagens. E claro, esta saga tem Raistlin.

Este é o último livro da trilogia DragonLance e deixou-me uma mistura de sentimentos. Em primeiro lugar devo dizer que apesar de este não ser, em termos qualitativos, o melhor livro da saga, é verdade que é o mais viciante. Passo a explicar...

Este livro sofre imenso com o elevado número de personagens importantes que tem, e fica a noção que o livro teria de ser muito maior para conseguir explorar essas mesmas personagens e as suas ações neste fim de guerra. Neste aspeto o livro perde qualidade pois sentimos buracos na narrativa e ficamos sem saber o que se passa com algumas personagens durante várias páginas. No entanto, percebe-se o porquê de os autores terem apostado nestes saltos narrativos, pois o ritmo poderia baixar bastante e talvez saturar o leitor que está habituado ao elevado ritmo da saga.

Por outro lado, os acontecimentos tornam este livro mais maduro que os anteriores, e apesar de existirem alguns momentos previsíveis, também existiram outros que me surpreenderam bastante. Esta é uma saga que vive das suas personagens, pois como já disse anteriormente nas opiniões aos primeiros dois livros, em termos de mundo este livro não traz grandes "novidades" à fantasia, nem o tenta fazer. Esta é a fantasia "básica" de elfos, anões e homens, e é no enredo e personagens que está a diferença para outras sagas. 

Olhando para as personagens, é difícil esquecer algumas, que por algum motivo em específico, conseguem ser os catalisadores da história. Em primeiro lugar Tas é a personagem que mais evolui (continua a ser quem dá a sensação mais cómica ao livro) ao mostrar o que até agora não tínhamos visto. A sua evolução/alteração não a irei descrever, mas levanta várias questões morais e que se enquadram com a nossa atualidade. Tanis é outra personagem que demonstra o que até agora ainda não se tinha visto e novamente várias questões se levantam, principalmente sobre a liderança de uma pessoa sobre um grupo. Mas é, novamente, em Raistlin que esta história assenta. Mesmo que muito menos presente neste livro, Raistlin é a personagem que faz o leitor continuar e as suas perguntas e respostas serão o ponto alto do livro. O que torna esta personagem bem construída é, essencialmente, o facto de toda ela ter sido coerente desde a primeira página, dando a noção que o seu destino sempre esteve traçado pelas autores. 

Com Raistlin, e de forma indireta, vemos o livro a levar-nos a questionar até onde as nossas ações podem fazer diferença no futuro. Somos muitos neste mundo, e todos nós temos alguma influência na vida dos que nos rodeiam (e agora não só), mas alguns conseguem mudar o mundo e a questão passa a ser : como o fazemos e se o devemos fazer. É, ou não, uma obrigação de cada um tentar mudar o mundo?

Todavia, como disse antes, o livro deixou-me uma mistura de sensações simplesmente porque não é um final definitivo. Sente-se que a história tem mais para dar e que está a preparar a próxima trilogia. Claro que quem apenas ler estes três livros, terá uma conclusão (aproveito para dizer que é muito boa) mas há pequenos detalhes que, certamente, servirão de "ponte" para os próximos livros.

Agora que li toda a trilogia, posso dizer que não sendo um marco de inovação no género, e não tendo a profundidade que outras famosas sagas apresentam, Dragonlance é muito viciante e fácil de ler, dando-me a certeza que será uma excelente saga para quem queira começar a ler fantasia. Quem "domine" a literatura fantástica tem aqui um ritmo elevado, personagens muito interessantes e uma história que faz sentido agora que acabou. Não é uma obra-prima mas aconselho-a pela sua "face" mais leve, divertida e que vai amadurecendo, acabando muito melhor do que começou. E já agora, não podemos esquecer Fizban, outra grande personagem! Enquanto leitor de literatura fantástica, dou grande valor a uma história que me "agarra" e que nunca se torna um esforço, e por isso, gostei bastante desta trilogia.

Luís Pinto

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O ASSASSINO INGLÊS


Autor: Daniel Silva

Título original: The English Assassin



Sinopse: Espião ocasional e restaurador de arte, Gabriel Allon chega a Zurique para restaurar a obra de um Velho Mestre, a pedido de um banqueiro milionário. Em vez disso, dá por si no meio do sangue do cliente e injustamente acusado do seu homicídio.
Allon vê-se inesperadamente a braços com uma voraz cadeia de acontecimentos, incluindo roubos de arte pelos nazis, um suicídio com várias décadas e um trilho sangrento de assassínios - alguns da sua autoria. O mundo da espionagem que Allon pensava ter colocado de parte vai envolvê-lo uma vez mais. E ele vai ter de lutar pela vida com o assassino que ajudou a treinar.


Este é o 2º livro que leio deste autor, mas a verdade é que não estou a ler a série por ordem, visto não ser totalmente necessário. Após ter lido o 5º livro da saga "Gabriel Allon" (podem ver a minha opinião aqui), regresso para ler o 2º livro, onde Allon terá de voltar ao mundo que deseja deixar para trás.
No global, este livro é superior ao outro que li, mas afasta-se um pouco mais da espionagem clássica, tornando-se num enredo que apresenta espionagem mas que se torna mais num thriller propriamente dito. Notam-se várias semelhanças na escrita do autor e percebe-se o seu conhecimento na área mas, inesperadamente, o livro também apresenta algumas pequenas limitações.

Para mim o que falha ligeiramente neste livro é a construção/evolução da personagem principal. A personagem está muito bem construída mas não existe uma evolução palpável nem ficamos a conhecê-la melhor. Claro que tendo já lido um livro posterior ajuda a que neste livro não tenha sabido nada de novo sobre Allon, algo que outros leitores poderão não sentir. Mas a falha nota-se mais nas restantes personagens, pois em três ou quatro notei alguma falta de profundidade. No entanto refiro que esta falha não estraga o enredo nem existem momentos menos coerentes devido a esta mesma falha.

Tirando esse pequeno facto, todo o livro está muito bom. O facto de não ser espionagem pura desagradou-me no início (visto que sou um grande fã do género) mas como o conceito está presente, a leitura foi sempre agradável. Ainda falando da espionagem, os pequenos toques sentem-se principalmente quando Allon está em Portugal, começando a criar ligações entre o enredo e os refugiados que fugiram para o nosso país durante a Segunda Guerra Mundial. Este facto, muitas vezes usado nos livros de espionagem da Guerra Fria, está aqui muito bem retratado, levando a que o leitor rapidamente perceba a dimensão do que está a acontecer.

O passado nunca fica para trás... este é o tema, e no final o autor deixa-nos com uma mensagem moral, e muitas questões que cada leitor deverá responder.

A narrativa é rápida, com capítulos que nos levam a saltar de personagens e locais, até ao momento final em que tudo encaixa. A primeira parte do livro é mais interessante, devido ao seu elevado ritmo, mas é na segunda parte que o livro ganha qualidade, pois começamos a perceber movimentos que o autor não nos expõe diretamente. Os momentos finais dão sentido à história e dissipam algumas dúvidas que criei a meio do enredo, fazendo sentido e deixando mais uns toques de espionagem.

Daniel Silva é considerado um grande escritor de espionagem. No meu humilde entender, Daniel Silva não escreve a espionagem pura (que por exemplo le Carré apresenta) mas também é verdade que esta mistura entre espionagem pura e thriller contemporâneo torna o enredo mais apetecível, fácil de ler, e claro, mais rápido. Após dois livros é óbvio que terei de continuar a ler este autor que me está a agradar bastante. Se estiverem à procura de livros dentro do género, Daniel Silva é um autor a ter em conta.

Luís Pinto

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

SOLDADO DA NÉVOA


Autor: Gene Wolfe

Título original: Soldier of the Mist



Soldado da Névoa constitui uma brilhante incursão do fantástico mundo histórico da Grécia, em 479 a. C., quando os deuses viviam na Grécia.
Latro, um mercenário vindo do norte, é ferido durante uma batalha e vê-se separado dos seus companheiros. Perde a memória e é forçado a viver o contexto de um eterno presente, redescobrindo todos os dias os farrapos da sua identidade e a natureza do mundo que o rodeia, apenas com a ajuda de um relato que se esforça por escrever todos os dias. Mas, como recompensa pelo seu infortúnio, Latro recebe o dom de poder ver e falar com todos os deuses, fantasmas e demónios que habitam na Terra.

Gene Wolfe é conhecido pela sua narrativa complexa e que nunca nos mostra tudo. Nesse aspeto, este livro é ideal para o seu estilo, pois estamos perante um soldado que a cada dia terá de ler o que escreveu no dia anterior para saber o que fez e reconhecer as pessoas que o rodeiam. Nós, leitores, passaremos pela mesma confusão.  

Este é o grande trunfo do livro: a forma como o autor nos deixa "às escuras" com esta situação, pois muitas vezes, também nós não sabemos que personagem é aquela que fala com Latro e da qual ele não se lembra. Para além disso, existem todos os momentos que Latro não escreve e dos quais nós rapidamente sentimos falta, pois percebemos que houve um salto temporal e notamos as diferenças, quer seja um novo personagem que aparece ou uma mudança no local.

Com esta falta de informação, o leitor tem sempre uma certa desconfiança. Eu, pelo menos, senti que por vezes o narrador poderia não estar a ser totalmente correto, quer seja porque quer, ou porque está enganado, e é em tudo isto que o livro se sustenta. A narrativa torna-se, aos poucos, num puzzle onde somos incapazes de ver tudo o que acontece, e enquanto tentamos ligar os vários bocados, Latro fará o mesmo na procura de saber quem é, de onde vem e como se poderá curar.

A juntar ao seu problema de memória, Latro ganha a capacidade de falar com os Deuses que vivem na Grécia e, para mim, este é o momento em que a história começa a ganhar interesse, pois torna-se difícil perceber se será tudo uma coincidência ou um ato divino, e se o for, qual será o seu propósito. 

Com uma imagem fantástica da Grécia e da sua mitologia, Wolfe leva-nos numa história que nem sempre é fácil mas onde a narrativa é sublime em certos momentos. Este é um livro que requer alguma concentração para percebermos tudo o que está a acontecer desde o primeiro momento, e no meu caso, tenho a sensação que perdi alguns pormenores importantes no início do livro, mas que não são necessários para a compreensão total da história. Sim, porque no fim Wolfe junta as peças e percebemos o que aconteceu durante todas estas páginas e que até então nos falhou.

Destaque ainda para as mulheres que aparecem neste enredo. Notei, quase por acaso, que todas elas apresentam papéis peculiares e com uma importância que não se percebe de imediato, mas gostei da forma como o autor explorou certos temas num espaço reservado a soldados.

Apesar de este não ser a obra máxima do autor (eu apenas li este e não posso argumentar tal facto), esta obra ganhou o Prémio Locus e prima pela originalidade. Nota-se as características que tornaram o autor famoso e fiquei com muita curiosidade de ler as suas obras mais famosas. No entanto acredito que este livro será tão bom quanto a atenção que o leitor dê ao enredo. Um leitor que esteja atento e que tente sentir a confusão de Latro, terá aqui uma excelente história, onde muito se repete e muito não se percebe. A sua escrita é confusa mas coerente e encaixa perfeitamente no fim e a forma como descreve locais e personagens demonstra que estamos perante um grande autor. Um livro muito original.

Luís Pinto

terça-feira, 3 de setembro de 2013

1984


Autor: George Orwell


Todos nós temos um livro que, por um ou outro motivo, nos marcam profundamente. Eu tenho vários e 1984 é um deles. A minha admiração por este livro é tal, que sempre resisti à tentação de falar sobre ele neste blog, e durante mais de dois anos, nada escrevi sobre a obra prima de Orwell. Hoje decidi escrever o que penso, tendo a certeza que as minhas palavras não farão jus à qualidade destas páginas.

O que é a liberdade? Um direito moral ou uma ilusão inatingível?
O que é o controlo de massas? Uma teoria da conspiração forçada ou o futuro que a tecnologia nos irá oferecer e nós aceitaremos com um sorriso?

Em 1984 é-nos apresentado o Big Brother, a identidade que tudo controla, desde o controlo visual, sabendo o que o povo faz, passando pelo controlo da sabedoria, manipulando o conhecimento de tudo e de todos. Esta entidade, que é o governo, controla todos os fatores da população. Entre eles temos a própria história da nação, os fatos exteriores ao país, e claro, o equilíbrio monetário que fará com que o povo continue a trabalhar para que os ricos vivam como querem.

Em termos práticos, sente-se que se trata de um livro escrito em 1948 e publicado em 1949, pois existe uma discrepância entre o que o livro nos tenta oferecer como base sustentável deste mundo e a realidade prática que hoje conhecemos. A verdade é que nunca um mundo se aguentaria nestes termos operacionais, mas a questão essencial do livro não é essa nem deve ser discutida. O que importa aqui perceber é como, de forma quase profética, Orwell nos leva até um mundo onde tanto se parece com o mundo em que vivemos hoje. Tecnologia e controlo...

Televisão, internet, redes sociais, gps... tudo isto detém informação, e com ela, haverá sempre controlo, não porque nos foi imposta, mas porque nós adoramos usar tudo isto.  O povo deste livro, deve sempre lutar contra estas formas de controlo, mas também deve ter noção que nunca ganhará enquanto estiverem "deste lado", e é disso que o livro trata. Nesta obra de Orwell, o controlo da massas passa pela vigilância e televisão, enquanto nos demonstra um mundo com pormenores fantásticos, onde nada é deixado de fora: religião, costumes, história política, controlo de recursos, e obviamente, aqueles que controlam os que também controlam.

Uma das questões mais importantes deste livro passa pela óbvia ligação com a propaganda criada pelo regime nazi, onde devemos ponderar uma questão: uma mentira contada várias vezes, poderá tornar-se uma verdade? E será apenas verdade para quem a cria, ou tornar-se-á global?

As personagens deste livro quase que passam ao lado perante tão grandioso mundo criado por Orwell. Winston, personagem principal, será o homem que lutará contra o sistema. Enquanto personagem, Winston não marca o leitor, mas os acontecimentos do enredo não serão esquecidos. Winston está presente na criação das mentiras (aceita tal facto porque é banal, porque não se estão a criar mentiras, mas sim verdades), vive a semana do ódio e sente as correntes que o aprisionam, e assim vemos que não é a verdade nem o conhecimento que o prendem, são antes os utensílios que lhe mostraram a cela onde vive. 

Sendo uma clara crítica ao regime de Staline com toques de Nazismo, Orwell dá-nos um mundo governado pela economia impulsionada pelas guerras, e com isso o mundo vive em constante receio, resignando-se ao controlo. Claro que existem muitos mais fatores que tornam este mundo credível e fascinante, e que farão muitos leitores questionar como seria viver assim e ainda mais importante, se estaremos tão longe desta visão. No entanto, não irei "espremer" tudo o que o livro tem para oferecer. 

Para onde nos leva o capitalismo? Até que ponto estaremos a ser manipulados para esquecer o que realmente é importante? Estaremos a caminhar para um mundo dominado por super potências capazes de serem sustentáveis, e consequentemente, fechadas?

1984 é uma obra fascinante e gostaria de falar sobre ela durante horas. Poderia falar da tensão psicológica que o autor tenta transmitir, da impossibilidade de escolhermos o nosso destino, do sistema social que não deixa os personagens mudarem de estatuto. 1984 vale pelas personagens que tem, pelo enredo que oferece, mas principalmente pelo mundo onde se sustenta e pelo passado que a meio nos revela. E no fim, o livro, tal como o Big Brother, tem a capacidade de nos quebrar, principalmente porque este "futuro" que Orwell criou é reconhecido por nós em certos momentos.

Orwell foi um génio. 1984 é para mim a sua maior obra que está entre os melhores livros que já li, e claro, é um dos meus favoritos. Deve ser lido, relido, estudado e questionado. Quando me perguntam qual o meu livro favorito ou qual o melhor que já li, nunca sei responder, mas quando uma pessoa, quem quer que seja, me pede que lhe recomende um livro, 1984 é sempre a minha primeira opção, porque para mim, deveria ser lido por todos. Uma obra prima sobre a natureza humana, e que me deixou a olhar, durante vários minutos, para a última página.

Afinal, qual é o limite de poder que uma sociedade pode "oferecer" a alguém?

Afinal, o que é a verdade? Algo imutável ou que podemos definir?

Luís Pinto