quinta-feira, 26 de setembro de 2019

A MALDIÇÃO DE AFONSO II


Autor: Maria Antonieta Costa



Sinopse: Portugal, inícios do século XIII. O neto de D. Afonso Henriques, Afonso II, é coroado rei. Ao longo de um curto e duro reinado, enfrenta uma maldição, o adultério da rainha, a traição dos irmãos e a excomunhão como corolário da luta contra os abusos do poder espiritual. Para a história ficou o seu aspecto corpulento e a conquista de Alcácer do Sal. Mas quem era este monarca e qual foi o seu legado?
A Maldição de Afonso II é um romance histórico revelador sobre um rei esquecido pela História, mas cujas conquistas nos planos legislativo e administrativo ajudaram a consolidar a nação.
Prisioneiro do legado dos antecessores, Afonso II emerge como um moderno arquiteto do poder político




Apesar de não ter um conhecimento muito grande da História de Portugal, a verdade é que já li vários vídeos e alguns até bastante completos. No entanto, em todos Afonso II foi um Rei com pouco destaque, e por isso sabia muito pouco sobre ele.

Neste livro a autora mistura factos históricos e ficção para criar um livro de ritmo baixo, mas que foi bastante agradável de ler, porque fui aprendendo bastante. Em primeiro lugar destaco o trabalho de investigação que me parece ter sido bem feito. Obviamente, que não sendo um perito na matéria, podem existir erros ou incongruências históricas que eu não consigo identificar, e por isso esta opinião é a de um leitor que quer ter uma leitura interessante e com a qual possa aprender.

Gostei da história, apesar de não ser um romance cheio de suspense ou reviravoltas, pois tenta ser o mais próximo possível da realidade, consegue ser um livro inteligente e com grande foco na política social e religiosa, o que me agradou bastante.

O livro é centrado em Afonso II mas sem esquecer as personagens secundárias que tornam o livro mais coerente e ajudam a que o enredo seja mais abrangente, focando-se em vários aspetos da sociedade comandada por este homem. Gostei de várias personagens secundárias, de alguns diálogos e do aprofundar histórico de várias curiosidades que desconhecia. Contudo, é Afonso II o grande foco, não só pela narrativa em si, mas também indiretamente pelas próprias personagens secundárias que estão sempre de alguma forma ligadas ao Rei, sempre a pensar nele, nas formas de o derrubar ou ganhar favores.

Afonso II é um personagem muito interessante, muito graças ao seu sacrifício e sofrimento. É, em vários momentos, um personagem totalmente isolado, que tem apenas como companhia o leitor. E isso ajuda a criar uma ligação emocional com este Rei, ganhando a nossa admiração em alguns momentos. E esse é, talvez, o grande objetivo do livro, o de mostrar a obra deste Rei.

Os diálogos estão bem conseguidos e o enredo é inteligente, apesar de ter alguns momentos mais forçados e que estão presentes para empurrar a narrativa para momentos de maior tensão. No entanto são pequenos desvios que não mancham um livro que está bem estruturado.

Por fim, destaque para a forma como a autora explora a sociedade portuguesa, a sua religião, forma de vida, mentalidade e sistema político ainda em desenvolvimento. E, sinceramente, é graças a isto que o livro se torna numa leitura para todos os que se interessem pela nossa História.

Luís Pinto


quinta-feira, 19 de setembro de 2019

A VINGANÇA


Autor: John Grisham



Sinopse: Pete Banning era um cidadão modelo de Clanton, cidade do Mississippi - herói condecorado da Segunda Guerra Mundial, patriarca de uma destacada família, proprietário de terras, pai, vizinho e membro fiel da Igreja Metodista. Numa fria manhã de outubro, levantou-se cedo, foi para a cidade e a sangue-frio disparou a matar sobre o seu pastor e amigo, o reverendo Dexter Bell. A única declaração que Pete fez sobre o sucedido - ao xerife, aos advogados, ao juiz, ao júri e à sua família - foi: «Não tenho nada a dizer.» Não tinha medo da morte e estava disposto a levar para o túmulo as suas motivações.
Neste romance intenso, John Grisham transporta-nos numa viagem incrível e plena de suspense à descoberta da verdade, desde o sul dos Estados Unidos até às selvas das Filipinas e à Guerra do Pacífico. De um hospício claustrofóbico e cheio de segredos somos arrastados até um tribunal onde um advogado tenta desesperadamente ilibar um homem que procura tudo menos a sua salvação.


Confesso que não li, nem de perto, todos os livros de John Grisham, até porque é um autor que lança livros a grande velocidade. No entanto, os poucos que li, foram bons. Alguns, muito bons. John Grisham tem uma escrita simples, inteligente e que não perde muito tempo naquilo que pouco possa dar ao enredo. Tal como noutros livros, também aqui a escrita é objetiva sem perder detalhe, rápida mas sem perder qualquer detalhe interessante.

Neste livro, que rapidamente nos agarra porque acreditamos que aquele homem é inocente ou, pelo menos, queremos saber o porquê de ter cometido tal crime, existe sempre uma nuvem de mistério que não é forçada. É a nuvem de mistério que se cria porque percebemos que não iremos saber a verdade por Pete.

E com essa noção, com essa necessidade de sabermos a verdade, avançamos, sem parar por um livro que nos leva a explorar o passado de várias personagens, porque muitas vezes estes crimes têm origem no passado, mesmo que as pessoas não tenham essa noção. Este é um dos trunfos do livro, o aprofundar de algumas personagens importantes para o enredo, mesmo até de algumas que são bastante secundárias mas que dão um toque de qualidade a um livro que vai demonstrando a sua qualidade com uma boa montagem, uma narrativa inteligente e coerente, onde são poucos os momentos forçados.

Claro que não é um livro que seja uma obra prima, porque alguns diálogos são mais forçados ou existem algumas revelações mais óbvias, mas a forma como aprofunda algumas personagens está muito bem conseguido. Com isto, é fácil perceber que mesmo sendo um livro que não revoluciona o seu género, consegue agarrar e ser uma leitura compulsiva e agradável. Não é o melhor livro do autor, mas é um livro recomendado a todos os que leram a sinopse e ficaram curiosos, principalmente se quiserem livros com uma boa carga psicológica, não só dos seus personagens, mas também da sociedade aqui representada.

Luís Pinto


segunda-feira, 16 de setembro de 2019

O ÚLTIMO FOLEGO


Autor: Robert Bryndza


Sinopse: Quando o corpo torturado de uma mulher, jovem e bonita, é encontrado num contentor do lixo, com os olhos inchados e as roupas ensopadas em sangue, a inspetora-chefe Erika Foster é dos primeiros detetives a chegar ao cenário do crime. O problema é que, desta vez, o caso não lhe pertence.
Enquanto luta para integrar a equipa de investigação, Erika envolve-se no processo e rapidamente encontra semelhanças com o assassínio não resolvido de outra mulher, quatro meses antes. Largadas ambas num contentor do lixo em parques de estacionamento diferentes, têm ferimentos idênticos - uma incisão fatal na artéria femoral da coxa esquerda... E, entretanto, é localizada uma terceira vítima em circunstâncias idênticas.
Perseguindo as vítimas online, apresentando-se com identidades falsas, o assassino ataca mulheres jovens e bonitas de cabelo castanho comprido e desaparece misteriosamente, sem deixar qualquer pista. Como irá Erika apanhar um assassino que parece não existir?


Regresso uma vez mais ao universo de Robert Bryndza e às histórias de Erika. Este é o quarto livro que leio do autor é trata-se de uma série que tem evoluído. É verdade que o primeiro livro ainda é o mais famoso (podem ler a análise no blog), mas o autor tem demonstrado uma maturidade com evolução constante, principalmente na construção das suas personagens.

Claro que Erika continua a ser o foco principal do enredo, com grande parte da narrativa a focar-se na personagem principal, continuando a explorar o seu passado, traumas, objetivos e medos, sempre com alguma ligação ao caso atual. Neste caso, Erika, tal como está na sinopse, aproxima-se de um caso que tem muitas ligações com outro, criando logo no início algum mistério que agarra o leitor sem que os acontecimentos me pareçam forçados.

A isto alia-se um vilão muito bem criado, mesmo que por vezes apenas indiretamente. Gostei da forma como o autor explora o vilão, o que o move, as formas como se aproxima das vítimas, e ainda outros detalhes que não vou aqui revelar. E com este vilão a revelar-se na nossa mente, começamos a construir uma imagem e tentamos perceber como atua, como irá falhar, como será apanhado. E com isto o livro empurrou-me sempre para as páginas seguintes, porque eu queria saber mais, queria saber qual o próximo passo daquele vilão.

Para além disto, existem ainda algumas personagens secundárias interessantes, apesar de nem todas terem tempo para dar alguma qualidade significativa ao livro, mas que fazem parte deste universo. O resultado final é um livro que se lê rapidamente, que nos faz pensar sobre crime que começam numa abordagem online e o quanto é fácil conhecermos pessoas pela internet. Existem alguns momentos forçados, outros que claramente surpreendem, e no fim temos algumas revelações que são coerentes, tornando o livro numa obra que deve ser lida, mesmo que que não tenho os anteriores.

Se gostam de policiais, este é um bom livro, provavelmente um dos melhores do autor, e que também demonstra a sua evolução na construção de um fluxo narrativo apoiado em algumas personagens.

Luís Pinto



sábado, 14 de setembro de 2019

SAKURA


Autor: Matilde Asensi


Sinopse: Em 1990 o Retrato do Doutor Gachet, de Van Gogh foi comprado pelo milionário japonês Ryoei Saito, pelo valor recorde de 82 milhões e 500 mil dólares. Descontente com o governo do seu país pelos impostos que lhe iriam ser cobrados pela compra do quadro, Saito anunciou numa conferência de imprensa que quando morresse a obra seria cremada consigo. Depois da sua morte, em 1996, não se voltou a saber do paradeiro do quadro. Um mistério que fez correr muita tinta e deu azo a todo o tipo de especulações. Sob o comando do japonês Ichiro Koga, a enfermeira Odette, o galerista Hubert, o artista urbano Oliver, a pintora e galerista online Gabriella e o faz-tudo John viajam pelo Japão, enfrentando perigos e decifrando enigmas que os levam em busca do quadro. Pelo caminho criam laços inquebráveis que mudarão as suas vidas para sempre. Em Sakura, romance baseado na história verídica da compra da obra de Van Gogh pelo milionário Ryoei Saito, as tradições da cultura nipónica entrelaçam-se com a pintura impressionista, as gravuras ukiyo-e e a arte urbana, as cores têm a força dos seus protagonistas e a extraordinária presença da cerejeira em flor, sakura, surge como uma metáfora da beleza e da fugacidade da vida.



A capa deste livro chamou-me de imediato a atenção e a sinopse também. O facto de ser um livro que tem por base uma história verídica e bastante misteriosa, levou-me a querer ler um pouco mais. 

Um dos grandes trunfos deste livro é a forma como explora a cultura japonesa, e que era um dos temas que eu mais queria explorar nestas páginas. A autora mostra o seu conhecimento sobre cultura, arte, e tradições, mas também explora muito bem a sociedade em si, o seu dia a dia, a forma de ver a vida e o mundo. Com isto, é constante a sensação de que estamos realmente envoltos desta sociedade asiática. No entanto, como o livro não se limita a viajar pelo Japão, é interessante ver os contrastes entre Japão e outras culturas. 

Contudo, este é um livro sobre as personagens e os laços que criam entre si. Sobre a amizade que criamos nos momentos mais difíceis, do que nos faz gostar de uma pessoa, de uma ideia, de um objeto, de companhia, seja ela qual for. É um livro sobre sentimentos, sobre ideais de vida e de sociedade que não devem ser esquecidos.

A história está bem conseguida durante quase todo o livro, com uma base interessante e verídica que dá maior impacto ao livro e que agarra facilmente. No entanto, o livro falha noutros momentos, falhando por vezes em alguns diálogos mais óbvios ou forçados, que pouco dão ao enredo. É por isso um livro de altos e baixos, que por vezes se perde, por vezes encontra-se, dependendo de alguns momentos mais forçados ou óbvios, não conseguindo transmitir a sensação de suspense ou thriller que por vezes tenta. É um livro mais focado nas personagens, e como tal não agradará tanto a quem queira algo mais enérgico, com mais ritmo feito de forma inteligente.

Mas, é um livro com qualidade, focado em certos aspetos que agradarão a alguns leitores. Se a sinopse vos pareceu interessante, se procuram algo mais focado nas personagens e menos na investigação em si, então este é um livro que vos irá agradar, principalmente se gostarem de cultura japonesa. No fim, foi um livro que apreciei, mas que sinto que podia ter sido melhor, porque a base é bastante interessante devido ao facto de ser verídica.

Luís Pinto






quarta-feira, 11 de setembro de 2019

SECA


Autor: Neal Shusterman & Jarrod Shusterman


Sinopse: Quando a seca atinge proporções catastróficas, há decisões que não podem esperar.
A seca já dura há muito tempo na Califórnia. E a vida da população tornou-se uma interminável lista de proibições: proibido regar a relva, proibido encher a piscina, proibido lavar o carro ou tomar duches longos.
Até que as torneiras secam de vez. E é assim que, de repente, o tranquilo bairro onde Alyssa Morrow vive se transforma numa zona de guerra, onde vizinhos e famílias, outrora solidários, se digladiam em busca de água.
Quando os pais da jovem não regressam e a sua vida é ameaçada, Alyssa tem de tomar decisões impossíveis se quiser sobreviver.
Um thriller fantástico que pode acontecer ainda no nosso tempo... e na nossa rua.



A ideia até pode não ser totalmente original, afinal de contas o tema da falta de água e o quanto pode mudar a nossa sociedade é algo já muito explorado, mas quando é bem feito, vale a pena ler. E este é um desses casos.

Este é um livro inteligente e bem montado, sendo capaz de explorar bastante bem, e de forma coerente, uma sociedade levada ao extremo para sobreviver. A tensão do livro é um dos seus pontos fortes, porque de imediato sentimos algo que nos diz que a sobrevivência destas personagens será difícil, iremos ver momentos extremos, onde decisões difíceis serão tomadas. Tudo isto são coisas que podemos adivinhar graças à sinopse, mas quando lemos o livro, sentimos o que está a acontecer nestas páginas.   

A personagem principal consegue criar uma ligação por o leitor com bastante facilidade graças a uma construção realista e coerente. No entanto, o que faz o livro avançar é a sociedade, é o extremo a que chega, são as decisões que irão chegar quando menos se espera. Não é um livro perfeito, tem alguns momentos forçados, mas está bem sustentado por uma personagem que, como qualquer humano, tem falhas, erra, e com isso a narrativa ganha coerência, ganha qualidade.

Destaque para algumas personagens secundárias que dão qualidade ao livro, principalmente com alguns diálogos bem conseguidos, mas, principalmente por colocarem a personagem principal em momentos de decisão extrema ou de enorme suspense e perigo. 

Este é um livro forte e que nos marca, porque é atual, porque é realista. Será esta a possível realidade se algo parecido acontecer? Até onde se aguentam as bases da sociedade se um dos bens necessários à nossa sobrevivência desaparecer? O que faremos para sobreviver? Os nossos vizinhos e amigos tornar-se-ão nossos inimigos? Que laços se quebram perante a necessidade de sobrevivência? Estas são algumas das indiretas perguntas que o livro nos deixa no pensamento. E é graças a isso, a essas perguntas, a essas coerência, que o livro é bom. Qualquer que seja o vosso género literário, se este tema vos interessa, então é um livro a ter, e que vos irá agarrar até ao fim! Provavelmente alguns momentos ficarão muito tempo na vossa memória. 

Luís Pinto


terça-feira, 10 de setembro de 2019

Passatempos: O Periférico e F1 2019 - Vencedores!



PASSATEMPOS


O Periférico e F1 2019 

Vencedores!



Chegaram ao fim mais uns passatempos aqui no Ler y Criticar e Tek Test. 


Obrigado a todos os que participaram, divulgaram e que continuam a ajudar o blog e canal a crescerem! Obrigado também às minhas parcerias que tornam possíveis estes passatempos!


Se não ganharam, não desanimem, que até ao fim do ano vamos ter passatempos quase todas as semanas, alguns com regras bem diferentes! Vão ser muitos livros e jogos até ao fim do ano!



E os vencedores são:

O periférico: Tony Granadeiro

F1 2019: João G. Palmeira

Parabéns aos vencedores! Fiquem atentos, pois serão contactados para me indicarem a vossa morada!

Mais opiniões e passatempos nos próximos dias!




A RAPARIGA SEM NOME


Autor: Leslie Wolfe



Sinopse: Os olhos azuis vidrados, o belo rosto, inerte, coberto de cintilantes grãos de areia. Os lábios entreabertos, como que para libertar um último suspiro. Quem é a bela rapariga encontrada ao amanhecer numa praia deserta? Qual é o seu segredo?
A agente especial Tess Winnett, do FBI, procura incessantemente respostas. A cada passo, a cada nova descoberta, desvenda factos perturbadores que conduzem à mesma conclusão: aquela não foi a única vítima. O assassino que procuram já matou antes.
Escondendo também um terrível segredo, a agente Tess Winnett enfrenta os seus receios mais profundos, numa emocionante corrida para apanhar o assassino, que se prepara para acabar com outra vida. Descobri-lo-á a tempo? Será capaz de o deter? A que preço?



Ao fim de lermos muitos e muitos thrillers e policiais, a verdade é que já é difícil uma pessoa ficar surpreendida. É difícil encontrar algo original ou que nos agarre ou surpreenda, porque muitos livros acabam por cometer os mesmos erros. Este livro tem sido um grande fenómeno por todo o mundo e é uma das grandes apostas desta editora para esta segunda metade do ano. Mas será que vale mesmo a pena?

Não são precisas muitas páginas para se perceber que este é um livro feito para nos prender. Para isso o livro utiliza duas estratégias já conhecidas, um crime com demasiadas perguntas e que nos levam para o capítulo seguinte, e ainda uma personagem principal que terá de enfrentar os seus próprios medos, traumas, e muito mais, levando-o a um limite psicológico durante esta caça ao assassino.

Este é um livro bem pensado e bem estruturado. Alguns momentos são óbvios, outros são forçados, mas a mistura está bem conseguida, muito graças a personagens interessantes. O livro acelera logo no início depois de umas páginas que criam a base da investigação, e gostei da forma como a narrativa vai explorando o passado de algumas personagens e como esse passado ajuda a construir algumas ideias sobre as personagens e as suas decisões. Este processo consegue oferecer o suficiente sem diminuir o ritmo em demasia. Claro que fica muito para responder em relação a algumas personagens, e nota-se que nos próximos livros o autor ainda terá muita margem para criar um passado para algumas personagens.

A história é bem pensada, com mistura de momentos mais forçados e outros originais e que me surpreenderam. Gostei dos diálogos e do suspense que é criado no último terço do livro, com um ritmo a acelerar e a revelar alguns detalhes interessantes e que acabam por melhorar todo o livro, encaixando alguns pormenores do início da narrativa para lhes dar sentido.

Globalmente é um livro viciante, interessante e bem pensado. Percebe-se o seu êxito porque facilmente nos agarra. Claro que tem momentos mais forçados ou óbvios, mas também este é um género em que não é fácil surpreender um leitor depois de lermos muitos livros. Uma coisa é certa, se gostam de thrillers, este é um livro a ter em conta e que vos agarra até à última página.

Luís Pinto



quinta-feira, 5 de setembro de 2019

A HISTÓRIA MÍSTICA DO MUNDO


Autor: Jonathan Black



Sinopse: E SE FOREM VERDADEIRAS AS NARRATIVAS DAS GRANDES TRADIÇÕES ESPIRITUAIS E RELIGIOSAS DO MUNDO?
E se Joana d’Arc foi realmente guiada por anjos quando derrotou os exércitos ingleses? E se Jesus Cristo apareceu realmente a D. Afonso Henriques antes da Batalha de Ourique? E se Bernadete de Lourdes foi de facto visitada pela Virgem Maria? Poderá construir-se uma História significativa a partir de histórias de intervenção angelical, de visões místicas e de experiências transcendentais?
HAVERÁ REALMENTE UMA DIMENSÃO MÍSTICA NA HISTÓRIA, UM SIGNIFICADO OCULTO NOS ACONTECIMENTOS MUNDIAIS?
Esta é uma história global do mundo que inclui centenas de factos memoráveis que os historiadores convencionais descartaram, mas que, apesar disso, sempre estiveram no nosso imaginário coletivo. São acontecimentos amplamente conhecidos e aceites como parte da tradição espiritual e cultural dos povos.



Jonathan Black, autor de "História Secreta do mundo" que já analisei aqui no blog, tem aqui mais um bom livro, com uma grande investigação como base. Esta área mais mística e teológica é onde Black se sente confortável, e isso nota-se neste livro. O conhecimento é grande, profundo e está bem misturado com a temática do livro, que é questionar os factos místicos da nossa História, questionar as nossas lendas, crenças, ou ideias religiosas.

Black agarra na teoria de que realmente algo místico pode ter moldado a nossa História, questiona o que aconteceu, os factos, o que está escrito, o que foi dito e aquilo que não sabemos sobre certos acontecimentos e tenta explorar essas falhas.

O interessante neste livro é o facto de ser muito menos tendencioso do que eu esperava. Facilmente entramos numa espiral de factos que têm várias falhas e o autor completa as nossas falhas de conhecimento com um ponto de vista mais místico que preencha essas falhas, e com isso dá sentido a muito do que aconteceu na nossa História.

Obviamente que dependerá de cada leitor acreditar ou não em algo divino ou místico, não é isso que está em causa, mas sim a forma como o autor explora certos temas, certos factos e explora um ponto de vista que faz parte da nossa História, por vezes esquecida, que é o lado místico que antigamente tantas pessoas acreditavam.

A escrita é simples, a estrutura bem criada e o autor dá o contexto necessário para cada momento da nossa História, para percebermos um pouco de onde apareceram estas crenças, que impacto tiveram e como alteraram a forma como olhámos para cada um desses momentos. Com tudo isto, um livro que no início pode parecer algo confuso, acaba por fazer bastante sentido mesmo para alguém que não acredite neste lado místico. No entanto, para aqueles que acreditam ou que gostam destes temas, este será um livro mais interessante, cheio de curiosidades e de História, quer seja ela religiosa ou não.

Luís Pinto