quinta-feira, 29 de novembro de 2012

NORWEGIAN WOOD


Autor: Haruki Murakami

Título original: Noruwei no Mori




O primeiro livro que li de Haruki Murakami, um dos melhores escritores do momento, e fiquei completamente fascinado. A escrita de Murakami é fantástica e a forma como o autor descreve personalidades e locais, é diferente de qualquer outra, tornando-o único.

Esta é a história de Toru Watanabe e o triângulo amoroso na sua juventude. Em pano de fundo vemos a revolta juvenil contra os poderes políticos e a degradação dos valores morais que levarão Toru e os seus amigos a querer algo mais, algo com significado. Toru, uma personagem muito bem construída, é apenas mais um jovem num país onde as expectativas prendem os jovens, levando-os a uma vida de stress e de medo por falharam aos sonhos dos pais e de uma nação.

A escrita de Murakami não é fácil e neste livro envolve-nos numa mistura de sentimentos e sensação de que a morte está sempre perto, pronta a atacar. E por isso digo que este livro não é para todos, pois as suas páginas estão cheias de dor, sensualidade e hipocrisia daqueles que falam e raramente agem. O autor explora os diálogos (bem construídos e vastos) como forma de avançar na história e explorar personagens (distintas e encaixam na perfeição na história). Consegue-o na perfeição, e obriga o leitor a continuar juntamente com as personagens... mas nem todas as mentes estão preparadas para agarrar a felicidade. A decisão é algo que, por vezes, custa, e vem com um preço. E aqui, todas as personagens irão pagar.

O que leva uma pessoa a desistir de tudo? Que sensação tão angustiante e asfixiante será a que leva uma pessoa a suicidar-se, abandonando família, amigos, e todos os prazeres da vida, sabendo que nada reside depois disso? Talvez seja na dor ou na paixão, que a lógica desaparece...

Com um enredo duro, visualmente forte, triste em muitos momentos e arrebatadora em muitas das suas páginas, a beleza da vida está sempre presente, mesmo que escondida do nosso olhar. Personagens, ambiente, história... Murakami consegue tudo de forma magistral, levando-nos à mente de Toru, percebendo esta personagem com a facilidade que apenas alguns autores conseguem colocar por palavras.

O final, fantástico, arrebatador e repleto de significados, é apenas mais um exemplo da maturidade necessária para percebermos este livro e sermos atropelados pelos seus significados... pela sua dor, a dor dos jovens que cresceram agarrados a algo e acabaram por perder esse apoio.

Um livro fantástico de um autor que me conquistou facilmente, em poucas páginas. Murakami tem uma escrita pausada, que nos obriga a pensar e que torna o livro lento, mas cheio de significados. O enredo é forte e cruel, e não será um livro para qualquer leitor, mas trata-se de uma obra fantástica e que marca quem a ler. Murakami é um autor a seguir.

E se no fim, nos esquecemos do que é realmente importante nas pessoas que amamos?


terça-feira, 27 de novembro de 2012

SEGUNDA OPORTUNIDADE


Autor: James Patterson

Título original: 2nd chance



Após ler o primeiro livro desta saga (Primeira a morrer) decidi voltar às aventuras de Lindsay e ver que outros casos iria desvendar.
A fórmula é a mesma que no anterior: capítulos rápidos, sempre preenchidos com algum acontecimento que faz a história acelerar enquanto não nos permite identificar o assassino.

Aqui não existe grande complexidade nem espaço para pormenorizadas descrições. O segredo de Patterson está no ritmo sempre elevado e na capacidade de nos surpreender. Patterson apenas olha ao detalhe de fatores que possam ajudar ao desvendar do mistério e o leitor vê-se mergulhado numa montanha russa de ação e mistério.

Patterson explora temas interessantes e diferentes em cada livro, transformando esses temas na base da história e motivos do assassino. No entanto, este serial-killer não consegue ter o impacto que teve o vilão do anterior livro, não pelo motivo, mas pela sua personalidade e forma de actuar... mas aqui é uma questão de gosto.

Um dos aspetos mais interessantes é o aprofundar das personagens, principalmente de Lindsay, revelando um pouco sobre o seu passado e projetando a história para algo mais pessoal, e que a levará a momentos de maior risco. O livro lê-se sem parar, com uma cadência frenética de revelações e apesar de ser mais previsível que o anterior, a verdade é que não conseguimos parar. E estará aqui o segredo do grande sucesso que rodeia este autor em todo o mundo: a forma como monta o livro, dando as revelações nos momentos ideais.

Com um ou outro momento que me pareceram mais forçados, a verdade é que Patterson dá-nos mais um livro viciante. Não está ao nível do primeiro, mas consegue executar a missão de entreter, viciar e levar o leitor a pensar sobre como se conseguirá apanhar o serial-killer. 
O facto de lermos os livros pela sua ordem cronológica ajuda à compreensão do desenvolvimento das personagens, apesar de não ser obrigatório, pois cada livro tem uma história independente.

Para os fãs deste tipo de livros, com ritmo frenético bem ao estilo de James Patterson, então este é mais um livro a ser lido, pois a imaginação deste autor ajuda a criar o suspense ideal para cada tema. Se gostaram do primeiro livro, continuem com a saga, pois o melhor ainda está para vir.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

UMA MORTE SÚBITA


Autor: J. K. Rowling

Título original: The Casual Vacancy



Este livro é, indiscutivelmente, o mais esperado do ano. Rowling, a autora que colocou uma geração de televisão e Playstation a ler, moldando a adolescência de milhões de crianças, regressa com um livro para adultos.

No entanto, muitos não conseguirão gostar deste livro. Porquê? Não por culpa da autora (em muitos casos), mas sim por culpa do leitor... leitor esse que estará sempre a comparar este livro com os anteriores.
O segredo é esquecer completamente toda a fantástica série do feiticeiro e olhar para estas páginas como se fossem escritas por qualquer outro autor.

É verdade que Rowling apresenta o seu estilo de escrita sem grandes mudanças. Quem tenha lido Harry Potter tantas vezes quanto eu, irá encontrar uma forma de escrever muito semelhante: a pontuação, a forma como expõe a história, o detalhe em certos momentos, a capacidade de criar diálogos que prendem o leitor... Rowling não mudou. O que mudou foi o tema sobre o qual está a escrever.

Este é um livro incrivelmente realista, no qual Rowling não tem problemas em mostrar uma sociedade destroçada, onde os interesses políticos valem mais do que ajudar o próximo. A cada página sentimos a crueldade inerente ao ser humano, a vontade de dominar o que o rodeia, mas também o amor pelo próximo. Sendo assim, as personagens são o grande trunfo deste livro, e digo-vos que raramente vi uma obra que conseguisse explorar tão bem, tantas personalidades distintas (umas melhores do que outras). Rowling mostra um detalhe impressionante do quadro psicológico de cada uma, não existindo distinções entre boas e más. Todos os humanos têm a capacidade de odiar e amar algo... e aqui nós iremos ver os motivos, traumas e experiências de vida, narradas com uma linguagem forte e realista.

Rowling toca nos mais variados temas, principalmente nos que aniquilam uma sociedade. Infidelidade, racismo, inveja, ganância, drogas... muitos destes problemas começam porque as pessoas são egoístas. E Rowling relata-nos as fraquezas humanas com enorme qualidade. Algumas pessoas aprendem antevendo os erros, ou vendo os erros dos outros. Outras aprendem cometendo o erro, e outras nunca aprendem, limitando-se a dizer que vão mudar, mudar... e nunca mudam por mais vergonha que tenham delas próprias. A realidade é que é mais fácil criticar os problemas dos outros, do que enfrentar os nossos. 

Não querendo revelar nada da história nem a opinião sobre alguma personagem em particular (há algumas muito bem construídas), este livro demorou a conquistar-me e apenas na segunda metade do livro entrei definitivamente na história. A trama central não é marcante, pois este livro é sobre pessoas, as suas formas de encararem a vida... as pequenas coisas a que se agarram. Esta é uma história sobre aquele instante em que morremos e todos os nosso planos, desejos e ideias, desaparecem. Este é um livro sobre o efeito borboleta que o mais insignificante dos gestos pode criar.

Rowling é uma excelente escritora. Se Harry Potter foi único no seu género e marcou-o para sempre, este livro não o consegue, mas isso seria quase impossível. Esqueçam o feiticeiro durante esta leitura, não esperem um livro de suspense com incríveis revelações no fim, mas sim um relato fiel sobre a condição humana, do mundo em que vivemos e no qual nenhum de nós é perfeito.

Acredito que muitos não gostarão do livro, mas eu gostei. O final é marcante e o sentimento que criei em relação a algumas personagens faz-me ver a intensidade que este livro transmite e o facto de ter gostado bastante de algumas, que de perfeitas nada tinham. No entanto, volto a dizer: não é um livro para todos, e muitos não irão gostar.

Podem ver a sinopse e mais sobre o livro no site da editora.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Passatempo: Uma Morte Súbita


PASSATEMPO


Uma Morte Subita
de J. K. Rowling


Uma vez mais, em parceria com a Editorial Presença, temos um livro para vos oferecer. Desta vez, aquele que será, provavelmente, o livro mais aguardado do ano!

J. K. Rowling regressa após ter terminado a saga Harry Potter!

Para se habilitarem a ganhar, basta darem uma sincera opinião sobre as anteriores obras da autora, dizendo-nos o que mais apreciam nos seus livros, quer seja personagens, história, forma de escrever, etc...

O vencedor será sorteado, e a vossa resposta não tem influência no sorteio!


O Passatempo termina dia 30 de novembro às 23:59
Uma participação por pessoa

Para mais informações sobre o livro, vejam este link.



«Um romance maravilhoso. A mestria de J.K. Rowling como contadora de histórias está ao nível de RL Stevenson, Conan Doyle e PD James…»
The Observer


Boa sorte e não se esqueçam de se tornarem fãs do blog no facebook!


terça-feira, 20 de novembro de 2012

OS FILHOS DE KRONDOR - O Corsário do Rei


Autor: Raymond E. Feist

Título original: The King's Buccanneer



Após quatro livros da saga O Mago, no qual Feist elevou, e muito, a qualidade da literatura fantástica, o quinto livro (e primeiro desta saga) virou-se para os jogos políticos e intriga de bastidores sempre presente na realeza e nas relações entre nações vizinhas. Este livro, 6º do mundo de Midkemia e 2º da saga Filhos de Krondor, deixou um pouco para trás esta tendência e regressa à fantasia/magia que vimos nos primeiros livros.

Na minha opinião, e olhando para a qualidade do livro como um todo, este livro ainda não está ao nível dos primeiros quatro, mas consegue estar acima do anterior, e porquê? Essencialmente porque consegue ser melhor em tudo o que é essencial a este género literário.

Em primeiro lugar temos as personagens, melhor construídas, com uma relação entre principais e secundárias que tornam o livro fácil e divertido de ser ler. Nicholas, personagem principal (terceiro filho de Arutha), conseguiu convencer-me muito mais do que Borric e Erland no anterior livro, principalmente por se mostrar mais humano, com altos e baixos, coragem e medo, sabedoria e ignorância.
O regresso de Pug é muito bem-vindo e o autor consegue manipular bastante bem as suas ações, por forma a limitar a influência no enredo de um personagem tão poderoso e que faria a história acabar muito mais depressa. Mas é Nakor o grande trunfo deste livro. Ganhando importância, responde a algumas questões que deixara no livro anterior e levanta muitas mais, tornando-se num dos catalisadores do desvendar da trama.

O livro começa com um bom ritmo, abrandando a meio, onde começamos a ver as movimentações de algumas peças, para voltar a acelerar no fim. Feist continua com o seu sentido de humor e diálogos convincentes, e não deixando o leitor perceber tudo o que se passa. Todavia, é notório desde o início, que este livro tem uma maior ligação com a saga O Mago do que tinha o livro anterior (O Príncipe Herdeiro), com o autor a criar mais civilizações, expandindo o seu universo cada vez mais, com coerência e sempre com detalhes que as distinguem entre si.

No entanto, este livro também fica marcado pelo revelar de algumas "leis" da magia presente neste mundo. É verdade que fica muito por explicar, mas temos uma noção suficiente para vermos onde este universo nos pode levar e quais as limitações da fantasia criada por Feist.

Num livro com um bom final e uma trama central bem conseguida, Feist mostra-se mais cruel em relação ao destino das suas personagens (apesar de algumas ainda mostrarem a proteção do autor à sua volta) e também em relação à crueldade presente no mundo. Considerado o grande escritor da fantasia depois de Tolkien, e um dos que mais influenciou o género, Feist consegue mais um grande livro, mesmo não estando ao nível da primeira saga. É divertido, é fantástico e é certamente a rampa de lançamento para a próxima saga (pelo menos é o que o nome SerpentWar indica). Ao fim de seis livros, Feist confirma, cada vez mais, que o seu universo tem de ser lido.

Entrevista ao blog Rute Canhoto


Hoje trago-vos uma pequena entrevista que dei à Rute Canhoto para o seu blogue e deixo-vos aqui o link a todos os que estiverem interessados em lê-la, mas também em conhecer este blog caso nunca tenham passado pelas suas páginas.

Uma vez mais obrigado à Rute por me ter convidado e espero que continue com esta iniciativa por muito tempo, divulgando um pouco a história de outros blogues!


Espero que gostem e aproveitem para ver outras entrevistas no blogue da Rute!







sexta-feira, 16 de novembro de 2012

O REGRESSO DO ASSASSINO

Autor: Robin Hobb

Título original: Fool's Errand: The Tawny Man



Fitz regressa numa nova saga e as expectativas são altas. No meu caso, a vontade de ler estes novos livros era ainda maior, pois adorei o final da saga anterior (um sentimento que nem todos os leitores partilham), graças ao facto de Fitz ser o Sacrifício.

Muitos anos se passaram e as primeiras páginas são o reencontro de Fitz com antigos amigos, enquanto a autora nos vais mostrando o que se passou neste salto temporal entre as duas sagas.
Hobb é, uma vez mais, fantástica a explorar sentimentos e aprendizagens, e este livro fica marcado pela grande mudança de Fitz. Se na saga anterior víamos uma personagem com grande tendência para a imaturidade e muito improviso, agora temos um Fitz muito mais maduro, e esta diferença suporta todo o livro, dando-lhe uma grande coerência e tornando o livro mais maduro e agradável de ler.

Claro que voltar a ler sobre algumas personagens que adoramos, é excelente. Fitz, Bobo, Olhos-de-Noite, Breu... estão todos bem conseguidos e entramos na história facilmente, com as personagens já bem definidas e sem necessidade de introduções, e como tal, esta saga será muito melhor para quem tenha lido a anterior. Hobb parte de imediato para o desenrolar da história e começamos aos poucos a perceber todo um novo "quadro" político e social. Este é um dos grande trunfos deste livro. Hobb não se limitou a criar uma nova história num mundo já existente: ela redefine esse mundo, ajustando-o ao enredo, e algumas das questões que ficaram por esclarecer na saga anterior, são agora respondidas, dando início a novas questões! Esta sensação de que o mundo não ficou estático, mas também evoluiu, é bastante importante nestas situações.

O ritmo do livro é talvez o seu maior ponto negativo, pois na grande maioria das páginas, é lento (apesar de não tanto como no último livro da saga anterior) e por vezes sentimos que o livro é demasiado grande e se arrasta. É verdade que nunca foi maçador, mas nota-se o grande objetivo da autora em baixar o ritmo para nos "mostrar" mais sobre a Manha. Este aspeto dá a noção de toda uma preparação para os livros seguintes, e acredito que esta saga seja baseada nesta preparação que é dada ao leitor. No entanto gostava que o livro fosse mais "rápido" e acredito que alguns leitores fiquem desiludidos com este aspeto.

O enredo é muito bom, apesar de a trama central ser previsível tal como as ações de algumas personagens, mas nada disto retira a qualidade ao livro. Hobb melhora todas as suas personagens, torna-as mais reais e desenvolve bastante a ligação entre Fitz e o seu lobo, sendo esta ligação o grande trunfo do livro. Pelo meio há alguns momentos marcantes e que irão definir o futuro da saga, e admiro a autora pela sua coragem.

Resumindo, no geral este livro apresenta mais qualidade que os anteriores, notando-se até que a autora está cada vez melhor na forma como transmite certas sensações. Este é o meu livro preferido das histórias de Fitz, e se para alguns poderá ser desilusão, para mim este livro é um fantástico início de saga, da qual não poderia já pedir todas as respostas nem toda a ação que terá de ficar para os livros seguintes. Este livro é o início e faz o seu papel na perfeição, mas o leitor terá de encarar esta obra como o início de algo e não como uma continuação!

Podia falar muito mais sobre as personagens, forma de escrita ou sobre as expectativas que tenho, mas vou esperar pelos próximos livros. Para já digo-vos: gostei muito, mesmo muito, e recomendo-o totalmente a quem apreciar este género... e assim que tiver oportunidade, voltarei para continuar! 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Passatempo: Aristides de Sousa Mendes - Vencedor!

 
PASSATEMPO

 
Aristides de Sousa Mendes
Um Herói Português

 
Vencedor!
Chegou ao fim mais um passatempo que teve muitas participações! Desde já, um obrigado a todos os que participaram e espero que este passatempo vos tenha dado mais vontade de ler o livro!
 
 
Para os que não ganharam, desejo-vos boa sorte para a próxima e uma vez mais, obrigado!
 
 
 
Este foi mais um passatempo em parceria com a Editorial Presença, à qual agradeço, e para os curiosos, podem encontrar mais informações sobre o livro neste link, e a minha opinião neste link.


E o vencedor é:

Teresa Maria Valente de Carvalho

Parabéns à vencedora!

Mais passatempos em breve!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

ARISTIDES DE SOUSA MENDES - Um Herói Português


Autor: José-Alain Fralon

Título original: Le Juste de Bordeaux


Nós Portugueses, sempre conseguimos, na generalidade, esquecer ou não dar mérito a nós próprios, preferindo muitas vezes, admirar os feitos daqueles que não nasceram no nosso país.
Na ciência, na cultura, no desporto... ou em qualquer outro ramo, somos, quase sempre, levados a desvalorizar o que temos, talvez por ignorância ou até construção social. Todos o fazemos...

Aristides de Sousa Mendes é um dos casos mais gritantes. Como pode este homem, ser mais admirado "lá fora" do que no país onde nasceu?

Este livro tenta destruir um pouco o esquecimento construído, e por vezes imposto, sobre os feitos de um dos grandes heróis do nosso povo, mas também do mundo. Aristides, seria certamente, um homem que ao morrer, sabia que a sua vida tinha sido mais do que respirar. Quantas pessoas conseguiram dar tamanho significado a uma vida?

Falando um pouco sobre o livro em si, o autor consegue cativar desde o início, não só por ser um tema interessante à partida, mas também porque a linguagem é fácil e objetiva, sem lugar a momentos de grande monotonia. Em termos de investigação, não tenho, obviamente, a capacidade de saber até que ponto o trabalho do autor é bem feito, mas tenho de elogiar a capacidade que o autor teve em ligar certos factos e acontecimentos, ajudando a que o leitor nunca se sinta perdido. No geral, este parece-me um relato bastante completo que nos mostra toda a vida de um homem.

Mas esta obra tem como objetivo mostrar a dimensão que foi a vida deste Consul. Fralon consegue, e com facilidade, vincar a personalidade de Sousa Mendes, e este é para mim um dos pontos mais importantes: compreender os motivos, as convicções e a fé deste homem, para perceber o porquê de nunca ter desistido. Quantos conseguiram não desistir, mesmo perante a sua própria destruição?
A obra mostra-nos a educação de Aristides e seu irmão gémeo César, e imediatamente começamos a ver pequenos traços que mais tarde serão os pilares da obra deste homem, tornando toda a obra mais pessoal e interessante.

Com uma convicção impressionante e enorme noção do que estava a fazer e qual seria o seu futuro, Aristides terá sido, certamente, uma personalidade fascinante e à qual deveríamos dar muito mais mérito, e dar a conhecer. Eu, um simples rapaz, tudo o que já sabia sobre este homem, soube por iniciativa própria, e tal facto é chocante! As ações serão sempre mais fortes do que as palavras, então mostrem as ações deste homem! Contem-nas aos nossos adolescentes, estudem-nas na escola, e com orgulho, mostrem à humanidade que alguns não se limitaram a ver o mundo arder.

Numa opinião onde as minhas palavras nunca farão justiça a um homem que deu tudo e morreu na miséria, apenas posso aconselhar qualquer pessoa a ler esta história, a conhecer mais sobre esta época e sobre os homens que fizeram a diferença, mostrando-nos que os extremos estão muitas vezes a atuar ao mesmo tempo, e é nos momentos de maior crueldade que vemos aparecer a maior bondade.

Para os interessados, podem ver mais sobre o livro neste link da editora.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

ANNA KARENINA


Autor:  Léon Tolstói

Título original: Anna Karenina


Ana Karenina é uma obra-prima e mais não precisaria ser dito. Por outro lado, fazer uma crítica completa sobre este livro, daria um texto enorme, tal é a variedade de temas que Tolstói "toca" nesta sua obra. 

Tentando dar uma opinião pequena, começo por dizer que a leitura não será fácil, mas valeu a pena. As páginas são mais que muitas, e o ritmo é lento, mas toda a experiência de leitura se torna melhor quando percebemos um simples facto: Ana Karenina não é uma história de amor, é um retrato fantástico e exaustivo da sociedade russa do séc. XIX, devendo ser encarado como tal.

 Apesar de não estarmos limitados ao olhar de Ana, pois seguiremos também a ação de outras personagens, o romance de Ana Karenina é o catalisador de toda a história, e é "a partir daqui" que o autor desenvolve os temas mais importantes: cinismo, fidelidade e inveja estão presentes nas personagens, na forma como vivem e sobrevivem numa sociedade que Tolstói critica com fervor ao mostrar também um ambiente que explora as diferenças dentro de um país que poderia, e deveria, ser muito mais do que é.

Tolstói, tal como em outras obras suas, aproveita para criticar a sociedade russa, colocando, indiretamente, as suas opiniões religiosas e tendências políticas em algumas personagens. Para além disso, também se nota alguma desilusão em relação às sociedades dos países mais ocidentais, e supostamente, mais desenvolvidos, justos e equilibrados... mas tal não existe. É notório que o equilíbrio nunca existirá.

Para além da história base, Tolstói insere vários acontecimentos e temas importantes do seu país naquela época. Os direitos das mulheres ou a preponderância que o povo tem na sociedade, sustentando-a com salários miseráveis, são temas explorados e que ajudam todo o livro a ganhar uma dimensão que poucas obras alcançam.
Mas é o adultério o grande tema deste livro, com todas as suas condicionantes religiosas, sociais e políticas... e é aqui que esta obra é superior às outras. Agarrando num tema muito usado, o autor mostra-nos toda uma sociedade e descreve-a de forma sublime. Devemos nós moldar a nossa vida consoante o que outros pensam? A verdade é que estas correntes que nos agarram, sempre prenderam a sociedade, e quanto mais alto o "posto" de uma pessoa, mais limitado está para seguir a sua felicidade. A nossa condição social prende-nos, limitando a nossa felicidade, e Ana Karenina é o espelho dessa infelicidade. Mas porque teremos nós de viver consoante a opinião daqueles que serão os primeiros a apontar-nos o dedo perante a nossa falha?

As personagens são bem construídas, como era de esperar, e cheias de certezas ou incertezas. Algumas apresentam toques geniais e uma profundidade marcante, mas para mim, nenhuma conseguiu alcançar a qualidade de Levin, personagem que apresenta uma fascinante relação com a morte.

Com um final que adorei, Ana Karenina é um jogo moral, entre felicidade e apatia, entre o socialmente correto e a concretização pessoal. Tolstói é um forte acusador sobre muitos temas, principalmente sobre a condição humana e as decisões que nos tornam presos a algo que no fim não terá valor, levando o leitor a questionar as ações das suas personagens, mostrando a batalha no interior de cada uma. No entanto é interessante reparar que Tolstói não dá um moral definitivo a cada tema, e por isso digo que este livro não basta ser lido, tem de ser pensado e compreendido à nossa maneira.

No geral, Ana Karenina não é um livro fácil de ler. Realista como poucos, apresenta um ritmo lento, que nos faz pensar e sentir, enquanto nos mostra os detalhes que tornam esta obra imortal. Não foi dos livros que mais prazer me deu, nem dos que mais me viciou, mas a sua qualidade é inegável, e como tal, recomendo-o sem hesitações a todos os que gostem de ler. 

É, sem qualquer dúvida, uma obra imortal... uma obra-prima.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Passatempo: Aristides de Sousa Mendes

PASSATEMPO

ARISTIDES DE SOUSA MENDES
Um Herói Português


Temos hoje mais um passatempo em parceria com a Editorial Presença. Desta vez temos para oferecer um exemplar do livro Aristides de Sousa Mendes, do autor José-Alain Fralon, e que nos traz a história de um dos mais famosos portugueses e, sem qualquer dúvida, um grande herói e exemplo a seguir, dono de uma coragem e bondade notável. 




Para se habilitarem a ganhar, basta responder a uma pergunta e preencher o formulário. 
Leiam o texto a seguir para responderem à pergunta.

O passatempo termina às 23:59 de 12 de novembro




ESTREIA CINEMATOGRÁFICA A 8 DE NOVEMBRO

Nascido em julho de 1885, Aristides de Sousa Mendes seguiu a carreira diplomática, acabando por encontrar-se como cônsul em Bordéus num tempo em que a barbárie organizada lançara já a sua sombra sobre a Europa e o Mundo e Salazar lutava por manter a neutralidade de Portugal. Aristides, contra as ordens do próprio governo, assinou incontáveis vistos que salvaram milhares de pessoas do Holocausto. Um livro que dá a conhecer a vida de um português notável e as circunstâncias por que continuará sempre a ser recordado no mundo inteiro pela sua extrema coragem e generosidade.

Para saberem mais sobre o livro, visitem o site da editora aqui

Boa sorte a todos!



segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Passatempo: Ratos e Homens - vencedor!


PASSATEMPO


RATOS E HOMENS
de John Steinbeck


VENCEDOR!


Chegou ao fim mais um passatempo, com os dos meus livros preferidos e que teve um número fantástico de participações. A todos os que tentaram a sua sorte, obrigado pela participação!


E o vencedor é:

João Pires Coimbra

Parabéns ao vencedor!

Para os curiosos, podem ver a minha opinião neste link.

Uma vez mais, obrigado a todos os participantes e amanhã temos novo passatempo!

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Do livro à tela: várias adaptações


 DO LIVRO À TELA


Foi neste mês de setembro que iniciei o desafio de escrever pequenos textos para o site Magazine HD. O objetivo era falar um pouco sobre as adaptações entre livros, filmes, séries, jogos, etc...

O que não faltam são livros adaptados ao cinema, o contrário também existe, e desde logo me pareceu um desafio interessante e que me daria a oportunidade de não falar apenas dos livros, mas das diferenças entre o que lemos e vemos no grande ecrã.

Sendo assim, deixo-vos os links com os primeiros textos, que escrevi durante os últimos dois meses, e espero que me possam dar as vossas opiniões sobre estas e outras adaptações.











Espero que gostem destes pequenos textos sobre adaptações e que me digam quais adaptações gostaram, quais odiaram ou quais gostariam que fossem feitas!

Mais textos para breve. Alguma recomendação?