quinta-feira, 28 de junho de 2018

O CAMINHO DAS MÃOS


Autor: Steven Erikson



Sinopse: Os exércitos do Apocalipse, liderados pela vidente Sha’ik, assolam o Império Malazano e uma guerra santa deixa um rasto de vítimas e destruição. A liderança militar escolhe um plano audacioso de evacuar os sobreviventes que restam para Aren, a única cidade no continente ainda sob controlo do Império. Por desertos e vastas desolações, milhares de refugiados não têm outra escolha senão participar no êxodo lendário conhecido como A Corrente de Cães.
No outro lado do continente, uma conspiração está em curso para assassinar a Imperatriz Laseen, e não faltam protagonistas sedentos de vingança ou envolvidos em demandas secretas. Mal sabem eles que todos os caminhos estão inevitavelmente ligados ao Apocalipse que se liberta… 


Neste terceiro livro de Steven Erikson, a qualidade continua muito alta. Quando comecei esta saga, já conhecia a enorme legião de fãs espalhados por todo o mundo que veneram estes livros, considerada como uma das melhores de sempre da fantasia. Quando a Saída de Emergência começou a lançar estes livros percebi que estava na altura de mergulhar no Império Malazano e explorar este novo mundo e a cada livro fica melhor, ao ponto de acabar um livro e desejar que a editora lance logo o próximo.

Esta saga divide-se em dois grandes trunfos. O primeiro são as personagens, muito bem criadas e com muita densidade e história, não só as principais mas também as secundárias. Sendo os personagens o grande motor desta saga, é muito interessante ver o quanto o autor explora os passados de alguns personagens e os encaixa na história. Ao fim de três livros, e com tantas e tantas personagens criadas, não me sinto confuso e tenho a noção de que conheço de forma profunda algumas personagens importantes e com peso no enredo. A questão é que o autor continua a aumentar o leque de personagens e a abrir o espetro, levando-nos para níveis de densidade e de complexidade que poucas sagas atingiram, e ainda só estamos no terceiro livro...

E é pela visão das personagens que chegamos ao segundo trunfo desta saga até agora, o mundo. Com o autor a saltar entre várias personagens, quase apagando a linha que separa das personagens principais das outras, o autor a cada capítulo explora mais e mais o mundo, não só no tempo presente, mas fundamentalmente no passado, para nos dar uma base coerente e bastante sólida deste mundo que vamos conhecendo. Com isto, e quase fazendo lembrar "A guerra dos tronos" pela forma como este mundo é explorado, fica a noção clara de que esta saga ainda tem muito para dar, e muito que já "deu" mas que nós ainda não sabemos. Existem momentos neste livro que fazem todo o sentido quando nos lembramos de algo que aconteceu no primeiro livro e que parecia insignificante, e é esta noção de plenitude e de ligação entre acontecimentos que torna esta saga fantástica.

É verdade que a saga é enorme e que ainda estou apenas no início, mas em termos de qualidade, poucas sagas conseguem no início apresentar um nível tão alto. Se gostam de fantasia, claramente que têm de ler estes livros.

Luís Pinto


sexta-feira, 22 de junho de 2018

OS ALTOS E BAIXOS DO MEU CORAÇÃO


Autor: Becky Albertalli

Título original: The Upside of Unrequited



Sinopse: Aos 17 anos, Molly sabe tudo o que há para saber sobre o amor não correspondido. É que a jovem já se apaixonou 27 vezes, mas sempre em segredo. E por mais que a irmã gémea, Cassie, lhe diga para ter juízo, Molly tem sempre cuidado. É melhor ter cuidado do que sofrer.
Quando Cassie se apaixona, a sua nova relação traz um novo círculo de amigos. Dele faz parte Will, que é engraçado, namoradeiro e um excelente candidato a primeiro namorado da Molly.
Mas há um problema: o colega de Molly, Reid, um cromo e fã incondicional de Tolkien, por quem ela jamais se apaixonaria… certo?



Becky Albertalli é a autora do famoso livro "O coração de Simon contra o mundo", já adaptado ao cinema, e que foi um sucesso de vendas entre leitores de várias idades. Agora, a autora regressa com mais um livro sobre amores adolescentes, com todos os seus extremismos e dúvidas, paixões e desgostos, altos e baixos.

Como poderão ver na sinopse, Molly é a personagem principal, uma adolescente com a qual é fácil simpatizar apesar das suas constantes dúvidas a contrastar com os momentos de decisão. Estes são os altos e baixos dos adolescentes e a autora faz um trabalho muito interessante ao explorar a mentalidade destes jovens que começam a sentir o que é o amor sem o perceberem.

Com uma escrita simples e objetiva, a autora oferece um livro com ritmo rápido, sem se perder demasiado no que rodeia algumas personagens e oferecendo uma visão rápida sobre as características essenciais de cada personagem para que o leitor sinta rapidamente que as conhece. O resultado é uma leitura rápida e agradável, porque para além dos momentos mais emocionantes, existem muitos momentos cómicos e outros que nos levam a pensar. Todos, de uma forma ou de outra, passámos pela adolescência, e é fácil vermos certos momentos neste livro que são parecidos a algo que vivemos ou que um conhecido nosso viveu. É, apesar de ter alguns momentos forçados, um livro realista e que nos fará sorrir.

Com o livro de Simon a minha curiosidade por esta autora aumentou. Este livro é original, apesar de ter alguns momentos forçados ou menos coerentes, mas no global é uma leitura inteligente, bem estruturada e pensada. Não consegue chegar ao nível do livro de Simon porque não consegue explorar tão bem a mente da personagem principal nem de alguns temas que em Simon foram muito bem aprofundados graças a personagens secundárias bem criadas. No entanto, este é um bom livro, que agradará aos fãs do género, e que será uma boa leitura para este verão.

Luís Pinto



quinta-feira, 21 de junho de 2018

Passatempo : Call of Duty - Vencedor



PASSATEMPO

Call of Duty

Vencedor!



Consigo finalmente anunciar o vencedor deste blog. Em primeiro lugar, volto a agradecer a todos os que tornaram este passatempo possível e peço imensas desculpas a todos os leitores que esperaram durante bastante tempo por este resultado. Infelizmente, alguns problemas pessoais deixaram-me completamente sem tempo disponível para os meus blogs.

Para compensar todos os leitores, terei novos passatempos já nos próximos dias!




E o vencedor é:


João F. Almeida Oliveira

Parabéns ao vencedor e muito obrigado a todos os que participaram!

AS JANELAS DO CÉU


Autor: Gonzalo Giner

Título original: Las ventanas del cielo




Sinopse: Na Idade Média houve quem erguesse magnas catedrais, mas foram os mestres vidreiros quem as transformou nas janelas do céu.
No século XV, Hugo de Covarrubias decide que não quer tomar as rédeas do negócio do pai, um mercador de lãs. Esta decisão faz que parta de Burgos em busca da sua vocação, votando ao abandono o negócio familiar, o ambicioso meio-irmão Damián, e Berenguela, o seu grande amor.
No entanto, tudo muda quando descobre que o pai está a ser atraiçoado e vê-se obrigado a fugir para salvar a vida num baleeiro basco e conhece Azerwan, um homem fascinante que se define como contador de lendas e com quem iniciará em África um prometedor negócio de venda de sal.
Tudo corria bem até que uma vingança o obriga a fugir de novo, desta vez com uma mulher e um extraordinário falcão, em busca do seu verdadeiro destino: aprender a arte dos vitrais.
Um romance épico com panos de fundo variados numa época em que as antigas catedrais se foram abrindo para se transformarem em autênticos sacrários de vidro, perante os quais os fiéis acreditavam estar junto das Janelas do Céu.



Este é o primeiro livro que leio de Gonzalo Giner e confesso que me surpreendeu. Em primeiro lugar gostei da escrita do autor, capaz de ter um bom ritmo mas sem deixar de explorar o necessário para o leitor se sentir a viajar nesta época. A capacidade de um autor de levar um leitor até uma época histórica é sempre importante, seja qual for a época em questão, e Giner consegue-o com um bom trabalho de investigação que resulta em detalhes em cada páginas que nos fazem visualizar muito melhor a sociedade em questão, tanto nos aspetos políticos, económicos e religiosos, mas também ao explorar a forma como se vivia, os receios, os objetivos, as crenças. Com isto, todo o livro parece muito mais coerente e bem estruturado.

Gostei do personagem principal, sendo ele a nossa janela para este mundo. Hugo tem tanto de personagem deste mundo como de outro, misturando lógica com sonhos, receios com coragem, tornando-o numa personagem bastante credível, o que é fundamental para um livro grande e que aprofunda a natureza humana de uma forma muito mais intensa do que eu esperava.

Existem alguns momentos mais forçados, mas nota-se que o autor tenta sempre equilibrar a balança, para que as coisas não pareçam incoerentes, mesmo quando é preciso surpreender o leitor. No entanto, o livro raramente é óbvio, acabando por tocar em certos temas e áreas que tornam o livro mais maduro e mais abrangente. Gostava, no entanto, que o livro tivesse explorado um pouco mais algumas personagens secundárias que me pareçam bem criadas e com mais para dar, mas claro, isso tornaria o livro ainda maior.

Globalmente este livro foi uma surpresa. Gostei da escrita, do tema, mas principalmente do olhar sobre a natureza humana, sobre a sociedade, sobre o que nos condiciona desde que nascemos. Se apreciam livro desta época histórica, então poderão ter aqui uma leitura que vos surpreenda como me surpreendeu a mim. Não é uma obra prima, mas é um dos melhores livros que li este ano neste género.

Luís Pinto


quinta-feira, 14 de junho de 2018

A RESIGNAÇÃO


Autor: Luís Miguel Rocha



Sinopse: Em dezembro de 2012, Bento XVI recebeu de uma comissão de cardeais um relatório de 300 páginas sobre o mediático caso “Vatileaks”.
Dois meses depois, no dia 11 de fevereiro de 2013, evocando razões de saúde, e ciente da gravidade da sua decisão, o Papa anunciou ao mundo que resignaria ao trono de São Pedro. Não se sentia capaz, física e espiritualmente, para continuar a exercer o cargo.
Que segredos comprometedores guarda o extenso relatório? A resignação terá acontecido por razões de saúde, como o Bento XVI anunciou, ou por pressões políticas que jamais serão tornadas públicas?
Os mistérios de tão inesperada decisão serão agora revelados.



Luís Miguel Rocha, autor que nos abandonou demasiado cedo, no ano de 2015, foi um autor que mereceu todo o sucesso que teve, não só pela sua simpatia e humildade, mas também pela grande qualidade dos seus livros, que rivalizam, em termos de qualidade, com grandes escritores do seu género.

Este livro, o primeiro livro de ficção lançado após a sua morte, tem uma base muito interessante que poderão ler na sinopse. A partir daí, e com uma interessante e viciante forma de explorar toda a investigação que terá feito, LMR avança, como de costume, com inteligência num enredo que tem tudo para nos deixar agarrados. Dúvidas, conspirações, política, jogo de interesses... um bocadinho de tudo num livro bem montado e que, apesar de não ser o seu melhor, consegue ser muito bom, e um dos melhores livros que li deste género neste ano que agora vai a meio.

Gostei dos personagens principais, alguns um pouco óbvios, outros com a capacidade de me surpreenderem com decisões coerentes mas inesperadas. Pelo meio, ação e ritmo intenso, com os diálogos a serem objetivos o suficiente para não cortarem a velocidade de leitura. Claro que existem alguns momentos mais forçados, montados de forma a deixar-nos na dúvida e que em alguns casos poderiam ser sido feitos de forma diferente, mas no global este é um enredo coerente, e que desde o primeiro momento sabe para onde vai.

Globalmente este é um livro bem estruturado, bem pensado e que usa uma base vencedora. É muito fácil ficarmos viciados nestas páginas e mesmo sabendo que conseguiremos adivinhar algumas das coisas que irão acontecer nas páginas seguintes, iremos ler sem parar, esperando que a conspiração se revele, enquanto se criam novas dúvidas. Como já disse, este não é, em termos de qualidade, o melhor livro de LMR, mas se gostam dos livros do autor, então esta obra tem de estar na vossa estante. Muito viciante!

Luís Pinto


quarta-feira, 13 de junho de 2018

OS HUMANOS


Autor: Matt Haig

Título original: The Humans




Sinopse: E se a terra fosse o planeta mais absurdo do universo? O professor Andrew Martin, génio matemático, acaba de descobrir a chave para os maiores mistérios do Universo.
Ninguém sabe do salto que isto representará para a Humanidade… exceto seres evoluídos de outro planeta. Determinados a impedir que esta revelação caia nas mãos de uma espécie tão primitiva quanto os humanos, estes seres enviam um emissário para destruir as provas. E é assim que um alien intruso, completamente alheio aos costumes, chega à Terra. Rapidamente, ele descobre que os humanos são horrendos e têm hábitos ridículos — comida dentro de embalagens, corpos dentro de roupas e indiferença por trás de sorrisos… Esta espécie não faz sentido!
Durante a sua missão, sob a pele e identidade de Andrew Martin, este alien sente-se perdido e odeia todos os terráqueos. Exceto, talvez, Newton, um cão. Contudo, quanto mais se envolve com os que o rodeiam mais fica a perceber de amor, perda, família; e de repente está contagiado: será que afinal há qualquer coisa de extraordinário na imperfeição humana?


Quando li esta sinopse, e sabendo que o livro era de Matt Haig, percebi que não poderia deixar passar a oportunidade de ler este enredo. Tal como noutros livros, Haig tem um escrita inteligente, objetiva e capaz de nos fazer sorrir.

Se lerem a sinopse, perceberão que a base é quase absurda ou bizarra, mas também de imediato percebemos que tem muito para dar. A ideia, original, é claramente uma base que pode ser bem usada para explorar a nossa natureza mas também a nossa sociedade. E é exatamente isso que este enredo faz, porque explora, aprofunda, critica e olha para nós de forma diferente, ingénua, pouco condicionada ao que nos é incutido durante anos. E é assim que este livro se torna bom, porque o autor consegue abstrair-se dos preconceitos da sociedade, tanto os bons como os maus, para explorar o que nos rodeia, e com isso o leitor é levado a pensar.

Tal como, por exemplo, Douglas Adams fez em "À boleia pela galáxia", também Haig diverte mas sem nunca deixar de alimentar um espírito crítico que torna a leitura adulta e inteligente. A capacidade de analisar e criticar com inteligência é um trunfo de alguns escritores e aqui Haig demonstra que tem essa capacidade. O enredo em si é bom, pensado e com tanto de coerente como de absurdo, mas sem nunca deixar de seguir o seu propósito, que é oferecer ao leitor uma visão diferente do que é a nossa sociedade e, principalmente, do que é ser humano e no limite, ser vivo. Amor, ódio, ganância, inveja, mentira, são tudo capacidades que, apesar de não serem exclusivas nossas, são reformadas na nossa essência humana, e é isso que Haig aprofunda, com um livro soberbo.

Luís Pinto


segunda-feira, 11 de junho de 2018

O CAÇADOR


Autor: Lars Kepler

Título original: Kaninjägaren



Sinopse: A noite tinha acabado de cair, quando Sofia entra numa mansão nos arredores de Estocolmo, onde o seu cliente - um homem muito abastado que nunca viu - a espera. Talvez seja por isso que Sofia avança furtivamente, como um animal selvagem. Enquanto atravessa o grande salão, tentando memorizar todos os detalhes, Sofia não imagina quem é o homem que a escolheu para aquela noite. Nem ele imagina que dentro em breve se encontrará frente a frente com um assassino implacável e meticuloso, que não deixa vestígios nem pistas.
Limitar o círculo de eventuais alvos torna-se um verdadeiro pesadelo para a Polícia, embora na mira se encontrem personalidades proeminentes do país. E, para tentar resolver o mistério, a Polícia terá de contar com a ajuda do ex-comissário Joona Linna, há dois anos a cumprir pena na prisão de alta segurança de Kumla. Infiltrado e trabalhando em estreita parceria com a agente especial Saga Bauer, Joona Linna tudo fará para travar «o caçador» antes que seja tarde de mais ou que o caçador os cace a eles…



Um dos mais famosos nomes dos policiais está de volta, Lars Kepler. Uma vez mais, o livro foca-se em Joona, o já famoso personagem da saga que tem ganho fãs por todo o mundo.

Este é, tal como os livros anteriores, um livro que vai aumentando a intensidade durante a leitura. A narrativa é feita para nos deixar sempre com dúvidas e para criarmos a nossa investigação, com pontas soltas dispersas que aumentam a necessidade de ler. Para quem já tenha lido alguns livros de Kepler, poderá encontrar os mesmos erros que nos livros anteriores, principalmente na forma como força certas incertezas ao cortar a narrativa no momento em que algumas perguntas deveriam ser feitas. Este é um truque bastante usado pelos escritores, e Kepler não foge à regra. O enredo é bem construído, mas, novamente, sinto que existem aqui saltos que não fazem sentido, sendo apenas feitos para obrigar o leitor a continuar a ler.

Pelo meio, continuo a gostar bastante da personagem principal. Joona tem crescido e sido aprofundado a cada livro, sendo o grande trunfo do enredo, principalmente pela forma como encara certas situações e como o próprio enredo encaixa na sua personalidade. O livro é feito para ele, e tal nota-se com facilidade.

Um dos aspetos mais positivo deste livro é o seu ritmo, apesar de por vezes não ajudar à qualidade do enredo. Kepler cria uma narrativa intensa e que nos obriga a continuar a ler e com isso alguns momentos são forçados, outros são mal explicados e outros são surpreendentes, levando-nos a continuar. E é assim que este livro avança, de forma frenética, viciante, mas com alguns erros. Aliás, Kepler sempre teve erros em todos os seus livros, afastando-os da qualidade de livros de culto e obras primas, mas também sempre conseguiu ser intenso e viciante o suficiente para criar a legião de fãs que tem por todo o mundo. O que quero dizer com isto é que se gostam de Kepler, aqui está mais um livro que irão apreciar bastante, com algumas reviravoltas interessantes, mas também é verdade que alguns momentos do livro são forçados para não nos darem tempo para questionar algo que na realidade não está bem.

Se gostam de Lars Kepler, então este livro é para vocês, pois tem todos os ingredientes que tornaram esta saga famosa, e que, provavelmente, não acabará por aqui.

Luís Pinto


segunda-feira, 4 de junho de 2018

A GUERRA FRIA: Uma História do mundo


Autor: Odd Arne Westad

Título original: The cold war - A world History





Sinopse: «A Guerra Fria não decidiu tudo, mas influenciou a maior parte das coisas, com frequência para pior: o confronto ajudou a cimentar um mundo dominado por superpotências, um mundo em que o poder e a violência - ou a ameaça de violência - representavam a bitola pela qual se regiam as relações internacionais, e em que as crenças tendiam para o absoluto: só o nosso sistema era bom. O outro era, inerentemente, maléfico. Estava montado o palco para uma competição intensa, em que o objetivo era, no limite, a sobrevivência do mundo.»



Este é, muito provavelmente, o melhor livro que li sobre este tema. Numa obra grande e densa, o autor explora como poucos o que aconteceu na época da guerra fria e, principalmente, os efeitos que se sentiram durante anos (e que ainda estamos a sentir).

Com uma escrita direta e capaz de nos dar um enorme contexto e conhecimento, o autor monta lentamente um livro que tenta abordar todos os assuntos relativos à guerra fria, criando, obviamente, um livro lento mas cheio de conhecimento a cada página. O resultado é um livro que demora a ser lido, mas que nos ensina bastante com grande facilidade, pois o autor investe bastante da sua escrita a dar contexto ao leitor para que não se sinta perdido. 

Com uma montagem excelente, criando um bom fluxo de leitura, o autor demonstra um grande trabalho de investigação e um conhecimento profundo que tem como resultado a capacidade de criar uma leitura que apesar de abordar um tema tão vasto, consegue ter um caminho lógico, não sendo uma leitura "esparguete". O resultado final é um livro que apenas agradará ao que tenham bastante interessante pelo assunto e queiram um conhecimento profundo do mesmo, mas para os que lerem todas as páginas, irá compensar.

Não existe muito mais que possa dizer sobre este livro. A verdade é que aprendi bastante sobre o tema e recomendo-o a qualquer leitor que goste do assunto e se sinta com coragem para mergulhar nestas centenas de páginas. Se é o vosso caso, então é um livro obrigatório.

Luís Pinto