sexta-feira, 13 de março de 2020

O ASSASSINATO DA MINHA TIA


Autor: Richard Hull



Sinopse: Edward Powell vive com a abastada tia Mildred na pacata vila galesa de Llwll. A tia Mildred adora Llwll e considera um privilégio poder passar os dias em tão idílica paisagem. Mas Edward odeia o campo e odeia ainda mais a companhia: decide então assassinar a sua tia. Narrativa de um humor negro e de uma imoralidade fascinante, este clássico policial, publicado originalmente em 1934, é considerado uma obra-prima das histórias de detetives invertidas, em que a questão que se põe não é «quem é o culpado?», mas «como será cometido o crime?», e em que o narrador é tudo menos o herói. Este foi o primeiro romance assinado por Richard Hull e fixou o seu nome para sempre na história da literatura policial.



A grande maioria dos livros policiais são sobre a investigação do detetive ou polícia que tenta descobrir o criminoso. É fácil de perceber o porquê desta tendência. Em primeiro lugar porque nos aproximamos mais depressa de quem procura o culpado do que do culpado. Dificilmente nos aproximamos de um assassino de forma tão fácil. Por outro lado, o mistério está em descobrir quem foi. Por entre vários personagens, vamos procurando pistas, detalhes, algo que nos faça perceber como tudo aconteceu. Aqui é diferente.

Neste livro a narrativa acompanha o criminoso, aquele que mata a sua tia e então parte do mistério está desvendado. No entanto, existem outros mistérios, como o "porquê" ou o "como". E é com estas dúvidas que avançamos por uma narrativa cheia de um humor negro que ajuda a criar esta personagem, oferecendo uma visão de uma mente onde muitos valores morais não estão presentes e que ajudam a compreendermos como se pode partir para um tal acto.

De um ponto de vista crítico, a personagem principal está muito bem criada. É ela o grande trunfo do livro com a sua visão imoral do mundo e dos seus atos. E é esta personagem que torna o livro numa obra-prima do seu género. Um leitor, mesmo não apreciando este personagem principal, continua a ler com facilidade, até porque este não é um livro graficamente violento, mas sim um livro muito mais psicológico do que poderia parecer no início.

Os mistérios que enumerei estão bem pensados, e criados de forma quase perfeita. Sendo um livro pequeno, o autor não se perde com demasiadas descrições, tendo sempre um ritmo na narrativa que nos empurra para as páginas seguintes com facilidade. É um típico policial da primeira metade do séc. XX e que me agradou bastante. Pelo meio, bons diálogos, um humor negro fantástico e umas surpresas interessantes, sem nunca deixar de aprofundar a mente do personagem principal. Se gostam de policiais, este livro é uma excelente escolha e que, provavelmente, muitos dos leitores nunca ouviram falar.

Luís Pinto

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