sexta-feira, 10 de abril de 2015

AS VINHAS DA IRA


Autor: John Steinbeck


Título original: The grapes of wrath



Sinopse: Na década de 1930, as grandes planícies do Texas e do Oklahoma foram assoladas por centenas de tempestades de poeira que causaram um desastre ecológico sem precedentes, agravaram os efeitos da Grande Depressão, deixaram cerca de meio milhão de americanos sem casa e provocaram o êxodo de muitos deles para oeste, rumo à Califórnia, em busca de trabalho. Quando os Joad perdem a quinta de que eram rendeiros no Oklahoma, juntam-se a milhares de outros ao longo das estradas, no sonho de conseguirem uma terra que possam considerar sua. E noite após noite, eles e os seus companheiros de desdita reinventam toda uma sociedade: escolhem-se líderes, redefinem-se códigos implícitos de generosidade, irrompem acessos de violência, de desejo brutal, de raiva assassina. Este romance que é universalmente considerado a obra-prima de John Steinbeck, publicado em 1939 e premiado com o Pulitzer em 1940, é o retrato épico do desapiedado conflito entre os poderosos e aqueles que nada têm, do modo como um homem pode reagir à injustiça, e também da força tranquila e estoica de uma mulher. As Vinhas da Ira é um marco da literatura mundial.


Um dos primeiros livros que critiquei no blog, há quase 4 anos, o livro Ratos e Homens (podem ler a opinião aqui), deste autor, é uma verdadeira obra prima... um livro que adoro e que me marcou. Por isso, seria impossível não voltar a Steinbeck, para ler mais uma das suas imortais obras.

Tal como Ratos e Homens, também As vinhas da Ira marca presença em todos as listas dos melhores livros alguma vez escritos. Ao lê-lo percebo facilmente o porquê...

O trunfo está na força da escrita do autor. Steinbeck entra na mente do leitor como poucos conseguem, chocando ou maravilhando com uma facilidade tal, com uma naturalidade tal, que tudo o que lemos parece real, quase palpável. Tudo neste livro, tal como noutros do autor, parece tão natural, tão verdadeiro, que viajamos para o interior destas páginas, sentimos o que as personagens sentem, sofremos com elas, preocupamo-nos. São poucos, muito poucos, os autores que conseguem criar uma ligação tão forte entre leitor e livro.

Em relação ao enredo, a sinopse consegue fazer o resumo inicial com grande qualidade, e não quero afastar-me dessa informação. Steinbeck cria uma narrativa que explora os problemas sociais que levam ao grande fosso de qualidade de vida que existe entre ricos e pobres, levando a um ambiente pesado que confronta a esperança de quem nada tem mas que luta por algo. Steinbeck é exímio, em todos os seus livros, a explorar a sensação de perda ou de pobreza das personagens. Uns de pobreza de espírito e valores morais, outros de pobreza financeira. 

Neste livro, tal como em toda a sua obra, Steinbeck cria um conjunto memorável de personagens, e é aqui que está o que mais me agrada no autor. É impossível não guardar para sempre na nossa memória alguma personagem deste livro, principalmente uma certa mulher, que várias vezes me surpreendeu com pequenas frases que definem uma personagem e uma vida. A esta mulher junta-se um conjunto de personagens diferentes, reais, onde não sentimos nada forçado e onde cada uma tem a sua importância na vida dos que os rodeiam e do enredo em si. 

Pelo meio, os mais básicos instintos do ser humano, tanto no amor e no sentido de proteção, mas também na esperança de alcançar algo mais, na sensação de injustiça, na dor, na raiva, no instinto de sobrevivência que nos trouxe enquanto espécie ao "local" em que estamos hoje... no impulso de tirar a vida a alguém, no arrependimento. 

Tudo aquilo que possa tentar escrever, sem revelar momentos da história ou aspetos das personagens, não consegue transmitir o quanto este livro é bom. Steinbeck foi um verdadeiro génio, um escritor sem igual, e a sua obra deve ser admirada e estudada, porque o que temos nas suas páginas é o que define o ser humano, para o bem e para o mal... Obrigatório para qualquer leitor!

Luís Pinto

5 comentários:

  1. Mais um texto em que sem escreveres nada sobre a história me conseguiste convencer a comprar o livro. Obrigado pelo incrível trabalho que tens feito neste blog.

    Grande abraço

    ResponderEliminar
  2. Fiquei com muita curiosidade de ler este livro depois do que acabaste de escrever. Parabéns. Já tinha lido o Ratos e Homens por tua causa e agora também vou tentar comprar este este mês.

    Bjs!

    ResponderEliminar
  3. Texto mesmo muito bom Luis. Parabéns. É impossível não ficar com vontade de ler.

    ResponderEliminar
  4. Pronto, vou ter de comprar os dois livros que mencionas. Estás a pensar ler mais livros do autor? O que recomendas? Beijinhos e quando acabar de os ler digo-te a minha opinião :)

    ResponderEliminar
  5. Subscrevo completamente a análise... à medida que a ia lendo sorria para mim mesmo porque me revia na minha própria análise do livro. Li-o há pouco tempo e volto a ele em pensamento várias vezes e às suas personagens... O final é de uma beleza inenarrável e inusitada... é uma obra prima...

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.