terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

HERESIA


Autor: S. J. Parris

Título original: Heresy



Inglaterra, 1583. Um país inundado pela paranóia e pela conspiração, mas um porto de abrigo para um monge radical em fuga. Giordano Bruno, com as suas teorias de astronomia, fugiu da Inquisição para a corte de Isabel I. Ali, atrai as atenções de Francis Walsingham, chefe dos espiões e inimigo dos conspiradores católicos. Bruno é infiltrado na universidade de Oxford, que se crê ser um antro de dissidentes franceses. Rapidamente Bruno dá por si envolvido nas intrigas do colégio universitário e distraído por uma bela jovem. Pouco depois, começa a investigar uma série de assassinatos horríveis, relacionados entre si por cartas com pistas. As cartas sugerem que as vítimas eram culpadas de heresia. Mas estará Bruno a ser ajudado ou induzido em erro, ou será ele o próximo alvo?


Este é um livro que faz uma boa mistura entre factos históricos e ficção, e que questiona a mistura da política com a religião. A partir desta base, temos um livro que nos traz como grande tema, pelo menos na minha opinião, uma questão muito interessante: será possível lutar contra a opressão usando ainda mais opressão?

A personagem principal, Giordano Bruno, está bem conseguida, e a forma como está estruturada ajuda o trabalho da autora, visto que ao não apresentar um grande talento para a investigação (apesar da sua enorme inteligência), tanto personagem quanto leitor, ficam na escuridão e, por vezes, apenas descobre coisas ao acaso. Quem esteja à espera de um Sherlock Holmes, não o encontrará aqui, pois esta personagem comete falhas que não parecem forçadas se tivermos em conta a construção da própria.

O início do livro é lento, sendo ao mesmo tempo, a parte com maior qualidade mas também a que menos agarra o leitor. O ritmo é pausado e nas primeiras páginas sentimos algum arrastar, principalmente porque a autora está a criar a base da história para depois acelerar. Podemos assim dizer, que se trata de um livro mais próximo do ritmo de Umberto Eco do que de Dan Brown.

A maioria dos diálogos estão bons (houve um ou outro momento que me pareceram forçados para adensar a trama ou algum tema em particular), e são essencialmente virados para as questões religiosas, principalmente nas interpretações da vontade de Deus. No entanto, todas estas questões servem apenas para tornar o livro mais completo, porque o objectivo principal de Giordano (e também do leitor) será descobrir o assassino.

Com esta busca, o final torna-se surpreendente e quando voltamos a pensar sobre todo o livro, torna-se muito bem conseguido. Alguns poderão não apreciar que tudo seja revelado de uma vez e não aos poucos durante o desenvolvimento do enredo, mas eu não desgostei. Nota-se ainda um bom conhecimento da autora sobre o período histórico (eu não sou perito em história e portanto a minha avaliação pode não ser correcta), tanto nos dilemas religiosos como nos políticos, mas também em pequenos pormenores, como são exemplo as cenas de tortura.

No global, Heresia (um livro que faz parte de um trilogia apesar de cada enredo ser independente), é um livro interessante e que cativará mais os leitores que não procurem acção frenética mas sim uma investigação mais pausada e num mundo mais sólido. Não é o melhor no seu género mas é uma leitura bastante agradável e que me prendeu principalmente pelo tema "opressão" que aqui é bem explorado. Sem dúvida que irei ler os próximos!

5 comentários:

  1. Mias um comentário interessante. Deu para perceber que não é uma obra prima mas falas de temas interessantes. Vou dar uma vista de olhos!

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  2. Vou dar uma vista de olhos na feira do livro.

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  3. Gosto deste género e não conhecia o livro. Vou procurar.

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  4. Gosto deste género de livros. Adorei o Nome da Rosa e não conhecia este livro. Vou procurar e obrigado pela sugestão.

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  5. parece-me um livro interessante e dentro de um género que gosto. Obrigado pela sugestão e boas leituras!

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