sexta-feira, 29 de maio de 2015

ROBIN DOS BOSQUES


Autor: Henry Gilbert

Título original: Robin Hood




Sinopse: Num tempo em que a fome e a pobreza devastavam a população de Inglaterra…
Num tempo em que a luta pelo poder do trono gerava dos mais ferozes e sangrentos combates então conhecidos…
Num tempo em que Ricardo I, Coração de Leão, o Príncipe João («Sem Terra») e Saladino passaram à história quase como lendas…
Nesse tempo, surgiu um homem que mudou o rumo de uma nação…

Robin dos Bosques é o fora-da-lei mais amado de todos os tempos: lutador, irreverente, habilidoso no manejo do arco, o ladrão que roubava aos ricos para dar aos pobres tornou-se um símbolo de justiça e de liberdade. E foram muitas as baladas e muitos os poetas que cantaram os seus feitos.
Henry Gilbert, em 1914, procurou reunir alguns dos melhores episódios atribuídos pela tradição àquele herói. Encontramos, assim, nesta edição belamente ilustrada, o romance que resultou desse trabalho: as aventuras dos companheiros da Floresta de Sherwood, que povoaram o imaginário de pessoas de todo o mundo — Robin dos Bosques, João Pequeno, Frei Tuck e Lady Marian.




Todos nós conhecemos a história do Robin dos Bosques, quer seja por ouvirmos a história quando somos pequenos, ou pelos vários filmes que adaptaram as aventuras do homens que roubava aos ricos para dar aos pobres. No entanto, e apesar de já conhecer a história, as suas personagens e o seu final, decidi ler o livro e ver quais as diferenças e o que o livro me poderia dar de único.Afinal, porque gostamos tanto de um fora da lei?

Um dos aspetos que mais gostei nesta leitura foi o seu ritmo. Estava à espera de algo mais lento, mas na realidade a leitura foi rápida, graças a uma escrita que muitas vezes é simples e objetiva, não sendo muitos os momentos em que se torna numa escrita mais densa e floreada para termos algumas descrições, que também estão muito boas. A isso alia-se um estrutura bem conseguida, com os acontecimentos e diálogos a aconteceram nos momentos certos e mesmo já conhecendo o enredo, foi fácil ficar agarrado ao livro.

Robin, apesar dos seus defeitos, é uma personagem com a qual é fácil criar uma ligação, principalmente devido aos seus motivos e ao seu passado que aos poucos é desvendado e ajuda a construir a personagem. Percebemos o porquê do que faz, percebemos as questões morais que se levantam e percebemos que este é, inevitavelmente, uma história sobre amizade, sobre amor, mas principalmente sobre justiça, seja ela correta ou não, porque nenhum povo deve viver amarrado.

Um dos grandes trunfos deste livros são os seus diálogos. Inteligentes e cheios de significado, é nas falas dos personagens que os iremos conhecer, compreender e perceber os seus planos. É nos diálogos que as amizades crescem neste enredo e é nas falas que iremos saber o que cada personagem tem medo de perder. A capacidade de um diálogo nos dar mais do que avançar com o enredo é algo que a grande maioria dos autores tentam alcançar, mas há livros que conseguem atingir um patamar mais alto em termos de conteúdo sem deixar que os diálogos deixem de ser realistas. Este é um desses casos em que nada parece forçado.

Devido à forma como está escrito, podemos olhar para esta obra como tendo um público alvo mais juvenil, mas acredito que sejam os adultos a compreender toda a moral que está nestas páginas. A crítica social é bastante dissimulada mas está presente em todas as páginas, quer seja na forma como os personagens olham para o mundo, mas principalmente pela forma como o autor expõe esse mundo. Aliás, as descrições do autor aparecem nos momentos certos para nos dar a conhecer este mundo onde o fosso entre ricos e pobres é colossal e onde a religião tem um poder enorme na manipulação e controlo do povo.

Gostei bastante desta leitura mesmo tendo em conta que já conhecia várias adaptações para o cinema. Sendo um livro, consegue ser diferente de todos, com pormenores que nunca vi nas adaptações. É mais coeso e bastante viciante mesmo nos momentos em que o ritmo desce porque a amizade e a moral deste grupo de personagens empurra a leitura. A forma como nos ligamos a um grupo fora da lei, devido ao facto de nos identificarmos com a justiça desse grupo e não com quem governa, cria uma sensação sobre a qual devemos pensar. Gostei bastante e recomendo a todos os que tenham curiosidade por adensar uma história que já devem ter ouvido falar. 

Luís Pinto

quinta-feira, 28 de maio de 2015

O FUTURO DA MENTE


Autor: Michio Kaku

Título original: The Future of the Mind



Sinopse: O consagrado autor de A Física do Impossível, A Física do Futuro e Mundos Paralelos aborda neste livro o mais complexo objecto de todo o Universo conhecido: o Cérebro Humano. Os segredos de um cérebro activo começam a ser revelados graças aos computadores e aos novos métodos de ressonância magnética. Nas últimas duas décadas, o que antes era domínio apenas da ficção científica, tornou-se realidade. Tecnologias consideradas impossíveis, como a gravação de memórias, a comunicação telepática, o registo vídeo de sonhos e a telecinesia, foram demonstradas em laboratório. O Futuro da Mente traz-nos uma perspectiva conhecedora e detalhada da espantosa investigação que se faz em todo o mundo – baseada nos últimos progressos das neurociências e da física. Talvez um dia possamos tomar uma «pílula da inteligência», que aumente a nossa capacidade de conhecimento; fazer um upload do nosso cérebro para um computador, neurónio a neurónio; talvez possamos controlar computadores e robots com a mente; alargar os limites da mortalidade; e até enviar a nossa consciência para o Universo.



Mais um fantástico livro de Michio Kaku. Este é o terceiro livro deste autor que analiso aqui no blog e só vos posso dizer que foram sempre leituras fantásticas. Neste livro, Kaku, o consagrado físico e conhecido como um dos grandes pensadores sobre o que será o futuro, explora qual o futuro da nossa mente, como a iremos usar, como podemos interagir com o mundo e se tais tecnologias serão possíveis.

De imediato o que me agradou no livro foi a forma simples como Kaku explicou como o nosso cérebro funciona. Há cerca de três anos tirei um curso intensivo sobre o funcionamento do nosso cérebro, mas hoje ao ler as palavras de Kaku fica notório que qualquer pessoa, mesmo sem conhecimentos na matéria, conseguirá perceber como o mais complexo objeto já descoberto no nosso universo funciona de um ponto de vista básico. Apesar de a afirmação, feita há vários anos, sobre a nossa capacidade de usarmos apenas 10% do nosso cérebro ter sido mal interpretada pela generalidade das pessoas, a verdade é que todos temos consciência que o nosso cérebro tem um potencial enorme. Devido a esse potencial, e também por ser a peça central do nosso corpo, poucas matérias foram tão estudadas nos últimos anos, levando a um aumento impressionante do conhecimento que temos sobre o que comanda o nosso corpo.

Com novas tecnologias e conhecimentos de física, a nossa compreensão leva-nos agora a a imaginar o futuro, quer seja na forma como vamos resolver doenças mentais ou a ligar a nossa mente ao nosso mundo tecnológico, levando, por exemplo, a que seja possível extrair ou apagar memórias. Ao ler este livro, todos ficamos com uma noção dos impressionantes conceitos que poderão ser uma realidade daqui a alguns anos. Daqui a alguns anos será possível apagar memórias traumáticas, aumentar rapidamente o nosso conhecimento sobre algo ou extrair sonhos ou memória que perdemos?

Tais conceitos podem parecer ficção-científica, mas tal como Kaku aqui explora, são conceitos já concretizados a uma escala muito inferior. O avanço tecnológico que temos vivido nas últimas duas décadas são apenas o início de uma nova era que nos trará possibilidades incríveis. É sobre isso que Kaku aqui escreve, com um conhecimento notável e uma facilidade admirável de nos explicar esses conceitos. Para tal muito contribui a estruturação do livro, pois Kaku não nos satura com conhecimento de uma só vez, mas sim indo avançando nos temas enquanto explica, levando a que a leitura seja viciante.

Este é mais um livro que recomendo totalmente escrito pela mão de Michio Kaku. Tudo parece mais simples e estes temas são muito interessantes para mim. Se gostam destes temas e querem explorar conceitos e possibilidades futuras, mas também aprender sobre o atual conhecimento que temos deste tema, então é mesmo um livro a ter em conta. Mesmo muito bom!

Luís Pinto

segunda-feira, 25 de maio de 2015

UM HOMEM SEM PASSADO


Autor: Peter May

Título original: The Lewis man




Sinopse: Fin Macleod está de regresso à ilha que o viu nascer. Deixou a mulher, a vida e a carreira na Polícia de Edimburgo e está determinado a recuperar as suas relações antigas e a restaurar a quinta abandonada dos pais.
Entretanto, um cadáver não identificado é recuperado de um campo na ilha de Lewis. O corpo, perfeitamente preservado, está marcado por hediondos golpes de esfaqueamento. É inicialmente classificado pelos investigadores como o cadáver de um homem que viveu há dois mil anos. Até encontrarem uma tatuagem de Elvis no seu braço direito.
Quando os testes de ADN indicam um parentesco entre o cadáver recuperado da turfa e o pai de Marsaili, a paixão de infância de Fin, este vê o seu regresso assumir contornos mais turbulentos do que aquilo que inicialmente esperava.
Como Fin acabará por descobrir, é uma mentira que Tormod manteve por uma boa razão.



Há cerca de um ano li o primeiro livro desta trilogia. "A casa negra" foi um intenso policial que me deixou com muita vontade de ler este próximo livro. O resultado foi mais uma leitura intensa e forte, capaz de me viciar e de me surpreender em alguns momentos.

Em relação à qualidade, este livro está bastante perto do primeiro, o que é um bom elogio. No entanto, a verdade é que gostei mais deste livro do que do anterior, o que foi uma surpresa e é a minha forma de mostrar o quanto gostei desta leitura, que mesmo podendo não ter a qualidade constante do livro anterior, é muito mais viciante. Peter May criou mais um enredo inteligente e envolto num fantástico ambiente, capaz de nos fazer regressar àquela ilha.

Tal como no primeiro livro, o ambiente durante toda a leitura é pesado e bastante detalhado, sendo um dos maiores trunfos do livro ao explorar uma ilha que tem um peso enorme em todo o enredo, quer seja na forma como o autor nos dá o enredo mas também na identidade que a própria ilha tem, sendo capaz se ligar com toda a trama de forma quase perfeita. Com esta ilha vemos o enredo avançar, sempre a acelerar, enquanto começamos a sentir que muitas mentiras começam a aparecer, que algo está errado.

Um dos aspetos que mais me agradou neste livro foi a exploração que autor fez de Fin, personagem principal, conseguindo uma boa ligação entre este livro e o anterior, até para explicar algumas das suas decisões. No final do livro nota-se que a personagem está bastante coerente e que o autor nos prepara para alguns momentos que são importantes mesmo tendo impacto pequeno na leitura.

Para além do ambiente e de personagens interessantes, o enredo é bastante viciante, porque o autor mistura três ou quatro factos que não fazem sentido e deixa claro que haverá uma ligação, ligação essa que tentaremos criar na nossa própria investigação. No meu caso, durante a leitura criei duas teorias distintas mas que obrigariam a um arriscar do autor. Apesar de não ter acertado totalmente, a verdade é que gostei da forma como o autor arriscou e definiu o fim desta trama, com inteligência e coerência. foi, aliás, ao rever mentalmente o enredo que me começo a aperceber de pormenores que encaixam muito bem no final mas que não captei inicialmente, sendo uma sensação agradável.

Não querendo explorar o enredo, pois acho que a sinopse já faz o suficiente, posso dizer que gostei bastante deste livro. Foi uma leitura inteligente e intensa. O ambiente está fantástico e a ideia base também, tendo sido capaz de me agarrar facilmente. Se gostam de policiais negros com bons toques de exploração psicológica, este é um bom livro a ter na nossa lista de compras.

Luís Pinto

sábado, 23 de maio de 2015

Passatempo: Toda a luz que não podemos ver - Vencedor!

PASSATEMPO

Toda a luz que não podemos ver
 
Em parceria com a Editorial Presença chegou ao fim mais um passatempo em que iremos oferecer um exemplar do novo livro de Anthony Doerr, vencedor do prémio Pulitzer 2015.
 
A todos os que participaram, o nosso agradecimento. É graças às vossas participações que continuamos a ter passatempos neste blog. A todos os que não venceram, desejamos melhor sorte para a próxima. Continuem a tentar!


E o vencedor é:

Sílvia Catarina Ferreira Caseiro
Parabéns à vencedora!
 
•    Nº 1 do New York Times
•    Um dos melhores livros de 2014 segundo a Amazon.com
•    Finalista dos National Book Awards 2014
•    «Um dos dez melhores livros do ano» segundo o New York Times Book Review
•    Melhor livro de 2014 segundo a Barnes and Noble, Entertainment Weekly, The Washington Post, The Guardian e Kirkus Reviews; e escolha #1 do Indie Next

Marie-Laure é uma jovem cega que vive com o pai, o encarregado das chaves do Museu Nacional de História Natural em Paris. Quando as tropas de Hitler ocupam a França, pai e filha refugiam-se na cidade fortificada de Saint-Malo, levando com eles uma joia valiosíssima do museu, que carrega uma maldição. Werner Pfenning é um órfão alemão com um fascínio por rádios, talento que não passou despercebido à temida escola militar da Juventude Hitleriana. Seguindo o exército alemão por uma Europa em guerra, Werner chega a Saint-Malo na véspera do Dia D, onde, inevitavelmente, o seu destino se cruza com o de Marie-Laure, numa comovente combinação de amizade, inocência e humanidade num tempo de ódio e de trevas.

terça-feira, 19 de maio de 2015

SETE MINUTOS DEPOIS DA MEIA-NOITE


Autor: Patrick Ness

Título original: A Monster calls




Sinopse: Passava pouco da meia-noite quando o monstro apareceu. Mas não era exatamente o monstro de que Conor estava à espera...
A escuridão, o vento, os gritos. O mesmo pesadelo noturno desde que a mãe de Conor ficou doente. Tudo é tão aterrorizador que Conor não se mostra assustado quando uma árvore próxima de sua casa se transforma num monstro... Mas só o monstro sabe que Conor esconde um segredo e é o único a estar ao seu lado nos seus maiores medos.
Inspirado numa ideia original da escritora Siobhan Dowd, que morreu de cancro em 2007, Patrick Ness criou uma história de uma beleza tocante, que aborda verdades dolorosas com elegância e profundidade, sem nunca perder de vista a esperança no futuro. Fala-nos dos sentimentos de perda, medo e solidão e também da coragem e da compaixão necessárias para os ultrapassar.



Por vezes olhamos para um livro e sentimos que estamos perante algo especial. Talvez pela capa, talvez pelo nome, mas todos os leitores já o sentiram. Às vezes enganamo-nos, mas outras vezes acertamos e ficamos satisfeitos com a nossa escolha. Este é o caso. Quando o vi a primeira vez decidi que tinha de o ler, e agora, após a leitura, faltam palavras para explicar a profundidade deste livro.

Este é um dos melhores livros que irei ler este ano, sem dúvida. A forma como me agarrou, como me surpreendeu e como me chocou, faz com que daqui a vários anos o volte a ler, e irei retirar novas lições. Este é, indiscutivelmente, um livro fantástico, mas que não é indicados a todos. Forte, profundo, não é, nem de perto, a leitura juvenil que esperava, mas sim algo muito mais negro e maduro. 

O que salta de imediato à vista são as ilustrações mesmo muito boas que preenchem esta história. A forma como estes desenhos encaixam na narrativa é algo sublime, pois são capazes de transmitir o medo e a angústia que este livro nos fala. A isto junta-se uma escrita forte e objetiva do autor, capaz de explorar temas mais maduros, desde temas que envolvam responsabilidades familiares, a dor da perda e, obviamente, a morte.

Conor, personagem principal, é uma criação sublime... um rapaz mais maduro do que parece, mais destruído do que aparenta. Conor é um rapaz que irei recordar para sempre, pela forma como me deu lições e pela forma como nos conta a verdade no final. A ele juntam-se outras personagens marcantes, como a sua mãe, ou o monstro. E é com o monstro que o livro se eleva ao estatuto de obra prima...

O monstro é o que quisermos que ele seja. Uma crítica social, uma lição de vida, uma metáfora do que nos rodeia. Cada leitor, com as suas experiências de vida, olhará para este personagem de forma diferente e irá assimilar as suas lições com diferentes significados e intensidades. No meu caso, retirei lições que poderão ser diferentes das que irei retirar quando o voltar a ler daqui a alguns anos. Até lá não me esquecerei do quanto este livro me marcou, e tentar explicar-vos como me marcou apenas irá revelar momentos do enredo.

Porque nos aterroriza ficarmos sozinhos? Porque sentimos tanto a falta de alguém? Porque sofremos tanto ao ver a sofrer alguém que amamos? O que são estes sentimentos e porque nos "ajudam" a nunca revelar certos segredos?... este é um livro genial, uma obra prima no seu género, uma poderosa mistura de lições de vida... e que apenas não é recomendado a todos porque é uma leitura forte, tal como os temas em que os maiores medos e dores podem dar origem à maior esperança.

Luís Pinto 


Passatempo: O Espião Português - Autografado


PASSATEMPO

O espião português

Exemplar autografado




Numa parceria com o autor Nuno Nepomuceno iremos oferecer aos nossos leitores a oportunidade de ganharem um exemplar autografado do livro O espião português, primeiro livro da trilogia.

Para se habilitarem a ganhar basta preencherem o formulário, responderem a uma pergunta e serem fãs ou seguidores do blog.

Cada pessoa pode participar uma vez por dia. Se existirem duas participações no mesmo dia, a segunda será apagada.

O passatempo termina dia 31 de maio

Agradecemos a todos os que partilhem este passatempo para que seja um sucesso.

Boa sorte a todos!

Sinopse: E se toda a sua vida, tudo aquilo em que acredita, não passar de uma mentira?
O que faria?
Quando André Marques-Smith, o jovem director do Gabinete de Informação e Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros português é enviado à capital sueca, está longe de imaginar que aquele será um ponto de viragem na sua vida.
Ao serviço da Cadmo, a agência de espionagem semigovernamental para a qual secretamente trabalha, recupera a primeira parte de um grupo de documentos pertencentes a um cientista russo já falecido. Mas quando regressa a Portugal, tudo muda. Uma nova força obteve a segunda parte do projecto e, de uma forma violenta e aterrorizadora, resolveu mostrar ao mundo que está na corrida pelos estudos do cientista.


segunda-feira, 18 de maio de 2015

O INVERNO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO


Autor: John Steinbeck

Título original: The Winter of Our Discontent




Sinopse: Em "O Inverno do Nosso Descontentamento" são colocados no primeiro plano os temas sociais que conferiram às obras de Steinbeck o pleno interesse com que o público as absorve. O núcleo deste romance é o dinheiro, a hipocrisia e os falsos valores, a crítica serena mas implacável às engrenagens de toda a sociedade que mutile o homem no que ele tem de autêntico. Com "O Inverno do Nosso Descontentamento", Steinbeck reencontra a inspiração de que brotou "As Vinhas da Ira", esse romance humanístico e de superior qualidade literária que legitimou o Prémio Pullitzer.



A grande maioria de nós recebeu uma educação baseada em valores morais que nos façam alcançar a felicidade mas também ajudar à felicidade de quem nos rodeia. Mas, enquanto crescemos, também recebemos outras noções, como a da importância do dinheiro, porque sem ele não sobrevivemos na atual sociedade. O que Steinbeck consegue explorar sempre de forma magistral é a natureza humana, ou, pelo menos, o que nós achamos ser a natureza humana, pois a verdade é que não conhecemos outra. Desde os tempos mais antigos sobre os quais sabemos alguma coisa, que o Homem demonstra ganância. São muitos os que querem tudo, e os valores morais são pisados por essas "notas verdes".

E é sobre a luta moral de cada homem que este livro trata. É sobre aquele momento em que esquecemos a pessoa que devíamos ser, para passarmos a ser algo diferente, mais ambicioso, capaz de se corromper para ter mais dinheiro, seja de que forma for. E, aos poucos, este livro transforma-se, tal como este autor sempre fez, numa esmagadora critica social que explora o enorme fosso entre ricos e pobres, entre aqueles que se tentam ajudar mutuamente e aqueles que enriquecem com a pobreza dos restantes. É uma constante luta entre fortes e fracos. 

Claro que Steinbeck não generaliza, pois nem todos os ricos serão sempre os vilões, nem os pobres as vítimas, mas sim que todos somos vítimas da globalização e da forma como o mundo financeiro comanda o mundo. Uns sobrevivem, outros não. Com este foco, Steinbeck cria uma história marcante, e por vezes angustiante, que agarra, comove e revolta o leitor. A forma extraordinária como explora os medos, os sonhos e os traumas de cada personagem é o maior trunfo de mais uma obra prima deste autor. A ligação que Steinbeck me faz criar com as suas personagens é algo que muitos poucos autores conseguem. É sentirmos mesmo algo enquanto lemos...

Com uma escrita de grande qualidade e um ritmo constante, o enredo explora uma sociedade e as diferenças das pessoas que a constituem, resultando num enredo coeso e numa sociedade que se sente viva. No meu caso a leitura é sempre compulsiva neste autor porque as suas personagens apresentam um realismo incrível e tudo o resto que possa aqui falar será apenas para revelar momentos do enredo que devem ser sentidos durante a leitura. 

Este é o terceiro livro que leio de Steinbeck (depois de Ratos e Homens e As vinhas da ira) e é a terceira obra prima. Steinbeck é um nome incontornável e e muitos poucos autores exploraram o ser humano tão bem em momentos tão difíceis. Amor, ódio, revolta, ganância, desprezo. Os seus livros têm tudo e voltarei para os reler daqui a uns anos. Simplesmente fantástico...

Luís Pinto

quinta-feira, 14 de maio de 2015

A RAPARIGA NO COMBOIO


Autor: Paula Hawkins

Título original: The girl on the train




Sinopse: Todos os dias, Rachel apanha o comboio...
No caminho para o trabalho, ela observa sempre as mesmas casas durante a sua viagem. Numa das casas ela observa sempre o mesmo casal, ao qual ela atribui nomes e vidas imaginárias. Aos olhos de Rachel, o casal tem uma vida perfeita, quase igual à que ela perdeu recentemente.
Até que um dia...
Rachel assiste a algo errado com o casal... É uma imagem rápida, mas suficiente para a deixar perturbada. Não querendo guardar segredo do que viu, Rachel fala com a polícia. A partir daqui, ela torna-se parte integrante de uma sucessão vertiginosa de acontecimentos, afetando as vidas de todos os envolvidos.



Nunca um livro teve tanto sucesso em tão pouco tempo. Em 3 meses foram vendidos mais de 2 milhões de exemplares que tornaram esta obra no fenómeno mais falado dos últimos tempos e que, provavelmente, lançará as editoras num novo caminho editorial para os próximos tempos.

Em primeiro lugar devemos ganhar noção de que o facto de ser o livro com maior sucesso de sempre em 3 meses, não o torna no melhor de sempre dentro do seu género. Não é assim que funciona o mercado nem as escolhas dos leitores. No entanto, algo de especial ou de diferente este livro terá de ter. Este livro não é fantástico, não é uma obra prima, mas de todos os fenómenos comerciais dos últimos anos (desde distopias adolescentes, passando por enredos eróticos) este é, provavelmente, o melhor livro.

O início do livro é bastante prometedor, pois estamos perante uma mulher que, ao viajar todos os dias no mesmo comboio, acaba por ver casas que estão perto da travessia e começa a criar a sua própria história sobre as pessoas que vê em casa. Com esta base começamos a conhecer as três narradoras com as quais iremos aprender a não confiar em ninguém, nem mesmo nelas próprias.

Com uma escrita rápida e capaz de explorar a personalidade das personagens principais, a autora agarrou-me de forma quase instantânea porque desde o primeiro capítulo que existe a sensação que estamos a ser enganados, que não estamos a ver tudo, falta algo... E, tal como os personagens principais, também nós temos o conhecimento enevoado, sem respostas... e a leitura continua. O resultado é uma leitura compulsiva para vermos até onde irão estes três narradores, quais os erros que irão cometer, quais os seus traumas, quais os seus crimes.

Até que ponto podemos afirmar que conhecemos alguém? Mesmo aquela pessoa com quem passamos a vida juntos, anos e anos, a cada dia... haverá sempre algo que não sabemos, algo que nos irá surpreender, algo que nos é toldado devido a sentimentos que não nos deixam ver. E é nesta base que este livro mistura conceitos usados noutros livros e nos surpreende várias vezes. E é aqui que está o segredo do seu triunfo editorial. "A rapariga no comboio" não é melhor do que outros livros do género, pois existem vários thrillers psicológicos muitos bons com muito menos êxito,  mas que talvez não consigam criar uma mistura de personagens e acontecimentos que nos levam a suspeitar, a ter pena, a ter desdém e a querer saber todos os segredos. É a ligação que se cria entre leitor e enredo que faz a diferença. 

Mas claro que o nosso objetivo enquanto leitores será descobrir o culpado e sabe sempre bem quando um livro nos engana. Aqui não foi o caso, pois a meio do livro já tinha um suspeito e tal confirmou-se no fim. Neste aspeto a escrita comete um único erro, quase impercetível, que me fez descobrir a verdade, mas existem muitos outros segredos que não descobri e que tornaram a leitura muito boa.

Escrita interessante, com capítulos a acabar sempre em crescendo e personagens bem exploradas. É um enredo pesado, negro, sobre personagens que estão no limite. Pode ter alguns clichés e alguns momentos em que a autora deveria ter explicado melhor algumas motivações, mas também tem a capacidade de nos fazer preocupar. "A rapariga no comboio" é um sucesso compreensível ao lermos estas páginas e agradará a todos os fãs de thrillers psicológicos. Se gostam do género, é um livro a ler, sem dúvida.

Luís Pinto 

DIAS DE SANGUE E GLÓRIA


Autor: Laini Taylor

Título original: Days of blood and starlight




Sinopse:  Karou, antiga estudante de Arte, quimera revenante e aprendiz de ressurrecionista, tem finalmente as respostas que sempre procurou. Sabe quem é e o que é. Porém, com este conhecimento vem outra verdade que ela daria tudo para desfazer: amou o inimigo e foi traída, e um mundo inteiro sofreu por isso.
Agora, sacerdotisa de um castelo de areia numa terra de poeira e estrelas, profundamente só, Karou tenta recriar o universo do seu passado, contribuindo, com a sua dor e a sua mágoa, para a volta gloriosa das quimeras.
Porém, sem Akiva, e sem o seu sonho de amor partilhado, o caminho da esperança afigura-se impossível de trilhar.


Após ter lido o primeiro livro desta trilogia (A Quimera de Praga) fiquei curioso para ver até onde a autora me poderia levar nos livros seguintes. Sendo o segundo livro da trilogia, é difícil falar sobre o enredo sem revelar alguns acontecimentos do primeiro livro, tal como é difícil concluir alguns pensamentos pois o terceiro livro é que dará as respostas.

O enredo começa umas semanas após o fim do primeiro livro e percebe-se rapidamente que algumas coisas mudaram mas que a autora penas lentamente nos irá explicar tudo. Com tal vazio no nosso conhecimento vamos tentando perceber novas motivações e o porquê de algumas decisões. Com esta montagem o ritmo desce no início, tornando-se mais lento mas também o enredo mais sombrio, pois de repente senti que não conhecia algumas personagens. Assim, vamos conhecendo novas personagens e aprofundando algumas que conhecemos do primeiro livro, e com isso o romance ganha algum destaque na primeira metade da narrativa. No entanto, é interessante ver que na segunda metade, com o ritmo a aumentar e o suspense a ganhar o foco da narrativa, que o romance não é o catalisador principal, mas apenas mais um componente que agarra o leitor, pois o cerne do enredo está na luta.

Um dos pontos mais interessantes do primeiro livro foi a boa mistura que a autora conseguiu criar entre realidade e ficção. Locais da cidade bem detalhados e com ligações interessantes ao mundo ficcional e uma sensação de coerência em alguns momentos tornam este mundo credível apesar de nem sempre totalmente explorado. Todavia, esta mistura continua a ser o grande trunfo desta trilogia, principalmente agora que tantas questões se levantam.

Pelo meio algumas personagens interessantes, fortes e sobre as quais não sabemos tudo. O problema é ficarem tantas questões sem resposta, o que prende o leitor ao próximo livro e ajuda a criar várias teorias sobre as motivações de algumas personagens e, como tal, a grande questão que fica é se a autora conseguirá responder às perguntas dos seus leitores. 

Este é um livro que nos vai agarrando aos poucos, tal como o anterior o fez. As personagens são a ligação que criamos com este mundo e mesmo envolto em alguns clichés ou diálogos que não parecem ter um objetivo, a verdade é que no global este é um livro bem conseguido, ao nível do primeiro e que agradará bastante ao público adolescente que goste de um bom mundo fantástico misturado com romance. Se gostaram do primeiro livro, certamente gostarão deste, pois é muito viciante. Falta agora saber se a autora conseguirá fechar esta trilogia com a qualidade que se espera.

Luís Pinto

terça-feira, 12 de maio de 2015

O CASO DO CAIRO


Autor: Olen Steinhauer

Título original:  The Cairo affair




Sinopse: Sophie Kohl está a viver o pior pesadelo da sua vida. Minutos depois de ter confessado ao marido, um diplomata destacado na embaixada americana na Hungria, que teve uma relação extraconjugal enquanto estavam os dois no Cairo, ele é morto com um tiro na cabeça.
Stan Bertolli, agente da CIA sediado no Cairo, já teve a sua dose de chamadas a meio da noite. Mas fica de coração apertado ao ouvir a voz da única mulher que amou, e que lhe telefona para saber por que razão o marido foi assassinado.
Omar Halawi trabalhou durante muitos anos nos serviços secretos egípcios e está perfeitamente dentro do jogo. Os agentes estrangeiros passam-lhe informações ocasionalmente, um favor que ele retribui e toda a gente fica feliz. Mas o homicídio de um diplomata na Hungria tem repercussões que chegam ao Cairo, e Omar tem de seguir os efeitos colaterais do sucedido até ao fim.
O analista norte-americano Jibril Aziz sabe mais sobre o Stumbler, uma operação secreta rejeitada pela CIA, do que qualquer outra pessoa. De modo que, quando alguém consegue aparentemente uma cópia do projeto, Jibril sabe como ninguém o perigo que isso representa.
Todos estes agentes convergem no Cairo. Gradualmente, vai sendo revelado o retrato de um casamento, um delicado quebra-cabeças de lealdades e traições, num mundo perigoso de jogos políticos, onde as alianças nunca são claras e os resultados nunca são garantidos.


Após ter aqui falado do pequeno livro (Do desastre de Lisboa) que serve de introdução a este enredo, comecei a ler o muito aclamado livro de Olen Steinhauer, autor que várias vezes ter sido comparado a Le Carré, o mestre da espionagem literária. Eu não faço tal comparação pois Le Carré está ainda num patamar que nenhum outro autor conseguiu alcançar no seu género, mas também é verdade que Steinhauer sabe fazer um bom livro de espionagem, e aqui está a prova. 

O Caso do Cairo faz parte daqueles livros de espionagem que tendem para a espionagem mais realista, com menos ação, com um ritmo mais lento e uma narrativa mais detalhada. O resultado é um bom livro de espionagem, mas que agradará muito mais aos fãs do género e muito menos aos que procuram livros de ação estilo filmes de James Bond.

O que o autor nos dá nestas páginas é um enredo bastante complexo, que saltará entre personagens e com mudanças temporais para que seja possível conhecer os passados deste conjunto de 4 pessoas iremos acompanhar nesta narrativa. A isso junta-se o mais óbvio neste livro: o autor sustenta o seu enredo nas personagens, nos seus problemas profissionais e familiares e como as suas profissões os alterou enquanto pessoas e o quanto tal condiciona as suas vidas fora do trabalho. O resultado é um livro extremamente coeso, mas lento, pois é essencial conhecermos as personagens sem conhecermos tudo, para que nos seja mais difícil perceber as revelações finais.

E é nesta base que o enredo se desenvolve, com grande destaque para as constantes sensações de desconfiança quando o medo começa a surgir mas situações mais complicadas. Afinal em quem podemos confiar? Família, amantes e colegas de trabalho são todos, mais cedo ou mais tarde, questionados por quem perde a confiança no que o rodeia e vê a sua vida ameaçada. 

O que poderá não agradar a todos é o final do livro, que choca e corta algum conhecimento que o leitor possa desejar. Nem tudo é dito em espionagem e aqui pode abrir-se caminho para um novo livro mas que acho que não faria muito sentido. A história acaba de forma inteligente mas é diferente do que se espera, sendo quase abrupto. No entanto, todo o final tem lógica, principalmente se estivemos com atenção aos pormenores que foram aparecendo durante a segunda metade do livro.

Globalmente este é um bom livro de espionagem mas que não agradará a todos. É preciso gostar de narrativas mais lentas. A qualidade é palpável e por isso tantos dizem que este autor será o futuro da espionagem literária. Eu estou completamente convencido a continuar a ler este autor e os fãs da espionagem pura concordarão comigo e irão apreciar bastante estas páginas.

Luís Pinto

sexta-feira, 8 de maio de 2015

O ESPIÃO PORTUGUÊS


Autor: Nuno Nepomuceno





Sinopse: E se toda a sua vida, tudo aquilo em que acredita, não passar de uma mentira?
O que faria?
Quando André Marques-Smith, o jovem director do Gabinete de Informação e Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros português é enviado à capital sueca, está longe de imaginar que aquele será um ponto de viragem na sua vida.
Ao serviço da Cadmo, a agência de espionagem semigovernamental para a qual secretamente trabalha, recupera a primeira parte de um grupo de documentos pertencentes a um cientista russo já falecido. Mas quando regressa a Portugal, tudo muda. Uma nova força obteve a segunda parte do projecto e, de uma forma violenta e aterrorizadora, resolveu mostrar ao mundo que está na corrida pelos estudos do cientista.


Dentro da espionagem os livros encontram-se sempre numa balança de tipo. Por um lado temos os enredos de espionagem clássica e realista, quase sem ação, onde o jogo é feito nos bastidores. No outro lado temos os típicos livros de espionagem de ação, ao estilo James Bond, onde tiros, perseguições, carros desportivos e mulheres sensuais estão presentes e empurram a leitura num ritmo elevado. Neste Espião Português o autor tenta criar o meio termo, proporcionando uma leitura rápida que não está apenas sustentada em ação.

O que facilmente se nota neste livro é a evolução do autor dentro do mesmo. Nuno Nepomuceno evolui a sua narrativa, e se no início achei que o autor não estava, com a sua escrita, a aproveitar o que o enredo podia oferecer, quando cheguei ao fim fiquei com a noção que o autor já tem a base necessária para criar um próximo livro bastante melhor em alguns aspetos. Com uma escrita muito particular, o autor tenta que o ritmo nunca baixe, e a verdade é que retirando alguns momentos mais lentos, o ritmo é sempre elevado, levando a que o leitor continue a ler e, se possível, sem ter tempo para questionar muito. 

E é com esse ritmo que me apercebi que este não é um livro de espionagem puro, mas sim um livro de ação e suspense passado num ambiente de espionagem. Esta diferença é importante porque nota-se que o autor domina mais a ação no enredo do que a espionagem em si. A esta tendência alia-se o contexto familiar, onde o autor consegue criar laços entre o personagem, André, e o leitor. É nestes momentos, calmos e familiares, que nos ligamos ao personagem principal ao ver os seus medos, os seus traumas e os seus sonhos. É fácil gostar de André tal como é fácil perceber que muito não está a ser contado.

Em termos de revelações o livro nunca me surpreendeu, quer nos momentos de revelações pessoais ou profissionais, o autor nunca me surpreendeu e acredito que não fosse seu objetivo que a surpresa fosse o alicerce do livro, pois todas as pistas estão lá, e devido ao ritmo elevado, consegui notar quando o autor escreve algo que no início parece estar a mais, mas não está. É uma pista. O curioso, e que enaltece o livro, é que o facto de nunca me ter surpreendido não retira qualidade ao livro, apenas confirma as suspeitas de um leitor que não quer parar de ler, e com isto ganhamos uma noção mais abrangente do enredo do que o próprio personagem principal.

As personagens, diversificadas e bem criadas são um ponto forte, e o pequeno universo já criado é coeso em muitos aspetos, o que é de enaltecer tendo em conta que se trata do primeiro livro de uma trilogia de ritmo elevado. No entanto, o livro, tal como a maioria dos livros de espionagem, apresenta falhas porque é vítima do seu próprio ritmo. Por vezes o autor não para para explicar os vários contornos de um acontecimento, o que retira coesão ao enredo mas que cria perguntas para os próximos livros, pois ficam várias questões por responder.

Globalmente este é um livro viciante e que tem um toque agradável por ser passado em Portugal, com personagens portugueses. Não é um grande livro de espionagem, nem o tenta ser, mas consegue ser um bom livro de ação onde a vida pessoal do personagem também é explorada de forma agradável e viciante. Um bom ritmo, uma história interessante, muita ação e personagens que facilmente agradam. Por ser apenas o primeiro livro, não responde a tudo, o que me deixa ansiosamente à espera para ver o que o autor fará de seguida. Esperemos que as editoras portuguesas continuem a apostar nos nossos escritores.

Luís Pinto

quinta-feira, 7 de maio de 2015

PRIVATE: Los Angeles


Autor: James Patterson

Título original: Private L.A.




Sinopse: Quatro homens são misteriosamente assassinados numa praia de Malibu, junto a um bairro de multimilionários. Jack Morgan, líder da Private, a conceituada agência internacional de investigação criada para proteger os mais poderosos, chega ao local do crime com o objetivo de ilibar um dos seus clientes e descobrir o verdadeiro assassino.
Mas eis que, a meio da investigação, Jack recebe um telefonema inesperado: Thom e Jennifer Harlow, o casal mais famoso de Hollywood, desapareceram sem deixar rasto, juntamente com os seus três filhos. Por entre revelações incríveis e descobertas chocantes, é missão da Private encontrar a família desaparecida, antes que a notícia chegue aos media e aterrorize o público.
Com dois casos tenebrosos para resolver, perseguições, assassínios, explosões mortíferas e alta velocidade, Jack, Justine e os restantes elementos da Private não terão mãos a medir para provar, mais uma vez, que são os melhores, os mais rápidos e os mais inteligentes.


James Patterson é dos autores com mais livros falados aqui no blog, e porquê? Porque depois de começar um livro seu, dentro de dois ou três dias o livro está lido, e a viagem foi alucinante, como sempre.

E é nessa viagem alucinante que Patterson consegue ser diferente de todos os outros, pois domina a sua fórmula como ninguém. Aliás, todos os livros de Patterson têm uma base narrativa e que não vale a pena tentar explorar numa análise mais profunda, pois o leitor já sabe o que esperar. Capítulos curtos, apenas descrito o essencial, ritmo muito elevado e personagens cativantes rodeiam uma ideia base que será o catalisador da investigação. Aqui acontece exatamente o mesmo, mas, uma vez mais, mesmo conhecendo o estilo do autor, começamos a ler, e a acelerar. 

Patterson não quer ser recordado por escrever obras primas, nem por ser um autor que ensina algo ao leitor. Aqui o que temos é entretenimento puro, como um intenso filme de ação. E é por isso, que no meio de outras leituras mais complexas, acabo sempre por voltar a Patterson, porque me sabe bem ler algo rápido que me agarra por dois ou três dias. Patterson nunca receberá um Nobel, mas bate recordes todos os dias, e para isso existe uma razão.

Neste livro temos dois casos principais, que se misturam com a vida familiar dos personagens, e apesar de ter gostado mais de um caso do que do outro, a mistura está bem conseguida, pois existem ligações que ajudam a explorar, mesmo que de forma muito suave (pois o ritmo não pode baixar), o meio em que se passa este enredo. Neste caso o autor explora o que pode ser a vida, e em alguns casos a mentira, de algumas celebridades e milionários. Mas, o destaque vai para Morgan, personagem principal que aqui se desenvolve bastante com algumas revelações interessantes que ajudam a sustentar o seu comportamento durante o enredo. Destaque ainda, uma vez mais, para a facilidade com que Patterson explora os motivos dos maus da fita, ficando claro no final o porquê de tudo o que aconteceu.

Em cada livro Patterson mostra um pouco mais dos seus personagens, e aqui faz um trabalho interessante sem baixar o ritmo. É cada vez mais fácil gostar de Jack Morgan, perceber a sua forma de pensar e os seus motivos. Pelo meio, tentamos fazer a nossa própria investigação, que neste caso teve momentos óbvios e outros que me surpreenderam. O resultado final foi uma leitura rápida, entusiasmante e que desanuvia como poucos. Se são fãs do autor, então este é mais um livro a ler... e será mais uma viagem sem parar.

Luís Pinto


quarta-feira, 6 de maio de 2015

Passatempo: Toda a luz que não podemos ver


PASSATEMPO

Toda a luz que não podemos ver



Em parceria com a Editorial Presença temos a oportunidade de vos oferecer um exemplar do novo livro de Anthony Doerr, vencedor do prémio Pulitzer 2015.

Para se habilitarem a ganhar, basta responderem a uma pergunta e preencherem o formulário. Apenas é permitida uma participação por pessoa e o passatempo termina dia 17 de maio.

A todos, boa sorte!



•    Nº 1 do New York Times
•    Um dos melhores livros de 2014 segundo a Amazon.com
•    Finalista dos National Book Awards 2014
•    «Um dos dez melhores livros do ano» segundo o New York Times Book Review
•    Melhor livro de 2014 segundo a Barnes and Noble, Entertainment Weekly, The Washington Post, The Guardian e Kirkus Reviews; e escolha #1 do Indie Next

Marie-Laure é uma jovem cega que vive com o pai, o encarregado das chaves do Museu Nacional de História Natural em Paris. Quando as tropas de Hitler ocupam a França, pai e filha refugiam-se na cidade fortificada de Saint-Malo, levando com eles uma joia valiosíssima do museu, que carrega uma maldição. Werner Pfenning é um órfão alemão com um fascínio por rádios, talento que não passou despercebido à temida escola militar da Juventude Hitleriana. Seguindo o exército alemão por uma Europa em guerra, Werner chega a Saint-Malo na véspera do Dia D, onde, inevitavelmente, o seu destino se cruza com o de Marie-Laure, numa comovente combinação de amizade, inocência e humanidade num tempo de ódio e de trevas.


A PROMESSA


Autor: Jodi Ellen Malpas

Título original: Promised




Sinopse:  Livy repara nele no momento em que entra no café. Ele é deslumbrante, imponente, com uns olhos azuis tão penetrantes que ela mal dá conta do pedido. Quando sai pensa que nunca mais voltará a vê-lo. Até que descobre a nota que deixou no guardanapo, assinado «M».
Tudo o que ele quer é uma noite para a amar. Sem ressentimentos, sem compromissos, apenas prazer sem limites. Olivia e Miller. São tão diferentes como o dia da noite. O desejo entre eles é inegável.
Ele é distante, agradável e misterioso: sabe sempre o que quer e o quer é Livy. Ela é doce e atenta, uma jovem dos dias de hoje. Deseja ser feliz e amada, mas quando Miller entra na sua vida apercebe-se que perdeu o controlo sobre si própria e sucumbe à paixão desenfreada.
Livy deve ouvir o coração ou a razão?
Ela sabe que para o ter de corpo e alma terá de enfrentar os segredos obscuros de Miller, mas também receia que isso lhe traga consequências devastadoras
.



Dentro do género erótico este é, provavelmente, o livro que já li com a pontuação mais alta no Goodreads. No entanto, não comecei a leitura com grandes expectativas, pois a sinopse pareceu-me apenas mais do mesmo: uma rapariga apaixona-se por um homem deslumbrante, e provavelmente rico, que tem um grande segredo. E a verdade é que é essa a base do livro, levando, devido ao grande número de livros lançados no género, a um enredo que não surpreende nem tenta fugir do que já foi lido noutras obras. Então o porquê de uma classificação no site de referência de livros?

A verdade é que a leitura é agradável dentro do seu género. Existem momentos de erotismo, sem exageros, sem a sensação que estão colocados no meio do enredo sem uma continuidade. A isso junta-se uma escrita simples e direta. A autora não foge muito ao foco principal da história e assim o ritmo é sempre elevado. Para além disso, as personagens são o foco e é aqui que estão as surpresas, porque num enredo que parece bastante óbvio, são as personagens que nos irão surpreender com os seus passados, escolhas e traumas. 

Por isso, os dois personagens principais são os trunfos do livro, tornando fácil levar o leitor a continuar a ler. O resultado é uma leitura rápida e agradável para todos os que apreciem o género. No meu caso, que não sou um grande fã, talvez devido ao facto de a grande maioria destes livros não surpreenderem, agradou-me ver duas personagens que em certos momentos fogem do habitual quando menos se espera.

Sendo o primeiro livro que leio da autora, não posso afirmar se este livro agradará particularmente aos seus fãs, ou se estas páginas fogem ao que a autora costuma escrever, mas, para quem não conhece a autora, fica a sensação que estamos perante uma escritora que cria personagens interessantes num género onde nem sempre tal acontece. Rápido e leve, este é um livro para os fãs do erotismo literário e apesar de não revolucionar nada no género, consegue oferecer uma leitura agradável a quem procure este tipo de leitura. E talvez seja pela sua simplicidade e algumas surpresas, que este livro tem uma pontuação tão alta. Se gostam do género e querem uma leitura rápida e suave com alguns momentos de suspense, olhem para este livro.

Luís Pinto

terça-feira, 5 de maio de 2015

MUNDOS PARALELOS


Autor: Michio Kaku

Título original: Parallel Worlds



Sinopse: “Em Mundos Paralelos, Michio Kaku revela o seu notável talento para explicar uma das mais estranhas e mais excitantes possibilidades que emergiram da Física moderna: que o nosso universo pode ser apenas um entre muitos, talvez infinitamente muitos, dispostos numa vasta rede cósmica. Recorrendo habilmente à analogia e ao humor, Kaku apresenta, com paciência, ao leitor, as variações sobre este tema de universos paralelos, desde a mecânica quântica, a cosmologia e, mais recentemente, a teoria M. A leitura deste livro proporciona ao leitor uma viagem maravilhosa, conduzida por um guia experiente, através de um cosmos cuja compreensão nos obriga a alargar os limites da imaginação.”



Após ter lido o muito bom A Física do Impossível, era impossível não regressar a este autor para mais um livro sobre muitos factos do que conhecemos de física e toda a especulação que podemos fazer sobre o mesmo.

Tal como o anterior livro que li de Michio Kaku, também este é muito bom. Kaku, como sempre, consegue tornar questões complexas em algo mais simples para que qualquer leitor as possa perceber e compreender onde está a base sustentável que leva à especulação do autor sobre certos temas. Aliás, o leitor deve ter em conta que apesar de estar tudo sustentado no que autalmente sabemos do nosso universo e física que nos rodeia, este é um livro especulativo em que muito faz sentido, mas também muito irá deixar-nos sem saber o que pensar, pois podemos estar perante um universo muito mais complexo do que parece inicialmente.

No entanto, e apesar do fantástico trabalho do autor, este livro é mais complexo do que o anterior que li, em que os temas explorados são mais quotidianos. Aqui entramos numa área sobre a qual não ouvimos todos os dias, e, por isso, se tivesse que aconselhar um livro para começarem a ler sobre estes temas, aconselharia primeiro lerem A Física do Impossível, em que Kaku explica vários conceitos básicos e que são importantes para a leitura deste livro.

Cheio de humor e recorrendo a exemplos do nosso dia a dia, Kaku consegue agarrar facilmente qualquer leitor que esteja interessado no tema, mas também acredito que muitos dos leitores que no início possam não estar assim tão interessados, acabem por se viciar neste livro devido a essas ligações que o autor faz entre teorias e a nossa vida normal,  quer seja com fenómenos por explicar ou até comparando algo a um filme que conhecemos.

Bem estruturado, principalmente na forma como vai aprofundando os temas, por forma a que o leitor não fique perdido, este livro é mais uma viagem muito interessante conduzida por uma dos escritor mais famosos dentro do seu género e que é o grande nome da física teórica. Muitas das questões aqui levantadas nunca terão resposta, outras apenas serão respondidas daqui a muito tempo, e provavelmente Kaku também não terá o prazer de ter muitas respostas antes de morrer, mas as suas questões são pertinentes e o seu pensamento esmagador, principalmente quando vemos possíveis realidades para o que nos rodeia. Se gostam do género, é mais um livro a ter na coleção, sem dúvida. Muito bom!

Luís Pinto

segunda-feira, 4 de maio de 2015

DO DESASTRE DE LISBOA


Autor: Olen Steinhauer

Título original: On the Lisbon disaster



Sinopse: Neste emocionante conto, o autor best-seller do New York Times introduz a enigmática personagem de John Calhoun, um agente de segurança internacional que desempenha um papel de relevo no romance O Caso do Cairo.
Antes de ser enviado para a delegação da CIA no Cairo, John trabalhou em Lisboa, onde participou numa ação importante: a detenção de um indivíduo para interrogatório. Mas desde o início da operação que nada corre como planeado e para John as coisas não tardam a tornar-se muito mais do que um momento crucial para a sua carreira. A maneira como ele gere esta crise irá defini-lo enquanto pessoa. 



Este pequeno livro é um conto introdutório para o livro O caso do Cairo (sobre o qual falarei na próxima semana), e como tal trata-se de um livro bastante pequeno que serve, essencialmente para dar a conhecer uma personagem, John Calhoun. Ao vir de oferta com o livro O caso do Cairo, e tendo o nome da nossa capital no seu título, decidi ler de imediato este conto de espionagem, muito pequeno, muito rápido e muito inteligente. 

Sendo um livro tão pequeno, e que tem como objetivo ser uma introdução ao próximo, não quero alongar-me muito. No entanto, é impossível não salientar a inteligência deste livro. Em poucas páginas percebe-se que o autor domina vários conceitos de espionagem e, principalmente, consegue criar um enredo coeso dentro do género, mesmo numa história com cerca de 40 páginas. 

O resultado é um conto muito rápido, que surpreende, que agarra o leitor e que nos faz querer passar de imediato para o próximo livro. Destaque, claro, para a personagem principal, que me pareceu muito interessante, e sobre a qual quero ler mais e, obviamente, ler sobre Lisboa sabe sempre bem. Por fim, num olhar rápido para o enredo, gostei bastante da forma como o autor escreveu e conseguiu criar o suspense necessário mesmo num livro tão pequeno. O história é boa, é coerente, e abre portas para algo melhor no próximo livro, com algumas perguntas a ficarem sem resposta.

Para já não me alongo mais. Na próxima semana lançarei uma opinião mais detalhada ao O caso do Cairo, que é considerado um dos grandes livros de espionagem dos últimos tempos. Para já, fixem o nome do autor. Eu, por agora estou convencido a continuar.

Luís Pinto