quarta-feira, 28 de março de 2012

OS DESCENDENTES


Autor: Kaui Hart Hemmings

Título original: The Descendants
 


Resumindo muito a história inicial deste livro, a personagem principal Matthew, vê-se obrigado a cuidar das filhas quando a sua mulher entra em coma após um acidente de barco.

Após o grande sucesso (junto da crítica) que foi a adaptação cinematográfica deste livro, decidi lê-lo. A primeira impressão que se ganha do livro é que a autora apresenta uma escrita fácil de ser lida, apelativa e que nos faz avançar confortavelmente no livro. É verdade que no primeiro terço a narrativa é lenta, em termos de desenvolvimento da história, mas os vários momentos de humor fizeram-me agarrar ao livro com vontade. Isto aconteceu porque tendo em vista tratar-se de um livro onde a mulher do personagem principal está em coma, não esperava uma mistura de tristeza e alegria nestas palavras (nunca foram momentos forçados), e gostei.

Gostei bastante da personagem Matthew, pois achei-a muito bem conseguida. Um homem rico que vive para trabalhar, não por desejar mais dinheiro ou luxo, muito menos para o gastar, mas sim porque é a sua forma de viver. Gostei desta característica.
Matthew é um pai ausente, consciente desse facto, apesar de o seu sub-consciente não o deixar ver o quanto não conhece as suas filhas, muito menos a sua mulher. Por vezes é necessário um acontecimento extremo e imprevisto para acordarmos e ganharmos consciência da nossa vida, do que construímos e essencialmente do que destruímos. É pena algumas pessoas precisarem de sentir dor para conseguirem abraçar a família que sempre tiveram, mas à qual viraram as costas de forma inconsciente. É sempre tarde demais… A natureza humana empurra-nos nesse caminho.

Como disse antes, a escrita é rápida, divertida e triste em momentos separados. O ambiente é bom e descrito sem grande pormenor visual (também não é o que se pede neste tipo de livros, penso eu) e conseguimos com relativa facilidade imaginar o Hawaii; uma imagem necessária para percebermos um pouco melhor esta história e as personagens que a preenchem. Estas personagens são um dos factores mais importantes do livro, tanto Matthew e as suas duas filhas, como Sid são pessoas fáceis de aceitar ou perceber, apesar de uma ou outra característica me ter parecido exagerada.  Esta mesma caracterização das personagens é de um modo geral bastante boa, apesar de por vezes sentir que as mudanças de atitude foram demasiado radicais (principalmente nas filhas) sem que a escrita da autora acompanhasse o porquê da mesma mudança. Não estou com isto a dizer que as mudanças são absurdas, não. Apenas senti que a escritora não deu na sua escrita a base para que tal acontecesse, mas uma vez mais trata-se de uma opinião muito pessoal.

Este é um livro que nos faz questionar até onde poderemos perdoar. Qual é o limite? E quando o fazemos, o que fica para trás? Que marca fica na nossa memória?
À nossa frente temos um casal (onde um dos membros não pode falar e como tal não se pode defender) que nunca percebeu o quanto uma relação é um conjunto de cedências sem que existam sacrifícios, e ao nunca o perceberem, nunca se aproximam, nunca sendo uma família, nem um casal… nunca se conhecendo.

É por tudo isto que Matthew foi uma personagem que apreciei. Porque percebe tudo demasiado tarde, porque quer voltar a fazer o correcto, a criar algo para a vida que não seja apenas no trabalho. O esforço para compreender quem gosta, para se aproximar das filhas revoltadas com várias situações.
Poucos momentos poderão custar mais do que aquele instante em que percebemos que não nos vamos despedir de quem amamos, que é tarde para dizer-mos o que devíamos ter dito antes.

Não sendo um grande conhecedor deste género de livros penso que este livro será uma boa leitura para quem aprecie. Divertido e que nos faz pensar, uma leitura que não custa e que nos poderá fazer pensar se estivermos dispostos a tal. Quem estiver à procura de num livro deste tipo, Os Descendentes será uma boa escolha.
Uma excelente estreia para esta autora.

segunda-feira, 26 de março de 2012

APRENDIZ DE ASSASSINO


Autor: Robin Hobb

Título original: The Assassin’s Apprentice
 

O jovem Fitz é filho bastardo do nobre Príncipe Cavalaria e cresce na corte do Rei Sagaz. Marginalizado por todos, o rapaz refugia-se nos estábulos reais, mas cedo o seu sangue revela o Talento mágico e, por ordens do rei, é secretamente iniciado nas temidas artes do assassino. Quando salteadores bárbaros atacam as costas, Fitz enfrenta a sua primeira e perigosa missão que o lançará num ninho de intrigas. E embora alguns o encarem como uma ameaça ao trono, talvez ele seja a chave para a sobrevivência do reino. Com uma narrativa povoada de encantamentos, heroísmo e desonra, paixão e aventura, o Aprendiz de Assassino inicia um das séries mais bem-amadas da fantasia épica.


Quando um livro é narrado pela personagem principal, há muitos aspectos (na generalidade dos casos) que ficam imediatamente definidos: a escrita provavelmente será lenta, teremos sempre uma grande proximidade com o narrador e conhecimento do mesmo. Teremos uma visão firme dos seus pensamentos e medos, e a ligação entre o leitor e a personagem é feita com relativa facilidade. Por outro lado há a dificuldade de ligação com as restantes e demoraremos algum tempo a conhecê-las, tal como a própria personagem. Este aspecto ajuda à intriga, pois apenas sabemos o que o narrador sabe, deixando-nos às escuras.
Hobb não foge a esta tendência, marcando o livro positiva e negativamente.

A parte negativa é que este livro apresenta uma escrita lenta em algumas partes do livro, e tive e sensação que a escritora deveria ter misturado mais acção e descrições, em vez de as escrever separadamente em alguns casos. No entanto estas descrições que podem parecer extensas em alguns casos, são obviamente necessárias num primeiro livro para entrarmos no contexto da saga (locais, tradições, povos, personagens). Este ritmo lento não prejudica a história, mas um leitor menos paciente poderá afastar esta leitura cedo de mais (o que será um erro). No meu caso posso afirmar que a ligação que criei com a personagem Fitz foi tão imediata que ajudou bastante para que nunca fosse um esforço avançar por estas páginas.

Fitz é o grande trunfo deste livro na minha opinião. Um rapaz que vemos crescer, amadurecer e de quem ao fim de algum tempo se torna fácil gostar, primeiro pela excelente ligação que cria com animais, mostrando um lado humano muito interessante, mas também pela própria escrita de Hobb, que nos aproxima da sensação de angústia e injustiça. Sendo este o primeiro livro da saga, devo ainda dizer que a evolução da personagem Fitz é significativa, e fiquei com vontade de o conhecer melhor, juntamente com algumas outras personagens.

Esta é uma obra que ao início se parece com um Harry Potter medieval, porque começamos com uma criança de seis anos a quem falta os pais, mas ao fim de algum tempo esta sensação desaparece, principalmente porque a evolução da história é muito mais rápida temporalmente, com saltos de alguns anos e que empolgam a leitura, na perspectiva de avançar rapidamente até encontrarmos um Fitz mais adulto.
Aproveito ainda para dizer que o facto de ser uma saga centrada num assassino que terá de passar incógnito, com os seus venenos e artimanhas, fugindo àqueles assassinos invenciveis com a espada, deixou-me bastante satisfeito.

Tempo ainda para dizer que existem outras personagens muito interessantes, como Veracidade e Breu, sendo que para mim Veracidade é a mais bem conseguida. A intriga é boa, a história fácil de se perceber e existe sempre uma carga emocional nas palavras de Fitz eu achei interessante, por tornar aos meus olhos a personagem mais credível e real. A magia apresentada é fora do normal, mostrando-se desgastante e viciante para quem a usa, mas também com outros factores que não irei revelar e que gostei.

O único aspecto do livro que não me convenceu foi o mundo onde se desenrola. Apesar de sabermos bastante sobre o passado do Reino, este mundo nunca se apresentou muito rico e diversificado, principalmente porque ao sermos limitados pelo olhar de Fitz, não conseguimos ter uma ideia abrangente do Reino, ficando a sensação que este mundo terá muito mais para oferecer quando Fitz tiver outras aventuras.
Existiram ainda três ou quatro questões que gostava de ter lido a resposta neste livro, mas tal não acontece, ficando a dúvida se estarão nos próximos livros. Espero que sim!

Este primeiro livro é uma estreia muito bem conseguida. Enquanto primeiro livro não me conseguiu marcar tanto como o primeiro Guerra dos Tronos ou O Mago - Aprendiz, a verdade é que poucos o conseguirão, mas confesso que foi um dos mais viciantes inícios de saga que li nos últimos anos.
Um livro com boas personagens, com um último terço de livro electrizante e um final que nos deixa com uma enorme vontade de ler mais. A saga de Fitz já tem um lugar reservado na minha estante e aconselho outros leitores a darem uma vista de olhos a estas páginas, pois quem gostar de Fantasia, não ficará desiludido com este início. 
Quem estiver à procura de uma saga de fantasia para ler, poderá ter aqui a sua resposta! Próximas aventuras para breve!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Passatempo: Por favor não matem a cotovia



PASSATEMPO


POR FAVOR NÃO MATEM A COTOVIA


Temos hoje para oferecer um exemplar no magnífico livro de Harper Lee, vencedora do Prémio Pulitzer e considerado como um dos melhores romances de sempre.

Para se habilitarem a ganhar basta duas coisas: responderem acertadamente às perguntas e serem fãs no facebook do blog Ler y Criticar ou seguidores na Google Rede Social.

É só clicar no "like" ou no "aderir a este site" aqui mesmo ao lado!

Para responderem às perguntas consultem a minha opinião aqui.

O Passatempo acaba dia 5 de Abril, sendo de seguida sorteado e anunciado o vencedor! Será então pedido ao vencedor que envie um mail com os seus contactos para a entrega do livro! O passatempo será apenas para Portugal Continental e Ilhas!


BOA SORTE a todos!

terça-feira, 20 de março de 2012

STAR WARS: A Ameaça Fantasma


Autor: Terry Brooks

Título original: Star Wars: The Phantom Menace
 

Ano: 32 BBY (antes da batalha de Yavin)

 
Como disse no post anterior, sou um enorme fã de Star Wars. Vi e revi os filmes, cresci e ganhei um gosto ainda maior pela ficção-científica e pelo Universo graças à saga de George Lucas.
No entanto este primeiro Episódio (o quarto filme a sair mas o primeiro cronologicamente) é o que menos aprecio. A história ainda está muito no início e faltam algumas das minhas personagens preferidas, mas mesmo assim, continua a ser Star Wars!

Este livro ficou a cargo de Terry Brooks, autor conhecido pela saga Shannara, saga que ainda não li. O trabalho do autor em transformar o filme em livro, e não apenas transportar para papel, é bastante aceitável. Ao contrário de outros livros, este não é apenas o enredo do filme passado para papel, mas algo mais.

“ I have a bad feeling about this,” Obi-Wan said after a moment’s contemplation of the planet.

Para que não haja dúvida digo desde já que gostei mais do livro do que do filme. Claro que o filme é espectacular, com muita acção, excelentes efeitos especiais e uma incrível corrida que me deixou de boca aberta quando a vi pela primeira vez. No entanto o livro vai mais longe no que eu gosto verdadeiramente na saga: universo e personagens.
Em primeiro lugar é preciso dizer que tudo o que acontece no filme também acontece no livro, mas o livro ainda apresenta algumas cenas exclusivas e que ajudam a uma melhor compreensão do enredo, universo e também das personagens. Para tal ajuda o facto de os capítulos serem de forma indirecta os olhos e pensamentos de algumas personagens, onde conseguimos aprofundar o porquê de algumas atitudes.

Yoda’s sleepy eyes fixed on him. “Everything. To the dark side, fear leads. To anger and to hate. To suffering.”

A escrita de Brooks é leve e nunca desgastante, mesmo para quem já sabe o que vai acontecer, a leitura é sempre fácil e rápida apesar de apresentar um ritmo mais lento do que no filme, o que é óbvio. Brooks consegue ainda criar o seu próprio ambiente com descrições nos momentos certos sem serem enfadonhas, mas obviamente não consegue transmitir o esplendor gráfico que existe no filme.

De realçar ainda a cena em que Anakin demonstra uma enorme compaixão para com um Tusken Raider (quem tiver visto a saga pode imaginar a surpresa que se tem ao ler estas paginas, sabendo o que acontecerá no futuro), tornando-a numa cena marcante e que infelizmente não apareceu no filme. Outras cenas aparecem nestas páginas, principalmente sobre Anakin, onde podemos vislumbrar um pouco dos seus sonhos, uma capacidade muito importante no futuro.
Existem ainda muitas perguntas que são respondidas neste livro. Qui-Gon demonstra muito mais a sua personalidade, o porquê das suas decisões e o seu passado, juntamente com o de Obi-Wan Kenobi enquanto Padawan. Espaço ainda para dizer que a personagem Jar Jar é a que apresenta mais diferenças em relação ao filme, sendo aqui uma criatura mais inteligente.

“May the force be with you, Annie.”

Numa visão global, quem não tenha visto o filme e goste de ler, poderá começar pelo livro e ficará certamente muito satisfeito, mesmo sendo este o livro mais fraco da saga. Para quem já tenha visto o filme, o livro traz pouco de novo e poderá achar que não vale o dinheiro gasto. No entanto para quem for um grande fã da série, este livro é merecedor de um lugar na estante pois marca o início de uma saga excelente e aprofunda o nosso conhecimento. Star Wars e livros num só? Impossível não gostar!
Como disse antes, melhor do que o filme!

O Universo Star Wars! Um novo cantinho no Blog.

Após alguns pedidos e também muita vontade da minha parte, decidi criar um espaço no blog inteiramente dedicado ao universo de Star Wars!

Star Wars foi desde o início a saga que mais horas me prendeu à frente da televisão e me maravilhou com aqueles seis filmes onde seguimos a vida de Anakin Skywalker. 

Um fenómeno mundial a uma escala não alcançável por qualquer outra saga, Star Wars trouxe para o cinema uma inovação tecnológica em termos de efeitos especiais e uma nova visão sobre o universo como nunca antes tinha sido visto. Claro que a realização não é das melhores e as falhas científicas são tantas que dariam um livro, mas quem é que se interessa por isso ao ver esta saga? 

Frases lendárias, momentos imortais, Darth Vader (considerado o melhor vilão da história do cinema) grandes efeitos especiais, uma banda sonora arrepiante (quem é que não se arrepia quando ouvimos a Imperial March de Darth Vader?), uma história excelente e muitas outras personagens que ficarão para a história, como Yoda, C3PO, Chewbacca, Han Solo, etc...

O que irei deixar neste cantinho do blog é a minha opinião, primeiro aos livros dos filmes e depois irei passar para as centenas de comic books que alargam exponencialmente o o universo Star Wars para um período de mais de 5 mil anos!

A história de Star Wars começa, como podem ver pela imagem, 5 mil anos antes da Batalha de Yavin, (acontecimento de Star Wars Episódio 4, onde a primeira Death Star é destruída), sendo este o ano zero.

Esta imagem representa de forma simples alguns dos momentos mais importantes, no entanto faltam muitos acontecimentos antes dos quatro primeiros episódios que também irei explorar mais à frente.

Para os mais curiosos as datas dos três primeiros episódios são: 

Episódio 1: A ameaça Fantasma - 32 anos antes da Batalha de Yavin
Episódio 2: O Ataque dos Clones - 22 anos antes da Batalha de Yavin
Episódio 3: A Vingança dos Sith - 19 anos antes da Batalha de Yavin

Podem ainda dar uma vista de no mapa da Galáxia de Star Wars onde tudo acontece e onde com um pouco de tempo encontrarão muitas planetas mencionados nos filmes.

Cliquem nas imagens para aumentar!


Para já é tudo. De seguida passaremos aos livros da saga e teremos ainda passatempos!

sexta-feira, 16 de março de 2012

A CONSPIRAÇÃO DOS ANTEPASSADOS


Autor: David Soares

Na tradição dos melhores thrillers, David Soares convida-nos a espreitar debaixo do véu e a vislumbrar a mais assustadora conspiração da História: um livro assinado por Francisco d'Ollanda, o maior artista português do Renascimento, é cobiçado por uma seita disposta a tudo para o obter. Que terrível segredo terá nas suas páginas para justificar tanto sangue? Fernando Pessoa é convidado por Aleister Crowley, o mágico inglês, a entrar numa aventura cheia de mistério e suspense para descobrir esse segredo que, afinal, talvez tenha a ver com D. Sebastião, e a verdadeira razão porque os portugueses foram derrotados em Alcácer-Quibir.

Uma vez mais volto aos livros de David Soares, desta vez par ler  A Conspiração dos Antepassados. As expectativas foram altas desde o momento em que peguei no livro, graças a O Evangelho do Enforcado que gostei bastante, mas principalmente porque continuo a admirar a inquestionável qualidade do livro Batalha.

Neste livro Soares mostra desde o início um excelente trabalho de investigação e conhecimento profundo dos temas que são “usados” neste livro. A forma como consegue encaixar fantasia e factos num mesmo enredo está, na minha opinião, muito bem conseguida tanto no seu desenvolvimento como no timing usado.
A sua escrita é forte, tal como em todos os livros anteriores, talvez mais forte, mais visual (por vezes achei-a demasiado explícita, mas que é bem usada como forma de tornar as personagens mais humanas).  

Em termos de ritmo esta leitura começou algo lenta, talvez porque não consegui aproximar-me tanto das personagens como nos outros livros do autor, onde senti uma ligação quase imediata com a personagem principal. No entanto devo confessar que tanto Pessoa quanto Crowley estão muito bem caracterizados, de forma muito mais humana e menos mistificada, deixando para trás algumas noções que criámos sobre estes dois homens singulares. Soares foge a essas imagens e molda as personagens de forma a encaixá-las na história, ajudando a que o ritmo inicial seja mais lento.
Senti ainda que na primeira metade do livro o ritmo era sempre o mesmo, tão melancólico quanto a personagem de Pessoa (aproveito para dizer que adorei a melancolia da personagem), faltando momentos de aceleração que caracterizam um thriller, e só na segunda metade da obra é que começamos a sentir a adrenalina.

Todos os homens têm falhas, ninguém é perfeito, sabemos isso. No entanto tanto as falhas quanto as virtudes são por vezes “apagadas” quando se trata de personalidades que se tornam ícones, e no caso de Fernando Pessoa, qualquer pessoa conhece, por muito pouco que seja, um pouco da sua obra; mas um cidadão comum nada sabe do “homem” em si, e neste livro Soares dá a sua própria visão, onde se aproxima certamente da realidade. Tal facto agradou-me em Pessoa tal como em Crowley. Confesso ainda que no início estava curioso sobre como iria Soares definir Pessoa e a sua ligação com os heterónimos. Estaríamos perante um génio? Um louco? Uma mistura dos dois? Ou teríamos um homem perseguido e atormentado pela sua própria imaginação?
David Soares não levou a personagem de Pessoa pelo caminho que eu esperava, muito provavelmente porque não encaixaria na história, mas este desencontro com as minhas expectativas não piorou em nada a leitura.

Mesmo lento ao início a qualidade esteve sempre presente e para isso contribuíram tanto o lado humano das personagens como a própria cidade de Lisboa. Neste aspecto o trabalho do autor está mesmo muito bom, pois a cidade quase respira como um ser vivo, com pormenores que nos fazem imaginar cada momento e até compará-la com a cidade actual.

Para mim este livro não foi tão interessante quanto O Evangelho do Enforcado apenas por dois motivos: primeiro o universo de Evangelho é muito mais vasto, o que gostei imenso, e segundo porque me liguei mais às personagens da obra que fala dos Painéis de São Vicente. Também confesso que para mim não consegue alcançar a qualidade de Batalha (poucos conseguem), mas A Conspiração dos Antepassados continua a ser um livro muito bom, com uma excelente mistura de fantasia e factos, uma história que me prendeu bastante na segunda metade e que tem ainda o mérito de mostrar, como personagem principal, uma personalidade que apesar de idolatrada pela sociedade actual, está longe do estereótipo de um ídolo.

'Muito bem, mas não se esqueça: o seu talento só será tolerado enquanto aquilo que alcançar não fizer sombra à mediania daqueles que o rodeiam.' (Crowley a falar)
'E o senhor?' (Pessoa a falar)
'Eu? Meu caro, eu sou a excepção. Não invejo ninguém. Como podia? O melhor sou eu!'

Outro ponto muito interessante do livro é o texto de Soares após acabar a história. Tal como no Evangelho do Enforcado, o autor fala um pouco sobre a sua investigação, o seu ponto de vista sobre as personalidades presentes na obra e ainda o porquê e onde misturou fantasia e realidade. Este texto torna esta obra ainda melhor, principalmente porque nos ajuda a situar e diferenciar a realidade da ficção. Um pequeno toque que muitos outros livros deveriam ter pois ajuda o leitor a pensar sobre o livro e sobre a visão do autor. Mesmo muito bom.

Para quem não conheça o trabalho literário de David Soares, as caracterizações das personagens poderão chocar e até afastar-nos da leitura. Comigo tal não aconteceu, mas fica o aviso para aqueles que não gostem de descrições fortes.

David Soares tem ainda o mérito de não escrever com base nos clichés actuais e que vendem muito. Tem o mérito de fugir ao que está socialmente estipulado para a leitura, tanto obra quanto autor, e quando foge a esse conceito fá-lo com qualidade e sem medo de demonstrar a sua visão, e por isso recomendo-o. 
Em quatro livros, David Soares ainda não me desiludiu, o que só demonstra a sua qualidade enquanto autor.

PASSATEMPO: Acácia - Vencedor!


Chegou ao fim mais um passatempo!

E desta vez a editora Saída de Emergência irá oferecer os dois primeiros volumes da saga Acácia do autor David Anthony Durham.

 
O vencedor já foi sorteado e é: 

Elisa Valente da Silva Carvalho

Parabéns à vencedora que receberá em breve os livros. Obrigado ainda a todos os participantes que responderam às cinco perguntas e boa sorte para a próxima!

Fica a promessa de mais passatempos para breve!

quarta-feira, 14 de março de 2012

HARRY POTTER e os Talismãs da Morte


Autor: J. K. Rowling

Título original: Harry Potter and the Deathly Hallows

 
Este livro foi certamente um dos maiores desafios que um autor alguma vez teve. O mundo esperou ansiosamente pelo desfecho desta saga que colocou o mundo adolescente a ler. J. K. Rowling teria milhões de fãs prontos para adorar ou odiar estas páginas. E como Rowling se safou? Na minha opinião, bem. Muito bem!

Sendo esta a saga com o qual cresci e desenvolvi o meu apetite pela leitura, as expectativas eram altas, e os níveis de exigência ainda maiores. Li e reli, tentando perceber tudo, mesmo o que um olhar menos atento (ou numa leitura demasiado rápida) não encontrasse. No total, entre versão inglesa e portuguesa, li-o 4 vezes e em todas ficou a sensação de vazio. E porque fica essa sensação? Porque o final é excelente. Se fosse uma desilusão não existiria esta sensação de vazio.
  
Com uma escrita mais madura e muitas decisões (algumas difíceis) pela frente, Rowling tinha o desafio de criar um livro fora da escola de Hogwarts e mesmo assim conseguir captar a essência e a magia que toda a saga demonstrou. E nesse aspecto apesar de não existir uma quantidade tão grande de “coisas novas”, Rowling consegue maravilhar-nos pela visão de passado deste mundo, falando de Voldemort, Dumbledore, Sirius, Snape, etc… e claro, estas revelações são o ponto alto do livro e o que o faz avançar.

Outro aspecto muito positivo e raramente alcançado numa séria extensa e de enorme sucesso, é que Rowling consegue explicar tudo o que é importante. Claro que ficam sempre dúvidas sobre o futuro, como perguntar que tipo de atitude terão os Malfoys no futuro, ou o que aconteceu aos tios do Harry, mas isto é o além da história, porque na história em si, Rowling revela tudo, não deixando dúvidas.

Para quem, como eu, leu esta saga mais do que uma vez, começam lentamente a saltar à nossa frente as ligações entre este livro e os anteriores, quer seja em insignificantes acontecimentos como em diálogos. É mais do que óbvio que Rowling tem um conhecimento profundo do que escreveu e que muito trabalho de revisão foi feito, pois estas ligações que falo são muitas e por vezes escapam a um olhar menos atento. O que também é óbvio é que a autora sempre teve a história definida, pelo menos a parte nuclear, como podemos comprovar pela história de Snape e ainda o misterioso brilho no olhar de Dumbledore no 4º livro da saga, quando Harry lhe conta como Voldemort recuperou o seu corpo.

Como não podia deixar de acontecer, este Harry Potter também tem momentos hilariantes, novamente muito graças aos irmãos Wesley, mas neste livro é o desespero que impera, ou não fosse essa sensação essencial para desenvolver/acelerar outras ligações amorosas. No entanto este livro poderia ter sido muito mais negro se a autora o quisesse, e reparem que não falo em matar mais personagens, falo em dar importância a essas mortes, mostrar dor. Há pelo menos duas mortes, que não irei revelar, que acontecem num momento e passado poucas linhas a aventura contínua. Parece-me óbvio que aqui não se trata de falta de competência, mas sim de opção por parte da escritora que não quis tornar este livro em algo demasiado “carregado”. No entanto eu gostava que as mortes fossem mais sentidas pelo leitor comum, e não só pelos grandes fãs.

A batalha final está excelente, as revelações fantásticas, tornando uma personagem da saga (que já era a minha preferida) em algo que ficará na minha memória para sempre. Todos aqueles que já leram sabem de quem falo, e arriscaria mesmo a dizer que serão poucos os que não a olharão como a grande personagem da saga, e talvez uma das favoritas da literatura mundial. Rowling esteve simplesmente excelente com revelações que misturaram várias sensações nos leitores e que me deixaram de boca aberta.

Sinceramente o único ponto negativo deste livro é mesmo o último capítulo. A história salta no tempo, avança para nos dar uma visão do futuro, mas infelizmente, sempre que um autor faz isso, a imagem estraga a história, na minha opinião. E porquê? Porque mostra um mundo e uma vida onde tudo parece perfeito. Leiam o último capítulo do livro e digam-me se não ficaram com a sensação que todos os maus feiticeiros e toda a maldade da humanidade foi erradicada com os acontecimentos do capítulo anterior. Claro que esta é apenas a minha opinião, e muitos dos leitores me dirão que esse foi exactamente a melhor parte do livro. Eu percebo que este capítulo exista, principalmente pela homenagem que tenta transmitir de certas personagens, mas acho que pareceu demasiado perfeito dentro dos acontecimentos anteriores.

No geral, a saga Harry Potter terá sempre um lugar especial na minha estante e na minha memória. Cresci com estas personagens, com este mundo. Sonhei viver nele. Rowling ficará certamente na história da literatura pelo que alcançou, por mostrar que ainda podemos meter uma criança a ler um livro quando tem uma PlayStation ao lado (e reparem que eu adoro jogar PlayStation).
O final é excelente, as perguntas respondidas. Claro que há sempre momentos em que pensamos “se isto tivesse corrido mal, todo o plano ia por água abaixo”, e sim, há pelo menos dois momentos em que isso acontece, mas não é isto que retira o mérito à autora nem a qualidade ao livro.

Só posso dizer isto: quem ainda não leu, leia! Não importa a idade, o que importa é ter prazer de ler algo, e é por isso que um dia voltarei a este mundo, talvez para encontrar novos significados. Simplesmente obrigatório!

segunda-feira, 12 de março de 2012

A REGRA DE QUATRO

  
Autor: Ian Caldwell e Dustin Thomason

Título original: The Rule of Four


Este thriller de grande suspense intelectual conta a história de quatro finalistas da Universidade de Princeton que descobrem alguns dos segredos que poderão ajudar a desvendar o Hypnerotomachia Poliphili, um texto do século XV escrito em várias línguas por um padre romano no ano de 1499. Os estudantes vão compreendendo a mensagem codificada em labirintos linguísticos e matemáticos que estão por detrás de dissertações sobre arte, zoologia, erotismo e fé, capazes de descodificar segredos de obras da época Renascentista. No entanto, ao aperceberem-se da magnitude da descoberta que estão prestes a fazer e que poderá tornar-se no maior achado histórico de sempre, descobrem também que há mais quem conheça o valor do tesouro em questão e que esteja disposto a matar pela sua posse.


Este foi um daqueles livros que ganhou notoriedade graças ao enorme sucesso que foi O Código da Vinci de Dan Brown, mas a verdade é que se tratam de livros que apresentam bastantes diferenças.
Se no mega-sucesso de Dan Brown tínhamos um livro virado para a acção e que nos agarra desde a primeira página, tal não acontece com este, pelo menos no início. As primeiras páginas são uma apresentação do meio onde os universitários vivem e ainda da história deste misterioso livro, e tal pareceu-me bem conseguido e necessário.
Para quem gostar de matemática e de enigmas, este livro poderá ser muito aliciante e uma boa leitura se gostarem deste tipo de livros em que o prazer está em descobrir e resolver enigmas, mas este livro para além dos enigmas, olha muito mais para as personagens do que outros livro do género. No entanto isto é para o bem e para o mal.

Os problemas pessoais das personagens dão uma maior qualidade ao livro e estas páginas acabam por não se centrar unicamente na busca pelos mistérios do livro, mas também é verdade que alguma da caracterização das personagens apresenta aspectos completamente fora do contexto, tanto do mundo como das personalidades das mesmas, tornando em alguns momentos as personagens irrealistas.  
Sendo um livro que se foca bastante nas personagens, estes quatro rapazes demonstram aos leitores a força da amizade e do amor, mas também a força da pressão do filho que tenta agradar aos pais, da frustração misturada com a “explosividade” de um juvenil que está prestes a acabar o curso e vê como a vida terá de mudar. Tudo misturado só pode dar em perigo... outros apenas necessitam da concretização pessoal que os irá salvar da vida que levam. Mas uma vez mais o livro não agarra pelas personagens.

Parece-me que este livro não deve ser lido à velocidade da luz, apesar de no último terço do livro ter tido essa vontade. Há detalhes essenciais nas mais banais frases, e ainda conceitos matemáticos que ajudam à compreensão do leitor sobre os enigmas. Trata-se ainda de um livro que mostra como diversificada pode ser a forma como cada leitor lê um livro, onde cada um o interpreta à sua maneira, quer seja por desejar ler algo ou encontrar significados que talvez nem existam, ou que por serem algo oposto ao que desejamos, não conseguimos ver. 

Resumindo, para quem goste deste tipo de livros, de matemática, enigmas e alguma acção, este livro poderá ser uma boa escolha. O grande mérito passa pela forma como nos dá a conhecer esta enigmática obra desconhecida do mundo em geral. Após a leitura pesquisei pela internet e encontrei curiosidades muito interessantes, novas e aliciantes teorias e várias imagens de grande qualidade. No entanto será precisa uma boa pesquisa para encontrarem o que tem realmente interesse.
De forma global, este livro lê-se bem, sem nunca atingir uma qualidade significativa, mas também não é o que se pede neste género de livro (ou pelo menos não estamos habituados a tal). Valeu pelas curiosidades, pelos enigmas e pelo que me deu a conhecer sobre o tema em questão. No entanto parece-me que foi um livro escrito à pressa, que poderia ter sido melhor, que merecia ter sido melhor. Mas como umas linhas antes disse, cada leitor terá a sua interpretação, tal como os personagens deste Regra de Quatro.  Para mim peca pela sua falta de consistência, pois apresenta aspectos positivos, mas também muitos negativos. Um dia voltarei a lê-lo para ver até que ponto mudarei a minha opinião.

quarta-feira, 7 de março de 2012

PASSATEMPO: "Acácia" - os 2 primeiros livros da saga!

PASSATEMPO


ACÁCIA - Ventos do Norte
e
ACÁCIA - Presságios de Inverno


Após ter lido os dois primeiros volumes desta saga de David Anthony Durham, apresentamos uma nova parceria entre o Blog Ler y Criticar e a editora Saída de Emergência!

Desta vez teremos um vencedor que receberá em casa os dois primeiros livros desta premiada saga, considerada pela crítica como uma das melhores na literatura fantástica dos últimos anos!

Para se habilitarem a ganhar este pack com os dois livros terão de aceder a este link com o excerto do primeiro livro e responder às nossas cinco perguntas. São perguntas fáceis!

Para os curioso deixo aqui a minha opinião aos dois livros que agora oferecemos!


Acácia - Presságios de Inverno




Condições do passatempo:
O Passatempo termina às 23:59 de 15 de Março.
A Editora Saída de Emergência sorteará os vencedor entre os participantes com as 5 respostas correctas
O envio dos exemplares é da responsabilidade da editora (correio registado)
Em caso da improvável ruptura de stock o vencedor deverá escolher outros livros do catálogo da editora
Só serão aceites participações de Portugal (continente e ilhas)
Só será aceite uma participação por pessoa!
A Editora não se responsabiliza por extravio dos CTT, moradas incorrectas ou envios não reclamados.



Obrigado pela sua participação e boa sorte!

segunda-feira, 5 de março de 2012

O RESTAURANTE NO FIM DO UNIVERSO


Autor: Douglas Adams

Título original: The Restaurant at The End of the Universe


“A primeira tentação para o leitor mais desprevenido que se cruze com “O Restaurante no Fim do Universo”, julgando tratar-se de um apetitoso livro de culinária pejado de receitas do outro mundo, será entrar em pânico. Eu compreendo: é provável que nunca antes ou depois deste livro, o caro leitor se tenha cruzado com tal torrente de ideias, conceitos, lições de vida e piadas, concentrada em tão poucas páginas.”Excerto da Introdução por Nuno Markl


NÃO ENTRE EM PÂNICO!

O primeiro livro desta saga é uma obra-prima. À Boleia pela Galáxia convenceu-me em todos os sentidos e quando cheguei ao fim queria mais. Agora ao ler este segundo livro vem a confirmação da qualidade do anterior, e o porquê de se tratar de uma das sagas mais famosas da literatura fantástica.

Nesta continuação a intriga adensa-se e a história continua genial. Adams manteve a sua escrita, que encaixa perfeitamente no enredo do livro, e a sua criatividade espantou-me ainda mais. Foram muitas as vezes em que pensei “mas como é que o homem teve esta ideia?” de tão ousada/parva que era. Páginas e páginas recheadas com momentos que me fizeram rir e rir, tanto nos acontecimentos como nos diálogos, mas no fim a sensação é outra: Esta saga tem o seu espaço no mundo literário porque não é apenas uma saga de ficção-científica com o objectivo de nos fazer rir (e reparem que o consegue muito bem), mas sim porque se trata de algo mais inteligente do que parece, pois mostra-nos de forma “parva” como são ridículas algumas das “coisas” que movem o mundo. 
A realidade é que por vezes somos levados por essas coisas, outras vezes agarramo-nos a elas, e consequentemente desperdiçamos a vida. Existe um momento no livro em que um povo se questiona se deve ou não inventar o fogo e acabam por fazer um estudo de marcado sobre como as pessoas usariam o fogo e para quê (claro que a crítica neste caso não está no que fizeram, mas sim no porquê, e terão de ler o livro para perceber).
O que ao início parece apenas um aglomerado de ideias sem sentido, formam um livro de grande crítica social, à qual a política, religião e a estupidez humana, não conseguem fugir. No entanto esta crítica está de tal forma disfarçada que poderá fugir a alguns leitores que não a procurem, porque passamos tanto tempo com um sorriso nos lábios que outras interpretações mais sérias podem ficar pelo caminho.

Há uma teoria, segundo a qual, se todos descobrissem ao certo o que é o universo e porque existe, este desapareceria imediatamente e seria substituído por algo ainda mais bizarro e inexplicável.

Há outra teoria que diz que isto já aconteceu.

Apesar de ter gostado mais do primeiro, principalmente pela sensação de surpresa, de algo novo, este continua genial. Adams conseguiu outra vez! Um livro que nos consegue tirar da nossa vida, deixar-nos sem preocupações, simplesmente a rir com as aventuras destas personagens. Quando acaba, queremos mais! Eu quero mais, porque nunca este livro foi menos do que “extremamente divertido”.
Marvin continua a grande personagem deste livro para mim, sendo cada vez mais algo memorável, com diálogos/monólogos que me fizeram rir e conseguir imaginar cada momento com enorme prazer. Uma criação fabulosa. Aliás, devo dizer que o momento em que Marvin é deixado para trás para enfrentar um robot super poderoso, é um dos melhores momentos que alguma vez li! Um momento de pura genialidade e que todas as pessoas deviam ler!

Resumindo: excelente! Indicado para todos os que apreciem este género ou todos aqueles que queiram ler algo diferente, leve, que nos faça sorrir. Como já disse antes, não vejam o filme, nem a série desta saga. Leiam os livros. Deixem-se levar, apaguem os preconceitos e deixem-se rir. Vale a pena ler e sorrir!


Ainda espaço para dar os meus humildes parabéns à tradução. Num livro onde o mínimo detalhe pode no futuro originar um momento de enorme riso, a tradução tem não só de se manter fiel mas também conseguir transportar o momento cómico para a nossa língua, e esta tradução parece-me muito boa.